Embora a jornada fosse de pequena dimensão, partimos às 6 horas, depois de ingerir um saboroso café da manhã preparado, gentilmente, pela Luciana, a proprietária do Hotel.
Na verdade, o Eraldo e o Oswaldinho “Xará” haviam me pedido para testar um percurso alternativo para essa etapa, que me levaria a transitar por locais desertos e desabitados, embora essa alteração acrescesse 5 quilômetros ao percurso desse dia.
Ocorre que, infelizmente, a Sônia, minha companheira de trilha, estava terrivelmente gripada e como forma de preservar sua higidez, optamos por seguir o caminho original, por ser mais curto, embora eu me arrependesse depois, amargamente dessa decisão.
Inicialmente, face ao horário matutino, transitamos por uma estrada larga e neblinosa, contudo, com o dia avançando, o trânsito de veículos se intensificou, terrivelmente, e ingerimos muita poeira nesse trajeto, por sinal, todo plano.
Para a nossa sorte, eu havia levado máscaras cirúrgicas e seu uso atenuou nosso padecimento, pois havia farta camada de pó no leito transitável e a cada passagem de veículos uma nuvem de pó nos cobria e sufocava.
Foi um percurso sofrido, o mais deslustroso de todos, face à inquietude com nossa arfante respiração.
Percorridos 12.500 m, acabamos por desaguar em outra estrada maior, já minha conhecida, pois nessa via transcorre o Caminho de Aparecida que eu já percorrera em 2 oportunidades.
Esse trecho final de, aproximadamente, 7 quilômetros, foi o pior de todos que vivenciamos no Caminho de Nhá Chica e creio que deverá ser estudado um percurso alternativo, como forma de preservar a saúde e o conforto dos peregrinos.
No final dessa sofrida odisseia, ultrapassamos o caudaloso rio Sapucaí por uma ponte, depois seguimos em direção ao local de pernoite.
À tarde fomos visitar e fotografar a igreja matriz da cidade, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição.
Havia inúmeras barraquinhas sendo montadas no entorno da praça central, visto que estava em curso a Festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, muito concorrida na região.
Por sinal, a imagem da Mãe Aparecida havia chegado no dia anterior, trazida pelo grupo “Andarilhos da Fé” de Careaçu/MG.
Esta história de amor e devoção a Nossa Senhora Aparecida teve início quando três amigos, por fé e agradecimento, fizeram em 1976 a primeira romaria a pé, de Careaçu a Aparecida.
A partir do ano de 2005, o roteiro se inverteu, passando a ser de Aparecida a Careaçu com a chegada dos romeiros trazendo a imagem peregrina para o início da Festa de Nossa Senhora da Conceição e de São Sebastião realizada, anualmente, no mês de julho.
No total, são percorridos 146 quilômetros, em cinco jornadas, sendo que, no último dia, a romaria sai do centro de Santa Rita do Sapucaí, rumo à cidade de São Sebastião da Bela Vista através da estrada da serra.
Na chegada a Careaçu, os romeiros são recebidos com festa e fogos pelos devotos de Nossa Senhora Aparecida, então, todos seguem em procissão para a praça da matriz, onde ocorre a celebração da Santa Missa e a coroação da imagem trazida pelos penitentes.
Algumas fotos do percurso desse dia: