1º dia: PASSA QUATRO à ITAMONTE – 24 quilômetros

1º dia: PASSA QUATRO à ITAMONTE – 24 quilômetros

Anjo do dia: IEIAIEL - Significado do nome: Mão direita de Deus”

Como de praxe, levantei bastante cedo, me preparei adequadamente para a jornada do dia, ingeri frutas e uma barra de chocolate, depois calmamente desci na recepção do hotel, onde aguardei a chegada da Célia.

No horário aprazado, o Hugo estacionou seu veículo e rapidamente embarcamos para o nosso destino do dia.

Apesar da forte cerração que cobria a estrada, o experiente e simpático taxista nos deixou diante do Hostel Hárpia, já em Passa Quatro, 20 minutos depois.

Ponto Zero do Caminho dos Anjos, defronte ao Albergue e Hostel Harpia, em Passa Quatro/MG. Partindo para a aventura!!

Então, compenetrados, nos posicionamos para uma foto diante do marco zero, depois iniciamos o percurso do dia, seguindo cada um no seu ritmo.

Depois de atravessar a linha do trem, viramos à esquerda e prosseguimos pela avenida principal da cidade.

Primeira flecha verde do Caminho dos Anjos, em Passa Quatro/MG.

Logo adiante, localizei e pude fotografar a primeira flecha verde do Caminho, a cor oficial desse Circuito.

É interessante esclarecer que o percurso todo também está demarcado por flechas amarelas que, por certo, muito colaboram para que o peregrino se sinta seguro em sua trajetória.

Adentrando à esquerda, finalmente, em terra!

Logo transpusemos um rio por uma ponte e, depois de 1.500 metros percorridos, deixamos a rodovia e adentramos à direita, em direção ao IBAMA, seguindo ainda por asfalto.

Mais 1.400 vencidos, numa bifurcação, observando à sinalização, prosseguimos à esquerda, agora por uma estrada de terra.

Nesse local específico eu estava a 939 metros de altitude.

O caminho prosseguiu silencioso, frígido e em meio a muito verde.

Lentamente o roteiro foi empinando e ao final de 5.200 percorridos, no topo do morro, parei para observar e fotografar os locais por onde eu viera caminhando, pois dali se descortinava belíssima vista.

Prosseguindo, ainda segui em leve ascenso, e mais adiante passei defronte ao portão que dá acesso ao sítio Chico Dandore, um local de expressiva beleza.

 Vista parcial do sítio Chico Dandore

Na sequência, segui caminhando pela encosta de um morro e dali também detinha preciosa visão da paisagem circundante, plena de morros e muito verde.

Ainda em aclive, ultrapassei uma igrejinha abandonada, pelo lado direito da estrada.

Depois, numa bifurcação, observei atentamente a sinalização, e adentrei à esquerda, no sentido de Itanhandu.

"..adentrei à esquerda, em direção à Itanhandu..'

Nesse local eu me encontrava a 1.128 metros de altura, o ponto de maior altimetria nessa jornada.

Então, principiei a descender e logo encontrei um senhor que subia a ladeira a cavalo, tocando uma mula que carregada de latões de leite recém-ordenhados, para serem entregues, mais acima, ao caminhão pertencente a uma cooperativa, que faz a coleta diária desse produto em locais pré-determinados.

O maciço da serra Fina me escoltava pelo lado direito, e pude fotografá-lo de vários ângulos.

Depois de superar um íngreme, mas curto aclive, fiz uma pausa para descanso diante de uma capelinha localizada num local ermo e silencioso.

Enquanto me hidratava, pude fotografá-la, ao mesmo que aguardava a chegada da Célia, que se encontrava uma centena de metros à minha retaguarda.

O maciço da Serra Fina, ao fundo.

Até ali havíamos caminhado 10 quilômetros, fazia bastante calor e o sol já principiava a incomodar.

Caminho em franco descenso.

Dessa forma, resolvi estugar os passos, como forma de agilizar o roteiro, deixando minha parceira ciente de que ela poderia seguir em seu ritmo, mas se algo inusual lhe ocorresse, deveria me contatar pelo celular.

Assim, bem disposto, prossegui em descenso, por um caminho localizado primeiramente, entre grandes fazendas de gado leiteiro.

Uma árvore solitária na paisagem.

Depois, mais adiante, dentro de espesso bosque, agora beirando um encorpado córrego.

No final de uma grande reta, girei à direita, transpus o rio Verde por uma ponte e, mais acima, passei pelo bairro Jardim, que pertence à cidade de Itamonte.

Ali existem inúmeras granjas que se dedicam à criação de frangos de corte e galinhas para a postura.

