CAMINHO DE SANTIAGO: PEREGRINOS E PEREGRINAÇÕES Entre os gregos, os oráculos que atraiam maior número de pessoas eram dos Delfos, Epidauro e Dodona. No Egito, o templo de Amon atraía multidões apesar de situar-se em pleno deserto; e na Índia, Benarés. Entretanto, nenhum destes lugares teve tanta importância quanto o da peregrinação muçulmana, a Meca. O cristianismo teve desde a época do império romano, santuários especialmente venerados: Jerusalém (sepulcro de Jesus), Roma (tumbas dos apóstolos, catacumbas), Tours (S. Martín), Cártago (S.Cipriano) e, por algum tempo, Nola (S. Paulino). Na Idade Média, Santiago de Compostela foi o lugar privilegiado, para onde numerosos peregrinos se dirigiam. Como também, em outras peregrinações cristãs: Fátima, Lourdes, Guadalupe, etc. Segundo a tradição, o apóstolo Santiago havia evangelizado parte da Espanha, antes de sua morte, na Judeia. Seu corpo foi transladado por seus discípulos, até a Galícia. O culto ao apóstolo rapidamente se espalhou por toda a Europa, favorecido pela devoção popular e pelo apoio dos reis de Astúrias, que encontraram no santuário um símbolo que estimulava a luta contra o Islã. O rei Alfonso II de Astúrias (791-842) mandou construir uma igreja, num lugar da Galícia chamado "campo de estrelas", onde havia sido descoberto um antigo sepulcro que logo foi objeto de veneração, como sendo o do apóstolo Santiago “el Mayor”. Mais tarde a igreja foi ampliada por Alfonso III (866-910). Com a intensificação das relações entre a Europa Ocidental e, os reinos cristãos da Península, a partir do século XI, as rotas de entrada na Espanha eram três: a antiga via romana que atravessava os Pirineus na parte Oriental, conduzindo a Barcelona; a dos Pirineus na parte Central, que passava por Somport e levava a Jaca; e a de Roncesvalles, que ia parar em Pamplona. A via catalã, naquela época, era a mais utilizada. A de Somport, era a mais difícil, porém, os reis de Aragão tiveram sempre muito interesse, em mantê-la aberta. A via de entrada que experimentou maior auge, foi a de Roncesvalles. Êxito este, atribuído especialmente aos reis navarro, que procuraram canalizar o fluxo de peregrinos que se dirigiam a Compostela, para essa rota, tornando-se através dos tempos, o ramal mais ativo do caminho de Santiago. As grandes peregrinações a Santiago, tiveram seu crescimento a partir do século XI ao século XV. Os peregrinos procediam de toda Europa ocidental e central: França, Alemanha, Itália, Geram Bretanha, países Escandinavos, Polônia, etc. Ao largo do caminho de Santiago, cresceram as velhas cidades (Burgos, Leon, Santiago). Com o tempo, novas nasceram, como: Estella, Logroño, Santo Domingo de la Calzada e Sahagún. A chegada do clero na península Ibérica, procedente da Europa, favoreceu a entrada da arte religiosa, que já era difundida naquele Continente. Foi assim, que no final do século XI, chegou à Espanha, a arte românica. De procedência francesa, se difundiu pela Europa graças às rotas de peregrinação e dos monges hospitaleiros cluiniacenses (Cluny, Borgonha, França) - da ordem beneditina. Atualmente ainda se conservam uma série de construções que se edificaram na Idade Média ao longo do caminho de Santiago por reis e pelo clero. Muitas destas obras são peças importantes da arte românica européia, entre elas a catedral de Jaca, o monastério de Leyre - Navarra, a igreja da San Martín - de Frómista. Também em Leon, o conjunto de San Isidoro com as famosas pinturas românicas do Panteón e, finalmente já em Santiago, a catedral, dedicada ao Apóstolo e que constitui um dos monumentos especiais desta arte, na Espanha. Além disso, existe uma série de inumeráveis pontes, albergues, monastérios e igrejas, que vão pontuando todo o caminho. Esta rota de peregrinação a Santiago, como a de Jerusalém e a de Roma, foram uma autêntica e eficaz rede de comunicação, servindo de veículo unificador, tanto cultural, como comercialmente, na Idade Média, numa Europa que havia ficado comercialmente, desgastada, com a queda do império romano. |
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