Parti às 6 h 30 min, novamente, sob um frio terrível, contudo, por sorte, havia um posto de gasolina situado defronte ao local onde pernoitei, que já estava em funcionamento, então, na “tienda” ali existente, ingeri um supimpa copo de café quente, que muito me animou.
Seguindo em frente, por uma bonita ponte eu ultrapassei o rio Sil e, concomitantemente, deixei a província de León para adentrar na Galícia, mais especificamente, na província de Ourense.
E imediatamente a sinalização mudou, porque os “mojóns” passaram a ser confeccionados em bloquetes de pizarra (ardósia), a pedra própria dessa zona.
Na sequência, transitei pela minúscula vila de Quereño, depois prossegui em meio a frondosa mata, bordejando o tempo todo, a meia altura da montanha, o “Encoro de Pumares”, que se refere ao lago resultante do represamento do rio Sil.
O clima estava fresco, hidratado, temperatura na casa dos 12°C, ótima para caminhar, então, sem grandes atropelos, fui vencendo as distâncias e, percorridos 10 quilômetros, adentrei em Sobradelo onde, num bar, fiz uma pausa para tomar café com tostadas e carimbar minha credencial.
Seguindo adiante, caminhei uns 2 quilômetros por uma estrada asfaltada, passei pela vila de Éntoma, depois, logo me embrenhei num fresco bosque de pinheiros, por onde segui entre ascensos e descensos leves, num percurso extremamente agradável e rural.
Depois de 6 quilômetros nessa profícua toada, acabei por adentrar em O Barco de Valdeorras, uma cidade de razoável porte, que conta com, aproximadamente, 14 mil habitantes, depois de percorrer um total de 18 quilômetros.
Ali encontrei farto comércio, apesar de ser um domingo, tudo estava em pleno funcionamento em sua zona comercial.
No percurso citadino, eu caminhei sempre à beira do rio Sil, por extensos calçadões, sombreados pela vegetação de ribeira, num autêntico passeio fluvial.
Mais adiante, adentrei em terra, e a beleza e a tranquilidade prosseguiram imperando no trajeto.
O trecho final, sempre próximo ao rio, foi integralmente plano e bem sinalizado, de forma que sem maiores novidades, debaixo de fria garoa, aportei em A Rúa de Valdeorras.
E precisei atravessar toda a cidade, que se encontra esparramada ao lado da rodovia OU-536, para chegar ao meu local de pernoite nesse dia.
De se lembrar que entrei à Comarca de Valdeorras, cujos afamados vinhos contam com “Denominação de Origem” própria, sendo que os brancos são feitos com uma variedade autóctona, conhecida como “Godello”; já os tintos só podem incorporar as variedades “Mencía” ou o “Garnacha Tintureira”.
Ainda, o trajeto pela Comarca de Valdeorras coincide, em muitos trechos, com a Vía XVIII, do itinerário de Antonino, calzada romana contruída no século I d.C., em tempos do imperador Vespasiano e que unia Bracara Augusta (atual Braga) com Astúrica Augusta (Astorga).
Algumas fotos dessa etapa: