2023 – CAMINHOS DE SÃO TIAGO - 250 QUILÔMETROS

 

Depois? Depois o café esfria, depois a prioridade muda, depois o encanto se perde, depois o cedo fica tarde, depois a saudade passa... Depois tanta coisa muda... Não deixe nada para depois, porque, na espera do depois você pode perder os melhores momentos, as melhores experiências, e os melhores e mais sinceros sentimentos.” (Anônimo)

 

O “Caminhos São Tiago” é um percurso turístico, cultural, religioso, rural e tem como inspiração o místico Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. O roteiro parte do distrito de Santa Rita de Ouro Preto e tem como destino a cidade de São Tiago, no Campo das Vertentes. O projeto tem como gestores o Circuito do Ouro, Circuito Turístico Trilha dos Inconfidentes e Circuito Turístico Villas e Fazendas, e seu objetivo é fomentar o turismo e o comércio local, bem como valorizar a cultura e a história das 11 cidades integrantes do projeto, que são: Ouro Preto, Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete, Queluzito, Casa Grande, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada, Resende Costa, Coronel Xavier Chaves, Ritápolis e São Tiago. O trajeto entre Ouro Preto e São Tiago abrange 275 quilômetros, que poderão ser percorridos a pé ou de bicicleta, cavalo, motocicleta e outros veículos, pois é um convite a uma grande experiência.

Animado em experienciar novos roteiros, convidei o Vinícius meu parceiro e amigo para conhecer esse itinerário, assim, partindo de São Paulo, aportamos à cidade de Ouro Branco numa manhã escura, fria, nebulosa e, após retirarmos nosso Passaporte Peregrino no Hotel Verdes Mares, imediatamente, iniciamos nossa aventura pelas Alterosas.

Diante da igreja matriz de Ouro Branco/MG.

1º dia: OURO BRANCO/MG a CONSELHEIRO LAFAIETE/MG – 25 QUILÔMETROS

 

A jornada seria de média extensão, assim, após ingerirmos café numa padaria e bater fotos junto ao “Marco Zero” desse roteiro, imediatamente, iniciamos nossa “viagem”.

Depois de abandonar a zona urbana, e já caminhando em terra, enfrentamos um brusco ascenso, praticamente, o único do dia.

O profundo descenso pelo lado oposto foi por uma estrada vicinal asfaltada.

Depois de 6 quilômetros percorridos, acabamos por sair na rodovia MG-129, próximo da Fazenda Carreira, onde se encontra a casa de Tiradentes que faz parte da história da Inconfidência Mineira, porque, naquele local, ele e os revoltosos se encontravam.

Na sequência, caminhamos estressantes 6 quilômetros em piso asfáltico, por uma rodovia sem acostamento e que apresentava grande fluxo de veículos, um terrível e apreensivo sufoco.

No 11º quilômetro, passamos diante da Gameleira, árvore histórica, pois foi nela que uma das pernas de Tiradentes ficou exposta, após sua morte e esquartejamento no Rio de Janeiro, sendo que no local há também um monumento em sua memória, inaugurado no Bicentenário de sua execução, em 1992.

Logo depois, adentramos à esquerda, numa estrada de terra extremamente empoeirada e depois de engolir e aspirar muita poeira, chegamos à zona urbana, pelo bairro situado próximo do Morro da Mina.

A partir dali, por ruas ascendentes, seguimos até a igreja matriz dessa progressista cidade.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada que não apresenta praticamente nenhuma dificuldade altimétrica, no entanto, o trânsito pela rodovia sem acostamento dificultou bastante a caminhada desse dia. Ademais, o trecho final, em terra, se mostrou com muito pó no leito da estrada e acabei por aspirar e ingerir muita poeira. Já, rever a cidade de Conselheiro Lafaiete, onde residem 130 mil pessoas, configurou-se uma experiência extremamente gratificante, por sua beleza estética, simpatia e carinho com que seus filhos recebem os peregrinos.

HOSPEDAGEM: Hud’s Hotel – Apartamento individual excelente! Preço: R$110,00

Almoço no Restaurante do Supermercado Brasil – Excelente!

Algumas fotos dessa etapa:

Diante do "Marco Zero" deste Caminho, em Ouro Branco/MG.

Primeira flecha do roteiro, iniciando a caminhada.

Igreja matriz de Conselheiro Lafaiete/MG.

2º dia: CONSELHEIRO LAFAIETE/MG a QUELUZITO/MG – 28 QUILÔMETROS

 

Partimos às 5h30, sob um céu cravejado de estrelas, temperatura ao redor de 13ºC.

Os primeiros 5 km foram em zona urbana e em forte ascendência, porém, quando esta se findou, acessamos uma larga estrada de terra, erma e silenciosa, por onde seguimos em bom ritmo apreciando a beleza do entorno.

Sem maiores dificuldades, no 10º quilômetro, transitamos por São Gonçalo do Brandão, uma localidade da zona rural pertencente a Conselheiro Lafaiete, que tem suas origens no início do século XVIII, quando os portugueses Manoel Pereira Brandão e Bernardo Martins Pereira, por volta de 1.720, se fixaram nessas terras, e fundaram suas fazendas. O local chamava São Gonçalo do Camapuã, mas o nome atual é Brandão, por conta da presença da família nesse povoado, embora hoje seja raro pessoas com tal sobrenome no bairro. Ali há comércio e aproveitamos para ingerir um copo de café e adquirir um isotônico, pois a temperatura estava subindo rapidamente.

Na sequência, enveredamos por um trajeto deserto e levemente ascendente que, no 14º quilômetro, nos levou ao Alto da Pedra do Urubu, situado a 1.060 m de altura, de onde descortinavam estupendas paisagens no horizonte infinito.

Após rápido descenso e já próximo do rio Paraopeba, transitamos pelo bairro de São Sebastião do Maracujá onde, diferentemente do que esperávamos, não vimos comércio, assim, fizemos apenas uma pausa para fotografar a singela igrejinha que baliza esse marcante enclave.

E logo, por uma estrada empedrada e ascendente, aportamos em Queluzito, uma cidade linda, simpática e muito bem-cuidada, situada a 964 m de altitude, onde habitam 2 mil pessoas, nossa meta para aquele dia.

No início do século XVIII, os povoados foram surgindo em decorrência das expedições dos bandeirantes em busca de riquezas. As fazendas foram se erguendo em meio a abundante mata atlântica, às belas montanhas, rios e cachoeiras. Assim nasceu a pequena Queluzito. O arraial fundado na primeira metade do século XVIII recebeu como primeiro nome Santo Amaro. Foi Amaro Ribeiro quem construiu a primeira capela dedicada a Santo Amaro, cuja construção foi iniciada em 1.726, terminando doze anos depois. Um dos primeiros povoadores de Santo Amaro foi o Inconfidente José da Costa Oliveira, bisavô de Conselheiro Lafaiete Rodrigues Pereira. Seu nome é originado de uma pedra abundante na região, chamada de Queluzita. Esse epíteto foi alterado pelo prefeito da época, que decretou que a cidade deveria ser chamada de QUELUZITO.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de grande dimensão e com alguns entraves altimétricos de peso, mormente o aporte ao Alto da Pedra do Urubu. No entanto, após vencer a parte urbana inicial, o caminho se mostrou belíssimo e pleno de paisagens maravilhosas, lembrando que em São Gonçalo do Brandão, situado no 10º km, há comércio. Por sorte, o dia se manteve quase sempre nublado, facilitando sobremaneira nosso deslocamento.

HOSPEDAGEM: Restaurante, Churrascaria e Pousada São Sebastião – Apartamento individual simples, porém limpo e arejado - Preço: R$50,00 - Almoço no Restaurante da própria Pousada – Excelente!

Algumas fotos dessa etapa:

O Vinícius segue firme na trilha...

Sinalização excelente!

Igreja matriz e praça principal de Queluzito.

3º dia: QUELUZITO/MG a CASA GRANDE/MG – 15 QUILÔMETROS

 

Partimos às 6h, já com dia claro, descendemos por uma rodovia asfaltada, ultrapassamos o rio Paraopeba por uma ponte e, percorridos 1.700 metros, adentramos numa estrada de terra à direita, por onde seguimos num percurso hidratado, silencioso e plano, situado entre fazendas de gado leiteiro.

Foi um trajeto soberbo, porém, percorridos 4.500 m, voltamos a transitar pela rodovia e logo ultrapassamos o bairro Olaria, onde se destaca a igreja dedicada a São Pedro.

Contudo, alguns metros adiante, fletimos à esquerda, em ascenso, numa estrada de terra orlada por acolhedora mata nativa, onde valeu a pena cada metro caminhado, pelo magnífico entorno, que desfrutamos com imenso prazer.

Porém, percorridos 11 km, voltamos definitivamente a caminhar à beira da rodovia e nessa toada adentramos em Casa Grande, uma povoação situada a 1.041 m de altitude, onde residem 2.500 almas.

