Seria outra jornada de grande extensão e, como a anterior, permeada de ascensos e descensos de razoável complexidade.
Assim, deixei o local de pernoite ainda no escuro, às 6 h, e segui por ruas vazias e silenciosas em direção à saída da cidade.
Por sorte, a chuva havia se findado na madrugada, mas deixara o clima fresco e hidratado.
Caminhando pelo acostamento de uma rodovia, por uma ponte metálica eu ultrapassei a ribeira da Pêga, o segundo rio que, juntamente com a ribeira da Cabras, rodeia Pinhel e a converteram numa fortaleza inexpugnável.
Na sequência, abandonei a via asfaltada e me internei numa estrada de terra, situada entre pinheiros, oliveiras e vinhedos, todos muito bem cuidados que, depois de 8 quilômetros, me levaram a transitar pela cidade de Valbom, onde há comércio.
À medida que adentrava à vila, observava atentamente o conjunto formado pela ponte medieval e a igreja matriz da povoação.
Seguindo adiante, depois de alguns quilômetros por asfalto, fleti à esquerda, caminhei sobre terra e em suave descenso, e logo passei por Póvoa d'El-Rei.
Nesse trecho transitei entre imensos parreirais e, também, surpreendentemente, avistei plantações de marmelos.
Depois, caminhei pelo vale da ribeira de Massueime, num belo e surpreendente rincão solitário.
Na sequência, atravessei uma ponte medieval, depois segui quase um quilômetro desfrutando da sombra proporcionada por um agradável bosque situado em suas margens.
Em algum lugar o caminho girou à direita e a sinalização, misteriosamente desapareceu, então, me guiei pelo traçado salvo no aplicativo Wikiloc, que levava gravado em meu celular.
Notei, nesse trecho, árvores esturricadas, fruto de recente incêndio ocorrido nessa região e que, certamente, apagou os sinais jacobeus existentes.
Assim, pelos próximos 4 quilômetros caminhei integralmente solitário, pois não avistei vivalma, nem animais, nesse ermo e soturno itinerário.
Contudo, antes de chegar a foz da ribeira de Vale do Mouro, mudei de direção e logo passei por Ameal e, em seguida, por Falachos, mas quase nada avistei nessas pequenas e silenciosas vilas.
Depois de ascender por um empedrado aclive, do alto do outeiro, eu tive uma visão do que me restava até o final da jornada, podendo avistar ao longe, no cimo de um morro, o castelo de Trancoso.
Na sequência, transitei por São Martinho, quando restava 4 quilômetros para o final da jornada.
Ali fiz uma pausa para descanso, antes de afrontar o difícil e derradeiro ascenso, que me levou até Trancoso, onde adentrei pelas Portas do Carvalho, aberta em sua muralha medieval, e ainda perfeitamente conservada, que rodeia todo o casco antigo da cidade.
Algumas fotos do percurso desse dia: