8º dia: POUSADA DO JETINHO (CAMANDUCAIA/MG) a SAPUCAÍ-MIRIM/MG - 40 quilômetros

8º dia: POUSADA DO ZETINHO (CAMANDUCAIA/MG) a SAPUCAÍ-MIRIM/MG - 41 quilômetros


Viva o Imaculado Coração de Maria!

A jornada seria a mais longa de todas, porém eu já conhecia o trajeto, pois em 2017 percorrera esse trecho final com um grupo de peregrinos de Itatiba/SP, de gratíssima lembrança, capitaneados pelo Mestre Rogério Furlán.

Assim, tomamos o café com o Zetinho de madrugada e após fraternas despedidas, às 4 h 30 min, demos início a nossa aventura.

Com a lanterna de mão acesa, não tivemos dificuldade em encontrar nosso rumo e, 3 quilômetros à frente, passamos defronte à entrada da centenária Fazenda Esperança, cuja data de fundação remonta o ano de 1.882.

Mais 2 quilômetros percorridos em bom ritmo, a estrada se bifurcou: para a direita, seguem motocicletas, ciclistas, cavaleiros e peregrinos a pé, que chegam a “Trilha dos Pinheiros”.

Os veículos automotores seguem à esquerda e depois de, aproximadamente, 8 quilômetros, ambos os roteiros voltam a se encontrar.

Nos primeiros dois quilômetros, encontramos casas, animais domésticos e luzes acesas, contudo, na entrada de uma fazenda ecológica, deparamos com uma porteira fechada que só tem espaço para a passagem de pedestres, cavaleiros, ciclistas e motociclistas.

Então o caminho se tornou uma trilha muito bem cuidada, localizada em meio à mata fechada, onde também há coníferas.

O ambiente seguiu fantástico e o oxigênio inspirado escaldava nos pulmões, tamanha sua concentração e pureza.

Ao emergir da umbrosa mata encontramos uma porteira e após atravessá-la, saímos num local arejado, onde existia uma casa do lado direito.

Naquele local nós estávamos na Fazenda Boa Vista, conforme nos explicava uma placa que avistei depois.

A partir daquele marco já era permitido novamente o trânsito de veículos, mas, certamente, utilizado apenas pelos parcos moradores daquele enclave.

O roteiro prosseguiu arejado e observando à minha esquerda, vi um bosque fechado onde sobressaíam milhares de pés de araucárias, espécie cuja origem remonta mais de 200 milhões de anos, quando sua população se disseminava pelo Nordeste brasileiro.

Sua forma é inconfundível, com um tronco colunar que pode chegar a 50 m de altura e 2,5 m de diâmetro, com uma casca rugosa e persistente de 15 cm de espessura, sustentando uma copa de simetria radial em candelabro ou umbela.

É fonte de alimento para a fauna local e a cutia, como grande apreciadora que é do pinhão e pelo costume que tem de enterrar as sementes, para comê-las depois, talvez seja, graças a este comportamento, uma das disseminadoras mais importantes do pinheiro.

E, finalmente, depois de caminhar 8.500 metros por locais mágicos, de beleza indescritível, onde a natureza está integralmente preservada, atravessamos uma porteira e nos reencontramos com a estrada novamente.

A partir dali, sempre em suave descenso, caminhamos entre nichos frondosos de mata nativa e plantações de pinheiros, sendo que o derradeiro declive da jornada foi feito entre frondosas matas de pinus, recentemente reflorestadas.

Percorridos 22 quilômetros passamos diante da Pousada Aiyaras do HP, que também hospeda romeiros e pode ser uma boa alternativa para aqueles que queiram fracionar essa jornada.

Nós, porém, prosseguíamos animados, pois, conforme eu já sabia, o roteiro seguiria sempre em perene e agradável descenso.

Mais abaixo, já no bairro do Paiol, pude fotografar a igrejinha ali erigida em homenagem a Nossa Senhora Auxiliadora.

Aproximadamente, 4 quilômetros percorridos, a estrada se bifurcou e seguimos à esquerda, em direção ao Rancho dos Tropeiros do Mário Justo.

Descendemos um pouco, ultrapassamos um rio por uma ponte e, então, enfrentamos o único ascenso do dia.

O restante da jornada foi cumprido sob frondosa mata, que nos protegeu da luz solar e propiciou ânimo para seguirmos adiante, mesmo que no final tenhamos enfrentado duríssimo declive.

Os derradeiros 2 quilômetros foram trilhados sob sol forte e intensa poeira mas, sem maiores percalços, aportamos ao nosso local de pernoite em Sapucaí-Mirim/MG.

Algumas fotos dessa etapa: 

Sapucaí-Mirim, hospitaleira e com paisagens fascinantes, fica no limite entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais, em uma área de preservação ambiental da Serra da Mantiqueira.


Como as demais cidades da região tem como principal desbravador o bandeirante Gaspar Vaz da Cunha, “O Oyaguara”, que se fixou naquele lugar, e deu início à colonização, transformando a região em importante centro produtor de gado.


A cidade tem a curiosidade de ser, na prática, quase um enclave de Minas Gerais situada no estado de São Paulo.


Porquanto, a menos que se faça uso de algumas estradas vicinais de difícil acesso e tráfego, em péssimo estado na época das chuvas e que fazem a ligação com Camanducaia e Gonçalves, não é possível chegar ao município partindo de qualquer outro ponto de Minas Gerais sem passar por território paulista.


Conta atualmente com 6.300 habitantes, e está situada numa altitude média de 890 m.


RESUMO DO DIA - Tempo gasto, computado desde a Pousada do Zetinho, em Camanducaia/MG, até a Pousada Avenida, em Sapucaí-Mirim/MG: Aproximadamente, 9 h 30 min.


Clima: Ensolarado, variando a temperatura entre 12 e 24 graus.


Pernoite: Pousada Avenida: Cêntrica, simples, mas limpa! – Apartamento, com café da manhã - Preço: R$50,00.


Almoço: Cantina da Lurdinha: Excelente! – Preço: R$20,00, pode-se comer à vontade no sistema self-service.


Para visualizar essa trilha, gravada no aplicativo Wikiloc, acesse: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/zetinho-a-sapucai-mirim-26100713


AVALIAÇÃO PESSOAL: Uma etapa de grande extensão, agravada pela baixa umidade do ar, que vivenciamos nesse dia. Porém, trilhada em meio à exuberante e preservada natureza, que oferece ar puro e muita sombra no trajeto. Sem dúvidas, um dos trechos mais belos desse roteiro. No geral, um percurso quase todo em descenso, sem nenhuma intercorrência altimétrica. Porém, a amplitude da jornada exigiu bastante de nosso condicionamento físico, mormente, porque nesse dia carregávamos nossas respectivas mochilas às costas.