Sem pressa, fizemos uma pausa numa padaria para tomar café, depois prosseguimos até a Pousada de Dona Madalena, situada num local de maviosa beleza, onde nos hospedamos nesse dia.

À tarde, após merecida soneca e aproveitando o clima ameno, retornamos à cidade para visitar sua igreja matriz, recentemente reformada, cujo padroeiro é São Sebastião, bem como carimbar nosso Passaporte na Casa da Cultura.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de pequena dimensão e com estupendos visuais de montanha. Tirante a parte percorrida sobre piso asfáltico, por uma rodovia que não contém acostamento, o restante do percurso foi recheado de bucólicas paisagens.

HOSPEDAGEM: Pousada Casa Grande (dona Madalena) – Apartamento individual excelente, com café da manhã - Preço: R$90,00 – O estabelecimento oferece até piscina aos hóspedes! Destaque para a acolhida da proprietária e seu neto Bruno, pessoas extremamente hospitaleiras e carinhosas para com os peregrinos que ali aportam. Recomendo, com efusão!

Almoço no Restaurante e Churrascaria Casa Grande – Nota 10!

Algumas fotos desse dia:

Na trilha... muito frio!!

Chegando em Casa Grande/MG.

Igreja matriz de Casa Grande/MG.

4º dia: CASA GRANDE/MG a ENTRE RIO DE MINAS/MG – 29 QUILÔMETROS

 

Seria outra jornada de grande dimensão, assim, partimos bem cedo, após ingerirmos o profícuo café da manhã preparado por nossos anfitriões.

O primeiro trecho foi em lenta ascensão e percorridos 2.300 m, atingimos 1.063 m de altitude, o ponto de maior altimetria dessa jornada.

Prosseguimos ao modo cavaleiro de um extenso morro, rodeados por imensas plantações de milho, tendo à direita a bela serra do Camapuã nos ladeando.

Percorridos 10 km em ótimo ritmo, transitamos pelo distrito de Serra do Camapuã, cuja sede é Entre Rios de Minas, e onde há comércio.

A sequência foi por um caminho deserto e sombreado que, após mais alguns quilômetros, nos proporcionou passagem pelo bairro de Belchior, já em franco descenso, onde paramos em dois locais para trocar experiências com moradores locais.

No 14º quilômetro percorrido, nós transitamos próximos de uma das ermidas mais antigas de Minas Gerais: a Capela Olhos D'água, que pertence a primeira fase da arte colonial mineira. Com registros de construção desde 1.683, ela recebe fiéis até os dias atuais, com a celebração de missas e algumas festividades ao longo do ano.

Prosseguindo, tendo o belíssimo rio Camapuã a nos flanquear por um longo trecho, finalmente, após vencer extensa ladeira, acabamos por sair na rodovia MG-383, e foi caminhando sobre piso asfáltico, que 3 km adiante, nos levou ao nosso destino: a progressista cidade de Entre Rio de Minas, berço do famoso cavalo “Campolina”, que está situada a 950 m de altitude e possui, atualmente, 16 mil habitantes.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de grande extensão, mas sem maiores dificuldades altimétricas. Existe apenas um grande ascenso logo no início da jornada, depois, salvo raras exceções, tudo é praticamente plano, não oferecendo obstáculos ao caminhante. No global, um percurso de razoável amplitude, porém, afora os derradeiros 3 km percorridos sobre piso duro, um trajeto agradável, razoavelmente arborizado, de grande beleza e, em alguns trechos, integramente desabitado. É de se destacar a bela paisagem da Serra do Camapuã que acompanha o caminhante nesse roteiro pelo seu lado direito.

HOSPEDAGEM: Pousada das Pedras – Apartamento individual excelente, com café da manhã - Preço: R$85,00

Almoço no Restaurante Prathos de Minas – Excelente! Recomendo!

Algumas fotos desse dia:

Neste trecho o Caminho coincide com a Estrada Real.

Chegando em Entre Rios de Minas, berço do cavalo Campolina.

A belíssima igreja matriz de Entre Rios de Minas.

5º dia: ENTRE RIOS DE MINAS/MG a CACHOEIRA DOS FORROS (LAGOA DOURADA/MG) – 25 QUILÔMETROS

 

A jornada de Entre Rios de Minas e Lagoa Dourada está dimensionada em 51/52 quilômetros, assim, optamos por dividi-la, como forma de preservar nossa higidez; então, partimos às 5 h, ainda no escuro, após ingerir o farto café da manhã que o atendente noturno da pousada nos preparou.

O trajeto cortando as montanhas da região das vertentes, com seus aclives e declives de média intensidade, não exige tanto do caminhante e deixa o percurso bem agradável.

Além disto, encontramos um piso socado, o que nos proporcionou uma caminhada arejada e sem grandes dificuldades e, em muitos locais, estivemos ladeados por grandes culturas agrícolas, com ênfase para aveia e feijão.

Dessa forma, embora o itinerário, como de praxe em Minas, apresente constantes ascensos e rápidos descensos, não encontramos maiores entraves para vencer.

Lembrando que no 17º quilômetro, bairro Brumado, havia um bar em funcionamento, onde aproveitamos para tomar café e comprar água.

Na sequência, o percurso seguiu em leve ascenso e prosseguimos caminhando pela crista de um morro, com amplas e maviosas visões do entorno.

O final dessa etapa foi na Cachoeira dos Forros onde, após um providencial telefonema feito da casa do sr. Joel, pois não encontramos sinal de celular naquela área, o motorista contratado nos resgatou.

Telefone do prestativo taxista Lázaro, que muito recomendo: (31) 99902-5010

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de média dimensão e que não apresenta grandes dificuldades altimétricas, embora o “sobe e desce” seja constante. Destaque para o excelente piso socado e desprovido de pedras, que tornou nosso deslocamento extremamente produtivo. Acresça-se, que o dia permaneceu nublado, clima ameno, o que nos auxiliou bastante. De se ressaltar a beleza do entorno, com amplas vistas do horizonte e algumas matas nativas no percurso. No global, uma das etapas mais interessantes deste Caminho.

HOSPEDAGEM: Pousada das Pedras – Apartamento individual excelente, com café da manhã - Preço: R$85,00.

Almoço no Restaurante Prathos de Minas – Excelente!

Algumas fotos desse dia:

Caminho plano, silencioso e arejado...

Caminho lindo nesse dia..

Como de praxe, Caminho muito bem sinalizado.

6º dia: CACHOEIRA DOS FORROS (LAGOA DOURADA/MG) a LAGOA DOURADA/MG – 26 QUILÔMETROS

 

Conforme ficara combinado, após ingerirmos o supimpa café da manhã, às 5 h, nós embarcamos no táxi do Sr. Lázaro, que nos levou até a Cachoeira dos Forros, exatamente, no local onde encerráramos nossa jornada anterior.

Animados e já com o dia claro, iniciamos a etapa em forte ascensão, por um caminho orlado de fresca e hidratada mata nativa e, após percorrermos 6 quilômetros, atingimos 1.115 m de altura, o ponto de maior altimetria nesse percurso.

Após longo descenso pelo outro lado, no 10º km nós transitamos pelo povoado de Matatu, onde encontramos tudo fechado, porém, pudemos fotografar a bela capela ali existente, uma construção do ano de 1.962, cuja padroeira é Nossa Senhora da Piedade.

Prosseguindo, transitamos por locais ermos e de rara beleza, até que no 17º quilômetro, após superarmos acidentado descenso, nós ultrapassamos os trilhos da Ferrovia do Aço, também chamada de “ferrovia dos 1.000 dias”, cuja construção durou 5.140 dias, ao custo total de 4 bilhões de reais. Trata-se de uma ferrovia longitudinal, de bitola larga, com 354 km de extensão, que liga Itabirito/MG a Volta Redonda/RJ. Seu trajeto possui 81 túneis e 109 viadutos e pontes, entre eles o “Tunelão”, o maior túnel ferroviário do Brasil, com 8,6 quilômetros de extensão.

Após uma pausa para fotografar uma grande composição de vagões que trafegava pelo local, nós percorremos um trecho fascinante localizado no topo de uma serra, de onde detínhamos vistas soberbas do longínquo horizonte e, quase sempre, ladeados por vastas culturas de milho, aveia e feijão.

Infortunadamente, como nas jornadas pretéritas, em trechos específicos, geralmente há ascensos e descensos íngremes, mas aqui encontramos a estrada calçada por pedras alocadas aleatoriamente no chão, um risco enorme, por ensejar torções ou quedas em incautos caminhantes.

Restando 5 km para a chegada, seguimos em perene ascenso e, infelizmente, por uma estrada larga e poeirenta, onde o trânsito de veículos se mostrou carregado, afinal, estávamos num domingo, data em que a locomoção por este tipo de transporte se intensifica.

