Vivenciávamos um domingo e a jornada seria de grande extensão, assim, de comum acordo, partimos às 3 h 30 min sob um céu plúmbeo e clima ameno, que não nos deixava antever o que em breve se sucederia.
Pois, quinze minutos mais tarde, quando já havíamos deixado a iluminação urbana e acessado uma via vicinal asfalta que segue em direção à cidade de Ouro Fino, desabou, repentinamente, um dilúvio em forma de tempestade, que nos pegou em completa surpresa, pois nem a capa protetora tivemos tempo de vestir.
Prosseguimos sobre piso asfáltico e sob renitente temporal por 7 quilômetros quando, obedecendo à sinalização, abandonamos a rodovia e seguimos à direita, sobre terra, ainda sob intensa borrasca.
Tal situação somente melhorou quando, já com o dia claro, passamos a caminhar entre imensas pastagens e campos agriculturados, até que, percorridos 15 quilômetros, fizemos uma pausa no bairro Pião, para hidratação e ingestão de carboidratos.
Seguindo adiante, ainda sob recalcitrante garoa, iniciamos um perene ascenso que perdurou até o 22º quilômetro, quando chegamos ao topo do morro, a 1.400 m de altura, o ponto de maior altimetria dessa jornada, situado no bairro Ventania, exatamente, na divisa dos municípios de Ouro Fino e Santa Rita de Caldas.
Na sequência, prosseguimos caminhando em franco descenso, enquanto pelo nosso lado direito, vistas deslumbrantes se descortinavam ante os nossos olhares maviados, embora a neblina circundante obscurecesse, de certa forma, o contorno das paisagens.
Nesse trecho em declive, pudemos observar extensa criação de gado leiteiro e de corte, plantações de milho, eucaliptos e, principalmente, imensos cafezais.
Finalmente, no 28º quilômetro o percurso se nivelou e na parte final, já sem chuvas, prosseguimos animados e, sem maiores percalços, adentramos em zona urbana, mas ainda precisamos caminhar mais 4 quilômetros sobre piso duro, até aportar ao nosso local de pernoite.
À tardezinha, tivemos o prazer de reencontrar o preclaro amigo e peregrino Oswaldo Francisco Bueno ou, simplesmente, “Xará”, que nos levou até a Lanchonete Parada da Manu, onde pudemos nos confraternizar e colocar o papo em dia, após o longo interstício imposto pela pandemia.
Algumas fotos do percurso: