09º dia: SANTANA DO CAPIVARI/MG a ITANHANDU/MG – 29 quilômetros “Não estamos envelhecendo; estamos apenas passando por diferentes fases de expressão, e curtindo cada etapa com prazer!” (Joseph Rain) Nessa etapa os traçados do CRER e da ER também são coincidentes. Saída às 5 h, mas sem ingestão de algo quente, porque a pousada não disponibiliza o café da manhã fora do horário previsto e ele só seria servido às 6 h 30 min. Assim, me socorri das bananas e da barra de chocolate que havia adquirido no dia anterior. A primeira parte do trajeto é bastante arborizada e sem grandes alterações altimétricas. Depois de transitar diante da Iana Alimentos, o caminho se torna ermo e belíssimo, rodeado por frondosa mata. Mais acima, para minha decepção, a sinalização me intimou a ultrapassar o rio do Coura pelo seu caudal, onde existem muitas pedras instáveis, o que me molhou meias e botas. Infelizmente, fui traído em meu raciocínio, pois deveria seguir pela trilha um pouco mais e utilizar o traçado da ER para atravessar esse ribeirão por uma ponte, existente uns 200 m acima. Depois de caminhar algum tempo pelo topo da montanha, de onde se descortinava um fantástico visual, enfrentei 6 quilômetros sobre piso asfáltico, até aportar à cidade de Itamonte. O clima persistia fresco, de forma que após fotografar a igreja matriz do povoado, prossegui adiante e depois de mais 3 quilômetros, enfrentei forte ascenso, mas trilhado em meio a fresca mata. O descenso pelo lado oposto, me levou a caminhar sob frondoso bosque, num dos trechos mais belos do CRER, que perdurou até a chegada à zona urbana da cidade de Itanhandu, local de pernoite nesse dia. À tarde, após uma merecida soneca, fui visitar a igreja matriz da cidade e pude assistir à missa das 17 h, celebrada pelo pároco local, o simpático padre Luís Henrique. Algumas fotos do percurso desse dia: Trecho fantástico do CRER. Entrada da chácara onde está instalado o Desafio Jovem Maanaim. Trecho fantástico do CRER. Caminho mágico! Lindas flores no caminho... Aqui o caminho segue em meio a um pasto. Em ascensão, observando o vale por onde eu viera caminhando. Linda visão da serra da Mantiqueira, desde o cimo de um morro. Igreja matriz de Itamonte. Caminho deserto e silencioso. Roteiro sensacional, pleno de muito verde! Sem dúvida, um dos trechos mais maravilhosos da ER. Entre os atrativos naturais, encontra-se, a vinte quilômetros da cidade, a nascente do Rio Verde, no alto da Serra da Mantiqueira, com matas virgens, clima puro e belas paisagens. Corria o final do século XVI quando foram ouvidos os primeiros passos dos exploradores europeus. Tudo era novo e desconhecido para esses homens rudes, que rasgavam impiedosamente a Mata Atlântica. Surgia o primeiro caminho ligando o litoral a uma terra rica em ouro e pedras preciosas, hoje chamada Minas Gerais. No princípio do século XVIII, um pequeno aglomerado de casas, circundado por várias fazendas, deu origem ao Arraial de Barra do Rio Verde. Com a inauguração da Estrada de Ferro de Minas - Rio, em 1884, a população começou a crescer, e o arraial instalou-se à beira dos rios Verde e Itanhandu, este último dando o nome definitivo ao lugarejo. O Caminho Velho passava por Itanhandu e foi usado para escoar o ouro e outras riquezas de Minas para o porto de Parati, no Rio de Janeiro. Local onde almocei nesse dia em Itanhandu/MG. Dois fatos históricos ficaram bastante marcados na história de Itanhandu: as Revoluções de 1930 e a de 1932. Nos dois acontecimentos, a cidade ficou exposta a conflitos armados entre Minas Gerais e São Paulo, em vista de sua posição estratégica de fronteira. Toda a população era retirada, as luzes apagadas à noite, e dos combates de 1932, participou um jovem tenente médico, futuro governador de Minas Gerais e presidente do Brasil: Juscelino Kubitschek, que declararia, mais tarde, a amigos: "Minha carreira política começou em Itanhandu". Ela também é conhecida como a capital mineira do ovo, com uma produção diária em torno de 7 milhões de ovos/dia, e a única cidade das Terras Altas da Mantiqueira a possuir uma usina de reciclagem de lixo. Com uma economia bem diversificada, possui várias fábricas especializadas na produção de calçados, inclusive militares, granjas, pecuária leiteira, confecções, facções, laticínios e uma indústria de ferramental aeronáutico (única no estado de Minas Gerais), cujo principal cliente é a Embraer. Em termos econômicos, a cidade apresenta uma das mais modernas granjas da América Latina, a Mantiqueira, que remete seus produtos para diversas regiões do Brasil e até mesmo para o exterior. Segundo os dados do IBGE do ano de 2006, os galináceos atingiram a cifra aproximada de 3 milhões e 600 mil cabeças. Nessa etapa, como em outras, os marcos da ER e do CRER estão fincados lado a lado. AVALIAÇÃO PESSOAL – Uma etapa de razoável extensão, que não apresenta variações altimétricas importantes. Foi, com certeza, uma das mais belas jornadas que cumpri em toda o roteiro do CRER. O trecho localizado entre a Iana Alimentos até a transposição do rio Coura foi um dos mais exuberantes que conheci. Assim, também, o percurso em terra localizado entre Itamonte e Itanhandu me surpreendeu de forma estupenda. Trata-se de duas autênticas joias, onde a natureza está integralmente preservada. RESUMO DO DIA: Tempo gasto, computado desde a Pousada O Caipira, em Santana do Capivari/MG, até o Hotel Terra Sul, em Itanhandu/MG: 6 h 30 min; Clima: frio e nublado até o final da jornada. Pernoite no Hotel Terra Sul: Apartamento individual excelente – Preço: R$75,00, com café da manhã. Almoço no Restaurante Kentak: Excelente! – Preço: R$34,90 o kilo, no sistema self-service. |
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