4º dia: BORDA DA MATA/MG a ESTIVA/MG – 39 QUILÔMETROS “Maria passa na frente e pisa na cabeça da serpente.” Sabia que seria outra etapa duríssima, talvez, em minha opinião, a mais difícil dentre todas que trilhei no Caminho da Fé. No entanto, me encontrava animado para enfrentá-la, mormente porque, desta vez, por motivos que não saberia explicar, me sentia mais forte fisicamente. E, no horário aprazado, exatamente, às 4 h, eu deixei o Hotel San Diego e segui em ascendência pelas ruas frias da cidade, em direção ao cemitério. Ali, girei à esquerda, acessei uma larga estrada de terra e, animado, prossegui minha “viagem”, ainda sob a luz de lanterna, pois o dia demoraria a clarear. Na primeira parte do trajeto, eu caminhei integralmente solitário e não encontrei vivalma no percurso. Em Tocos do Moji eu fiz uma pausa numa padaria para ingerir um copo de café regado a um “pão na chapa”. No distrito de Fazenda Velha, comprei água num bar e logo ultrapassei 2 peregrinos de Leme, com quem conversei rapidamente, pois eles caminhavam num ritmo mais lento do que o meu. O ponto alto dessa “travessia” é a escalada da serra existente logo após transitar pelo bairro do Pântano dos Teodoros, e desta vez, como nas demais, não foi diferente, pois penei bastante nesse íngreme aclive, face ao sol crestante. Porém, com muita fé e disposição, cheguei em Estiva e ali eu fui muito bem recebido pela Dona Zezé, a proprietária da Pousada Poka, outro local imperdível do Caminho, pelo tratamento diferenciado que ali os peregrinos recebem. Algumas fotos do percurso desse dia: A famosa "Porteira do Céu". RESUMO DO DIA: Pernoite: Pousada do Poka: Excelente! – Apartamento individual – Preço R$70,00. Almoço: Restaurante Esquina de Minas: Excelente! – Refeição por peso no Self-Service – R$35,00 o quilo. AVALIAÇÃO PESSOAL – Apesar das dificuldades enfrentadas em várias outras jornadas, considero esta a etapa mais difícil que vivenciei no Caminho. Não tanto pela primeira travessia, mas, principalmente, pelo fascinante e temido trecho entre Tocos do Moji e Estiva. Recomendo aos que pretendem desafiá-lo, que seja trilhado em separado, pela rudeza do percurso a ser enfrentado, em razão da necessidade de se transpor três duríssimas serras, em sequência. Há que se ressaltar, entretanto, a beleza incomum das paisagens com que somos brindados durante todo o trajeto em comento. 5º dia: ESTIVA/MG a PARAISÓPOLIS/MG – 41 QUILÔMETROS “Maria passa na frente e pisa na cabeça da serpente.” Assim, resolvi sair ainda mais cedo que o dia anterior, em face da quilometragem a ser vencida nessa etapa. Dessa forma, pontualmente, às 3 h 30 min, deixei o local de pernoite e segui em direção à Rodovia Fernão Dias, que atravessei através de uma passarela. Já do outro lado, acessei uma larga estrada de terra e por ela segui em bom ritmo, visto que o clima se mantinha frígido e nebuloso. Assim, percorridos 9 quilômetros sem grandes novidades e quando o dia principiou a clarear, eu iniciei a “escalada” da temível Serra do Caçador, que cumpri com grande disposição. Já no topo, fiz uma pausa para fotografar e orar na bela capelinha ali existente. A sequência foi bastante tranquila e em Consolação, metade da “viagem”, fiz uma pausa numa padaria para ingerir um copo de café e comprar um isotônico. Prosseguindo em frente, já com sol forte, tive dificuldades físicas para superar o derradeiro ascenso do trajeto, contudo, com muita garra e ânimo, cheguei em Paraisópolis, onde fui muito bem recebido pela minha amiga Jandira, a gerente da Pousada da Praça, outro local imperdível no Caminho. Algumas fotos do percurso desse dia: Mais um dia amanhecendo em Minas... RESUMO DO DIA: Almoço: Restaurante Cantina Mineira: Excelente! – Preço: R$16,00, pode-se comer à vontade no Self-Service. Pernoite: Pousada da Praça: Excelente! – Apartamento individual – Preço: R$75,00. AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma etapa bastante longa, com alguns acidentes geográficos importantes, como a escalada da Serra do Caçador. Todavia, de extrema beleza, a começar pela travessia no topo da cordilheira. A última parte do trajeto, após o bairro da Pedra Branca, por ser desabitada e solitária, propicia, também, momentos de intensa introspecção pessoal, além de sublime comunhão com a deslumbrante natureza viva que nos rodeia. 6º dia: PARAISÓPOLIS/MG a LUMINOSA/MG – 24 QUILÔMETROS “Maria passa na frente e pisa na cabeça da serpente.” Assim, como o trajeto seria curto, optei por tomar o café da manhã às 5 h 15 min e depois de me despedir da Jandira, iniciei minha sexta etapa animado e muito bem-disposto, exatamente, às 5 h 30 min. No trajeto inicial eu fui ultrapassado por inúmeros ciclistas que perfaziam seu “pedal domingueiro”. Após superar a Serra do Cantagalo, fiz uma parada na Hospedaria do meu grande amigo Jucemar para comprar água e carimbar minha credencial. Infelizmente, ele não se encontrava no local, mas a Andréia me acolheu com extrema lhaneza e pude seguir em frente refortalecido pelo carinho de sua amizade. E sem maiores intercorrências, aportei em Luminosa, onde fui muito bem recebido pela Dona Ditinha e seu esposo, o Sr. Nilton, proprietários da maravilhosa Pousada das Candeias, onde sempre me hospedo nessa localidade. Algumas fotos do percurso desse dia: Caminhando pelo bairro de Áreas/MG. RESUMO DO DIA: Pernoite: Pousada Nossa Senhora das Candeias, de Dona Ditinha: Excelente! – Apartamento individual, com café da manhã e almoço - Preço: R$80,00. AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma etapa tranquila, quase toda plana, à exceção da forte aclividade a ser enfrentada na serra do Cantagalo, além do desenfreado descenso até Luminosa. Porém, sempre em meio a exuberantes paisagens, rodeadas de muito verde. No geral, a jornada mais fácil e bela que enfrentei no Caminho. Não se esquecendo de ressaltar o especial acolhimento que o peregrino recebe em Luminosa, na Pousada de Dona Ditinha. |