Deixei o local de pernoite, como de praxe, às 6 h 30 min, sob um clima frio, neblinoso e chuvisquento.
Eu saí da cidade caminhando ao lado de uma rodovia, trajeto que me fez passar, um quilômetros depois, pela pequena localidade de Centulle.
Quatrocentos metros adiante, finalmente, eu deixei o piso asfáltico e adentrei à esquerda, onde acessei uma larga estrada de terra, que seguiu paralela à “carretera”, num trajeto fresco, plano e neblinoso.
O trajeto seguiu sem novidades, até que, obedecendo à sinalização, adentrei à esquerda e segui sobre uma rodovia até a cidade de Penasillás, onde cheguei depois de percorrer 7 quilômetros, por um itinerário que ascendeu desde a minha partida, mas, sempre lentamente.
No local há comércio, porém encontrei tudo fechado e só me restou seguir em frente, ainda por estradas rurais, mas já em forte aclive, contudo, a cada outeiro superado, sempre surgia um pequeno planalto, onde eu aproveitava para recuperar o fôlego e as forças.
E sem grandes novidades, percorridos mais 3 quilômetros, o caminho se nivelou e eu passei a caminhar sobre uma rodovia vicinal asfaltada, pela qual prossegui em lenta ascensão até o topo da serra de Faro, onde cheguei depois de caminhar 14 quilômetros.
Esse lugar, situado a 1.153 m de altitude, fica junto a um grande conjunto de torres captadoras de energia eólica e que faziam um grande barulho quando por ali passei, posto que ventava forte.
Edificada a 400 m desse local, encontra-se a ermida de Nossa Senhora de O Faro, que me aguardava como a milhares de peregrinos que ao longo dos séculos a ela acudiram, pedindo seus favorece, e sobre esse local, João de Requeixo, em suas cantigas medievais, no século XIII, menciona os milagres atribuídos a esse templo de origem românica.
O esforço para, ali chegar é recompensador, porque dali é possível contemplar uma das mais famosas vistas do Caminho do Inverno, com os sopés da quatro províncias galegas, formadas pelo maciço de Courel, os Ancares, Peña Trevinca, Cabeza de Manzanede e monte Farelo.
Trata-se de um ponto geográfico que, além de fazer limite com as províncias de Ourense, Lugo e Pontevedra, tem a declaração de Lugar de Importância Comunitária (LIC).
Infelizmente, não encontrei placas ou indicações de onde estava tal capela, e para me desanimar, caía uma fina e fria garoa quando por ali transitei, bem como havia forte neblina ao redor do cume obstando minha visão do entorno, de forma que, após fazer uma pausa para hidratação numa área de descanso, onde há bancos e mesas de pedra, resolvi prosseguir adiante.
E o fiz em forte, fácil e contínuo descenso, primeiramente, por uma rodovia vicinal, depois, por uma larga estrada de terra cascalhada.
Durante o longo declive, o clima melhorou e abriu-se uma paisagem de grande beleza, com espetaculares vistas panorâmicas, e me levou até uma ponte que cruza, rapidamente, esse corredor, para me introduzir, através das terras de Camba, no concelho de Rodeiro.
Percorridos 20 quilômetros, passei pela povoação de Vilanova de Camba, depois, alternando trechos em terra com outros sobre piso asfáltico, transitei, sucessivamente e ainda em leve descenso, por A Ermida de Camba, A Feira e Mouriz, antes de chegar em Chantada, minha meta nesse dia.
No global, trata-se de uma etapa plenamente rural e muito interessante, paisagisticamente falando; o ascenso e a posterior declive da serra de Faro, o teto do Caminho de Inverno, marcam a pauta dessa jornada.
Algumas fotos dessa etapa: