07º dia: HELIODORA a CONCEIÇÃO DAS PEDRAS – 24 quilômetros
O trajeto, eu sabia, seria altamente desafiador, assim, de comum acordo, resolvemos sair bem cedo e então depois de ingerir o saudável café da manhã que a dona Sheila nos preparara, deixamos o local de pernoite às 5h30, debaixo de intenso frio e forte cerração, temperatura beirando os 7°C. Partimos em lento ascenso, por ruas citadinas vazias, silenciosas e, mais acima, num leve planalto, acessamos uma estrada de terra larga e acidentada, por onde prosseguimos sempre em perene aclividade. O percurso sequente mesclou íngremes aclives com rápidos planaltos, onde podíamos desacelerar nossa respiração, sempre entre imensos cafezais, bananais e mata nativa. Com o dia clareando, percorridos 5 km, atingimos o topo da serra do Lobo, situado a 1.202 m de altura, o ponto de maior altimetria dessa jornada. De lá detínhamos ampla visão do entorno, inclusive, podíamos visualizar abaixo e distante, situada numa planície, a cidade de Natércia, nosso próximo destino. O descenso pelo lado oposto da montanha foi acidentado e técnico, vez que um simples escorregão poderia redundar numa queda espetacular. Nesse trecho cruzamos com vários trabalhadores rurais, alguns subindo o morro a pé, outros em motocicletas, todos rumando para os imensos cafezais que nos ladeavam, pois estávamos em época de colheita desse fruto. Já no plano, acessamos a rodovia que provinha de Heliodora e logo estávamos caminhando em zona urbana, na direção da praça central da cidade, onde fotografamos a igreja matriz, cuja padroeira é Santa Catarina de Alexandria. Próximo daqui, fizemos uma pausa para ingerir um copo de café e adquirir água. Na sequência, enfrentamos fortíssimo ascenso sobre piso duro, por um bairro periférico; o descenso pelo lado oposto foi extremamente difícil, mas superado a bom termo. O trecho sequente, nos levou a caminhar por uma estrada larga e plana, sempre ao lado de um riacho que, mais à frente, nos propiciou visualizar a espetacular “Cachoeira da Usina”, de impressionante beleza. Depois, seguimos em forte ascenso pela montanha para, na sequência, prosseguirmos um bom tempo por estradas arejadas, depois, sob frescas matas nativas e desertas, num percurso extremamente agradável. Quase no final da jornada, precisamos superar outro outeiro que, pelo adiantado da hora, foi sobrepujado passo a passo, face ao cansaço acumulado na dura jornada. Depois, já em forte descenso, logo acessamos a zona urbana, transitamos pelo centro de Conceição das Pedras e ainda caminhamos mais 1.000 m, para nos alojarmos na Pousada de dona Maria (Fininha), localizada junto ao Posto de Combustíveis Avenida, onde pernoitamos nesse dia. Depois de farto almoço e após nos recuperarmos fisicamente da desgastante jornada, ainda reunimos força para retornar ao centro da simpática localidade, onde pudemos fotografar e visitar a igreja matriz da cidade, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição.
Sobre a jornada do dia, diria que se trata de uma etapa de média extensão, mas que apresenta alguns entraves altimétricos importantes, sendo o primeiro deles e o mais íngreme, o cume da serra do Lobo, situado no 5º km. Há, pelo menos, 3 descensos técnicos, onde a atenção deve ser redobrada. Contudo, no geral, uma etapa belíssima, coroada pela passagem diante da fantástica Cachoeira da Usina Natércia. No global, um percurso desafiador e, em minha opinião, o segundo mais exigente do Caminho de Nhá Chica, em termos de dificuldades.
RESUMO DO DIA - Pernoite: Pousada Pôr do Sol (dona Fininha) - Quarto individual bom, mas com banheiro compartilhado - Preço: R$80,00 e sem café da manhã;
Almoço: Restaurante e bar do Pardal – Ótimo!
Algumas fotos do percurso desse dia: