7º dia – SÃO BARTOLOMEU a OURO PRETO – 22 quilômetros “Os espinhos do caminho, são lições para nos ensinar a caminhar, crescer, fortalecer e valorizar muito mais as flores.” Saída às 5 h, depois de ingerir o desjejum que, gentilmente, o Sr. Arnaldo deixou preparado para mim. O trajeto inicial foi todo em terra, por estradas largas e bem demarcadas, mas, infelizmente, com muito pó acumulado em seu piso. Por sorte, apenas um veículo me ultrapassou nas primeiras 2 horas de caminhada. Nesse primeiro trecho, encontrei aclives fortes, intercalados com descensos do mesmo nível. Após o 10º quilômetro o caminho se aplainou e logo bifurcou, seguindo à esquerda, por locais de rara beleza, orlados por mata nativa. Foi um trecho espetacular, contudo, logo voltou a ascender, sem tréguas, em direção à uma serra. No cimo do morro, atingi 1445 m, a maior altimetria dessa etapa. Logo adentrei em zona urbana e caminhei, aproximadamente, 3 quilômetros sobre piso asfáltico. Merece atenção redobrada o trecho final, depois do bairro São Sebastião, pois há um declive infernal e criminoso, feito sobre calçamento “pé de moleque”, que se encerra na praça central de Ouro Preto. Algumas fotos do percurso desse dia: Outro dia nascendo... Estradas largas, secas e empoeiradas, uma tônica no percurso. Caminhando entre mata nativa. Trecho belíssimo, silencioso e ermo. Paisagens exuberantes na segunda parte do percurso. Esse foi, com certeza, um dos trechos mais belos do CRER. Quase no topo do morro... Vista de Ouro Preto desde o Mirante de São Sebastião. Chegando à praça central de Ouro Preto/MG. Apesar de já ter estado em Ouro Preto algumas vezes, posso dizer, sem medo de errar, que a cidade mais parece um museu a céu aberto, tamanha a gama de opções oferecida ao turista, pois caminhar por suas ladeiras e ruelas de paralelepípedos, do tempo da colonização do país, é como regredir três séculos. Para todos os lados que se olhe, inevitavelmente, o pretérito aflora à nossa mente. Casarões do ciclo do ouro estão a cada esquina. Muita alegria na chegada... Suas ruas e vielas estreitas são pavimentadas com pedras irregulares, há igrejas e museus em todo canto, e, assim, a cidade oferece o maior conjunto arquitetônico do período barroco existente no Brasil. Não por acaso que foi a primeira cidade brasileira a ser declarada pela UNESCO, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, no ano de 1980. Esta é a paisagem local, porém o que deixa tudo ainda mais belo é o Parque Estadual do Itacolomi, que envolve toda a urbe, com isso, vê-se que nem só de belezas culturais vive a cidade. Por sinal, nunca é demais lembrar que sua fundação data do ano de 1711 e no período compreendido entre 1721 a 1897, quando ainda se chamava Vila Rica, foi capital da Província de Minas. Contando atualmente com 75.000 habitantes, possui 12 distritos, a saber: Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Amarantina, Engenheiro Correia, Glaura, Lavras Novas, Miguel Burnier, Santa Rita, Santo Antônio do Leite, Santo Antônio do Salto, São Bartolomeu e Rodrigo Silva. O local onde almocei nesse dia. Recomendo! Ali, dois personagens são lembrados por suas obras e movimentos: Tiradentes e Aleijadinho. E suas ladeiras e calçamentos da época, esculturas, templos, pequenas sacadas, um aglomerado de telhados em formas geométricas, atraem a atenção até do mais desatento visitante, proporcionando um autêntico mergulho no passado. Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto/MG. Sobre Vila Rica, escreveu Francisco Tavares de Brito, em 1730: “Entre montanhas de imensa altura e delas rodeada em forma que a vista se não pode estender por quebrada alguma, se levantou esta vila e suposto que abatida pela profundidade em que está situada a maior parte dela, é mais soberba e opulenta que todas, assim pela frequência dos comerciantes, como pela fiança das suas minas, mormente da inaccessível serra desta tapanhuacanga, em cujas fraldas se encontra e descansa, a qual serra é um Potosi de ouro. Mas por falta de água no verão não enriquece a todos os que nela mineram, suposto que os remedeia. E esta vila falta de tudo o que depende de agricultura, assim que todo o mantimento lhe vem dos já ditos campos, por distância de três, quatro, cinco léguas.” Igreja de Nossa Senhora das Mercês, em Ouro Preto/MG. População de Ouro Preto: 72 mil habitantes - Altimetria: 1250 m Fonte: Wikipédia Cai a noite em Ouro Preto/MG... RESUMO DO DIA: Tempo gasto, computado desde a Pousada Casa Bartô, em São Bartolomeu, até a Pousada Tiradentes, em Ouro Preto/MG: Aproximadamente, 5 h 30 min. Pernoite na Pousada Tiradentes - Apartamento individual excelente! Localização espetacular! Recomendo! Almoço no restaurante Tiradentes - Excelente! – Preço fixo: R$15,00, servido no sistema self-service, podendo-se comer à vontade. IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de pequena extensão, porém bastante exigente, pois quase toda em contínuo ascenso. Lembrando que eu parti de 1.000 m e quase no final da jornada atingi 1445 m de altura, o ponto de maior altimetria nessa jornada. De se ressaltar que o ramal que acessei depois de percorrer 10 quilômetros, à esquerda, me levou a caminhar por locais ermos e silenciosos, situados entre frondente e preservada mata nativa, de expressiva e inesquecível beleza. O detalhe negativo do dia ficou por conta do aporte final, quando se descende por ladeiras íngremes, calçadas por pedras no estilo “pé de moleque”. Mas, a cidade de Ouro Preto é uma joia rara, de incomensurável beleza, então, tudo vale a pena para ali chegar. |
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