FINAL
O homem urbano de nossos dias perdeu uma importante quantificação da realidade, concernente à dimensão da emoção, aventura e fé que se vivencia numa peregrinação.
Porquanto, a vida citadina é uma brutal repetição de tarefas profissionais ou não, que entorpecem o indivíduo e o afastam de nossa maravilhosa natureza.
Sim, este é, talvez, o preço que pagamos pelo nosso verniz de civilização, posto que nunca fomos tão bem comportados, programados, uniformizados, massacrados e previsíveis.
Melhor, como fiz eu, fugir da mesmice de nosso cotidiano, muitas vezes entediante, e se lançar de forma determinada nos rumos incertos da mais imensa e fascinante possibilidade de ser feliz: a de caminhar em direção à Basílica da Mãe Maria.
Por isso mesmo, o aporte final à cidade de Aparecida é sempre um momento especial, em que todo o cansaço do percurso, a poeira da estrada, as vicissitudes enfrentadas e os pés doloridos, fenecem repentinamente.
Pois no Santuário de Nossa Senhora nós nos sentimos em casa, porque ali é um espaço de comunhão amorosa e próxima de Deus, lugar de contemplação, meditação, oração e louvor.
Posto que, além de mãe de Jesus, ela também encarna a proteção de todos nós humanos e sente prazer e encanto natural em contemplar seus filhos, bem como se alegra quando correspondem à sua ternura com emoção, lágrimas e alegrias.
Em sua residência, o caminhante tem certeza de que receberá de nossa Mãe Maior o afago carinhoso que lhe proverá de forças para vencer as dificuldades e os sofrimentos.
Vez que, suas bençãos socorrem, defendem, suavizam as mazelas da vida e amenizam as amarguras de nossa passagem terrestre.
Deus lhe deu bondade, doçura e um poder sem igual, a fim de que ela pudesse proteger e consolar todos os aflitos e quantos a ela recorrerem em suas necessidades.
E esse desvelo maternal está disponível para todos os seus fiéis seguidores que ela recebe, e se propõe a escutar suas queixas.
No final, cura todas as feridas e derrama seu bálsamo sobre as chagas doloridas, ao tempo que pede confiança nela e que se deixem guiar por essa fé.
Promessa cumprida, graças alcançadas, purificação, milagres, esperanças, inicia-se uma nova etapa na vida do caminhante: a volta ao lar.
Em consonância, ao retornar à minha vida normal, senti uma sensação de dever cumprido, principalmente, de constatar que todo o esforço dispendido ao suportar o calor escaldante do mês de outubro, escalar serras intermináveis, suplantar as dores e viver aqueles dias despojadamente, somente com o necessário, valeu a pena.
Nesse sentido, incentivo a todos a percorrer o Caminho da Fé, pois dessa maneira poderão aquilatar e compreender, em sua plenitude, o desapego que se processa no íntimo de cada pessoa, ao se transformar num humilde peregrino.
Finalizando, uma breve e singela mensagem:
“Nossa Senhora Aparecida, rogai por todos nós!”
Amém!
Bom caminho a todos!
Janeiro/2012