2024 – CAMINHO DA FÉ – ÁGUAS DA PRATA/SP a APARECIDA/SP – 290 QUILÔMETROS
“Que Nossa Senhora Aparecida possa abrir estradas e caminhos, portas e portões, janelas e corações.”
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2024 – CAMINHO DA FÉ – ÁGUAS DA PRATA/SP a APARECIDA/SP – 290 QUILÔMETROS
“Que Nossa Senhora Aparecida possa abrir estradas e caminhos, portas e portões, janelas e corações.”
Foi pensando em agradecer a Nossa Senhora Aparecida pelas bençãos auferidas no ano em curso, que deixei meu lar em direção à cidade de Águas da Prata (SP), marco inicial de minha peregrinação. Lá chegando, me hospedei na excelente Pousada dos Peregrinos e no dia seguinte iniciei minha “aventura de fé”.
Em Águas da Prata, na véspera de iniciar meu 21º Caminho da Fé.
1º dia (11/06/2024): ÁGUAS DA PRATA/SP a ANDRADAS/MG – 32 QUILÔMETROS
Como de praxe, parti bem cedo, às 5h30, sob uma temperatura de 11°C, após ingerir um frugal café da manhã, e sozinho percorri os primeiros 14 km até a Capela Sagrado Coração de Jesus, onde fiz uma pausa para descanso. Ali, enquanto ingeria uma banana, fui ultrapassado por 6 ciclistas da cidade de Matão/SP. O clima estava ameno e sem maiores dificuldades, no 22º km eu cheguei na Pousada Apear (antiga Pousada Pico do Gavião), onde tomei uma xícara de café, adquiri um isotônico e carimbei minha credencial peregrina. Depois, mergulhei em tresloucado descenso em direção à cidade de Andradas, onde aportei ao Palace Hotel, bastante cansado e com muitas dores nos joelhos e tornozelos, próximo das 12 horas. Porém, após um profícuo banho, um lauto almoço e uma soneca reparadora, me senti razoavelmente saudável. À tarde, fiz uma visita da igreja matriz da cidade e após ingerir um lanche natural, fui descansar, pois me encontrava bastante exaurido.
Passando pela "Capela de Ferro", situado no 11º km.
No Caminho, vista do fabuloso Pico do Gavião.
Em forte descenso pela encosta. A cidade de Andradas/MG, já aparece no horizonte.
2º dia (12/06/2024): ANDRADAS/MG a BARRA (OURO FINO/MG) – 22 QUILÔMETROS
Parti às 6 h, logo após ingerir o café da manhã, e os primeiros 5 km até as vinícolas mineiras foram sobre piso asfáltico. Depois, caminhando sobre terra, enfrentei intenso tráfego de veículos, que me fizeram aspirar muita poeira. Já em ascenso pela Serra dos Limas, fiz uma parada estratégica no mirante, para contemplar a bela vista que dali se descortina. No topo do morro, defronte à igrejinha de NS Aparecida, fiz outra pausa para desvestir o casaco, pois eu transpirava em profusão face à temperatura ambiente. O restante do percurso foi percorrido com calma, observando as extensas culturas de café, culminando por um declive criminoso, que venci com extremo cuidado, pois o risco de escorregar e cair era iminente. Quando o caminho se aplainou, fiz uma pausa na novel Capela de NS de Fátima, depois parei no bar do Constantino, antes de chegar à Pousada da Joelma, próximo das 11 horas, onde tive tempo para descansar e, depois do banho, almoçar. À tarde chegaram outros peregrinos e pude conhecer e dialogar com o casal Zeno e Mirian, de Florianópolis/SC, o André, a Márcia e a Gleda, de Rio Claro/SP, e mais um jovem, o Rafael, que reclamava de dores nos membros inferiores. À noite, evitei jantar e preferi ingerir apenas uma omelete, e logo fui dormir, pois fazia muito frio, temperatura na casa dos 10°C.
Vista desde a Lanchonete Mirante, situada na Serra dos Limas.
Pausa diante da Gruta de São Miguel Arcanjo, antes de descender para a Barra.
3º dia (13/06/2024): BARRA (OURO FINO/MG) a INCONFIDENTES/MG – 30 QUILÔMETROS.
