Seria outra longa jornada, além de ser um domingo, assim, deixei o local de pernoite às 6 h, ultrapassei as muralhas pela “Puerta Norte”, descendi por uma calçada empedrada, depois, por uma ponte medieval eu ultrapassei o rio Águeda e quando a zona urbana se findou, eu acessei a antiga rodovia que unia Gallegos com Ciudad Rodrigo, que é, inicialmente, asfaltada, mas depois de 5 quilômetros, passa a ser uma larga estrada de terra.
Logo passei junto à fazenda de Manzanillo onde, por uma moderna ponte, cruzei um riacho de mesmo nome, num local em que se destacam algumas árvores, que permitem aninhar cegonhas..
O dia, finalmente, clareou e pude constatar que eu transitava entre extensas pastagens, onde a tônica era a criação de gado bovino.
Prosseguindo, depois de cruzar as vias férreas, passei ao lado da fazenda de Palácios e Mariaalba.
O clima persistia frio, ventoso, algo perturbador, mas segui sempre confiante, agradecendo a Deus por mais um dia de vida, pleno de saúde e bons augúrios.
Mais adiante, cheguei ao riacho de Azaba, afluente do rio Águeda, que atravessei utilizando uma robusta ponte do século XVII.
Depois de passar diante da fazenda Puentecilla, principiei a descender e do alto eu já divisava a cidade de Gallegos, ao longe e abaixo.
Porém, antes de chegar a povoação, cruzei o rio Gallegos por uma preciosa ponte do século XVII, que se encontra em magnífico estado de conservação.
Gallegos de Argañán, como outras cidades com esse nome de lugar, deve o seu nome ao seu repovoamento pelos galegos durante a Reconquista, e sua igreja paroquial é dedicada a Santiago Apóstolo.
Até ali eu já há caminhado 17 milhas, portanto, já havia ultrapassado a metade da jornada.
Enquanto atravessava a diminuta povoação, eu não avistei vivalma, pois suas ruas se encontravam silenciosas e, estranhamente, desertas, apesar de ali residirem, segundo as estatísticas, quase 300 almas.
Na cidade há um albergue de peregrinos, localizado na Plaza Mayor, defronte à Prefeitura, junto ao Consultório Médico, porém, pelo que pude ler na internet, o local de pernoite se encontra, atualmente, inapropriado para abrigo, face a sua degradação.
Na sequência, prossegui pelo acostamento de uma rodovia vicinal, até chegar à cidade de Alameda de Gardón, num total de mais 6 quilômetros, sempre sobre piso asfáltico, num trajeto duro e desestimulante.
Porém, depois, tudo mudou, quando prossegui pelo campo até as margens do rio Dos Casas.
A partir desse local, eu girei à direita e penetrei em outro trecho espetacular, um dos mais belos e ermos do Caminho Torres.
Caminhando sempre à beira do riacho, passei por locais de rara beleza e grande ermosidade, na verdade, eu abri e fechei algumas portas, e perpassei por pequenas propriedades rurais, onde estavam confinados gado leiteiro e ovelhas.
Nesse intermeio deserto, belíssimo e silencioso, também não avistei vivalma e por ali, com calma contemplativa, caminhei durante mais de uma hora, curtindo a paisagem e respirando o ar puro que emanava da espetacular natureza que me cercava.
Mais abaixo, após descender pequena ladeira, passei pela cidade de Castillejo de Dos Casas e depois de caminhar mais 2 milhas em lenta ascensão, cheguei ao meu destino desse dia.
Porém, um pouco antes de lá aportar, precisai transpor, novamente, o rio Dos Casas, desta vez, utilizando como pedras que estão alocadas em seu leito.
Algumas fotos do percurso desse dia: