Durante a noite a temperatura baixou drasticamente e eu me socorri com duas mantas que havia levado em minha mochila para enfrentar tal emergência, mas elas não me agasalharam o suficiente.
Assim, mesmo vestindo duas camisetas de lã, blusa de tactel, calça e meias, tirintei durante toda a madrugada.
Dessa forma, às 4 h eu já estava em pé, doido para beber algo quente, como forma de aplacar o frio que sentia.
A solução foi caminhar 1.500 m em direção ao bar existente no Posto de Gasolina de Robliza, onde pude ingerir um substancioso café da manhã, que me deixou aquecido e reconfortado.
O trajeto do dia seria de pequena extensão, de forma que parti às 6 h 30 min e como não há uma estrada vicinal que ligue Robliza de Cojos a Cojos de Robliza, eu precisei retornar pelo mesmo caminho do dia anterior, seguindo pelo acostamento da rodovia, até Matilla de los Caños del Rio.
Assim, depois de caminhar 3 quilômetros sobre piso asfáltico, acessei novamente a Cañada Real de Extremadura e por ela cheguei a Cojos de Robliza, o único lugar habitado que encontrei nessa etapa, atualmente, uma fazenda agropecuária, onde se destaca a igreja dedicada a Virgem dos Remédios.
Um pouco à frente, eu atravessei o arroio de Arganza, onde avistei pilares de uma antiga ponte romana, o que por certo, em épocas de chuva intensa, será preciso ultrapassá-lo com água pela canela; entretanto, no inverno e no verão, é normal encontrar seu leito seco, como ocorreu no meu caso.
Superado esse desafio, o caminho se abriu em toda a sua amplitude, entre fazendas de gado, onde avistei, ao longe, alguns touros bravios.
Depois de cruzar uma rodovia vicinal e ultrapassar uma porteira, o caminho se transformou num corredor amplo e perfeitamente delimitado, que ainda respeita sua largura original de 90 varas espanholas (75 m), me permitindo desfrutar dessa joia ecológica, em todo o seu esplendor.
Depois de vadear, sem grandes problemas, o arroio de Valdemoro e passar próximo das fazendas de “los Cuartos de Pilar e Sánchez Arjona”, eu descendi, agradavelmente, até aportar em San Muñoz, que me fez lembrar a cidade de Hontanas, situada no Caminho Francês, porque esse simpático "pueblo" também só é avistado quando estamos a menos de 200 m de suas edificações.
Esse simpático povoado está situado nas margens do rio Huebra e oferece alguns tipos de comércio que interessam ao peregrino, como bar e “tienda”.
Algumas fotos do percurso desse dia: