5º dia – PEREGRINAÇÃO AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE CARAVÁGGIO, EM NOVA VENEZA/SC

5º dia – PEREGRINAÇÃO AO SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DE CARAVÁGGIO, EM NOVA VENEZA/SC

Com Perdiz e Carminatti, partindo para o Santuário de Caravággio.

Tínhamos ainda um dia de folga antes de retornarmos aos nossos lares, assim o Carminatti sugeriu que fôssemos novamente à Serra do Rio do Rastro, dessa vez para jornada dupla, qual seja, subiríamos e posteriormente desceríamos a montanha, posto que pernoitaríamos em Criciúma.

O convite era tentador, mas ele nos propôs uma outra alternativa, que de pronto acolhi: seguir caminhando até o Santuário de Caravággio, situado em Nova Veneza.

O trajeto não seria tão longo, apenas 12 quilômetros para ir e outro tanto para voltar.

Tudo resolvido, iniciamos a jornada quando o dia ainda estava raiando, e o clima se apresentava fresco.

Despedindo da amiga Celina, que partiria às 9 horas em direção à sua residência.

Antes, nos despedimos da Celina, que naquela manhã iniciaria sua viagem de retorno.

O trajeto é todo urbano, porém como era domingo de carnaval, o trânsito de veículos era praticamente nulo naquele horário.

Nessa rotatória, adentramos à esquerda, em direção à Nova Veneza.

Deixamos a cidade por uma avenida ascendente e numa grande rotatória, prosseguimos à esquerda em direção a Rio Maina.

Havia chovido bastante na noite anterior, a estrada ainda estava molhada, e o céu permanecia ameaçador, dando a entender que ainda haveria bastante chuva naquele dia.

Tempo fechado e rodovia ainda molhada.

A primeira parte da jornada transcorreu pelos bairros periféricos de Criciúma, mas lentamente fomos abandonando a civilização.

Estamos quase lá...

Seguimos caminhando sempre pela rodovia, onde havia um grande acostamento, de forma que o risco de um possível atropelamento ficava minorizado.

Tintas Anjo, cujo proprietário já percorreu o Caminho de Santiago por duas vezes.

Depois de 6 quilômetros caminhados, passamos diante da fábrica das Tintas Anjo.

Um estabelecimento como tantos outros, mas o Carminatti chamou nossa atenção dizendo que o proprietário dessa indústria, o Beto Colombo, já havia percorrido o Caminho de Santiago em duas oportunidades, portanto era um peregrino como nós.

Por sinal, em parceria com Manoel Mendes, ele escreveu um livro sobre o assunto, cujo título é: Compostela - Muito Além do Caminho de Santiago”, cuja sinopse transcrevo:

Essa marca de tinta é muito famosa no sul do Brasil.

Esse livro é o relato diário da caminhada de 800 km percorridos durante 29 dias em julho de 2007 e a cada dia descrito, há uma lição tirada do percurso. Essas lições podem ser aplicadas no trabalho, na família e na vida.

O caminho imita a vida. Neste sentido, todos os insigths do percurso são totalmente possíveis de ser conscientemente colocados em prática no cotidiano de cada um.

O livro tem segunda capa, capa dura, verniz UV na capa e 240 páginas, todas coloridas, valorizando as mais de 200 fotos do caminho que fazem parte da obra. O leitor irá conhecer as dificuldades e as alegrias vividas pelos peregrinos, suas conquistas e desafios”.

Perdiz e Carminatti fotografam um bela residência existente ao lado da pista.

O tempo estava se fechando, nuvens escuras surgindo no horizonte, mas como peregrinos experientes, e já conhecendo de antemão a previsão metereologica para aquele dia, trazíamos nossas capas de chuva na mochila.

Confortável "Passarela dos Romeiros", construída à beira da rodovia.

Então teve início uma pequena ladeira e, para o nosso conforto, além da natureza exuberante que nos rodeava, iniciou-se também uma calçada lateral à rodovia, que é nominada de “Passarela dos Romeiros”.

Placa localizada a 500 metros do Santuário.

Já no plano, passamos a caminhar por bairros periféricos, até que, um pouco mais à frente, para nossa alegria, avistamos ao longe e à esquerda, a igreja de Nossa Senhora de Caravággio.

Chegando ao Santuário, a chuva está prestes a cair.

Mais alguns passos, fotos e vivas, adentramos ao recinto do Santuário, no exato momento em que principiou uma forte pancada de chuva.

Imediatamente, nos dirigimos a gruta que existe no interior da igreja, um lugar aconchegante, de recolhimento e devoção.

Que alegria poder adentrar a este Santuário. Na mesma hora, enquanto chovia lá fora, eu recebi uma chuva de bençãos!

Ali fizemos nossas orações, agradecimentos e eu pude render graças por mais um caminho concluído.

Interessante ver que existe aos pés da imagem de Nossa Senhora uma torneira com água corrente e pura, vinda de uma fonte natural e abençoada, que sacia a sede dos fiéis e é portadora das bênçãos de Maria.

Descanso e lanche, enquanto aguardávamos a chuva parar.

Após ingerir um pouco desse líquido bendito, fotos todos lanchar e descansar um pouco.

Apenas para lembrar, quem é devoto fervoroso dessa santa é o famoso Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”, ex-técnico da seleção brasileira.

Só me restava agradecer a Mãe Maria por mais uma jornada vitoriosa.

Aliás, em novembro de 2014, quando o Grêmio foi jogar em Criciúma, ele esteve visitando esse Santuário, fato noticiado pelos jornais locais, conforme pode ser visto no link: http://www.engeplus.com.br/noticia/geral/2014/felipao-visita-santuario-de-nossa-senhora-de-caravaggio/

HISTÓRIA DA APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA

A cidade de Caravaggio, terra da aparição, se encontra nos limites dos estados de Milão e Veneza, e na divisa de três dioceses: Cremona, Milão e Bérgamo.

Ano de 1432, época marcada por divisões políticas e religiosas, ódio, heresias, batida por bandidos e agitada por facções, traições e crimes.

Além disso, teatro da segunda guerra entre a República de Veneza e o ducado de Milão, passou para o poder dos venezianos em 1431.

Pouco antes da aparição, em 1432, uma batalha entre dois estados assustou o país.

Neste cenário de desolação, às 17 horas da segunda-feira, 26 de maio de 1432, aconteceu a aparição de Nossa Senhora a uma camponesa.

A história conta que a mulher, de 32 anos, era tida como piedosa e sofredora.

A causa era o marido, Francisco Varoli, um ex-soldado, conhecido pelo mau caráter e por bater na esposa.

Maltratada e humilhada, Joaneta colhia pasto em um prado próximo, chamado Mezzolengo, distante 2 quilômetros de Caravággio.

Entre lágrimas e orações, Joaneta avistou uma senhora que na sua descrição parecia uma rainha, mas que se mostrava cheia de bondade.

Dizia-lhe que não tivesse medo, mandou que se ajoelhasse para receber uma grande mensagem.

A senhora anuncia-se como “Nossa Senhora” e diz: “Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça, e venho anunciar a Paz”.

Nossa Senhora de Caravaggio pede ao povo que volte a fazer penitência, jejue nas sextas-feiras e vá orar na igreja no sábado à tarde em agradecimento pelos castigos afastados e pede que lhe seja erguida uma capela.

Como sinal da origem divina da aparição e das graças que ali seriam dispensadas, ao lado de onde estavam seus pés, brota uma fonte de água límpida e abundante, existente até os dias de hoje e nela muitos doentes recuperam a saúde.

Joaneta na condição de porta-voz, leva ao povo e aos governantes o recado da Virgem Maria para solicitar-lhes – em nome de Nossa Senhora – os acordos de paz.

Apresenta-se a Marcos Secco, senhor de Caravaggio, ao Duque Felipi Maria Visconti, senhor de Milão, ao imperador do Oriente, de Constantinopla, João Paleólogo, no sentido de unir a igreja dos gregos com o Papa de Roma.

Em suas visitas, levava ânforas de água da fonte Sagrada, que resultavam em curas extraordinárias, prova de veracidade da aparição.

Os efeitos da mensagem de paz logo apareceram, tanto que a Paz aconteceu na Pátria e na própria igreja.

Até mesmo Francisco melhorou nas suas atitudes para com a esposa Joaneta.

Sobre ela, após cumprida a missão de dar a mensagem de Maria ao povo, aos estados em guerra e à própria Igreja Católica, os historiadores pouco ou nada falam.

Por alguns anos foi visitada a casa onde ela morou que, com o tempo desapareceu no anonimato.

HISTÓRICO DO SANTUÁRIO DIOCESANO DE NOVA VENEZA/SC

Interior do belíssimo Santuário.

A colonização de Nova Veneza, Santa Catarina, teve início em 1891. Em fevereiro de 1909 o Padre Miguel Giacca veio da longínqua Itália para dar assistência espiritual aos imigrantes nesta vasta região de Santa Catarina. Nesta ocasião foi criado o curato de Nova Veneza e no dia 31 de julho de 1912 Nova Veneza foi elevada à categoria de paróquia, pelo então Bispo de Florianópolis, Dom João Becker.

O grupo de famílias que se instalou em Caravaggio, a 5 Km da sede do município, trazia consigo uma estampa de Nossa Senhora de Caravaggio e trazia no coração uma grande devoção a Nossa Senhora. Um dos primeiros frutos dessa devoção foi a construção de um oratório, onde as pessoas se reuniam para se encontrar, rezar o terço e cantar. A devoção a Nossa Senhora propagou-se rapidamente, por isso em 1896 foi construída uma capela de madeira.

A primeira capela já não condizia com a grande devoção e amor do povo à Madona de Caravaggio. Eram muitos os devotos que se dirigiam a Caravaggio. A maioria a pé e em romaria. Muitas graças foram alcançadas. Então o Pe. Miguel Giacca, pároco de Nova Veneza, a 21 de maio de 1914, com a autorização do Bispo de Florianópolis, começou a construção de uma capela maior e de alvenaria.

Com a criação da diocese de Tubarão em 1954, surgiu a ideia de um santuário diocesano. Caravaggio despertou interesse por ser um lugar apropriado e pela forte devoção a Nossa Senhora. Em 1957, em visita a Caravaggio, Dom Anselmo Pietrulla, Bispo Diocesano, sugeriu à comunidade a construção de um Santuário Diocesano dedicado a Nossa Senhora de Caravaggio. Em 1961, o senhor Bispo enviou Monsenhor Gregório Locks a Caravaggio que incentivou o povo a realizar a obra. Em seguida Monsenhor Gregório fez uma viagem à Europa e das observações colhidas lá, nasceu a planta do santuário. A 26 de maio de 1963, foi lançada a pedra fundamental e no dia 29 do mesmo mês iniciou-se a construção. O Santuário tem a forma de cruz com 40 metros de comprimento e aproximadamente 800 m2 de espaço interno. No dia 1º de outubro de 1967, numa festa em homenagem a Maria, com uma grande concentração de autoridades e fiéis, foi inaugurado o SANTUÁRIO DIOCESANO NOSSA SENHORA DE CARAVAGGIO.

É de justiça ressaltar a cooperação de todas as famílias de Caravaggio e de muitos colaboradores de outras comunidades que, de muitas maneiras, com materiais ou mão de obra, ajudaram a construir o majestoso santuário. Por isso, no dia 26 de cada mês, dia em que se comemora a aparição de Nossa Senhora de Caravaggio, no Santuário é celebrada a Santa Missa na intenção de todos os benfeitores.

Fonte: http://www.santuariodecaravaggio.com.br/

O PRIMEIRO MILAGRE DA REGIÃO

Milagres também são lembrados por moradores da região, como a história da falecida Dona Amália Dalmolin Topanotti, que residia na Terceira Linha-São Rafael, no município de Içara. A moradora Josephina Milanese Spillere, mais conhecida por Pina, relembra o marco em sua vida.

O primeiro milagre da região, em 1949. A Dona Amália chegou de carro de bois. Estava muito fraca, nem andava. O marido dela veio junto. Chegaram aqui já era noite. Naquela época era uma capelinha e já estava fechada, então bateram em minha casa. Eu estava na cozinha com os filhos. Meu marido Joanin foi atender. Ficamos com medo de ser bandido, pois ela estava deitada na carroça, acabada, bem fraca, magra, mas meu marido disse: que seja feita a vontade de Deus. Então trouxeram ela no colo, eu estava fazendo a minestra para as crianças. Ofereci para ela, mas ela não comia nada. No dia seguinte fui buscar a chave da capela. Fomos até lá e o marido dela carregou ela no colo. Eu rezei o terço, eu rezava e eles respondiam. Ela ficava sentada no banco. Abaixou a cabeça, ficou séria. Eu fui buscar água para ela tomar. Quando ela tomou a água, chamei para irmos embora. O marido foi pegar ela no colo, ela disse: não, eu vou caminhar. Ele disse: imagina tu vai caminhar, como, se tu não pode? Eu fiquei do lado deles. Ela começou a caminhar, chegou até perto do carro de boi, e não quis subir no carro, foi caminhando, ninguém achou que isso foi um milagre. Desde então as filhas sempre vão na festa”, relembra Pina.

Fonte: http://www.portalsatc.com/

NOSSO RETORNO À CRICIÚMA

Estradinha perigosa, sem acostamento, e ainda molhada em face da chuva recente.

Depois de um bom descanso e como a chuva havia cessado de vez, iniciamos nossa viagem de regresso.

Passamos ao lado de imensos arrozais em nossa caminhada de retorno. Este é um deles.

E o fizemos por outra rodovia, o que acabou “engordando”, em mais 6 quilômetros, a nossa peregrinação.

Uma árvore centenária nos acena, ao lado da pista.

Assim, depois de 6 h 30 min de caminhada, 30 quilômetros percorridos, estávamos de volta à Criciúma.

Obrigado Mãe Maria, por mais esta vitória!

Intimamente, me sentia feliz e gratificado, pois espiritualmente sempre rejuvenesço quando caminho em direção à Casa da Mãe Maior.

Caminhada de Criciúma ao Santuário de Nossa Senhora de Caravággio, ida e volta.  Nova Veneza / SC - Dia 15/02/2015 - 30 KM em 6:29 Horas.