Era domingo, e muitas pessoas se agrupavam em bares e na pequena pracinha por onde transitei.

Mais acima, passei diante de uma igreja, cuja padroeira é Nossa Senhora Aparecida.

Igreja de N. S. Aparecida, bairro Jardim.

Muitos carros também circulavam pela região, e como o clima estava seco, uma fina camada de poeira permanecia no ar quando algum veículo passava ao meu lado.

Na verdade, conquanto estivéssemos no final do mês de junho, vivenciávamos um autêntico veranico, pois apesar do frio matutino, a temperatura chegava até os 25 graus depois das 12 horas.

Além disso, não chovia na região a aproximadamente 35 dias, de forma que o leito da estrada estava extremamente seco, por isso mesmo, sujeito a nuvens de poeira quando do tráfego de veículos.

Por certo, um tormento para os caminhantes.

O trajeto prosseguiu em relativa ascendência, transitando entre grandes fazendas de gado leiteiro e outras que se dedicam a criação de frangos de corte, onde observei a existência de imensos galpões.

Na verdade, se tratavam de aviários não climatizados, que são esvaziados, em média, a cada 42 dias, sempre que os animais atingem o peso ideal para abate, ao redor de 2.400 gramas.

Depois de 17 quilômetros vencidos, iniciou-se o derradeiro ascenso e, no topo, observei à minha retaguarda, visualizei pela derradeira vez nessa etapa, o maciço exponencial da maravilhosa Serra Fina.

Ao fundo, do lado esquerdo, maciço da Serra Fina.

A Serra Fina é uma seção da Serra da Mantiqueira, uma das mais importantes cadeias de montanhas do Brasil.

Coincide em grande parte com o Maciço Alcalino de Passa Quatro e situa-se em sua quase totalidade na divisa entre os estados de Minas Gerais (município de Passa Quatro, com uma área muito pequena no município de Itanhandu), e São Paulo (municípios de Lavrinhas e Queluz), mas sua extremidade leste também alcança o estado do Rio de Janeiro (município de Resende).

É vizinha ao Maciço de Itatiaia, onde se situam o Parque Nacional de Itatiaia e o Pico das Agulhas Negras; os dois maciços são visíveis entre si.

A Serra Fina tem este nome porque possui largura estreita, às vezes inferior a um metro, ao longo de toda a sua linha de crista.

Ela detém um dos maiores desníveis topográficos do território brasileiro (mais de 2200 m do topo da Pedra da Mina à base da serra no lado paulista, no Vale do Paraíba), e a quinta mais alta montanha do Brasil: a Pedra da Mina (2797 m).

Ainda, o fabuloso maciço da Serra Fina.

Na extremidade leste da Serra Fina, também se destaca o Pico dos Três Estados (2665 m), em cujo topo está o ponto tríplice onde se unem as divisas dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

Como é usual nesse trecho da Serra da Mantiqueira, a encosta sul é muito mais íngreme que a norte, razão pela qual a maioria das escaladas se faz pelo lado mineiro.

A Serra Fina é uma das regiões menos exploradas da Mantiqueira, sendo que no ano de 2000 foi descoberto em seu maciço a 4ª maior montanha do Brasil, a Pedra da Mina, com 2.797 m de altitude.

O maciço da Serra Fina.

Além dela, há outros picos elevados que formam essa serra, sendo os principais: o Capim Amarelo com 2.491m e o Três Estados com 2.656m.

Existem três rotas que levam até o cume da Pedra da Mina: a norte chamada de Paiolinho, a sul chamada de Toca do Lobo, e a leste chamada de Pierre.

A travessia completa se faz dos pontos mais extremos da serra, que são as rotas Sul e Leste, podendo-se fazê-la nos dois sentidos, ou também, a meia travessia, utilizando a rota do Paiolinho.

O bairro Boa Vista, abaixo.

Fiz uma pausa para hidratação, em face do calor efervescente que sentia, depois prossegui adiante.

E após vencer acidentado descenso, transitei pelo bairro Boa Vista, agora caminhando sobre bloquetes.

Logo passei diante do Hotel Fazenda Recanto do Lago e Restaurante do Espanhol, que é o local indicado para pernoite, na planilha disponibilizada pelo Caminho dos Anjos.

Porém, minha mochila se encontrava no Hotel Thomaz, e foi para lá que me dirigi.

Para tanto, caminhei por uma rodovia mais 3 quilômetros, até aportar ao local de pernoite.

Trinta minutos mais tarde, a Célia também chegou ao hotel, e me avisou que estava bem fisicamente, apesar do cansaço e poeira acumulados na jornada, e se albergou no quarto ao lado.

Assim, após as providências de praxe, como tomar banho e lavar roupas, descemos almoçar.

Itamonte que dizer “pedra do monte ou montanha de pedra”, e embora a área urbana tenha os seus encantos, é em sua zona rural que se encontram os grandes atrativos naturais.

A cidade pertence a APA (Área de Proteção Ambiental) da Mantiqueira, o Parque Nacional de Itatiaia - localizado na área mais alta da Serra da Mantiqueira, que tem no Pico das Agulhas Negras, com 2791 metros de altitude, o seu ponto culminante.

Ele foi o primeiro parque nacional a ser criado, em 1937, por Getúlio Vargas, que possuía uma residência no local, conhecida como a "Casa de Pedra".

Em Itamonte existem dezenas de cachoeiras, entre elas, as da Conquista, Escorrega, Usina dos Braga e Fragária, além de corredeiras para a prática de canoagem ou acquaride.

Cidade de Itamonte/MG, vista parcial.

A pesca da truta arco-íris, no estilo “fly”, pode ser feita no rio Aiuruoca, na região da Fragária (um vale que faz divisa com o Parque Nacional de Itatiaia e o Parque Estadual da Serra do Papagaio.

Uma curiosidade interessante desse pequena urbe: a água mineral jorra das fontes, no alto da Garganta do Registro e no povoado de Engenho da Serra.

Nesse local, ainda existe um casarão que abrigava D. Pedro II, Conde d'Eu e a Princesa Isabel, a seu passo pela chamada "Estrada Real".

O clima que anualmente registra entre -5 e 25 graus, parece ter sido importado da Europa, e a região é um presente tanto para aqueles que buscam apenas o sossego e a contemplação, quanto para os amantes de aventuras ecológicas e dos esportes radicais.

(Fonte: site do Caminho dos Anjos)

Igreja matriz de Itamonte/MG.

Não se sabe ao certo o início de São José do Itamonte, mas o provável é que sua origem tenha se dado nos meados do século XVII, época das entradas das bandeiras ao planalto das Minas Gerais.

Martim Afonso de Sousa, donatário da capitania de São Vicente, ordenou as explorações pelo interior do país em 1531.

Alguns de seus homens atravessaram as florestas virgens e transpuseram as Serras do Mar e Mantiqueira.

Atravessaram o Leste da Mantiqueira nos estados do Rio e São Paulo, chegando no Alto do Registro, e seguiram acompanhando o curso do rio Capivari por seu vale, até a confluência com rio Verde.

Com a descoberta das minas, intensificou o êxodo de paulistas para as regiões do ouro e a entrada pelo rio Capivari ou Picu tornou-se estrada.

Em suas margens, no decorrer do tempo, alguns pousos se transformaram em povoados e cidades.

Interior da igreja matriz de Itamonte/MG.

A um desses pousos deu-se o nome de Pouso do Pico, localizado na base da serra, que ganhou esse nome por causa de um rochedo que se destacava no alto do dorso da montanha.

O altíssimo pico era avistado de longe, e servia como ponto de orientação aos Bandeirantes na época colonial.

Com o passar do tempo, o linguajar do povo transformou a pronúncia de Pico para Picu.

No local, desenvolveu-se agricultura e criação e, mesmo após o declínio das minas, o caminho não perdeu a sua importância. tornando-se ainda mais intensa.

O Pouso do Picu ganhou aspecto de povoado, com a construção de uma capela invocando à São José.

Com isso, o nome passou a ser São José do Picu, sendo que hoje o nome oficial é Itamonte, que significa pedra do monte ou montanha de pedra.

Sua população atual é de 15.000 habitantes.

(Fonte: Wikipédia)

Mais tarde, fiz demorada visita à igreja matriz da cidade, dedicada à São José.

Também, mantive contato com o taxista Hugo, visando combinar o horário para que ele transportasse nossas mochilas até Alagoa no dia seguinte.

E num concorrido barzinho da cidade, fiz uma parada para ingerir um singelo lanche, regado a uma gelada cerveja, depois me recolhi.

Interior da igreja matriz de Itamonte/MG.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de média extensão, com belo visual, mormente pela majestosa Serra Fina que acompanha o peregrino até o final do percurso, pelo lado direito. Importante clarificar que os primeiros 1.500 metros, bem como os derradeiros 4 quilômetros, foram trilhados sobre asfalto. No geral, um trajeto relativamente fácil e rodeado de muito verde em quase todo o percurso.

2º dia: ITAMONTE à ALAGOA – 40 quilômetros