1º dia – LISBOA a ALVERCA DO RIBATEJO – 34 quilômetros “Ó Santíssima Virgem Maria, vaso insigne de devoção, que aparecestes em Fátima tendo pendente de vossas mãos o Santo Rosário, e que insistentemente repetias: “Orai, orai muito” para conseguir findar, por meio da oração, os males que nos ameaçam. Concedei-nos o dom e o espírito de oração, a graça de sermos fiéis no cumprimento do grande preceito de orar, fazendo-o, todos os dias, para assim observar bem os santos mandamentos, vencer as tentações e chegar ao conhecimento e amor de Jesus Cristo, nesta vida, e à união feliz com Ele na outra.” O dia só amanheceria por volta das 7 h 30 min, porém os primeiros dez quilômetros seriam por bairros periféricos, já meus conhecidos, tendo em vista a minha peregrinação de 2013, rumo a Santiago. Assim, poderia seguir sob a iluminação urbana, sem risco de me perder. Bem disposto, deixei o local de pernoite às 6 h 20 min e, face à localização privilegiada da Pensão Residencial Norte, dez minutos depois, eu já me encontrava diante da Catedral da Sé. Ali, tudo estava fechado, deserto e silencioso, assim, fiz minhas orações matinais diante da porta principal e, em seguida, observando a 1ª seta azul, inserta numa placa localizada do lado direito da igreja, iniciei meu Caminho. Na sequência, as marcações me encaminharam em direção ao bairro medieval da Alfama, por ruas estreitas e quase sempre em descenso, até que, mais à frente, passei a caminhar ao lado do rio Tejo. Sem maiores dificuldades, já que o trajeto é integralmente plano, depois de 10 quilômetros percorridos, adentrei ao famoso, valorizado e moderno bairro do Parque das Nações, um recinto de desenho futurista, construído para a Expo 98, que teve lugar em Lisboa, entre 22 de maio e 30 de setembro daquele ano. Ali, já com o dia claro, fiz algumas fotos, observei, demoradamente, o entorno, depois prossegui adiante. Depois de 2 horas caminhando, 12 quilômetros vencidos, eu cheguei diante da Torre Vasco da Gama, um portentoso edifício, hoje convertido num hotel 5 estrelas. O roteiro seguiu pelo Passeio do Tejo e, mais adiante, prosseguiu pelo Passeio do Sapal, até o rio Trancão, afluente do Tejo, girou à esquerda, passou junto a um grande estacionamento e, mais adiante, sob a ferrovia. Mais acima, eu ultrapassei o rio por uma ponte, caminhei um pequeno trecho pela rodovia, e adentrei na periferia da cidade de Sacavém. Porém, através de uma senda matosa que nasceu à esquerda, eu deixei a zona urbana e prossegui, por um bom tempo, paralelo à outra margem do rio Trancão. E logo no início dessa trilha eu encontrei um “monjón” do Caminho de Fátima, avisando que me restavam percorrer, apenas, 138 quilômetros até Fátima, o que muito me alegrou. O trajeto prosseguiu silencioso, pleno de muito verde e, mais adiante, o rio Trancão afastou-se definitivamente à esquerda, e eu prossegui bordejando um pequeno regato, a Ribeira de Alpriate. Depois de percorrer 21 quilômetros, num parque industrial situado próximo de Granja, fiz uma pausa num quiosque para comprar água e ingerir um lanche. Cinco quilômetros adiante, depois de transitar por Póvoa de Santa Iria, eu caminhei em direção à Praia dos Pescadores, depois prossegui sobre uma estrutura formada por um passadiço de madeira, que seguiu bordejando o rio Tejo. Num trajeto agradável e silencioso, embora o sol e o calor já incomodassem bastante. Mas adiante, eu girei à esquerda e prossegui caminhando pela Trilha Verdelha que, em seu final, me deixou na zona urbana de Alverca de Ribatejo, um povoado grande e moderno, que já existia no ano de 1160. Um quilômetro adiante, eu abandonei o traçado do caminho e, por uma rodovia, transpus as vias férreas. Depois, numa rotatória, eu fleti à esquerda e 800 m depois, cheguei ao local de pernoite, onde havia feito reserva. Nesse dia não avistei e nem ultrapassei nenhum peregrino ou grupo de romeiros, com carro de apoio, que caminha pelo acostamento das rodovias. Algumas fotos da etapa desse dia: A Sé de Lisboa, às 6 h 30 min, início de minha peregrinação. A famosa Torre Vasco da Gama, hoje um luxuoso hotel. Caminhando por um calçadão, à beira do rio Tejo. Em frente, a famosa Ponte Vasco da Gama. Um "monjón" me avisa que restam 138 km até Fátima. Quase lá! Caminho campestre... Infelizmente, tudo muito seco, pois não chovia a 2 meses na região. Ultrapassando a cidade de Póvoa de Santa Iria. Caminhando por um passadiço de madeira, na Praia dos Pescadores. Caminhando pela Trilha Verdelha. Alverca do Ribatejo já aparece no horizonte, ao longe, do lado esquerdo. Em 1919, construiu-se em terras do município, um dos primeiros aeródromos de Portugal, onde se instalou a escola militar da aeronáutica. Foi, inclusive, o aeroporto internacional de Lisboa, até a inauguração do de Portela, em 1940, e sede de um importante centro logístico do Exército do ar lusitano. Fruto dessa larga vinculação com a aviação militar, é o Museu do Ar, situado junto à estação ferroviária. Atualmente, seu patrimônio arquitetônico mais afamado é a Igreja dos Pastorinhos, um templo de construção recente, mas que alberga o segundo maior carrilhão do mundo e também um dos mais modernos, pois foi construído em 2005. Alverca é chamada de "cidade verde" (devido ao elevado número de espaços verdes e ruas arborizadas). É um grande ponto de passagem a nível ferroviário e automóvel. Os grandes atrativos da cidade são o Museu do Ar, o Museu Municipal - Núcleo de Alverca, o pelourinho manuelino no Largo João Mantas no centro de Alverca, a Igreja de São Pedro, a antiga Misericórdia e a Igreja dos Pastorinhos, que encerra o segundo maior carrilhão da Europa e o terceiro maior do mundo. Há a assinalar também o Jardim Álvaro Vidal, algumas vistas sobre o Tejo e a Lezíria, raras na área da Grande Lisboa. Local onde pernoitei nesse dia. Excelente! Recomendo! RESUMO DO DIA - Tempo gasto, computado desde a Pensão Residencial Norte, em Lisboa/PT até o Hotel Alfa 10, em Alverca do Ribatejo/PT: 6 h 30 min. Clima: Ensolarado, variando a temperatura entre 13 e 25 graus. Pernoite: Hotel Alfa 10: Excelente! – Apartamento individual - Preço: 25 Euros. Para almoçar, eu utilizei os serviços do Restaurante A Lanterna, de excelente qualidade! Preço: 8 Euros. AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma jornada de grande extensão, porém agradável e bela. Integralmente plana, com alguns trechos trilhados em meio a muito verde, embora 2/3 do percurso tenha sido feito sobre asfalto. No geral, um percurso fácil, quase todo urbano, mas muito bem sinalizado. Infelizmente, pelo que fiquei sabendo, não chovia há quase 2 meses na região, por isso encontrei o clima calorento e árido após às 11 h da manhã, o que acabou por me exaurir fisicamente durante o trajeto. |
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