2023- CAMINHO DE NHÁ CHICA – INCONFIDENTES/MG a BAEPENDI/MG – 288 QUILÔMETROS EM 12 ETAPAS

 

Os dias que os homens passam nos Caminhos são aqueles em que realmente vivem. Quando as cabeças se limpam de teias de aranha e o sangue corre com mais força pelas veias. Quando os cinco sentidos cobram vitalidade e o homem completo se torna mais sensível, e então já pode ouvir as vozes da natureza e ver as belezas que só estavam ao alcance dos mais ousados.” (Reinhold Messner)

 

O Caminho de Nhá Chica foi solenemente inaugurado dia 14/06/2019, data em que se comemora a festa litúrgica dessa magnânima Beata brasileira, e vinte dias depois eu debutei nesse magnífico roteiro ao lado da amiga Sônia, numa peregrinação plena de sucesso e fé.

Novamente, disposto a caminhar até esse Santuário para agradecer benesses auferidas, tomei um ônibus, apeei em Inconfidentes/MG, reencontrei a amiga e peregrina Shirley que seria minha parceira nessa aventura, e no dia seguinte iniciamos nosso périplo pelas Gerais, em direção à cidade de Baependi, local onde Nhá Chica viveu e está sepultada.

No Bar do Maurão, em Inconfidentes/MG, na véspera da partida. Pela ordem: Maurão, eu, Eraldo Sarapu, Shirley e dona Dalva.

1º dia: INCONFIDENTES a BORDA DA MATA – 21 quilômetros

 

Não havia pressa em partir, pois a jornada seria de pequena extensão e minha velha conhecida, pois eu já a percorrera em várias oportunidades. Assim, calmamente, ingerimos o café da manhã e deixamos o local de pernoite às 7h, seguindo por ruas geladas, temperatura na casa dos 9ºC. Sem maiores novidades, depois de caminhar 6 km, chegamos ao bairro dos Roma, onde foi erigido um singelo templo em homenagem a Nhá Chica, o “Marco Zero” do Caminho de Nhá Chica. Ali fizemos uma pausa para visitação, oração, fotos e também para carimbar nossa Credencial Peregrina. Seguindo em frente, logo fomos ultrapassamos por um grupo de peregrinos ciclistas que rumavam para Aparecida, já que a primeira etapa desse roteiro coincide com o traçado do Caminho da Fé. Sem maiores percalços, posto que o dia estava frio e hidratado, ideal para caminhar, aportamos cedo em Borda da Mata, a tempo de fazer profícua visita à Basílica de Nossa Senhora do Carmo que, por sinal, se encontrava engalanada, face à proximidade da data de comemoração da padroeira da cidade, dia 16 de julho.

Sobre a etapa, diria que o ponto alto do trajeto foi a visita à capelinha de Nhá Chica, situada no bairro dos Roma, um local místico e profícuo à meditação/oração, e, em verdade, naquele singelo oratório se iniciava nossa saga em direção ao Santuário da Imaculada Conceição de Nhá Chica, em Baependi. No global, um percurso tranquilo, fresco, arborizado e de pequena extensão, que vencemos com muita galhardia e disposição.

RESUMO DO DIA - Pernoite: Hotel San Diego – Apartamento individual excelente! - Preço: R$90,00

Almoço: Restaurante Sal e Pimenta – Ótimo!

Algumas fotos do percurso desse dia:

Na Capelinha de Nhá Chica, bairro dos Roma, "Marco Zero" do Caminho.

Paisagens mineiras no percurso...

Em Borda da Mata.

2º dia: BORDA DA MATA a CONGONHAL – 26 quilômetros

 

O proprietário do hotel nos brindou com o café da manhã às 5h30, de forma que meia hora depois pudemos partir retemperados fisicamente. Sem muita pressa, deixamos lentamente a zona urbana, depois transitamos por um bairro periférico e, percorridos 4 km, finalmente, adentramos em zona rural, seguindo por uma estrada de terra larga, plana e neblinosa. Foi um percurso tranquilo, silencioso e, onde, praticamente, não cruzamos com vivalma até que, caminhados 9 km, principiamos a ascender, primeiramente, de forma parcimoniosa, depois, em brusca aclividade. O clima estava frio e úmido, propício para suplantar tal desafio, posto que, lentamente, após caminhar 12 km, chegamos ao topo da temida serra das Almas, num local situado a 1.114 m de altura, o ponto de maior altimetria dessa etapa. Ali fizemos uma pausa para descanso, hidratação e, ainda, para admirar e fotografar a espetacular paisagem circundante. Na sequência, seguimos em brusco descenso até que, mais abaixo, no 14º km, na Praça dos Bentos, onde há água potável e bancos para descanso, o percurso se nivelou e prosseguiu em permanente e quase imperceptível descenso, sempre ao lado do ribeirão São José. Num trajeto tranquilo, silencioso e repleto de pequenas chácaras e fazendas, onde o forte era o gado leiteiro e plantações de café. O percurso sequente, todo plano, pelos contornos da bacia do ribeirão São José, nos levou sem grandes problemas, a adentrar à zona urbana de Congonhal. Seguimos, então, em frente, visitar e fotografar a igreja matriz da cidade, cujo padroeiro é São José, depois prosseguimos em direção ao local de pernoite.

