04º dia: CARRANCAS a FAZENDA TRAITUBA (CRUZÍLIA) – 35 quilômetros 

04º dia: CARRANCAS a FAZENDA TRAITUBA (CRUZÍLIA) – 35 quilômetros

Às vezes, você tem que seguir em frente, não importa o quão difícil seja.

Saída de Carrancas às 5 h, depois de ingerir um cheiroso café preparado pelo porteiro noturno.

No trecho inicial, a Estrada Real vai pela esquerda, em direção ao Complexo de Cachoeiras da Zilda, enquanto o CRER segue pelo lado oposto, à direita.

Porém, depois de caminhar 29 quilômetros, os roteiros voltam a confluir e prosseguem assim, por mais 6 quilômetros, até a Fazenda Traituba.

No primeiro tramo, até a Estação de Carrancas, foram 15 quilômetros percorridos por vias largas, porém, extremamente empoeiradas, já que não chovia na região há 50 dias.

Além disso, encontrei enormes eucaliptais onde estava sendo feita a derrubada e consequente retirada, através de imensos treminhões, que convulsionavam o leito da estrada, face seu peso desmedido.

No trajeto final, caminhei entre muitas fazendas de criação de gado e culturas de milho, porém transitei, quase sempre, por locais sem sombra e sob sol candente.

Finalmente, depois de 7 horas de caminhada, cheguei a minha meta para aquele dia: a Fazenda Traituba.

Tranquilamente fiz fotos do local, depois me sentei sob uma árvore para descansar, mas, foi por poucos minutos, visto que o táxi adredemente contratado aportou ao local e, 40 minutos depois, eu estava de volta a Carrancas.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Mais um dia nascendo..

Antes da Estação Carrancas caminhei entre enormes eucaliptais...

Mais eucaliptos, a perder de vista...

Passagem pela Estação de Carrancas. Ao fundo, sua igrejinha.

Forte descenso e paisagem aberta..

Muita sombra nesse trecho.

O derradeiro trecho sombreado.

Caminhos abertos e sem sombra até o final..

Sob sol ardente e calor.

Ao fundo, o famoso Pico da Traituba.

Igrejinha do bairro de Vista Alegre.

Trecho final, também, sob muito sol e poeira.

Finalmente, a Fazenda Traituba, ao fundo.


“A primeira sede da Fazenda Traituba foi construída em 1758, por João Francisco Junqueira Filho, para morar com sua família.

Entre os anos 1827 e 1831, foi construída uma nova sede para receber Dom Pedro I, amigo da família, que sempre vinha caçar na região e hospedava-se na antiga sede. Antes de se concluir a construção, porém, Dom Pedro I abdicou-se do trono, voltando para Portugal sem visitar a fazenda.

A fazenda, desde então, é passada de geração a geração entre a tradicional família Junqueira.

Com o tempo, a tradição da criação de bons cavalos ficou bastante conhecida na Fazenda Traituba, sendo o local considerado como o berço do Cavalo Mangalarga Marchador: “(...) Tudo começou com o trabalho pioneiro de seleção feita por Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, na Fazenda Campo Alegre, Sul de Minas.

Logo, a fama daqueles animais de sela adquiridos pela Fazenda Mangalarga, no Estado do Rio, distinguia-se como modelo de conformação resistente para o trato rural e comodidade para o cavaleiro.

Bom para longas viagens, a sua difusão foi imediata.

Na sua trajetória, a raça se dividiu em duas: levado para uma região topograficamente diversa por um ramo da família Junqueira, o Planalto Paulista, com uma leve infusão de sangue de outras raças estrangeiras, surgiu o Mangalarga "Paulista", que passou a se caracterizar pela marcha trotada.

O Mangalarga Mineiro manteve o seu andamento original, a marcha batida ou picada, daí, Mangalarga Marchador.

A partir de um acompanhamento zootécnico realizado com rigor por criadores aficionados do Mangalarga Marchador, forma-se a primeira raça do continente americano, destacando-se como o mais brasileiro dos cavalos nacionais, por ter sido selecionado a mais de 150 anos, sem sofrer qualquer cruzamento com animais estrangeiros.

O legado do Barão de Alfenas aos seus descendentes, que se distribuíram pela região sul de Minas Gerais, foi consolidado através dos anos por cinco seculares fazendas, consideradas como pilares da raça Mangalarga Marchador.

Através do trabalho incansável de seleção dos plantéis por parte de seus proprietários, estas fazendas deram origem às principais linhagens que atualmente regem a raça.

O estágio de evolução atingindo pela raça está, portanto, estreitamente ligado à dedicação desses antigos fazendeiros de Minas, principalmente os filhos, netos e inúmeros descendentes da família Junqueira, que além de darem prosseguimento à atividade seletiva e aprimoramento dos rebanhos, preservaram em quase todos os seus aspectos as fazendas onde esse trabalho teve início.

São elas: Favacho, Angahy, Traituba, Engenho de Serra e Campo Lindo...” (Jn: Jornal "O Marchador", edição de novembro de 1983 e janeiro de 1984).

Em termos históricos, sabe-se que a revolta de Carrancas foi a maior insurreição de escravos ocorrida no Brasil, tendo como foco inicial o entorno da Fazenda Traituba.

Nessa fazenda também existe um jequitibá-rosa de dimensões excepcionais, já que são necessários 9 homens adultos para abraçá-lo.

A colossal árvore está situada próximo ao Pico da Traituba, e suas dimensões equivalem a 51 metros de altura, 4,50 m de diâmetro e com 15,20 metros de circunferência no DAP.

Realmente, uma árvore que surpreende todos aqueles que chegam aos seus pés, um lugar onde se esconde o maior e mais antigo vegetal do Estado de Minas Gerais.

Atualmente, a propriedade após ter sido transformada em Hotel - Fazenda, se encontrava desativada e fechada para visitação.

Chegada à Fazenda Traituba. Sol ardente e muito calor nesse dia.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde a Pousada Carrancas, em Carrancas / MG, até a Fazenda Traituba, em Cruzília / MG: 7 h;

Clima: frio e nublado de manhã; depois das 9 horas, calor e sol forte, até o final da jornada.

Pernoite na Pousada Carrancas: Apartamento individual - Muito bom! - Preço: R $ 70,00.

Almoço no Restaurante Tempero da Nair: Excelente! - Preço: R $ 16,00, pode-se comer à vontade no self-service.

AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma etapa de grande extensão, e com algumas variações altimétricas importantes. Nela, também transitei por locais ermos, silenciosos e com exuberante vegetação. Não há trajeto existem fazendas centenárias, onde o foco é o turismo ecológico. O forte nesse trecho são as fazendas de gado, mas também encontrei imensas plantações de milho e eucalipto. A partir da metade da jornada o cenário se expandiu e caminhei por locais sem sombra, sob sol forte e terrível calor. Não global, um percurso dificultoso, mormente em razão da soalheira.