Epílogo
"Eu viajo não para ir a lugar algum, mas para ir. Eu viajo pelo propósito de viajar. A grande sedução é se mover." (Robert Louis Stevenson)
Com sua diversidade climática, geográfica e, sobretudo, étnica, a Estrada Real foi sendo construída, ao longo do tempo, como um dos roteiros mais plurais do país.
Posto que, são centenas de municípios no seu entorno com características culturais, religiosas e econômicas diversificadas.
Tudo isso faz desse caminho, um dos destinos turísticos mais atraentes e interessantes para o turismo.
No meu caso específico, existe no sangue uma insaciada curiosidade, um atávico desejo de viagens a pé, das surpresas do desconhecido, do êxtase perante às maravilhas que a natureza mantém oculta à maioria dos mortais.
Decorrência dessa necessidade de caminhar intensamente, de movimento incessante, diria, com satisfação plena: que delícia chegar-se a um recanto desconhecido, que prazer em ser estrangeiro!
E, como é bonita nossa terra!
Nós peregrinos podemos admirá-la mais, conhecê-la melhor, dos que preferem o burburinho das ruas e das salas iluminadas, à contemplação da natureza.
Com efeito, uma viagem vale por um curso de psicologia humana e por uma cura de repouso.
Deixa-se em casa a preocupação da vida costumeira, vez que não adianta pensar nos problemas que não se pode resolver.
Porque preocupar-nos com aquilo que a distância impede de solucionar?
Assim, insere-se o necessário dentro de um invólucro e parte-se para a aventura.
Que coisa mágica é uma trilha!
Momentos tão plenos de felicidade, como os que vivenciei me fazem acreditar que podemos passar longo tempo nos utilizando unicamente de uma mochila.
A sobrevivência cabe dentro dela.
Não precisamos de mais nada!
E, a natureza exposta, com todo seu esplendor, nos convida a uma pausa, uma reflexão, uma observação.
Porquanto, não basta apenas olhar.
É preciso saber mirar com os olhos, enxergar com a alma e apreciar com o coração, pois são estes os pressupostos basilares para tal desiderato.
Afinal, eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata!
E, o Caminho do Ouro com sua surpreendente variedade de atrações, por onde transitei tranquilo, despojado, feliz e escoteiro, me fez lembrar uma célebre frase de lavra do insigne “mestre” João Guimarães Rosa: "O real não está nem na saída nem na chegada: ele se impõe pra gente é no meio da travessia."
Nesse contexto, quem procura aventura, cultura, natureza exuberante e as mais belas e preservadas cidades históricas do Brasil, está no caminho certo, pois, a Estrada Real é o seu destino.
Por derradeiro, um poema que muito admiro, pois coerente com minha maneira de viver e pensar:
“A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará!”
(Mário Quintana)
Bom caminho a todos!
setembro/2010