17/20ª etapa – SARRIA à SANTIAGO DE COMPOSTELA – 120 quilômetros

17ª/20ª etapa – SARRIA a SANTIAGO DE COMPOSTELA – 120 quilômetros

17ª etapa – SARRIA a PORTOMARIN – 23 quilômetros

Dificuldades preparam pessoas comuns para destinos extraordinários.”

O trem que eu havia tomado em Logroño à 1 h da madrugada, chegou em Sarria, pontualmente, às 9 h da manhã.

Eu não conseguira dormir durante a viagem e, em meu cronograma original, eu havia reservado esse dia para descanso, porém eu já havia pernoitado nessa cidade em 3 ocasiões diferentes, portanto, nada havia ali de inédito para mim.

Ocorre que do derradeiro vagão de passageiros, saltaram aproximadamente uns 40 peregrinos que, incontinenti, se dirigiram ao Caminho.

E isso acabou por me animar.

Então, depois de fazer um balanço em meu estado físico e mental, resolvi seguir em frente e me hospedar naquele dia em Portomarín, 22 quilômetros à frente. 

Raridade nessa etapa: um trecho sem peregrinos a vista.

Antes, contudo, fui até um bar, ingeri um profícuo copo de café, acompanhado de um “croissant”, me paramentei para a etapa, depois carimbei minha credencial e segui em frente. 

Muitos "turisgrinos" a minha frente.

Era quase 10 horas e, acreditem, muitos peregrinos estavam iniciando a sua jornada naquele horário. 

Caminho vazio, coisa rara nesse dia.

Infelizmente, como norma nesse tramo final, encontrei quase 150 “turisgrinos” percorrendo o roteiro, todos com pequenas mochilas, conversando em altos brados, parando em todo local para fotos, dificultando sobremaneira a vida dos autênticos peregrinos. 

Eu que adviera de um roteiro solitário e silencioso, tive grandes dificuldades para me adaptar ao Caminho Francês. 

Flores e flechas em profusão!

Então, como forma de me acalmar, liguei meu rádio, coloquei os fones no ouvido e segui em frente, num ritmo constante e sem pausas. 

Estátua de Santiago em Portomarín.

Em Portomarín, me hospedei na Pensão Arenas Porto, onde desembolsei 32 Euros por um quarto individual. 

Em Portomarín, diante da igreja de San Nicolás.

Para almoçar, utilizei os serviços do Mesón Rodrigues, onde paguei 10 Euros pelo “menu del dia”.

18ª etapa – PORTOMARIN a PALAS DE REI - 26 quilômetros

Eu ainda não cheguei lá, mas estou mais perto do que ontem.” 

Eu saí bem cedo, assim que o dia raiou e, nessa etapa, por sorte, não tive contato com os “turisgrinos”.

Aliás, uma parte deles estava hospedada na mesma Pensão em que pernoitei, e a atendente me informou que naquele dia eles conheceriam e caminhariam até a cidade de Lugo. 

Restam 78,1 quilômetros até Santiago.

Foi um trajeto tranquilo, onde tive contato e ultrapassei uns 30 peregrinos, a maior parte deles, de procedência alemã. 

O famoso Cruzeiro de Ligonde.

Eram caminhantes que, como eu, também havia partido bem cedo e a maioria deles pernoitaria em Melide. 

Nesse dia eu pude curtir bosques galegos silenciosos novamente.

No albergue de Gonzar, avistei umas 50 pessoas tomando o café da manhã, outras se preparando para seguir em frente. 

Em Palas de Rei, novamente.

Mas, estes ficaram à minha retaguarda, porque caminhei num rimo tranquilo, e não fiz nenhuma parada importante no caminho. 

O local por onde eu deixaria a cidade na manhã seguinte.

Em Palas de Rei, fiquei hospedado no Hostal Plaza, onde paguei 30 Euros por um excelente apartamento. 

Em Palas de Rei, brindando o Caminho!

O almoço foi no Restaurante Vilariño, onde o “menu del dia” me custou 10 Euros.

19ª etapa – PALAS DE REI a ARZÚA - 30 quilômetros

Grandes vitórias exigem grande dedicação.

Outra etapa sem grandes dificuldades altimétricas, já minha velha conhecida, que venci sem maiores problemas. 

Albergue de Peregrinos de Casanova.

Saí bastante cedo e não avistei nenhum peregrino até o 15º quilômetro.

Quando transitei pela cidade de Melide, metade da jornada, um grande grupo de “turisgrinos” se preparava para iniciar sua caminhada, e faziam um rápido aquecimento, orientados pelo guia. 

Outra vez, pude usufruir de bosques vazios e silenciosos.

Eu fiquei à frente desse pelotão de gente e pude preservar meus momentos de silêncio e introspecção.

Em Castañeda eu encontrei 2 italianos e seguimos conversando animadamente. 

Por sorte, os "turisgrinos" ficaram à minha retaguarda.

Foi uma ótima oportunidade para troca de experiências, bem como para eu treinar o idioma que meu avô falava. 

Uma seta diferente.

Eles seguiram em frente, pois pretendiam pernoitar em Pedrouzo, enquanto eu fiquei em Arzúa.

Na cidade, me hospedei no Hostal Teodora, onde paguei 32 Euros por um quarto individual.

Para almoçar, utilizei o próprio restaurante do estabelecimento, e despendi 10 Euros pelo “menu del dia”. 

20ª etapa – ARZÚA a SANTIAGO DE COMPOSTELA – 41 quilômetros 

Seguir em frente, sempre!” 

Era meu derradeiro dia no Caminho e resolvi, como de praxe, sair bem cedo, para aproveitar ao máximo os momentos de solidão e silêncio no roteiro. 

Sempre faço uma pausa diante dessa placa para uma oração.

Deixei Arzúa às 5 h 15 min, lanterna na mão, e não tive problemas para encontrar meu rumo. 

Doze quilômetros percorridos, com o dia já claro, eu transitei pelo povoado de Salceda, e ali já observei vários peregrinos iniciando sua jornada. 

Em Pedrouzo: restam 19.970 metros!

O dia estrava frio e nublado, ideal para caminhar.

Houve um considerável acréscimo de peregrinos na trilha, após minha passagem por Pedrouzo/Arca, mas segui em meu ritmo constante e cheguei sem maiores problemas a zona urbana de Santiago. 

Momentos de intensa emoção, defronte à Catedral de Santiago de Compostela.

E pela décima vez, aportei à Praça do Obradoiro, um dos momentos mais emocionantes de minha vida. 

Enfim, depois de caminhar 600 quilômetros, a alegria de chegar na Praça do Obradoiro, em Santiago de Compostela.

Hora de abraçar e agradecer o Santo Apóstolo por mais essa graça conquistada.

Depois, fui buscar minha Compostela, um galardão que guardo com muito carinho e orgulho.

Na cidade, fiquei hospedado no Hostal Entremuralas, onde paguei 35 Euros por um excelente quarto individual.

Para almoçar, como de praxe, utilizei os serviços do Restaurante Manolo, o preferido dos peregrinos em Santiago de Compostela, um local que recomendo com efusão, porque ali, além do tratamento diferenciado, se come e se bebe muito bem. 

Minha 10ª Compostelana, motivo de muito orgulho e alegria!

Mas, minha jornada na Espanha, ainda não havia se encerrado, porque no dia seguinte eu iniciaria o Caminho de Finisterre.

De qualquer forma, foi um dia de festa e alegria, vez que tive a oportunidade de rever e confraternizar com alguns amigos peregrinos que havia encontrado no Caminho.

À noite, fiz uma “devassa” em minha mochila, e deixei sob a guarda do gerente do estabelecimento onde eu estava hospedado, vestimentas e documentos que não utilizaria na minha jornada em direção ao mar, com a promessa de resgatá-los cinco dias depois, quando retornasse a Santiago.

E logo fui dormir, já prelibando o novo Caminho que encetaria na manhã sequente.

FINAL