7ª Etapa: SANTA RITA DO SAPUCAÍ à SÃO JOSÉ DO ALEGRE – 24 quilômetros

7ª Etapa: SANTA RITA DO SAPUCAÍ à SÃO JOSÉ DO ALEGRE – 24 quilômetros

"Poderosa Novena à Nossa Senhora Aparecida: 7° DIA - Ó Maria dulcíssima, que qual videira fecunda, desde o vosso primeiro florescer, espargistes fragrância tão suave que manteve sempre longe todo hálito impuro, ah!, concedei-nos que jamais o nosso coração se contamine pelo hálito pestilencial da impureza."

A jornada seria de pequena extensão, mas, em face do calor reinante, de comum acordo eu e a Célia, resolvemos sair às 6 h, como de costume.

Ocorre que às 5 h, ao me levantar, tive uma bela surpresa, porque naquele momento desabava um forte temporal sobre a cidade, acompanhado de ventania e trovões.

Assim, como a previsão metereológica predizia que o dia seria ensolarado, decidimos tomar o café servido pelo hotel e, às 6 h 45 min, quando a garoa amainou de vez, nós deixamos o local de pernoite, seguindo em direção à praça central do município.

Quando ali chegamos, acessamos uma rua que passa por trás da Catedral de Santa Rita, e seguimos em frente, com destino ao Inatel que, na verdade, é um Instituto dedicado à formação de profissionais no setor de Telecomunicações.

Fundado em 1965, ele é o pioneiro no ensino e na pesquisa especializada em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações no Brasil.

Com o lema de “Formar o Homem para a Engenharia", trabalha para a formação técnica e humanística de seus alunos.

Além de graduação em Engenharia Elétrica (Eletrônica e telecomunicações) e Engenharia da computação, oferece ainda especialização em Engenharia de redes e sistemas de telecomunicações, Engenharia biomédica e especialização em Sistemas de TV digital, primeiro curso lançado no país, além do, curso de mestrado em Telecomunicações.

Nós seguíamos tendo ele como referência em nossas indagações, assim, após confirmar meu rumo com transeuntes, um quarteirão antes de aportar naquela Instituição, adentramos à esquerda, visto que, conforme já explanei, ainda não existe sinalização do Caminho dentro das cidades.

Principiamos, então, a ascender levemente por uma rua empedrada que, mais acima, se tornou asfaltada.

Mais um quilômetro caminhado, aproximadamente, nós chegamos a uma rotatória, então, tomamos à esquerda e acessamos uma larga estrada de terra.

Naquele local, nos encontramos a primeira flecha do Caminho, o que me infundiu confiança novamente.

A estrada seguiu plana, entre grandes pastagens, dedicadas à criação de gado leiteiro.

Uns três quilômetros depois, eu passei diante de um sofisticado condomínio denominado “Parque dos Pássaros” quando, então, teve início uma pequena aclividade.

A Célia ficara para trás, e seguia seu rumo sem pressa, fotografando o entorno e desfrutando da natureza.

O roteiro seguiu tranquilo, sempre em meio a muito verde, e depois de 6 quilômetros caminhados, fiz uma pausa para hidratação, diante de um bonito complexo turístico, denominado Paraíso.

Um pouco depois, a Célia chegou, descansou um pouco, e seguimos em frente.

Mais adiante, nós transitamos diante de uma simpática igrejinha amarela, e depois de quinze quilômetros caminhados, passamos diante da belíssima Fazenda Colina, onde, pela primeira vez naquele dia, avistei um imenso cafezal.

O caminho prosseguiu serpenteando pelo cimo de um grande morro, permitindo uma linda vista do horizonte que se descortinava aos nossos olhos.

Em determinado local, sentindo dores no joelho esquerdo, a Célia fez uma parada técnica para vestir sua joelheira, enquanto eu seguia adiante, sem pressa.

Finalmente, às 11 horas, 17 quilômetros vencidos, eu desaguei numa estrada, onde uma grande placa me avisava que, se eu tomasse à direita, chegaria a Olegário Maciel, um distrito da cidade de Piranguinho/MG, distante 1.000 metros daquele local.

Porém, meu destino era a cidade de São José, assim, eu girei à esquerda, e prossegui em frente.

Foram mais 7 quilômetros trilhados entre muito verde, por uma estrada levemente ascendente, que me levou a caminhar sempre entre grandes pastagens e, em alguns locais, entre cafezais.

Finalmente, às 12 h 30 min, eu adentrei em São José do Alegre, minha meta para aquele dia.

Na entrada da cidade eu tomei informações com uma senhora, depois prossegui em frente, e logo chegava ao Restaurante e Hotel Brasa, local em que fiquei hospedado.

A Célia chegou meia hora mais tarde, e também se hospedou num dos quartos disponíveis.

Para almoçar, nós utilizamos as dependências do Restaurante que existe no local, e pude degustar uma excelente refeição, por módico preço.

 

Em 1837, aproximadamente, havia nos arredores da cidade, uma pequena fazenda habitada por uma família muito animada, Sr. Caetano Pires Barbosa e sua esposa Sra. Izabel Domingues de Siqueira, que promovia muitas festas com danças, quadrilhas etc.

