Ele teria três dias para dar fim aos seus cães, sob pena deles serem detidos, castrados e postos à doação.
Desesperado, tomara uma decisão radical: deixara seus animais com uma irmã, vendera sua casa a preço irrisório e resolveu deixar sua terra natal, para nunca mais ali retornar.
Inicialmente, a convite de um amigo, fora residir no Zimbabue, África Ocidental, onde acabou por adquirir uma propriedade, e ali permaneceu por 8 anos.
No entanto, em determinado momento, o país entrara em convulsão social e, sob a iminência de ter sua propriedade confiscada pelo governo para fins de reforma agrária, resolvera vendê-la e acabara vindo residir no sul da Espanha, onde era proprietário de uma Finca (fazenda).
Nela cultivava oliveiras e amêndoas, as únicas plantas que se acasalavam com o solo arenoso e seco ali predominante, onde as chuvas eram escassas.
Porém, como os demais proprietários da povoação, mandava perfurar um poço artesiano em sua propriedade e água não lhe era problema.
Comentou que, como a Província onde estávamos acolhera muitos imigrantes e, por conta da grande miscigenação de raças, tornara o povo residente naquela cidade amistoso e não tão afeito a regras rígidas.
Além disso, o calor reinante naquela região propiciava uma maior integração entre as pessoas, porque elas passavam um tempo maior do lado externo de suas residências.
Por tudo isso, já há 6 anos naquela localidade, não pensava mais em sair dali.
Voltar para a sua terra natal? Jamais, me juramentou com convicção.
Essa conversa ocorreu nos 1.500 metros que nos separava de uma praça, próximo da igreja matriz da cidade, onde nos despedimos cordialmente.
Foi uma das mais gratas recordações que guardo desse memorável dia.
Afinal, é difícil encontrar alguém infeliz por residir num país onde tudo funciona perfeita e inexoravelmente como um relógio... suíço!
No centro da pequena povoação eu fiz contato telefônico com a senhora Teresa, e logo ela apareceu para me levar até o local em que ficaria hospedado.
Trata-se de uma casa com 3 quartos e um banheiro, este a ser compartilhado.
Porém, como naquele dia eu era o único hóspede, todo o espaço ali disponível, como sala de TV, cozinha, etc, ficou ao meu inteiro dispor.
Pelo pouso, bastante confortável, gastei 20 Euros.
Depois do banho, e com a lavanderia só para mim, aproveitei para lavar roupas e meias, até porque, brilhava um sol forte, fazia calor, assim, todo o material logo secou.
Para almoçar utilizei os serviços do restaurante El Farolet, onde gastei 12 Euros para ingerir um saboroso “menu del dia”.