Parti às 5h30 sozinho, ainda no escuro, após o café da manhã, e logo enfrentei um ríspido ascenso para vencer o famoso “Morro do Sabão”. Já no topo e com o dia clareando, prossegui em agradável descenso entre intermináveis cafezais. A passagem pelo bairro do Taguá foi rápida e logo eu estava caminhando sobre asfalto, depois de percorrer 7.500 m. No 10º km, fiz uma pausa num ponto de apoio ao peregrino recentemente inaugurado, onde há banheiro, carimbo para a credencial, água potável e, inclusive, uma linda capelinha, dedicada às 4 Santas. Prosseguindo, no 14º km, eu cheguei ao distrito de Crisólia, mas tive a decepção de encontrar o bar da Zetti ainda fechado. Seguindo em frente e ainda sob clima fresco, no 22º km, eu adentrei em Ouro Fino e fiz uma pausa na Parada da Manu, localizada ao lado do emblemático Menino da Porteira, onde tirei fotos com a simpática proprietária. Bem alimentado e após cruzar as ruas do centro da cidade, segui em direção à Estrada dos Santos Negros, com sacrários ao longo de todo o percurso. E sem grandes desgastes, pois encontrei muita sombra nesse trecho final, cheguei a Inconfidentes (MG). Parei no bar do Maurão, meu grande amigo, para carimbar a credencial e degustar um pastel. Na esplêndida Pousada Martinelli, onde me hospedei, eu tomei banho e, em seguida, fui almoçar. À tarde, após um profícuo descanso, fui visitar a igreja matriz da cidade, depois retornei ao bar do Maurão onde, sob muitos abraços e confraternizações, revi meus amigos Oswaldinho e Eraldo Sarapu. Deitei cedo novamente, pois após às 20 horas, fazia um frio de doer.
Caminho fantástico, logo depois de ultrapassar o bairro Taguá.
Adentrando em Ouro Fino/MG, após lanchar na Parada da Manu. Ao fundo, a escultura do Menino da Porteira.
Em Inconfidentes/MG, festejando com meus queridos amigos Maurão, Oswaldinho e Eraldo Sarapu.
4º dia (14/06/2024): INCONFIDENTES/MG a BORDA DA MATA/MG – 21 QUILÔMETROS
Parti às 6h20, logo após o café da manhã. O trajeto, velho conhecido, me propiciou caminhar com calma e contemplação até o 6º km, onde fiz uma pausa na Capela da Beata Nhá Chica, cuja festa se comemorava naquela data. Na metade do percurso, carimbei minha credencial no Córrego da Onça e, logo em seguida, na Parada do Kiko. Depois, venci o único ascenso existente nessa etapa para, em seguida, descambar ladeira abaixo, com extrema precaução para não escorregar ou cair. Restando 2 km para a chegada, topei com o Sr. Benedito, irmão do meu grande amigo Polly, que a pedido deste fora me encontrar. Juntos, seguimos conversando até a cidade, e em sua residência, graciosamente, tomei café e água. Depois, prossegui com tranquilidade e me hospedei no excelente Hotel San Diego, onde sempre me sinto em casa. O almoço foi no Restaurante Sal & Pimenta, de ótima qualidade. À tarde, fui até a igreja matriz da cidade, rezar e agradecer sua patrona: Nossa Senhora do Carmo. No local de pernoite também estavam alojados o casal de peregrinos Zeno e Mirian, e o jovem Rafael, com os quais conversei rapidamente sobre a jornada sequente. E novamente me recolhi cedo, pois ventava forte e a temperatura estava em queda.
Visita à capelinha de Nhá Chica, localizada no 6º km.
Paisagens surreais nesta etapa....
Encontro com o Dito, irmão do Polly. Gente boa demais!
5º dia (15/06/2024): BORDA DA MATA/MG a TOCOS DO MOJI/MG – 18 QUILÔMETROS
Parti sozinho, como de costume, após ingerir o café da manhã. A jornada seria curta, assim segui em ritmo cadenciado e sem maiores surpresas, no 9º km parei carimbar minha credencial na Casa da Família Navi, onde encontrei excelente receptividade. Seguindo adiante, logo superei ríspido ascenso calçado por bloquetes e cheguei à Porteira do Céu, onde foi construída uma singular igrejinha, cujo formato imita a imagem de NS Aparecida, que eu ainda não conhecia. Ali fiz uma pausa para rezar, fotografar o entorno, carimbar a credencial e ingerir uma banana. Depois, prossegui adiante, em forte declive. No 11º km, orei diante da capela dedicada a São Peregrino, depois mergulhei em ríspido descenso em direção ao bairro Capinzal, onde fiz outra pausa para visitar a belíssima capela de São Francisco de Assis. O restante do trajeto foi em descenso e às 11 h eu já estava hospedado na Pousada Beira Rio, onde a Daiane recebe todos com simpatia e eficiência. À tarde, após lauto almoço, tive tempo de dialogar com o simpático casal Zeno e Mirian sobre a jornada seguinte, de grande intensidade. Juntos, visitamos a igreja matriz da cidade, dedicada a Nossa Senhora Aparecida, depois ingerimos os famosos pastéis de milho do Zé Bastião. E novamente, face à rudeza do percurso sequente, deitei às 20 h, como forma de melhor me preparar fisicamente para o embate.
Igrejinha de Nossa Senhora Aparecida, na Porteira do Céu.
Restam 200 km para a chegada!
6º dia (16/06/2024): TOCOS DO MOJI/MG a ESTIVA/MG – 22 QUILÔMETROS
Parti às 5h30, logo após ingerir um supimpa café da manhã que o sr. Donizetti, proprietário da Pousada, preparou. Era um domingo e já havia gente circulando pelas ruas, quando deixei a povoação. Sem grandes percalços, 8 km percorridos, fiz uma pausa numa padaria, situada no distrito de Fazenda Velha onde, primeiramente, cumprimentei o famoso sr. Afonso, o gremista e simpático proprietário do estabelecimento, depois, tomei café e carimbei minha credencial. Prosseguindo, sob um clima frio e favorável, logo após ultrapassar as instalações da linda Pousada São Francisco, enfrentei terrível descenso que, em seu sopé, me levou a transitar pelo Pântano dos Teodoros. Em seguida, literalmente, escalei o lado oposto e, já no topo, fiz agradável visita à capelinha dedicada ao Padre Donizetti. O descenso pela encosta da montanha foi rude e cuidadoso, mas, após transitar pelo bairro Olaria e suplantar o derradeiro aclive, agora já sobre piso calçado por bloquetes, adentrei à Pousada do Poka, próximo das 11 horas. Depois de almoçar e face a problemas domésticos inadiáveis, tomei uma condução e retornei ao meu lar, com a promessa de em breve voltar à cidade de Estiva, para prosseguir em minha peregrinação até a Basílica de Aparecida. Deixo aqui consignado um agradecimento especial aos peregrinos com quem interagi diariamente no Caminho: o casal Zeno e Mirian, de Florianópolis/SC, André, Gleda e Márcia, de Rio Claro/SP, e o jovem Rafael.
Placas motivacionais, logo após a passagem pelo Pântano dos Teodoros...
O fabuloso Pântano dos Teodoros, visto em ascenso pelo lado oposto.
7º dia (02/08/2024): ESTIVA a CONSOLAÇÃO – 21 QUILÔMETROS
Referendando o que eu prometera a Nossa Senhora Aparecida, 45 dias depois, juntamente com o amigo Vinícius, embarcamos numa condução e viajamos até a cidade de Estiva, visando retomar minha peregrinação em direção ao Santuário Mariano de Aparecida. Na Pousada do Poka, onde nos hospedados, pudemos confraternizar com inúmeros peregrinos que estavam percorrendo o Caminho da Fé a pé ou de bike. No dia seguinte, após ingerirmos um lauto café da manhã, partimos às 6 h, sob uma temperatura de 12°C. O roteiro, velho conhecido, nos levou a transitar pelo bairro Boa Vista, após percorrermos 5 km. Antes, paramos para rezar diante da Capelinha de São Bento, porém, ali não encontramos o Júnior, pessoa responsável pelo local e que eu ansiava conhecer. Na sequência, 3 km à frente, iniciou-se a mítica serra do Caçador, que fomos vencendo com pertinácia. Em alguns locais, como o Mirante de São Bento e a Capela de Santa Rita, fizemos uma pausa para fotos e descanso. Finalmente, no 12º km, quando o caminho se aplainou, fizemos outra pausa para lanche, fotos e hidratação defronte à Capela de Santa Cruz. Depois prosseguimos com calma pelo alto da serra, aspirando o ar puro e contemplando a paisagem. No 13º km, nós ultrapassamos a divisa dos municípios e a partir dali o piso passou a ser asfáltico. No 15º km, nós chegamos a 1.265 m de altitude, o ponto de maior altimetria dessa etapa; então, mergulhamos em tresloucado descenso que, em seu final, já no plano, nos propiciou aportamos ao nosso destino do dia: a simpática cidade de Consolação. No entanto, por não conseguirmos acomodação nessa localidade, optamos por tomar um táxi e fomos pernoitar na Pousada da Praça, em Paraisópolis. No geral, foi uma jornada fácil e interessante, vencida sob temperatura agradável e sol ameno.
Trajeto plano no começo, porém, com o piso empoeirado.
Em ascenso pela Serra do Caçador. Pausa para fotos...
Vista soberba, desde o topo da Serra do Caçador.
8º dia (03/08/2024): CONSOLAÇÃO a PARAISÓPOLIS – 23 QUILÔMETROS
Após o desjejum, embarcamos num táxi, que nos levou até a praça central de Consolação, onde iniciamos a jornada desse dia. Depois de um criminoso descenso urbano e alguns quilômetros caminhando à beira da rodovia, percorridos 4 km, finalmente, adentramos à direita, e prosseguimos sobre terra. A estrada plana e deserta nos proporcionou um agradável passeio campestre e no 5º km paramos na Pousada da Dona Rosana para carimbar as credenciais e ingerir um gostoso copo de café, que ela nos ofertou. Sem maiores percalços, depois de transitarmos pelo bairro dos Jacintos, chegamos ao maciço da Pedra Branca, onde giramos à esquerda e prosseguimos por uma larga e descendente estrada de terra, ladeados por imensas serras. O clima persistia frio, com baixa umidade, e o sol brilhava num céu azul sem nuvens. No 14º km, nós fletimos à direita e logo enfrentamos 2 longos ascensos. Depois o caminho de nivelou e passamos a caminhar entre belas e bem cuidadas chácaras, com esplêndidos cenários, para onde olhássemos. No 20º km, defronte à Capela de Santa Luzia, observando à direita, pudemos visualizar ao longe, a famosa Pedra do Baú. Logo adiante, fizemos outra pausa reparadora no Restaurante Seta Amarela, para fotos no Portal do Paraíso. Prosseguindo, após suplantarmos o derradeiro aclive, chegamos à zona urbana, depois, seguimos em forte descenso e logo chegamos à Pousada da Praça, nosso local de pernoite. Embora tenhamos enfrentado um clima seco e poeirento face à estiagem que grassava na região, no global, foi outra jornada tranquila e de média extensão, que vencemos sem grandes desgastes físicos.
Capelinha milagrosa!
Paisagens maravilhosas no caminho..
"Pedalando" no Caminho... Ao fundo e ao longe, a famosa Pedra do Baú.
9º dia (04/08/2024): PARAISÓPOLIS a LUMINOSA – 25 QUILÔMETROS
Era um domingo, e o percurso a ser enfrentado, já velho conhecido, se afigurava como outro divertido e agradável passeio. Assim, tomamos o café da manhã às 5h15 e, em seguida, iniciamos a etapa animados, sob um clima neblinoso, temperatura na casa de 11°C. No trajeto inicial nós fomos ultrapassados por inúmeros ciclistas que perfaziam seu “pedal domingueiro”. Após superar a dificultosa serra do Cantagalo, fizemos uma parada no bar do Jucemar para adquirir um isotônico e carimbar nossas credenciais. E sem maiores intercorrências, após um tresloucado declive, que perdurou nos derradeiros 4 km, aportamos em Luminosa, onde fomos muito bem acolhidos na Pousada das Candeias, atualmente, comandada pela simpática Regina. À tarde descansamos, depois fomos visitar a igreja da povoação, consagrada a Nossa Senhora das Candelária. Então, após ingerirmos uma supimpa omelete regada a cervejas, quedamos na expectativa palpitante de domar novamente a temível serra da Luminosa, que enfrentaríamos na etapa sequente. No global, vencemos outra jornada tranquila, quase toda plana, à exceção da forte aclividade a ser enfrentada na serra do Cantagalo, além do desenfreado descenso até a bucólica Luminosa. Porém, sempre em meio a exuberantes paisagens, rodeados de muito verde, apesar do clima estar seco e a baixa umidade imperar após às 10 h.
Com o parceiro Vinícius, firmes na trilha!
Vista de Luminosa, desde o alto da serra.
10º dia (05/08/2024): LUMINOSA ao BAIRRO CAMPISTA (CAMPOS DO JORDÃO) – 26 QUILÔMETROS
Partimos às 5 h, após ingerirmos o café da manhã, e o percurso inicial de 4 km foi percorrido sem pausas ou dúvidas. Com o dia clareando, paramos na Pousada de Dona Inês, para cumprimentar a proprietária e carimbar nossas credenciais. Alguns peregrinos que ali haviam pernoitado estavam de partida e nós seguimos juntos. O percurso até o Mirante do Rosário foi árduo, mas a temperatura agradável e o ar puríssimo facilitou, sobremaneira, nosso deslocamento. Após uma pausa para fotos, contemplação e hidratação, prosseguimos adiante, e 1 km acima nós ultrapassamos a divisa dos Estados de SP e MG, num local situado a 1.750 m de altitude. O trajeto sequente, praticamente, todo em descenso e em meio à fresca mata, nos levou até a rodovia, onde giramos à esquerda e prosseguimos até o Restaurante Barão Montês. Depois de outra pausa para descanso, enfrentamos o trecho final, sobre asfalto e em franco descenso, até aportar à Pousada de Dona Rose onde, como de praxe, fomos principescamente acolhidos. Ali nos instalamos, tomamos banho, lavamos roupas e descansamos, depois de almoçar. À tarde chegou outro peregrino que ali também se alojou. Tratava-se do sr. Pedro, residente em Rio Claro/SP, com quem dialogamos intensamente, pois sua perícia em fazer mágicas, contar piadas e rir era contagiante. Mas cedo nos recolhemos, pois a jornada sequente prometia ser, novamente, desafiadora, face ao calor e à baixa umidade que persistiam imutáveis.
Vista soberba desde o Mirante do Rosário.
Vista soberba desde o Mirante do Rosário, agora com sol.
11º dia (06/08/2024): BAIRRO CAMPISTA (CAMPOS DO JORDÃO) a PEDRINHAS (GUARATINGUETÁ) – 28 QUILÔMETROS
Ingerimos o farto café da manhã no horário combinado e, em seguida, o Maurinho nos levou até o Portão do Horto Florestal onde, exatamente, às 5h30, demos início à nossa jornada. Com o dia clareando, seguimos em frente sem maiores dificuldades, pois já conhecíamos o trajeto de sobejo. Após 8 km, sempre caminhando entre mata nativa, nós emergimos num local aberto e logo atingimos a altitude de 1.965 m, a maior altimetria do Caminho da Fé. E após transitar diante da Fazenda Santa Maria, teve início íngreme descenso, que fomos vencendo com parcimônia e muito cuidado. Sem grandes novidades, nós transitamos pelo bairro Gomeral, onde fizemos uma pausa para adquirir um isotônico e carimbar nossas credenciais. Prosseguindo em frente, após vencer outro profundo declive, aportamos à Pousada do Sr. Agenor, onde o calor humano externados pela Elen e Dona Maria, faz o peregrino se sentir em casa. Mais tarde, após almoçar e descansar, reencontramos outros peregrinos que haviam chegado após a dura liça, e à noite pudemos nos confraternizar com muita conversa e boa cerveja. Já prelibando o dia seguinte, quando chegaríamos ao nosso objetivo final: a CASA DA MÃE MAIOR!
No ponto de maior altitude do Caminho da Fé.
Passagem pelo "Mirante da Fé".
12º dia (07/08/2024): PEDRINHAS (GUARATINGUETÁ) a APARECIDA – 22 QUILÔMETROS
Finalmente, chegávamos à derradeira etapa. E como nós tínhamos a intenção de chegar cedo ao nosso destino, após tomar o café da manhã, partimos às 5h, ainda no escuro. Com a lanterna ligada, 1.000 metros adiante, passamos pelo distrito de Pedrinhas/Guaratinguetá e, 300 m à frente, observando à sinalização, adentramos à direita, em larga estrada de terra, por onde seguimos em bom ritmo, enquanto lentamente o dia raiava. E sem maiores dificuldades, pois o trajeto é integralmente plano, às 9 horas, aportamos à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, a tempo de tomar banho num hotel próximo e assistir à missa das 10h30. Depois da celebração, tranquilamente, pudemos passear pelo Santuário, fazer compras, almoçar e, mais tarde, após as libações de praxe, retornamos às nossas residências, felizes pelo objetivo cumprido.
Finalmente, em Aparecida, com o parceiro Vinícius.
Obrigado Mãe Aparecida, por todas as graças alcançadas!
DICAS PEREGRINAS
01 - O caminho tem diferentes ramais. O principal sai de Águas da Prata e o mais longo sai de São José do Rio Preto (SP). Defina seu itinerário com base no tempo que você tem e nas suas condições físicas. No site oficial do caminho (www.caminhodafe.com.br), é possível ver todas as informações sobre o percurso, incluindo pousadas credenciadas e pontos de apoio;
02 - Antes de partir, adquira sua credencial. É com ela que você vai marcar cada ponto de parada com um carimbo e, ao final, o documento deve ser apresentado na basílica, para obtenção de um certificado pela conclusão do caminho;
03 - Reserve as pousadas com antecedência, para evitar dissabores futuros;
04 - Leve uma boa mochila, com presilha na cintura e com o mínimo necessário para não sobrecarregar suas costas, e evite caminhar à noite.
05 - Reserve um calçado confortável para fazer o caminho. Há quem prefira o tênis ou a bota de trilha;
06 - Leve um cajado de bambu ou bastões de montanhismo. Ao elevar a caminhada ao extremo, eles fazem toda diferença;
07 - Não se esqueça de portar um kit médico de primeira necessidade e aprenda a tratar suas bolhas;
08 - Dê descansos periódicos aos seus pés ao longo do dia, afinal, serão eles que te levarão ao seu objetivo.
09 - Beba muita água, de preferência mineral, e tenha sempre alimentos que te deem energia. Não espere os pontos de apoio para fazer isso;
10 - Não tenha pressa. Siga seu planejamento e seu ritmo, e curta a paisagem.
O simpaticíssimo casal Zeno e Mirian, que conheci no Caminho, quando de sua chegada em Aparecida, no dia 22 de junho de 2024.
Meu 21º Diploma do Caminho da Fé.
FINAL
Recém-chegado do Santuário Mariano de Nossa Senhora de Aparecida, onde aportei a pé pela 21ª vez, reafirmo que o Caminho da Fé persiste vivo em meu interior.
Reconstruo cada passo no trajeto, relembro detalhes de meu dia a dia, revejo lugares e pessoas, e me emociono ao ouvir os sons da natureza, que reverberam em mim, como se eu ainda estivesse caminhando rumo a Aparecida.
O Caminho da Fé pode ser tomado como uma vasta fonte de experiências diferentes, talvez exóticas, para uns, mas principalmente engrandecedoras, se o peregrino estiver aberto a olhar, ouvir e aprender.
Descobri, novamente, com clareza a relatividade do tempo, pois nem tudo tem que ser conseguido no momento imediato, com a premência que a maioria das pessoas crê existir.
É possível cumprir as metas, atingir os objetivos e chegar ao fim do caminho sem a urgência que os ponteiros dos relógios naturalmente impõem.
Os vastos planaltos e as ermas serras das alterosas por onde caminhei, me ajudaram a refletir sobre a necessidade de ouvir as pessoas, escutar mais e agir com tranquilidade, bem como aceitar como válidas as opções, ainda que desprovidas de razão, nos dá paz no espírito e nos ajuda a decidir ou a tomar atitudes sem medo.
Aprendi, ainda, o valor de uma caminhada não só pelos benefícios físicos que ela pode oferecer, mas, principalmente, por outros ganhos ainda mais valiosos.
Pois caminhar, é criar um tempo só nosso, dedicado ao corpo e ao espírito, é retirar do todo um período exclusivo para olhar em volta e, à medida que cruzamos espaços, descobrir detalhes, novas formas, cores, dando atenção para o inusitado que permeia ao nosso redor.
É ter um tempo para refletir, ponderar, avaliar, pesar atitudes, reconhecer erros, descobrir vitórias em fatos aparentemente insignificantes, valorizar situações, avaliar o presente e projetar o futuro.
Voltei do Caminho da Fé com a certeza de que as razões e os preceitos do nosso alvoroçado mundo urbano, muitas vezes nos conduzem a alternativas desprovidas de significados, posto que na simplicidade do povo que encontrei ao longo da trilha e na beleza esfuziante das serras mineiras, aprendi a valorizar, mais do que tudo, o espetáculo da vida.
Com a certeza de que, em breve, Deus permitindo, retornarei a esse roteiro abençoado.
Bom Caminho a todos!
Agosto/2024