Devido ao bom espírito da família originou-se o nome da fazenda de "Fazenda do Alegre".

No dia 07 de dezembro de 1838, foi lavrada no cartório da Freguesia de São Sebastião da Capituba, hoje, Pedralva, uma escritura de doação, na qual a família do Sr. Caetano Pires doou 200 braças de terras para a construção de uma capela ao patriarca São José.

Com o passar do tempo, outras famílias foram chegando, e a fazenda transformou-se em um arraial que recebeu o nome de "Arraial dos Alegres".

Em 1876, o arraial foi elevado à categoria de distrito, pertencendo ao município de Cristina, de acordo com a Lei Provincial nº 2.281.

Esta mesma lei criou a paróquia, que, no entanto, só teve reconhecimento canônico 39 anos mais tarde.

Em 1939, o distrito foi investido na categoria de Vila, conforme Decreto Lei Estadual nº 148, de 17 de dezembro de 1938.

Com a emancipação, do município de Pedralva, no ano de 1887, a Freguesia dos Alegres, como era denominado o local na época, passou a fazer parte do mesmo, assim permanecendo, até 12 de dezembro de 1953, quando foi elevado à categoria de Município.

O município possui alambiques, usina de beneficiamento de café, arroz, olarias, tecelagem, entre outros, bem como tem alta capacitação agrícola, se destacando o cultivo de arroz, café e banana, além de tradição na pecuária.

Sua população é composta de 4.000 pessoas (Censo de 2010).

 

Igreja matriz de São José do Alegre/MG

Faço aqui um pequeno parêntese, para falar do belíssimo rio Sapucaí, que também passa por esse município.

O Sapucaí é um rio federal, que banha os estados de São Paulo e Minas Gerais, e seu nome deriva das sapucaias -- árvores que crescem em suas margens.

Ele nasce no município de Campos do Jordão, no Estado de São Paulo, e deságua no lago de Furnas, entre os municípios de Paraguaçu e Três Pontas, em Minas Gerais.

Em seu curso, ele atravessa os municípios de Campos do Jordão, Wenceslau Braz, Itajubá, Piranguinho, São José do Alegre, Santa Rita do Sapucaí, Cachoeira de Minas, Pouso Alegre, São Sebastião da Bela Vista, Silvianópolis, Careaçu, São Gonçalo do Sapucaí, Turvolândia, Cordislândia, Elói Mendes, Paraguaçu e Três Pontas, onde ele se encontra com o rio Verde, no povoado de Pontalete, onde começa o tronco sul da represa de Furnas.

Antes da formação do reservatório da represa, ele prosseguia no rumo noroeste, até desaguar no rio Grande, porém hoje ele é um dos contribuintes do lago.

Foi importante historicamente na época das bandeiras, as quais, saindo do Vale do Paraíba, adentravam ao interior de Minas Gerais seguindo o curso do Sapucaí, em busca de ouro e outros metais preciosos.

Ele também contribuiu para a formação de muitas cidades e a ocupação do sul e do sudoeste mineiro.

Há em suas águas, diversas espécies de peixes importantes para a pesca de subsistência e esportiva, como o dourado, a tabarana, o curimbatá, a piaba, o piau-três-pintas, o pintado, o jaú e outros.

Muitas dessas espécies correm risco de extinção devido à pesca predatória, à poluição e às dificuldades de procriação no período da piracema, pelo represamento do rio e de ribeirões, e a dragagem das lagoas marginais, bem como a destruição das nascentes fluviais, locais onde os peixes procriam.

Hoje, o rio Sapucaí sofre a destruição de sua mata ciliar, e com o lançamento de esgoto doméstico, industrial e rural (agrotóxicos).

Acresça-se, ainda, que muitas nascentes alimentadoras do rio, deixam aos poucos de produzir água por falta de proteção ou exploração excessiva de seus recursos.

 

Rio Sapucaí, em Minas Gerais

Após uma necessária soneca, quando me preparava para dar uma volta pela simpática cidadezinha, fui surpreendido pela chuva, que voltou a cair novamente e, desta vez, com grande intensidade.

Sem alternativa, passei o restante da tarde atualizando minhas anotações, sentado no “hall” do hotel, até que por volta das 18 h, finalmente, a chuva deu uma pequena trégua.

Então, rapidamente, vesti minha capa e fui até um supermercado próximo, onde me provi de água e mantimentos, que também serviram para meu lanche noturno.

E logo me recolhi, já me preparando para a jornada seguinte quando, finalmente, eu iria conhecer a cidade de Itajubá, aquela que detém a maior população e extensão territorial, dentre todas que eu conheceria nesse caminho. 

IMPRESSÃO PESSOAL – Uma jornada de média extensão, com poucos acidentes altimétricos, muito bonita e tranquila. Em sua primeira parte, o trajeto discorre entre grandes fazendas de gado leiteiro. Depois, prossegue em meio a extensos cafezais de propriedade da Fazenda Colina. A chegada à cidade de São José é bastante agradável, porque feita em meio a frondoso e sombreado bosque.

8ª Etapa: SÃO JOSÉ DO ALEGRE à ITAJUBÁ – 18 quilômetros