TRILHA NO PICO DAS CABRAS – JOAQUIM EGÍDIO/SP – 15 QUILÔMETROS

Quando embarcar em uma viagem, deixe para trás tudo o que te faz mal e a faça de coração limpo, mente aberta e com o desejo de ter leveza. Assim você poderá ter as mais belas lembranças por onde passar.” 

O Pico das Cabras fica na zona rural e faz parte do distrito de Joaquim Egídio, o mais distante do centro da cidade de Campinas/SP.

Trata-se de um ótimo local para relaxar junto à natureza, percorrer trilhas, intentar rapel e observar o pôr do sol sentado num dos maciços pétreos que afloram no local.

A Serra das Cabras é uma simpática morraria que serve de divisa natural entre Joaquim Egídio e Morungaba, localidades que orbitam à leste de Campinas.

Grande parte de sua área faz parte de uma APA e seu ponto culminante, o Monte Urânia (mais conhecido como Pico das Cabras), é tomado não apenas por um observatório e um parque-museu de astronomia, mas também por belos mirantes e rochedos pitorescos.

É uma serra que guarda semelhanças com a Pedra Grande de Atibaia não só em aparência, mas também em acessibilidade, isto é, os 1.080 metros do seu cume podem ser vencidos no conforto de um veículo ou mediante trilhas que nascem nas proximidades de Morungaba ou Joaquim Egídio. 

Transitando pelo interior do Parque Pico das Cabras.

Foi nessa área que, na companhia do meu amigo Demétrius (Dedé), palmilhamos alguns quilômetros ao redor desse simpático morrote, de onde se tem a impressão de ver Campinas mais perto no horizonte, e que consegue a rara façanha de unir ciência e natureza.

Abaixo, um singelo relato da caminhada desse dia.

O PARQUE PICO DAS CABRAS

O Parque Pico das Cabras é um morro a 1.080 metros de altitude no Distrito de Joaquim Egídio, em Campinas, que faz parte da Serra das Cabras e parte integrante do parque o Museu Aberto de Astronomia – MAAS.

O local funciona aos sábados, domingos e feriados, a partir das 8 h, sendo que durante a semana, o espaço fica disponível para agendamentos escolares. 

Rochedos existentes no interior do Parque Pico das Cabras.

De acordo com a organização, o horário de visitação varia de acordo com a atividade desejada, já que as trilhas e caminhadas devem ser realizadas em períodos com menor incidência solar. O valor da entrada é de R$ 10,00.

O parque também sedia o Museu Aberto de Astronomia (Mass), que possui vários espaços especiais destinados ao Sol, Lua, Saturno e ao Sistema Solar, além de abrigar telescópios h-alpha, celóstatos, radiotelescópios e um astrotheatro.

O museu ainda possui um planetário com exibições em um domo de 12 metros de diâmetro e um jardim composto por esculturas de deuses e figuras mitológicas.

A NOSSA CAMINHADA 

Saímos de Campinas às 6 h 15 m em meu automóvel e depois de percorrer 30 quilômetros, sendo os derradeiros 5 sobre terra, chegamos ao Pico das Cabras, 40 minutos mais tarde.

Imediatamente, envidamos os aprestos finais, depois, animados e expectantes, demos início a nossa caminhada, seguindo à esquerda, em leve ascenso, por uma via de terra nominada Estrada do Capricórnio.

Início da caminhada, sobre a Estrada do Capricórnio.

Percorridos 1.500 m, adentramos à direita e prosseguimos por uma trilha pedregosa que, 300 m adiante e abaixo, nos levou a escalar a famosa “Pedra Partida”, localizada a 1.066 m de altura, de onde se descortina uma bela e dilatada vista panorâmica de toda a região. 

Vista desde a "Pedra Partida".

Fizemos ali uma breve pausa para fotos, depois prosseguimos adiante e logo penetramos em frondosa e fresca mata nativa, por onde seguimos ziguezagueando, em alguns trechos, em desabalada declivência, o que nos obrigou a tomar um imenso cuidado, pois ela representa um terrível perigo para os joelhos e os pés. 

Fundas valas ao longo das trilhas.. um perigo para os pés e joelhos.

Em vários locais o piso se encontra erodido em face da região ser utilizada por mototrilheiros, o que ocasionou profundos sulcos no leito da senda, e essas valas representam um grande desafio a ser superado pelos caminhantes.

A todo momento encontrávamos bifurcações na trilha, porém, o correto é permanecer sempre no trajeto mais batido e nunca adentrar em sendas vicinais. 

Estrada plana e sombreada, próximo do lago.

O sol ainda não havia nascido e o clima permanecia brando e hidratado quando, depois de percorrer 4.500 m, finalmente, a estrada se nivelou e prosseguimos à esquerda, por agradável estrada de terra.

Mais adiante, giramos à direita, transitamos sobre o dique de contenção de um grande açude, depois giramos novamente à direita e prosseguimos caminhando à beira de um grande espelho d'água. 

Maravilhosa vista!

Do nossa lado esquerdo notamos um aglomerado de casa geminadas, muitas fechadas, sendo que apenas algumas mostravam sinais de serem habitadas. 

Casas existentes à beira do lago...

Seguindo em frente, logo o caminho ficou quase intransponível, por conta do mato alto que invadia a vereda, ainda assim, prosseguimos adiante, até que, percorridos 6.400 m, desaguamos num trilha limpa e prosseguimos em forte ascendência por quase um quilômetro. 

Trecho em leve ascenso. O Dedé segue na frente...

Quando o caminho se nivelou, fizemos uma pausa para hidratação e lanche; depois, acessamos uma larga estrada de terra e logo passamos a caminhar pelo topo da serra, com amplas vistas de todo o entorno.

Inclusive, observando à esquerda, podíamos visualizar ao longe a cidade de Itatiba e seus bairros adjacentes. 

Lindas paisagens.. Ao fundo e acima do morro o Pico das Cabras.

De nosso lado direito, situadas em meio a muito verde, algumas fazendas davam o ar bucólico na paisagem.

O sol estava à pino num céu azul e sem nuvens, contudo a temperatura prosseguia agradável e fresca. 

Trajeto arejado e sob clima ameno.

Então, percorridos 10 quilômetros, num cruzamento, adentramos à direita e prosseguimos caminhando pelo interior de imenso bosque de eucaliptos, em alguns locais, em forte declive. 

Trânsito pelo interior de fresca mata de eucaliptos.

No final, ultrapassamos um pequeno córrego por uma ponte e vencemos os derradeiros 2 quilômetros em intensa ascendência, mas pelo interior de espessa e fresca floresta nativa, até que, já no topo, ainda tivemos tempo para visitar a Pedra Mor, onde fizemos uma pausa para fotos.

Naquele local, a paisagem que dali se avista, privilegia as instalações do parque de um lado, enquanto o outro exibe a continuidade daquela verdejante serra, já em declive, salpicada por inúmeras fazendas. 

Chegada! Sobre a Pedra Mor!

Na sequência, caminhamos mais 200 m e aportamos, são e salvos, ao local onde partíramos de manhã.

Ali, após a necessária confraternização e cumprimentos pelo sucesso de nossa empreitada, embarcamos em meu automóvel e retornarmos às nossas residências.

Apenas a título de curiosidade, diria que do simpático bichinho que empresta seu nome ao pico que rodeamos hoje, não vimos sequer a cor, mas dizem que há alguns exemplares que habitam o interior do parque.

Finalizando, novamente, minha gratidão e apreço ao meu prezado amigo Dedé pela excelente companhia e invejável preparo físico, o que muito contribuiu para o bom desempenho e alegria no desenrolar de nossa profícua caminhada domingueira.

EPÍLOGO 

Sobre a trilha de hoje, que pode ser percorrida nos dois sentidos, se faz necessárias algumas considerações:

Se você for seguir no sentido anti-horário, saindo da fazenda situada ao lado do Observatório, entra-se na mata à direita e prossegue-se em forte descenso.

O grau de dificuldade no percurso global situa-se entre moderado e difícil, em face da orografia do terreno e a distância a ser percorrida, sendo que o sol e o calor podem agravar tais fatores.

No percurso há vários ascensos e descensos, transitando-se por bosques, trilhas bem fechadas e estradinhas de terra. 

Final de mais um grande desafio.. hora de comemorar!

É aconselhável levar 1 litro de água, além de frutas/lanches, embora 70% a 80% do percurso seja sombreado.

O derradeiro aclive é bastante íngreme, agravado pelo cansaço auferido durante a quilometragem já percorrida.

Pode-se, também, percorrer a trilha no sentido horário e, nesse caso, o último ascenso será sombreado.

Finalizando, diria que a trilha do Pico das Cabras destina-se a quem já tem treinadas pernas e pulmões fortes, face a sua aclividade/declividade constante.

Porquanto, em cerca de 15 quilômetros, quase no final da jornada, você ascende de cerca de 780 m de altitude para 1080 m.

Mas tudo vale a pena, já que do topo do morro descortina-se uma visão privilegiada da região, avistando a cidade de Itatiba e seus arredores entre campos.

Nesse local, onde encontra-se o ponto de maior altimetria do município de Campinas, também há um bar, uma área de camping e, algumas trilhas e fontes para quem tiver um tempo extra ou for de carro.

A Serra das Cabras corresponde ao ponto maior altimetria no município de Campinas e é facilmente acessível mediante estradas de terra locais. 

Com o amigo Dedé, meu grande parceiro em inúmeras trilhas!

Ou através das várias veredas que partem das proximidades da pacata cidade de Morungaba, contudo, existem outras tantas espalhadas ao longo do morro que fazem a festa dos motoqueiros e ciclistas de plantão que, por sinal, são os que mais frequentam estes contrafortes serranos, por conta das grandes distâncias envolvidas.

Ainda, é oportuno lembrar que a maioria das sendas desenhadas na morraria circundante são confusas e repletas de ramificações que, eventualmente, podem confundir o caminhante mas, nada que um pouco de conhecimento de navegação básica não resolva.

Ou, como bem afirmou o famoso mochileiro, trilheiro e montanhista Jorge Soto, que também já fez essa trilha: “...mais que tudo, quem sabe seja isto apenas mais um tempero para uma aventura plena de adrenalina nesta simpática serrinha onde Campinas teima em querer encostar no céu." 

Bom Caminho a todos! 

Junho/2020