Sobre a jornada do dia, diria que se trata de uma etapa de média extensão e, praticamente, toda plana em seu início. Depois de 9 km percorridos, há um razoável desafio a ser superado: a serra das Almas, uma elevação que apresenta forte ingremidez em sua parte final. O restante do trajeto é em perene descenso, sempre em meio a idílicas paisagens. No global, tirante a superação da montanha situada na metade da jornada, um itinerário belo, tranquilo e que apresentou baixíssimo tráfego de veículos automotores.

RESUMO DO DIA - Pernoite: JC Hotel e Pousada – Apartamento individual bom - Preço: R$120,00;

Almoço: Restaurante do Auto Posto São Domingos – Ótimo!

Algumas fotos do percurso desse dia:

No Caminho... frio e céu azul!

Vista desde o topo da serra das Almas: Imperdível!

Em Congonhal.

3º dia: CONGONHAL a ESPÍRITO SANTO DO DOURADO – 27 quilômetros

 

De antemão, eu sabia que enfrentaríamos uma jornada desafiadora, assim, após o café da manhã, deixamos o local de pernoite às 5h30 e 1.500 m percorridos, o trajeto principiou a ascender com vigor, entremeando trechos íngremes com intermeios planos, onde podíamos desacelerar nossa respiração. Fazia muito frio, estava escuro e havia uma forte cerração cobrindo o entorno, contudo, à medida que vencíamos os aclives, o dia foi amanhecendo e logo o sol estava brilhando. No 7º quilômetro, passamos diante de uma fonte de água e, mais 1.000 m percorridos em forte inclinação, chegamos, finalmente, ao cimo da serra, esbaforidos e com o coração batendo forte, num local situado a 1.308 m de altitude. Passamos, então, a transitar pelo topo da montanha, num percurso belo, fresco e interessante, onde a temperatura estava ao redor dos 9°C. Finalmente, no 9º km, adentramos a um local místico e de intensa visitação: o Santuário de Nossa Senhora da Obediência, onde ocorreram inúmeras visões da Virgem Maria, e cuja história se encontra detalhada, em mensagens por ela ditadas, que poderão ser visualizadas na página: https://aveluz.ning.com/group/apariesdemariapelomundo/forum/topics/nossa-senhora-rainha-da-obediencia-congonhal-mg. Ali visitamos a Capelinha das Aparições e a igreja principal, aproveitando a estrutura do lugar para utilizar os sanitários, ingerir uma banana, repor nosso estoque de água e fotografar o local. Prosseguindo, logo surgiu outro aclive a ser vencido e atingido o seu topo, chegamos a 1.352 m de altitude, o ponto de maior altimetria dessa etapa. Então, passamos a descender, sempre em meio a extensos cafezais, pastagens e cultivos de morango, situados em locais bucólicos, em meio e inúmeras chácaras e fazendas, onde notamos intensa movimentação de veículos e pessoas em direção ao seu labor diário. Um senhor que se dirigia a uma plantação de repolhos, questionou nosso destino e ao saber de nossa motivação, alegremente, nos incentivou e desejou uma “boa viagem!”. A partir do 16º km passamos a transitar por locais desertos e silenciosos, situados entre fresca e arborizada mata nativa, porém, um km adiante, passamos a descender com violência e tal declividade perdurou pelos próximos 3 km. Já no plano, ainda caminhamos mais 5 km por uma imensa planície, ladeados por pastagens, até atingir a zona urbana de Espírito Santo de Dourado. O centro velho da cidade está edificado no topo de um pequeno outeiro e ofegamos muito para atingir o local de nosso pernoite nesse dia: a Pousada João Peru, onde fomos muito bem recebidos pela Rita de Cássia e o sr. João, proprietários do local. À tarde, fomos visitar e fotografar a belíssima igreja matriz da cidade, cujo padroeiro é o Divino Espírito Santo.

Sobre a jornada do dia, diria que se trata de uma etapa de média extensão, mas extremamente desafiadora, pelo forte ascenso a ser vencido entre o 2º e o 8º quilômetro do percurso. O trânsito pelo topo da serra foi fresco, agradável e proporcionou impressionantes vistas do entorno. A visitação ao Santuário de Nossa Senhora da Obediência foi outro memorável acontecimento, pois até 2.019 eu desconhecia a história das aparições no local. O intermeio sequente foi ermo e silencioso, culminando por uma forte e extensa declivência. O trecho sequente foi percorrido sob fresca sombra em sua parte final, até acessarmos a zona urbana. No geral, uma jornada difícil, mas extremamente bela e plena de exuberantes paisagens. Em termos globais, um percurso desafiador e, na minha opinião, o mais exigente do Caminho de Nhá Chica, em face das dificuldades vivenciadas no trajeto.

RESUMO DO DIA – Pernoite, Almoço, Jantar e Café da Manhã na Pousada João Peru – Apartamento individual excelente, mas com banheiro compartilhado: Preço: R$120,00;

Algumas fotos do percurso desse dia:

Vista desde o Mirante da serra de São Domingos.

Santuário de Nossa Senhora da Obediência - Congonhal/MG.

Paisagens da etapa deste dia.

4º dia: ESPÍRITO SANTO DO DOURADO a SILVIANÓPOLIS – 20 quilômetros

 

Deixamos o local de pernoite às 6h30, depois de ingerir um saboroso café da manhã que, gentilmente, a Rita de Cássia, proprietária da Pousada, nos preparou. Partimos já com o dia claro e sob uma temperatura de 8ºC. Após caminhar 2 km por locais de esplendorosa beleza, teve início um forte ascenso que, depois de percorrermos 4.500 m, nos levou a 1.146 m de altitude; então, principiamos a descender. Caminhamos algum tempo num platô, em meio a fazendas de gado e mata nativa, depois, principiamos a ascender novamente, até atingirmos no 7º quilômetro a altura de 1.245 m, o ponto de maior altimetria dessa etapa, onde se encontra o imperdível “Mirante Porteira do Paraíso”, conforme foi batizado pelo peregrino Robert Oliveira. O mágico lugar, localizado no bairro Catiguá, está situado a 12 km de Silvianópolis, proporciona a vista de um montanhoso “Mar de Minas”, e presenteia com um amanhecer inesquecível. Dali nós detínhamos uma visão extasiante de todo o horizonte, onde inumeráveis serras se elevavam até onde nossa visão alcançava e também podíamos avistar imensas plantações de café e bananais a perder de vista. Depois de uma longa pausa para contemplação, meditação e fotos, seguimos adiante, ainda que sob protestos. Então, teve início fortíssima declividade que perdurou por 3 km morro abaixo, até que, finalmente, o trajeto se estabilizou e assim seguiu por um bom tempo, sempre em meio a grandes pastagens. No 11º km fizemos uma pausa no Caldo de Cana do Vaguinho para carimbar a Credencial e depois de percorrer 12 km, ultrapassamos a rodovia MG-179, que provinha de São João da Mata. Já do outro lado, passamos a ascender novamente, contudo, desta vez, sob farta e fresca cobertura arbórea proporcionada pela mata nativa. Superado esse pequeno obstáculo, voltamos a descender, desabaladamente, até acessar uma rodovia vicinal, pela qual caminhamos 4 sofridos e intermináveis quilômetros, até adentrar em zona urbana e seguir até o local de pernoite desse dia. Diga-se de passagem que a Luciana e o Luís, os proprietários do Hotel Luciana, são pessoas extremamente prestativas e tudo fizeram para nos agradar, com um acolhimento impecável, nota dez! À tarde, após um lauto almoço realizado no famoso Restaurante do Cleso, que nos recebeu muito bem, pudemos visitar e fotografar o interior da belíssima igreja matriz da cidade, cuja padroeira é Sant'Ana.

Sobre a jornada, diria que se trata de uma etapa de pequena extensão, que apresenta duas serras a serem sobrelevadas, no entanto, de pequena monta. O descenso pelo lado oposto se revelou bastante técnico, pois o risco de uma queda sempre esteve presente. O trajeto sequente, todo plano, nos proporcionou transitar entre grandes fazendas e por locais umbrosos e frescos. No global, uma etapa relativamente fácil e, como as anteriores, dotada de paisagens deslumbrantes, bem como de locais desertos e silenciosos. Destaque especial para o “Mirante Porteira do Paraíso”, para mim, um dos locais mais belos e deslumbrantes desse roteiro.

RESUMO DO DIA - Pernoite: Hotel Luciana – Cêntrico – Apartamento individual excelente! - Preço: R$100,00;

Almoço: Restaurante do Cleso – Ótimo!

Algumas fotos do percurso desse dia:

No Mirante Porteira do Paraíso.

Vista desde o Mirante Porteira do Paraíso: Imperdível!

A Shirley, feliz na trilha!

Com o famoso Cleso, em ES do Dourado.

5º dia: SILVIANÓPOLIS a CAREAÇU – 24 quilômetros

 

Embora a jornada fosse de razoável dimensão, partimos somente às 6h30, depois de ingerir um saboroso café da manhã preparado, gentilmente, pela Luciana e o Luís, os amáveis proprietários do Hotel. Inicialmente, face ao horário matutino, transitamos por uma estrada larga e neblinosa, contudo, com o dia avançando, o trânsito de veículos se intensificou, mas, para nossa sorte, 5 km percorridos, numa bifurcação, seguimos à direita e tudo se aquietou. Passamos, então, a transitar por locais ermos e aquinhoados com muita sombra ofertada pela mata nativa. Nesse pique, passamos diante de inúmeras fazendas e imensas pastagens, onde o forte é o gado leiteiro. Sem muita pressa fomos vencendo as distâncias, apreciando e fotografando a paisagem circundante e, percorridos 20 km, acabamos por desaguar em outra estrada maior, já minha conhecida, pois nessa via transcorre o Caminho de Aparecida que eu já percorrera em 2 oportunidades. Seguindo em frente, sem maiores dificuldades, logo ultrapassamos o caudaloso rio Sapucaí por uma ponte, depois seguimos em direção ao local de pernoite. À tarde fomos visitar e fotografar a igreja matriz da cidade, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição.

Sobre a jornada, diria que se trata de um percurso de média extensão e, praticamente, todo plano, com trânsito em meio a inúmeras fazendas, onde a criação de gado leiteiro é a tônica. No entanto, visualizei também extensos cafezais e plantações de aveia. No geral, um trajeto de baixa intensidade, trilhado por estradas rurais de excelente piso, orladas por mata nativa em muitos trechos e que apresentou baixíssimo tráfego de veículos. No global, um itinerário agradabilíssimo, silencioso e extremamente deserto em vários intermeios, por isso considero essa uma das etapas mais aprazíveis do roteiro.

RESUMO DO DIA - Pernoite: Hotel Castelo – Apartamento individual espetacular, com café da manhã e jantar inclusos - Preço: R$75,00;

Almoço: Restaurante Celeiro Beer – Ótimo! 

Na trilha... dia amanhecendo!

Caminho lindo neste dia...

Na Pousada Castelo, em Careaçu/MG.

06º dia: CAREAÇU a HELIODORA – 24 quilômetros

 

Partimos às 6h30, a Shirley e eu, após ingerir um esplêndido café da manhã, gentilmente, preparado pela cozinheira do hotel. Depois de transitar em bairros periféricos, por um túnel, atravessamos sob a Fernão Dias, caminhamos pelo interior de uma Comunidade Religiosa e prosseguimos, sempre por terra, sobre uma trilha que seguiu paralela à rodovia até que, percorridos 2.700 m, fletimos à esquerda e acessamos uma estrada que segue à direita da Pedra Preta. Vencido pequeno outeiro, passamos a descender e logo transitamos por uma imensa planície situada à beira do rio Turvo, por onde seguimos sem maiores empecilhos, num trajeto arborizado, silencioso e extremamente fresco. Foi uma jornada épica e extremante agradável, caminhando ao lado de grandes pastagens, respirando o ar puro da manhã, enquanto o sol, lentamente, nascia. Percorridos 11.400 m num aprazível “passeio” matinal, confluímos com um Caminho que vinha à esquerda, então, giramos à direita, até que, mais adiante, ultrapassamos o rio Turvo por uma ponte. Na sequência, acessamos uma estrada larga e retilínea, situada no interior de outra vasta e fértil planície, onde a tônica eram plantações de aveia, por onde prosseguimos confiantes, com visibilidade de 180 graus do horizonte. Nesse trecho nós cruzamos com alguns ciclistas que nos cumprimentaram efusivamente. Prosseguindo, depois de vencer outra pequena elevação, principiamos a descender, vagarosamente, por outro trecho integralmente aberto, de onde detínhamos ampla visão do entorno. Percorridos 16 km sem maiores dificuldades, chegamos a um cruzamento de rodovias. Ali, observando à sinalização, tomamos à direita e prosseguimos por mais 8 km em direção a Heliodora, sobre uma rodovia asfaltada, sem acostamento e que apresentou intenso tráfego de veículos, um perigo para os peregrinos. Superado esse difícil trecho, já em zona urbana, aportamos ao local de pernoite, onde fomos recepcionados por Dona Sheila, uma senhora atenciosa e extremamente solícita. À tarde, após farto e delicioso almoço, fomos visitar e fotografar a igreja matriz da cidade, cuja patrona é Santa Isabel.

Sobre o percurso vivenciado, diria que se trata de uma jornada de média extensão e, praticamente, toda plana. O trecho situado à direita da Pedra Preta se mostrou maravilhoso, hidratado e extremamente silencioso e vazio, um bálsamo para os nossos sentidos. Infelizmente, o trajeto final, sobre piso asfáltico, foi decepcionante, contudo, no global, trata-se de um etapa que apresenta até o 16º km do percurso paisagens de exuberante beleza, orladas de muita sombra e ermosidade.

RESUMO DO DIA - Pernoite: Hotel Vilarejo – Apartamento individual excelente - Preço: R$80,00;

Almoço: Restaurante Armazém – Ótimo! 

Algumas fotos do percurso desse dia: 

A Shirley, como sempre, feliz nas trilhas...

Caminho retilíneo, a perder de vista...

Chegando em Heliodora,

07º dia: HELIODORA a CONCEIÇÃO DAS PEDRAS – 24 quilômetros

 

O trajeto, eu sabia, seria altamente desafiador, assim, de comum acordo, resolvemos sair bem cedo e então depois de ingerir o saudável café da manhã que a dona Sheila nos preparara, deixamos o local de pernoite às 5h30, debaixo de intenso frio e forte cerração, temperatura beirando os 7°C. Partimos em lento ascenso, por ruas citadinas vazias, silenciosas e, mais acima, num leve planalto, acessamos uma estrada de terra larga e acidentada, por onde prosseguimos sempre em perene aclividade. O percurso sequente mesclou íngremes aclives com rápidos planaltos, onde podíamos desacelerar nossa respiração, sempre entre imensos cafezais, bananais e mata nativa. Com o dia clareando, percorridos 5 km, atingimos o topo da serra do Lobo, situado a 1.202 m de altura, o ponto de maior altimetria dessa jornada. De lá detínhamos ampla visão do entorno, inclusive, podíamos visualizar abaixo e distante, situada numa planície, a cidade de Natércia, nosso próximo destino. O descenso pelo lado oposto da montanha foi acidentado e técnico, vez que um simples escorregão poderia redundar numa queda espetacular. Nesse trecho cruzamos com vários trabalhadores rurais, alguns subindo o morro a pé, outros em motocicletas, todos rumando para os imensos cafezais que nos ladeavam, pois estávamos em época de colheita desse fruto. Já no plano, acessamos a rodovia que provinha de Heliodora e logo estávamos caminhando em zona urbana, na direção da praça central da cidade, onde fotografamos a igreja matriz, cuja padroeira é Santa Catarina de Alexandria. Próximo daqui, fizemos uma pausa para ingerir um copo de café e adquirir água. Na sequência, enfrentamos fortíssimo ascenso sobre piso duro, por um bairro periférico; o descenso pelo lado oposto foi extremamente difícil, mas superado a bom termo. O trecho sequente, nos levou a caminhar por uma estrada larga e plana, sempre ao lado de um riacho que, mais à frente, nos propiciou visualizar a espetacular “Cachoeira da Usina”, de impressionante beleza. Depois, seguimos em forte ascenso pela montanha para, na sequência, prosseguirmos um bom tempo por estradas arejadas, depois, sob frescas matas nativas e desertas, num percurso extremamente agradável. Quase no final da jornada, precisamos superar outro outeiro que, pelo adiantado da hora, foi sobrepujado passo a passo, face ao cansaço acumulado na dura jornada. Depois, já em forte descenso, logo acessamos a zona urbana, transitamos pelo centro de Conceição das Pedras e ainda caminhamos mais 1.000 m, para nos alojarmos na Pousada de dona Maria (Fininha), localizada junto ao Posto de Combustíveis Avenida, onde pernoitamos nesse dia. Depois de farto almoço e após nos recuperarmos fisicamente da desgastante jornada, ainda reunimos força para retornar ao centro da simpática localidade, onde pudemos fotografar e visitar a igreja matriz da cidade, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição.

Sobre a jornada do dia, diria que se trata de uma etapa de média extensão, mas que apresenta alguns entraves altimétricos importantes, sendo o primeiro deles e o mais íngreme, o cume da serra do Lobo, situado no 5º km. Há, pelo menos, 3 descensos técnicos, onde a atenção deve ser redobrada. Contudo, no geral, uma etapa belíssima, coroada pela passagem diante da fantástica Cachoeira da Usina Natércia. No global, um percurso desafiador e, em minha opinião, o segundo mais exigente do Caminho de Nhá Chica, em termos de dificuldades.

RESUMO DO DIA - Pernoite: Pousada Pôr do Sol (dona Fininha) - Quarto individual bom, mas com banheiro compartilhado - Preço: R$80,00 e sem café da manhã;

Almoço: Restaurante e bar do Pardal – Ótimo!

Algumas fotos do percurso desse dia:

Ao fundo, a belíssima Cachoeira da Usina.

Paisagens mineiras...

Caminho desafiador neste dia...

8º dia: CONCEIÇÃO DAS PEDRAS ao BAIRRO VARGEM ALEGRE (CRISTINA) – 18 quilômetros

 

Para minha preocupação, nesse dia acordei de madrugada devido a torrencial chuva que, por sorte, logo findou. Partimos às 6h30, sem muita pressa, visto que a jornada seria curta. Os primeiros 5 km do trajeto foram percorridos já com dia claro e nesse trecho passamos por um pequeno bairro, depois, diante do Santuário Ecológico de Santo Expedito. Então, fletimos à direita, a estrada se empinou e seguimos vencendo os patamares com muito ânimo, por locais onde o forte eram as plantações de café e banana. Percorridos 10 km sob um clima fresco e hidratado, chegamos ao topo da serra Branca, num local onde há um cruzamento de vários caminhos. Caminhamos mais 1.000 m pelo cimo da montanha, depois, principiamos a descender e logo passamos pela Comunidade de São Judas Tadeu, que ainda pertence ao município de Conceição das Pedras. Prosseguimos ainda em forte descenso por locais de paradisíaca beleza, rodeado por imensos cafezais e bananais, uma tônica nesse etapa, até que depois de percorrer 16 km, transitamos pelo bairro Sertãozinho, que já pertence a Cristina, onde pude fotografar a capela que homenageia a São Judas Tadeu. Seguindo em frente, 2 km adiante, chegamos ao bairro de Vargem Alegre, local de nosso pernoite nesse dia.

Sobre a jornada desse dia, diria que se trata de uma etapa de curta extensão, mas bastante desafiadora em termos altimétricos, pois no 10º km chegamos a 1.523 m de altitude. Contudo, a maior dificuldade reside no descenso do Complexo da Pedra Branca, pois feita sobre uma estrada empedrada, erodida e extremamente inclinada, onde o menor deslize pode redundar numa queda espetacular. No global, um trajeto belíssimo, pleno de muito verde e ar puríssimo, um bálsamo para nossos sentidos, por isso mesmo, um das mais belos e insólitos de todo o Caminho.

