4ª dia – SANTOS à GUARUJÁ (PEREQUÊ)

4ª dia – SANTOS à GUARUJÁ (PEREQUÊ) – 27 quilômetros

 

Rerum omnium magister usus. – “A experiência é a mestra de todas as coisas.” (César)

 

Choveu bastante na noite anterior, e a metereologia previa tempo nublado para aquele dia, contudo, sem risco de temporal.

Por outro lado, nessas duas etapas subsequentes eu não teria carro de apoio, assim, por questão de segurança pessoal, optei por ficar hospedado em Santos.

Dessa forma, deixei o Flat onde me hospedara às 5 h 30 min, levando somente a “mochila de ataque”, com os itens imprescindíveis.

Eu segui pelo calçadão do bairro Aparecida, até o Terminal de Passageiros Ponte Edgard Perdigão, onde uma placa do caminho me orientava que até aquele marco eu já havia percorrido, exatos, 96 quilômetros.

Naquele local eu deveria tomar uma embarcação, que me levaria para o outro lado do canal, e me deixaria na praia do Góes, onde eu deveria prosseguir minha caminhada pela Estrada de Santa Cruz dos Navegantes,

Essa seria a rota indicada pelo caminho.

Ocorre que eu tinha conhecimento, através de informações obtidas na internet, que esse trecho era bastante perigoso, mormente para uma pessoa caminhando sozinha, naquele horário matutino, quando o dia ainda nem havia clareado.

Ademais, soubera também, que algumas placas indicativas haviam sido removidas por vândalos, o que me dificultaria, sobremaneira, encontrar o rumo a seguir, bem como eu deveria transitar por locais ermos e perigosos que eram frequentados, amiúde, por usuários de droga.

Dessa forma, após também me aconselhar com os porteiros do local onde me hospedei, preferi evitar o roteiro oficial nesse intermeio específico.

Assim, eu segui adiante e fiz a transposição do canal através da balsa Santos-Guarujá, que peguei 2 quilômetros adiante, bem no final da Avenida Almirante Saldanha da Gama.

Já do outro lado, segui caminhando pela Rua Dr. Adhemar de Barros, até que encontrei uma bifurcação.

Ali, tomei à direita, seguindo, então, pela Rua Manoel Albino que, em seu final, me deixou defronte a uma enorme pedra, a mesma que delimita o final da famosa praia das Astúrias.

Eu ultrapassei esse obstáculo por uma rodovia que rodeia o rochedo e, na sequência, acessei a praia de Pitangueiras.

A maré estava baixa, o dia nublado, poucas pessoas transitando, de forma que saí do calçadão e prossegui caminhando pela areia, num percurso extremamente agradável e fresco.

Mais adiante, na altura do número 723 da Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, eu retornei ao calçadão e logo passei em frente à Secretaria Municipal de Turismo do Guarujá, local onde se encontra instalado o 11º Pórtico do caminho.

26/7/2012 08:00:52 - Portico: 16 - 11º Pórtico Eletrônico: Secretaria Municipal de Turismo (Guarujá)

Além de registrar minha passagem e fotografar o local, aproveitei a tranquilidade do ambiente para fazer uma pausa para hidratação e retirar minha blusa protetora, pois o clima estava quente e abafado.

 

Logo que o Brasil foi descoberto, ficou praticamente abandonado, pois o interesse maior de Portugal eram as Índias, e também descobrir o maior número de colônias possíveis para ganhar a "CORRIDA MARÍTIMA" com a Espanha, porque as duas eram grandes potências da época. Abandonado, o Brasil ficou sem nenhuma proteção dando margem para os corsários ingleses e franceses que segundo alguns, já conheciam o território brasileiro por causa do pau-brasil.

Quando o rei de Portugal certificou-se deste fato, mandou expedições para guardar a costa brasileira, mas como não obteve êxito, enviou uma expedição colonizadora e é nesse momento, que começa a história de Guarujá, ou melhor, Ilha de Santo Amaro, no século XVI, por volta de 1.502.

Nesse ano, uma armada, comandada por André Gonçalves e Américo Vespúcio, ancorou, a 22 de janeiro daquele ano, na costa ocidental da Ilha de Guaibê (mais tarde denominada Santo Amaro), nas proximidades da Praia de Santa Cruz de Navegantes.

Na ilha fronteiriça fundaram o Porto de São Vicente (Porto das Naus).

A Ilha de Santo Amaro (primitivamente denominada Guaíbe ou Guaibê) foi doada a Pero Lopes de Souza em 1.534 pelo rei de Portugal, D.João III, para que fosse colonizada e cuidada.

Como oferecia poucas condições de fixação ao homem, em virtude de seu relevo montanhoso e de difícil acesso, ficou abandonada, habitada apenas por indígenas e alguns colonos.

O nome da Ilha - SANTO AMARO - teve origem no nome da capitania que também abrangia toda a extensão da ilha e terras vizinhas, limitadas pela Capitania de São Vicente.

Alguns afirmam que a ilha só passou a ser chamada efetivamente "Ilha de Santo Amaro" a partir da construção da Capela de Santo Amaro, localizada pouco atrás da Fortaleza da Barra Grande, edificação essa realizada por José Adorno em 1.540.

Até meados do século XVIII, a Ilha de Santo Amaro era habitada, pois, os selvagens eram aliados dos piratas franceses, o que tornou difícil a colonização por parte dos colonos portugueses, sendo que, somente a partir da metade do século XIX, deu-se o seu desenvolvimento.

Em 1.892, a Companhia Prado Chaves instalou a Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, com o objetivo de fundar a Vila Balneária de Guarujá.

Para isso foram encomendados dos Estados Unidos 0l hotel, 0l igreja, 0l cassino e 46 residências, desmontáveis e construídos em pinho da Geórgia.

Uma estrada de ferro passou a ligar o Estuário de Santos à nova Vila e duas barcas possibilitavam o transporte de passageiros da estação da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (em Santos) ao atracadouro do Balneário, em Itapema.

A Vila foi inaugurada em 2 de setembro de 1.893, pelo Dr. Elias Fausto Pacheco Jordão, tendo comparecido a esse evento inúmeras autoridades e personalidades da sociedade paulista, entre elas o Governador do Estado, Bernardino de Campos.

Até o ano de 1.926, a Companhia Prado Chaves teve domínio sobre a cidade, passando depois à Prefeitura Sanitária, sendo nomeado o Sr. Juventino Malheiros seu primeiro prefeito.

Em 1.931, Guarujá foi integrado ao Município de Santos, situação que perdurou até 1.934.

Pelo Decreto 1.525, de 30 de junho de 1.934, o Governador Armando Salles de Oliveira criou a Estância Balneária de Guarujá, nomeando o Dr. Cyro de Mello Pupo, seu prefeito.

Em 1.953, a antiga Vila Itapema passou a Distrito, recebendo o nome de "Vicente de Carvalho", em homenagem ao poeta santista.

Atualmente, com 300 mil habitantes, a cidade de Guarujá é conhecida como a "Pérola do Atlântico", devido às suas belas praias e belezas naturais.

Muito procurada pelos turistas na alta temporada, a cidade conta com praias urbanizadas e algumas selvagens, acessíveis apenas por trilhas.

Além do litoral, Guarujá oferece construções históricas e trilhas de ecoturismo.

Outra atração local é a pesca artesanal, que pode ser vista e praticada em diversas praias do município.

 

Na sequência, contornei o Morro do Maluf, onde existe um famoso mirante.

Seu nome provém do Cassino do Grande Hotel, que tinha como frequentador um libanês chamado Maluf, e este sempre realizava festas árabes no morro.

É um local apropriado para pesca, observação da costa litorânea durante o dia, ao por do sol, e à noite.

O famoso Morro também é utilizado por esportistas que praticam asa delta e rapel em seus 100 m de altura. 

Ali, também, se encontra o marco zero da cidade, e o lugar é muito procurado para fazer fotos panorâmicas.

Na verdade, esse outeiro que também é conhecido por Morro da Campina, está localizado no final da praia de Pitangueiras e mostra aos visitantes uma ampla visão de duas das praias mais conhecidas do Guarujá: a da Enseada, à esquerda, com seus 5.600 m de extensão, e de Pitangueiras, praia central, e com 1.800 m de comprimento.

Normalmente o acesso ao seu cume é feito por carro, por ser extremamente íngreme, e como eu já conhecia esse local, prossegui caminhando e logo acessava a praia da Enseada.

Ali segui ora pelo calçadão, ora pela praia, numa alternância gostosa e prudente, pois assim eu variava o piso arenoso com cimentado.

Nesse pique, passei por inúmeras atrações da cidade.

Dentre elas, primeiramente, o Casa Grande Hotel, Resort e Spa, o hotel mais luxuoso do Guarujá, um resort completo, com o maior “spa” do litoral paulista, por sinal, um dos seletos membros do “The Leading Hotels of The World”.

Depois, pelo Acqua Mundo, aclamado como o maior aquário da América do Sul, pois expõe em seus 35 tanques e terrários, mais de 5.000 animais aquáticos, de 200 espécies diferentes.

São mais de 1,2 milhão de litros de água dentro de um complexo de lazer que conta com praça de alimentação, loja temática e auditórios para eventos, relacionados com o meio ambiente.

Já quase no final da orla, à altura do Rufino’s Restaurante, uma placa indicativa do caminho, afixada num poste, me orientava entrar à esquerda.

Logo acessei a Estrada do Pernambuco, uma rodovia bastante movimentada, pois além de ser a principal via de escoamento para a população que ali reside, ela também serve aos vários condomínios imobiliários alocados em seu percurso.

Nesse trecho, o trajeto foi bastante sofrido, pois o movimento é intensamente urbano e não há calçada para a utilização dos pedestres, tendo eu que, no asfalto, dividir espaço com automóveis, ciclistas e motos.

Foi um intermeio tenso e problemático até que, no quilômetro 117, uma placa me orientava adentrar à direita, em direção ao mar, isto pela Avenida do Bosque.

Então me redimi, porquanto, embora esse trecho seja de pequena extensão, foi extremamente gratificante retornar à orla marítima, ouvir o som do mar, sentir a brisa no rosto, enfim, me acalmar e retornar à introspecção, que é o propósito de todo caminhante solitário.

No final da faixa de areia eu adentrei à esquerda, acessei a Rua das Casuarinas e, logo retornei à Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (SP-61), quando restavam ainda 3 quilômetros para minha meta daquele dia.

E esse restante do percurso, foi cumprido de forma tranquila, uniforme e agradável, pois o tráfego nesse derradeiro trecho estava bastante sereno.

Finalmente, quando meu relógio marcava 11 h, aportei à praia do Perequê, ainda no município do Guarujá, cujo significado em tupi seria entrada de peixe para alimentação ou desova.

Cenário de uma vila de pescadores, com extensão de 2.200 metros, é o melhor lugar da cidade para comprar peixes e frutos do mar.

Muitos restaurantes estão instalados ali, contudo ela não é indicada para banhos, em função da poluição causada pelo óleo dos barcos.

26/7/2012 10:09:11 - Portico: 17 - 12º Pórtico Eletrônico: Associação dos Pescadores da Praia do Perequê (Guarujá)

Defronte a Associação dos Pescadores da Praia do Perequê, eu encontrei o 12º Pórtico do Caminho, onde dei por encerrada a etapa daquele dia.

Após registrar minha passagem pelo local e tirar algumas fotos, me dirigi a um dos inúmeros bares que ali existem, onde pude degustar frutos do mar, acompanhados por uma cerveja “estupidamente” gelada.

Mais tarde, já retemperado, tomei um ônibus municipal e, via Guarujá, retornei à cidade de Santos, onde me encontrava hospedado.

 

AVALIAÇÃO PESSOAL – Um percurso tranquilo e agradável, após o acesso às praias. Infelizmente, interrompido quando adentrei a Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (Estrada do Pernambuco), pois o trajeto se tornou demasiadamente urbanizado e sem atrativos, afora o pequeno trecho percorrido pela orla da praia do Pernambuco.

5ª dia – GUARUJÁ (PEREQUÊ) à BERTIOGA