6 -  TAUBATÉ a PINDAMONHANGABA - 24 quilômetros

6 - TAUBATÉ a PINDAMONHANGABA - 24 quilômetros

"Cada topo que você alcança nada mais é do que uma etapa intermediária." (Sêneca)

A jornada seria plana e de pequena extensão, no entanto, era um domingo e pretendíamos chegar cedo ao local de pernoite, a tempo de encontrar um supermercado para nos prover de víveres para o jantar e o dia seguinte.

Dessa forma, como teríamos a iluminação urbana a nos guiar por um bom tempo, resolvemos partir às 5 h 30 min.

Por sorte, nesse horário já encontramos o desjejum pronto e pude ingerir um copo de forte e espesso café, o que muito me animou e refortaleceu.

Fazia muito frio quando deixamos o local de pernoite, seguindo à nossa direita, em direção à Via Dutra.

Na verdade, o Hotel Estrela do Vale está fora da Rota da Luz, mas é o único que se localiza em suas proximidades.

Cem metros abaixo, acessamos a Avenida Dom Pedro I, giramos à direita e, quinhentos metros adiante, nos enlaçamos novamente com o roteiro.

Na realidade, a distância entre Taubaté e Pindamonhangaba pela Via Dutra é de aproximadamente 12 quilômetros.

Porém, iríamos caminhar bem mais nesse dia.

Seguimos por avenidas urbanas e já movimentadas, apesar do horário matutino.

Agora falta pouco para chegar...

Em determinada praça, pude fotografar a placa que indicava termos já caminhado 150 quilômetros.

Seguimos cortando bairros periféricos até que, após 5 quilômetros, aproximadamente, acessamos uma rodovia asfaltada que seguiu paralela à Via Dutra, porém, distante desta.

Estrada vicinal asfaltada e sem acostamento.

Esse trecho é todo urbano e a estrada não possui acostamento, de forma que quando avistávamos algum veículo vindo em nossa direção, tínhamos que deixar o asfalto, evitando risco de um atropelamento.

Mais um dia nascendo..

Às 7 horas o sol surgiu e logo tudo ficou claro e nítido na paisagem.

Finalmente, 10 quilômetros vencidos sobre piso asfáltico, numa bifurcação, obedecendo as flechas amarelas, adentramos à esquerda e acessamos uma estradinha de terra.

Depois de 10 quilômetros percorridos, início do caminho de terra.

Lentamente, fomos nos afastando da civilização e passamos a caminhar entre extensas fazendas onde a tônica eram as pastagens e os rebanhos de gado leiteiro.

A calmaria passou a predominar e ao invés do barulho de motores, passamos a ouvir pássaros e sons emitidos por animais domésticos.

Muito verde e silêncio no entorno.

Na verdade, estávamos trilhando a Estrada Municipal do Pinhão e parecia incrível estarmos tão próximos da civilização, e pudéssemos caminhar por locais extremamente silenciosos e tranquilos.

No primeiro trecho, nenhum veículo automotor nos ultrapassou e pudemos comungar novamente com a natureza.

Transitando por locais bucólicos e silenciosos.

Até porque, eu bem sabia, que a partir do momento em que encontrássemos o asfalto, esse piso nos acompanharia em definitivo até Aparecia, nosso destino final.

O sol brilhava forte num céu azul e sem nuvens, mas a temperatura se manteve agradável e a caminhada nesse intermeio foi bucólica e agradável.

Próximo da civilização, caminhando por locais extremamente campestres.

Por sinal, nesse trecho cruzamos com alguns ciclistas que faziam seu “pedal” domingueiro.

E, novamente, sem exceção, todos nos cumprimentaram efusivamente, como fazem “velhos companheiros de batalhas”.

Estrada plana e poeirenta. Quase chegando a Via Dutra.

Mais adiante, desaguamos numa estrada larga, por onde seguimos à esquerda.

Nela o tráfego de veículos se intensificou, inclusive, porque passamos a transitar diante de estabelecimentos comerciais como, por exemplo, o Restaurante do Paizão.

Infelizmente, o barulho dos veículos foi se acentuando, sinal de estávamos novamente nos aproximando de uma movimentada rodovia.

E depois de 20 quilômetros percorridos, por um túnel, passamos sob a Via Dutra e acessamos uma rodovia vicinal asfaltada.

E foi por ela, depois de percorrermos vários bairros periféricos, que chegamos a rotatória que dá acesso à Rodovia Amador Bueno da Veiga.

Hotel onde nos hospedamos nesse dia. Recomendo!

Ali, ao invés de seguir adiante, giramos à esquerda e, depois de 1.300 metros, nos hospedamos no Hotel Vitória.

Ali, por R$93,00, pude dispor de um espetacular apartamento individual.

Esse alojamento foi o único que me agradou em todo o roteiro, pelas suas bem cuidadas, práticas e irrepreensíveis dependências.

Para almoçar, caminhamos em direção ao centro da cidade e utilizamos os serviços do restaurante Fazendinha, de excelente qualidade, mas, caríssimo para um peregrino.

Porquanto, nele paguei o absurdo preço de R$44,90 o quilo da refeição, servida no sistema Self-Service.

Restaurante onde almoçamos nesse dia. Caro demais para peregrinos!

Pindamonhangaba é um município da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte no estado de São Paulo, que faz divisa com a estância climática de Campos do Jordão.

Como curiosidade, nela se encontra preservado o famoso Bosque da Princesa, cuja origem data o ano de 1.868, quando da visita à cidade dos recém-casados: conde D’Eu e a princesa Isabel Cristina.

Entre os eventos programados para recepcioná-los, surgiu a ideia de oferecer ao casal um local onde pudessem desfrutar de agradáveis momentos a sós e, para tanto, remodelou-se um bosque que existia junto ao rio.

Pindamonhangaba é uma cidade com 140 mil habitantes, que mescla o antigo com o moderno.

No passado, como outras cidades do Vale do Paraíba, foi grande produtora de café e os senhores desse tempo ostentavam títulos imperiais.

Conta-se que D. Pedro II, quando viajava do Rio para São Paulo, se hospedava no palacete senhorial do Visconde de Palmeiras, onde hoje funciona o museu histórico da cidade.

Moderno prédio que abriga a Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba/SP.

Outros destaques são a Igreja Matriz, em louvor a Nossa Senhora do Bonsucesso, o antigo prédio da Prefeitura Municipal, o Quartel do 2º BEC (Exército), e o Mercado Municipal, com os seus azulejos na entrada.

Conta-se, mais, que muitos oficiais do Batalhão da Guarda do Imperador eram de Pinda, e que seus restos mortais foram enterrados na Igreja de São José.

Ao par disso, Pindamonhangaba tem um diversificado parque industrial, destacando-se as Indústrias Villares, bem como um comércio bastante movimentado, com boas lojas, bancos, restaurantes, etc.

Outro destaque de Pinda é a Estrada de Ferro Campos do Jordão, que atende o centro e vários de seus bairros, proporcionando transporte mais barato que o ônibus, além de se constituir num belo itinerário turístico.

Isso sem esquecer que é a cidade natal do atual governador Geraldo Alckmin, cujo nascimento deu-se em 06/11/1952.

A cidade possui o maior polo industrial de reciclagem de latas de alumínio da América Latina.

Como curiosidade, ela também possui a maior comunidade ligada ao Movimento Hare Krishna da América Latina.

Suas principais atrações são: Bosque da Princesa, Estação da Central do Brasil, Igreja de São José, Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro I e D. Leopoldina, Palácio Dez de Julho, Pico do Itapeva e Projeto Cerâmica.

Avenida Nossa Senhora de Bonsucesso, plana e movimentada.

À tarde, após um sono repousante, solitário, dei um giro pelas imediações do hotel.

Encontrei, logo adiante, a Avenida Nossa Senhora do Bonsucesso, a mais tradicional da cidade e por ela caminhei um bom tempo em reflexivo silêncio.

Eu tinha a intenção de conhecer a igreja matriz da cidade, porém, o hotel onde eu estava hospedado se encontrava muito longe do centro e eu não queria me desgastar fisicamente.

Assim, segui por 1.500 metros até um supermercado me suprir de víveres para um lanche noturno e para o percurso seguinte.

Depois, me recolhi cedo, já pensando na duríssima etapa derradeira, toda feita sobre piso asfáltico, mas feliz pelo reencontro com minha Mãe Maior.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde o Hotel Estrela do Vale, em Taubaté/SP, até o Hotel Vitória, em Pindamonhangaba/SP: 4 h 40 min.

Clima: frio e neblinoso de manhã, ensolarado, após as 7 horas, com temperatura variando entre 13 e 23 graus.

Pernoite no Hotel Vitória, em Pindamonhangaba/SP – Apartamento individual excelente – Preço: R$93,00 - (Casal: R$186,00)

Almoço no Restaurante Fazendinha – Excelente, mas salgado! – Preço: R$44,90 o Kg, no sistema Self-Service.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada tranquila, plana, de pequena extensão, mas que discorre, em sua maior parte, infelizmente, por trechos urbanizados. Contudo, há de se elogiar o trecho situado no entremeio do trajeto, com dez quilômetros de extensão, onde caminhamos por locais silenciosos e bucólicos. No entanto, após a passagem sob a Via Dutra, tudo ficou monótono e urbanizado. Há de se enaltecer, todavia, o Hotel Vitória, seguramente, o melhor local em que me hospedei na Rota. No global, percurso sem maiores obstáculos altimétricos, que antecipa e nos emociona, por imaginarmos tão próximo ao Santuário de Aparecida, nosso destino final.