03º dia - MANZANARES EL REAL a CERCEDILLA – 21 quilômetros

3º dia - MANZANARES EL REAL a CERCEDILLA – 21 quilômetros

Nem eu e nem mais ninguém pode viajar por esse caminho, pois você deve atravessá-lo para se redescobrir.

Seria uma jornada de pequena extensão, estávamos num domingo, assim deixei o local de pernoite às 7 h, com o dia clareando.

Tranquilamente, segui por uma calçada localizada ao lado de uma rodovia, e um quilômetro depois, passei diante do Centro de visitantes La Pedriza, uma área de grande interesse geológico, paisagístico e esportivo, localizada na encosta sul da Serra de Guadarrama.

Um local de grande visitação turística, pois trata-se do maior complexo granítico da Europa, onde existem numerosos penhascos, rochas, trilhas, pontes, riachos e prados.

O parque natural, conforme previsível, face ao horário, se encontrava fechado.

Prosseguindo, logo acessei uma estrada larga e plana, por onde segui tranquilamente, curtindo a beleza do entorno, tendo um vasto bosque de pinheiros a me escoltar pelo lado direito.

Depois de 4 quilômetros percorridos, transitei diante da ermida de San Isidro, localizada num local ermo, onde há uma área de descanso, com mesas e bancos de granito e, daquele local, eu avistei o pico de La Maliciosa, de 2.227 m de altura.

Prossegui, depois, em suave ascenso e logo transitava pela localidade de Mataelpino onde há um excelente albergue de peregrinos, localizado em sua área central.

Devido à origem feudal, seu patrimônio cultural consta basicamente de arquitetura religiosa e hoje em dia, o turismo rural ocupa um lugar proeminente em suas atividades econômicas.

Tudo ali estava silencioso e deserto, então, logo acessei uma senda plana, por onde eu segui, sempre paralelo à rodovia, mas por locais ermos e pitorescos.

Três quilômetros à frente, transitei diante do Condomínio Vila Real, depois me internei numa trilha fantástica, que discorre por um vale, onde caminhei sempre ao lado de um rumorejante riacho.

Dali eu tinha uma visão privilegiada da serra de Guadarrama, que eu transporia na jornada sequente.

Depois de leve ascenso, eu atravessei a rodovia e, em seguida, prossegui pelo interior de frondoso bosque de pinheiros.

E, sem maiores intercorrência, logo transitei pela vila de Navacerrada, onde avistei algumas pessoas se dirigindo a uma igreja próximo, certamente, para assistir à missa.

Sem pressa, eu parei num bar situado numa esquina, onde ingeri uma xícara de café forte e quente, pois fazia muito frio no lado externo.

Retemperado, deixei a cidade e logo acessava outro frondoso bosque de pinheiros, onde segui, calmamente, curtindo o silêncio e a solidão.

A parte final do trajeto foi em desabalado descenso, até acessar a zona urbana de Cercedilla, minha meta para esse dia. 

Algumas fotos do percurso desse dia:

Entrada para o Parque de La Pedriza.

Um bosque de pinheiros me escolta pelo lado direito.

Ao fundo, picos nevados...

Uma fonte de água potável..

Adentrando em Mataelpino.

Curiosa escultura em Mataelpino.

Trilha beiramdo a montanha...

Caminhando por verde vale.

Locais arejados e sem sombra. Trilha bem definida.

Ao fundo, os picos nevados que eu enfrentaria na manhã seguinte.

Trecho final entre bosques de pinheiros..

Em descenso. Cercedilla já está em frente.

Transitando por zona urbana.

Localizada na Serra de Guadarrama, Cercedilla foi fundada como um lugar de passagem e hospedagem, na antiga estrada romana que ligava Titulcia a Segovia, nominada de Via Antonina.

Na atualidade, ainda há vestígios dessa via, que atravessa o Vale da Fuenfría, bem como existem quatro pontes edificadas nessa época, ainda em boas condições, podendo se ver, com mais detalhes, as chamadas: “Puente del Descalzo”, “Puente del Reajo”, “Puente de la Venta” e “Puente de Enmedio”. 

A praça central de Cercedilla.

Após a queda do Império Romano e a entrada dos povos bárbaros, Cercedilla manteve uma situação estável, até ser reconquistada pelo “Señorío de Santillana”.

O rei Carlos V passou por suas florestas para praticar caça, nos anos 1525, 1534, 1542 e 1549.

Em Cercedilla se respira um ambiente de montanha, tanto que ela é a cidade natal de Francisco Fernandez Ochoa (1950-2006), um piloto de esqui alpino, famoso por ser o primeiro e único espanhol a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno.

A igreja matriz da cidade.

Tal inusitado acontecimento ocorreu em 1972, no Japão.

Situada no sopé da serra dos Sete Picos, sua população triplica no verão, já que ela é a segunda residência de muitos madrilenhos, que ali possuem casa de campo.

População: 6.800 pessoas.

Estátua que homenageia o herói local: Francisco Fernandez Ochoa (1950-2006)

Em Cercedilla fiquei hospedado no Hostal La Maya, cêntrico e de excelente qualidade.

Para almoçar, utilizei os serviços do Restaurante Espanhol, onde despendi 10 Euros por um saboroso e farto “menú del dia”.

IMPRESSÃO PESSOAL – Nessa jornada avancei sempre paralelo à serra de Guadarrama, onde sobressaiam bosques nativos e curiosas formações de rochas graníticas. No percurso conheci vários e atrativos povoados alocados na vertente madrilenha da serra, como Mataelpino, Navacerrada e Cercedilla. Os curtos, mas ríspidos ascensos que precisei superar, foram um aperitivo para a etapa montanhosa que enfrentaria no dia sequente,

No global, foi uma etapa de pequena extensão, trilhada em estradas de ótimo piso e com passagens marcantes por alguns “pueblos” serranos. Um dos trajetos mais bonitos e fáceis do Caminho de Madri.

04ª dia – CERCEDILLA a SEGÓVIA – 35 quilômetros