RESUMO DO DIA - Pernoite:  Pousada Vargem Alegre – Quarto individual ótimo, banheiro compartilhado - Preço: R$145,00, incluindo café da manhã, almoço e lanche à noite. Ressalte-se a simpatia e gentileza da Fátima (Preta) que nos acolheu na Pousada, bem como preparou nosso almoço e o café da manhã no dia sequente.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Santuário Ecológico de Santo Expedito.

Complexo da Pedra Branca, desde o topo do morro: Pedra Branca, Flutuante e Gorila.

Vista desde o topo da serra. Iniciando o longo descenso para Vargem Alegre...

9º dia: BAIRRO VARGEM ALEGRE (CRISTINA) a CRISTINA – 19 quilômetros

 

Partimos às 7 h, depois de ingerir o lauto café da manhã que a Fátima nos preparou. Os 4 km iniciais foram percorridos por uma estrada larga e integralmente plana, situada em meio a imensas pastagens, até que desaguamos na MG-347. Ali, obedecendo à sinalização, giramos à direita e caminhamos mais 3 km ao lado da rodovia, num percurso inseguro e perigoso, pois além dela não conter acostamento, os motoristas desenvolvem expressiva velocidade nesse trecho. Finalmente, após vencer 7 km, adentramos à esquerda, numa larga e ascendente estrada de terra, integralmente deserta, onde pudemos conectar novamente com a exuberante natureza que nos rodeava. Depois de sobrepujar um pequeno ascenso, de onde divisávamos paisagens surreais, passamos a descender e nesse intermeio cruzamos com alguns moradores locais, com os quais dialogamos. Mais abaixo, já no bairro Colônia, giramos à direita após a histórica Fazenda Amarela, vencemos um pequeno outeiro e logo estávamos caminhando pelo acostamento da MG-383, rodovia que nos levou até a cidade de Cristina, nossa meta para esse dia. À noite fomos acolhidos pelos “irmãos peregrinos” Rafael Rezek e o Dr. Célio no Hotel Casarão, para uma festiva confraternização, regada a queijo e muito vinho. Nesse sentido eu agradeço, imensamente, esses gratíssimos amigos pela cordial recepção e, certamente, essa cidade prosseguirá guardada em meu coração e memória, como uma das mais acolhedoras localidades por onde já passei/pernoitei.

Sobre a jornada, diria que se trata de uma etapa de pequena dimensão e, possivelmente, a mais tranquila dentro todas que vivenciamos no Caminho. De se ressaltar, contudo, o perigoso trecho cumprido na rodovia, bem como a necessidade de sobrepujar 2 ascensos, porém, de pequena monta. No global, um percurso extremamente arejado e silencioso em vários segmentos do percurso,

RESUMO DO DIA - Pernoite:  Hotel Casarão – Apartamento individual ótimo - Preço: R$165,00;

Almoço: Restaurante e Café Bistrô - Ótimo!

Algumas fotos do percurso desse dia:

Restam 100 km até Baependi...

Trecho inicial integralmente plano....

Em Cristina, confraternizando com os "irmãos peregrinos" Rafael Rezek e Dr. Célio.

10º dia: CRISTINA ao BAIRRO SERRINHA (DOM VIÇOSO) – 21 QUILÔMETROS

 

Partimos às 5h30, depois de ingerir o café da manhã supimpa e extremamente farto que o Hotel Casarão oferece aos seus hóspedes. Logo de cara, nos deparamos com uma terrível rua empinada, que sobrepujamos sob o conforto da iluminação urbana. Um km acima, nós acessamos uma larga e ascendente estrada de terra, por onde seguimos lépidos e animados, enquanto o dia clareava. Percorridos 5 km, nós transitamos pelo bairro da Glória e, em seguida, numa bifurcação, tomamos à direita, e então enfrentamos fortíssima ladeira, que fomos vencendo passo a passo, tal o nível de aclividade. A nos rodear, imensas pastagens e alguns bosques nativos. Nesse intermeio, passamos diante de algumas fazendas de gado leiteiro, onde a ordenha estava em andamento. Percorridos 9 km, finalmente, alcançamos o cume do morro da Glória, depois ainda transitamos uns 500 m pelo seu topo, num trajeto fresco, hidratado e com amplas vistas do entorno. O descenso pelo lado oposto foi feito sem pressa e, quase sempre, sob a fronde de mata nativa. A nos brindar nesse lento declive, um visual fabuloso, digno da paleta de seu CRIADOR. Já no plano, giramos à esquerda, atravessamos dois 2 enclaves distantes de Dom Viçoso e logo chegamos ao local de pernoite, situado no bairro Serrinha.

Sobre a etapa, diria que se trata de uma jornada de média extensão, mas bastante desafiadora em termos altimétricos. Primeiramente, pelo espinhoso ascenso do morro da Glória, depois, pelo longo descenso da serra de Dom Viçoso. Porém, um percurso de incríveis e inesquecíveis paisagens, um dos mais belos, ermo e silencioso de todo o Caminho. No global, nomino o trajeto montanha acima e abaixo, como difícil e bastante técnico,  não me esquecendo, contudo, da calorosa acolhida que recebemos pelo Jailson e sua família no bairro Serrinha.

