(por Jana Carvalho)
O PEREGRINO é aquela pessoa que decide sair da sua zona de conforto e coloca-se em movimento!
É quem decide deixar tudo para trás, livrando-se dos pesos e excessos, ficando somente com o ESSENCIAL.
É desapegar-se!
SER PEREGRINO é saber que uma jornada só começa com o PRIMEIRO PASSO.
É CONFIAR no porvir, sem saber o que lhe espera depois da curva.
É ENTREGAR-SE ao que tiver que ser e SEMPRE SEGUIR.
É a cada passo, se aproximar de seu interior e aprender a ouvir o próprio coração…
É ACEITAR QUE TEMOS LIMITES, no corpo e na mente.
É Saborear e “suportar” o incontrolável poder da natureza (no calor x no frio, no sol x na chuva, de dia x a noite)!
Ser PEREGRINO é esquecer as horas e os quilômetros, vivendo intensamente o que se apresenta na sua frente, naquele momento!
É estar aberto ao novo e ao que tiver que ser!
É estar comprometido com o PRESENTE!
Ser peregrino é simplesmente seguir sem saber quanto tempo falta para chegar…
É saber que tem que continuar a avançar, mesmo cansado.
Ser peregrino é ter a humildade para pedir ajuda e partilhar o pouco que se tem e sabe!
É valorizar as pequenas coisas e expressar a gratidão!
Ser peregrino é decidir escolher o seu próprio caminho, sem transferir a responsabilidade para ninguém.
É respeitar o seu próprio tempo e ritmo para seguir adiante!
Ser PEREGRINO é caminhar na direção desejada com fé, coragem, determinação e CLAREZA!"
Será que você é um peregrino da vida?
Fonte: www.janacarvalho.com
A Catedral Compostelana, sempre um sonho!
"O que dá valor à viagem é o medo. É o fato de que, num determinado momento, quando estamos bem longe do nosso país, somos tomados por um medo vago, e um desejo instintivo de voltar para a segurança dos velhos hábitos. É este o benefício mais óbvio das viagens. Naquele momento estamos febris, mas também muito abertos, de modo que o mais leve toque nos faz tremer nas profundezas de nosso ser. Deparamo-nos com uma cascata de luz e já não há eternidade. É por isso que não devemos dizer que viajamos por prazer; não existe prazer em viajar, e eu olho para isso mais como uma ocasião de um exame espiritual." (Albert Camus )
Certificado de Distância, atestando que percorri 280 quilômetros, desde a cidade do Porto.
Antes de partir para o desconhecido Caminho Português da Costa, fiz uma análise de meus anseios e cheguei a conclusão de que quando estivesse sozinho, caminhando na escuridão da madrugada, eu teria que conviver com meus medos, atropelar as vacilações, driblar o cansaço, espantar o mau humor e estar sempre me automotivando.
Ainda, expor a mim mesmo e aceitar numa boa meus limites e fraquezas, manter a serenidade, mas com coragem, caminhar em silêncio, mas espantar o tédio, teria que apurar minha sensibilidade, contornar as “preguiças”, dar um chega pra lá no desânimo e tomar todas as iniciativas, olhar mais para fora que para dentro, curtir o frio, a chuva, o perigo, a solidão e permanecer alegre e confiante apesar da incerteza de chegar.
Mais do que isso, para sobrepujar esse Caminho, eu teria que controlar minhas emoções e manter a lucidez para tomar decisões, então, como eu reagiria a todos esses desafios?
Era justamente isso o que mais me fascinava.
Pois bem, o Caminho Português da Costa foi um dos mais belos e emocionantes roteiros que já percorri, pois grande parte da jornada, aproximadamente, 200 quilômetros, transcorreu por estradas localizadas próximas ou junto à orla do Oceano Atlântico.
Ademais, trata-se de um Caminho muito bem sinalizado, que conta com uma excelente rede de albergues/hotéis e oferece em seu traçado interior, o trânsito por locais de expressiva beleza e quietude.
Tudo isso, em um percurso que ainda não se encontra massificado, além de possuir uma gastronomia superlativa, o que converte essa maravilhosa aventura em algo inesquecível para o peregrino.
Minha 13ª Compostela, que guardo com muito carinho e ótimas lembranças.
Tanto que hoje, esse roteiro se converte em excelente alternativa para aqueles que querem fugir de uma Rota muito concorrida, ou busquem uma peregrinação menos trivial e mais espiritual.
No global, esse Caminho impressiona, sobretudo, por sua beleza natural com as praias, como baías e os portos pesqueiros aí encravados como, por exemplo, como inesquecíveis vilas de Baiona e A Guarda.
Acresça-se, que ele discorre por um território com alta densidade urbana, contudo, perpassa por poucas cidades grandes ou médias; em compensação, contém extrema urbanização em seu percurso, um reflexo da intensa exploração urbanística intentada na costa portuguesa e espanhola, com consequências desoladoras aos caminhantes.
Nesse sentido, é importante ressaltar que dos 280 quilômetros que caminhei, aproximadamente, 75% desse montante o foram em asfalto, um tormento para os pés.
Apesar disso fatores, retornei encantado com a recepção que obtive das pessoas que residem ao largo desse roteiro, bem como pelas belas localidades que tive a oportunidade de conhecer, com ênfase especial para uma fantástica cidade de Viana do Castelo, que muito me impressionou.
Bom Caminho a todos!
Novembro / 2018