RESUMO DO DIA - Pernoite:  Pousada São Lucas, do Jailson Palma – Quarto individual excelente, banheiro compartilhado - Preço: R$110,00, incluso café da manhã, almoço e jantar;

Algumas fotos do percurso desse dia:

No topo da serra, uma linda e portentosa araucária.

Paisagens mineiras, próximo de Dom Viçoso/MG.

Um lindo pé de manacá florido.

11º dia: BAIRRO SERRINHA (DOM VIÇOSO) a SOLEDADE DE MINAS – 34 QUILÔMETROS

 

O percurso seria longo e o sol estava crestando após as 10 h, assim, de comum acordo, partimos às 5 h, ainda no escuro, após ingerir o café da manhã que o cordial Jailson deixara à nossa disposição na cozinha da pousada. Os 3 primeiros km foram sobre piso asfáltico, depois, fletimos à esquerda e acessamos uma larga estrada de terra. Seguimos ascendendo, lentamente, passamos defronte algumas fazendas, porém, logo principiamos a galgar os contrafortes da serra, ladeados por imensos cafezais, enquanto o sol nascia. Finalmente, no 7º km atingimos o topo do morro, situado a 1.150 m de altitude, depois passamos um bom tempo transitando no alto montanha, pelo interior da Fazenda Cambará, grande produtora de café. No 8º km passamos a descender e no 14º km desaguamos na rodovia BR-383. Então, giramos à direita e foi caminhando por ela, no sentido contrário ao trânsito de veículos, num trajeto tenso e desgastante que, após mais 3 km percorridos, atingimos a zona urbana da cidade de Carmo de Minas onde, numa padaria, fizemos uma pausa para tomar café e adquirir água. Seguindo em frente, logo atingimos o bairro São Gabriel, onde fletimos à esquerda e, logo adiante, passamos a caminhar sobre terra, por uma estrada larga e, integralmente, plana. O trajeto seguiu sempre numa imensa planície por onde deflui o rio Verde e, em vários trechos, encontramos muita cobertura arbórea proporcionada pelas árvores que margeiam o caminho e outras provindas de reflorestamentos de eucaliptos. Seguimos atentos o tempo todo, pois a polícia e meios de comunicação avisavam da incidência de onças na região. Porém, foi, na verdade, um autêntico passeio, posto que não há entraves altimétricos no trajeto, ao revés, tudo é plano e existem imensos percursos retilíneos, que vencemos com muito denodo. Nesse ritmo, avançamos confiantes, adentramos em zona urbana e logo chegávamos ao local de nosso pernoite nesse dia. À tarde, após uma breve soneca, fomos visitar a linda igreja matriz da localidade, cuja padroeira é Nossa Senhora das Dores.

Resumindo, diria que se trata de uma jornada de grande extensão, porém com apenas uma serra a ser sobrelevada e situada quase no início do trajeto. Depois, o restante do percurso segue plano até o final. O trecho sequente à cidade de Carmo de Minas é integralmente em terra, transcorre por um grande vale e não existe nenhum obstáculo altimétrico digno de registro. No global, uma etapa longa, mas agradável e com muitos trechos sombreados. No entanto, face à larga dimensão sobrepujada nesse dia, em minha opinião, trata-se do terceiro percurso mais exigente do Caminho de Nhá Chica, em termos de dificuldades. Contudo, para àqueles não afeitos a trilhar distâncias superiores a 20 km, recomendo sua divisão, com pernoite no excelente Hotel São Lucas em Carmo de Minas.

RESUMO DO DIA - Pernoite: Pousada Solar das Montanhas – Apartamento individual excelente - Preço: R$100,00;

Almoço: Restaurante e Lanchonete M&M – (Marmitex) – Ótimo!

Algumas fotos do percurso desse dia:

O dia amanhecendo e nós em meio aos cafezais.

Paisagens de encher os olhos...

Depois de 9 anos, feliz reencontro com a ciclista Alessandra Mota, de São Lourenço.

Minha singela contribuição ao Caminho.

12º dia: SOLEDADE DE MINAS/MG a BAEPENDI/MG – 29 quilômetros

 

Finalmente, chegáramos à derradeira jornada e, como de praxe, combinamos sair bem cedo, como forma de agilizar nosso deslocamento, vez que retornaríamos naquele mesmo dia às nossas cidades de origem. Dessa forma, ingerimos o café da manhã que a dona Olga, a proprietária da pousada, gentilmente, deixara preparado para nós, e partimos às 5 h, sob intensa cerração e um frio terrível, temperatura ao redor de 5°C. Observando à sinalização, atravessamos toda a cidade, depois prosseguimos à beira da rodovia MG-383 e, percorridos exatos 4 km, adentramos à direita numa estrada de terra ascendente. Depois de atingir o ponto de maior altimetria dessa etapa, situado a 1.003 m de altura, prosseguimos em franco descenso e após caminhar 7 km, já no bairro Mato Dentro, desaguamos numa estrada, já minha velha conhecida. Porquanto, por ela discorre uma etapa do Caminho dos Anjos, da Estrada Real e do CRER, no sentido Caxambu a São Lourenço, todos roteiros que eu já percorrera. Então, sem maiores novidades, giramos à esquerda e seguimos no contrafluxo dos Roteiros que nominei acima, num trajeto plano e bastante arborizado, o qual fomos vencendo com coragem e determinação. Após caminharmos 19 km, adentramos em zona urbana e atravessamos vários bairros pertencentes à cidade de Caxambu, sempre sobre piso duro, até que no 23º quilômetro voltamos a caminhar sobre terra, numa estrada bastante sombreada, já no município de Baependi. O piso excelente e a frescosidade emanada pela mata nativa que nos rodeava concorreram, decisivamente, para agilizar nosso deslocamento e depois de atravessar toda a cidade, finalmente, aportamos ao Santuário da Imaculada Conceição de Nhá Chica. Então, diante da imagem da Beata nós professamos nossas orações finais de agradecimentos, nos cumprimentamos, posamos para fotos, conhecemos as instalações do edifício e recebemos nosso Certificado Peregrino. Depois, demos por encerrada nossa feliz peregrinação pelo Caminho de Nhá Chica. Na sequência, tomamos um táxi e retornamos a Caxambu, onde nos alojamos. E à noite, a Shirley e eu nos despedimos, embarcamos em ônibus diferentes e retornamos às nossas respectivas residências.

Resumindo, diria que se trata de uma jornada de grande extensão mas, salvo breve ascenso no trecho inicial, praticamente, toda plana e bastante arborizada. O dia se manteve frio e ventoso, excelente para caminhar. Tirante o trecho urbano percorrido dentro das cidades de Caxambu e Baependi, o restante do trajeto foi todo em terra, um refrigério para os nossos pés. O aporte ao Santuário de Nhá Chica foi emocionante e, como todo final de peregrinação, inesquecível. No global, uma etapa agradável e, salvo pela sua extensa dimensão, sem grandes exigências no percurso.

RESUMO DO DIA - Pernoite: Pousada Águas de Caxambu – Apartamento individual excelente - Preço: R$100,00;

Almoço: Restaurante Santa Clara – Ótimo!

Algumas fotos do percurso desse dia:

No Caminho, próximo de Caxambu... quase chegando...!!

Em Baependi/MG, na Casa da Beata: A VOSSA BENÇÃO NHÁ CHICA!

Em Baependi/MG, na Casa da Beata: A VOSSA BENÇÃO NHÁ CHICA!

FINAL

 

O ambiente doméstico nos mantém amarrados a um procedimento mecânico. Os móveis da nossa casa estão sempre no mesmo lugar. Os copos, na mesma prateleira da cozinha. "Todo dia faz tudo sempre igual". Esse condicionamento não estimula mudanças. Por isso, entre outros benefícios, viajar é uma maneira de nos espalharmos, de rompermos com nossas divisórias internas e aniquilarmos medos e tabus.” (Martha Medeiros)

 

É preciso sempre sair de madrugada quando se caminha. Para acompanhar o raiar do dia. E, nessa hora indecisa, azul, sentimos como que o balbucio da presença DELE.

Caminhar de manhã nos confronta com a pobreza de nossa vontade, no sentido de que querer é o contrário de acompanhar.

Quero dizer que seguir passo a passo numa manhã que nasce é tudo menos um arranque brusco, uma reversão brutal ou uma decisão, pois a evidência do dia impõe-se lentamente: logo o sol se levantará e tudo começará.

A dureza das conversões voluntárias, solenes, loquazes, trai sua frugalidade, pois o dia nunca começa como um ato de vontade: desponta como uma certeza sem inquietação.

Caminhar pela manhã é compreender a força dos começos naturais.

Segundo Thoreau: O amor pela manhã é uma forma de se medir a saúde.

Nesse diapasão, diria que percorrer pela segunda vez o Caminho de Nhá Chica, uma genial criação do amigo peregrino Eraldo José Sarapu, confirmou minha impressão de quatro anos atrás: trata-se de um itinerário difícil, montanhoso e pleno de empecilhos naturais.

Mas, também, recheado de paisagens imorredouras, matas nativas alvissareiras, ar puríssimo, ermosidade, silêncio e de pessoas cordiais e desinteressadas, que tudo fazem para nos ajudar.

Assim, nesse contexto, recomendo esse Roteiro com efusão.

Ainda, um agradecimento especial à amiga e peregrina Shirley, que nessa oportunidade “dividiu a trilha comigo” e, com seu indelével bom humor e insuperável vigor físico, muito contribuiu para o sucesso de nossa empreitada.

Por derradeiro, imprescindível lembrar da Beata Nhá Chica, cujo passado de entrega total a Cristo e bondade me incentivou nessa peregrinação, onde a fé foi minha companheira diária.

Pois, certa feita, quando procurada para fazer orações, assim respondeu quando lhe perguntaram quem ela era realmente: Nunca fiz milagres: eu rezo a Nossa Senhora, que me ouve e me responde; é por isso que posso responder com acerto quando me consultam e afirmo o que digo. As coisas acontecem porque eu rezo com fé!

 

Bom Caminho a todos!

Julho/2023 

Meu 2º Diploma do CAMINHO DE NHÁ CHICA.