E foi sob sol forte e calor intenso que aportamos na cidade de Lagoa Dourada, berço do idolatrado “Jumento Pêga”, também, famosa por seu imperdível “Rocambole”, localizada a 1.080 m de altitude e onde residem 12 mil almas.


IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de média dimensão, e que não apresenta grandes dificuldades altimétricas. No percurso, imensas culturas agropecuárias, matas nativas e piso excelente, na maior parte do trajeto. Ainda, apresenta trechos ermos e silenciosos, um convite à introspecção. No global, uma das etapas mais belas e interessantes deste Caminho.

HOSPEDAGEM: Hotel Glória – Apartamento individual excelente! - Preço: R$75,00

Almoço no Restaurante e Pizzaria Italieno – Espetacular! Recomendo!!

Algumas fotos desse dia:

Caminho lindo também nesta etapa.

Frio e muita nebulosidade de manhã.

À tarde, após o almoço e uma necessária soneca, fomos experimentar o famoso rocambole de Lagoa Dourada. A cidade é conhecida pelos seus acepipes, que já contam com mais de 100 anos de história, desde que uma família libanesa se estabeleceu na cidade e iniciou a produção da iguaria. Existiram muitos percalços na história da família, mas o doce se firmou e há hoje até um festival do rocambole, que acontece em setembro. E, de fato, não fomos degustar o “famoso”, fomos ingerir o “Legítimo Rocambole” de Lagoa Dourada, pois é nesse estabelecimento que se produz o rocambole da família libanesa. Lá, além de saborear a iguaria nas suas versões mais celebradas, se pode ler a história da família. Dizem que a receita da massa ainda é a original e que os rocamboles são processados na mesma batedeira há mais de 100 anos. Na loja há um quadro com a história do rocambole, que eu transcrevo aqui:

Tudo começou com o casal Miguel Youssef do Líbano, estrangeiro, e sua esposa D. Dolores, lagoense, num bar central em Lagoa Dourada. Nesse local eram vendidos vários petiscos de fabricação própria, inclusive o rocambole. Com objetivos de melhorar o atendimento e atrair o interesse dos consumidores pelos produtos, o casal experimentou as receitas vindas da França. Daí o início do sucesso, destacando-se o rocambole. A cidade de Lagoa Dourada cresceu e ganhou a rodovia que liga São João Del Rei a Belo Horizonte, e com isso o “Legítimo Rocambole” ganhou notoriedade. Turistas e todas as pessoas que passagem pela cidade faziam questão de provar e levar o Legítimo Rocambole que agora era feito pelo filho Paulo Miguel do Líbano. Foi o neto Ricardo Youssef do Líbano que introduziu novos recheios e a fama do Legítimo Rocambole espalhou-se nacionalmente. Mantendo a mesma receita e a tradição de mais de 100 anos, o Legítimo Rocambole agora com Ricardo Youssef C. do Líbano e André Youssef C. do Líbano, orgulha-se de ter ajudado a projetar o nome de Lagoa Dourada no cenário nacional.

 

A INUSITADA “DIVISÃO DAS ÁGUAS”: Em Lagoa Dourada ocorre um fato especialíssimo na Praça das Vertentes. Pois ela foi idealizada para marcar uma particularidade na cidade e, também, um fenômeno único do Brasil: o divisor de águas de duas grandes bacias, dos rios São Francisco e Paraná, dentro de um perímetro urbano. Localiza-se no ponto da rua onde acontece essa divisão das águas. Assim, aquelas que vertem para o lado esquerdo da praça, seguem para o Rio Paraopeba, que é afluente do rio São Francisco e deságuam no nordeste do Brasil, na cidade de Piaçabuçu, localizada na divisa de Sergipe com Alagoas. Já as águas que correm para o lado direito, seguem outro caminho: vão para o rio Carandaí, que deságua no rio das Mortes, em seguida no rio Grande e depois no rio Paraná, e por fim vão ao encontro do oceano Atlântico, na Bacia do Prata, situada na divisa do Uruguai com a Argentina. Sensacional, né?

A igreja matriz de Lagoa Dourada, localizada na Praças das Vertentes, onde ocorre a divisão das águas.

A história do rocambole de Lagoa Dourada.

7º dia: LAGOA DOURADA a REZENDE COSTA/MG – 27 QUILÔMETROS

                                                          

Partimos às 5h30, sob intensa neblina, temperatura próxima de 12ºC, e a parte urbana caminhamos em forte ascenso, depois, prosseguimos à beira da rodovia MG-383, até que percorridos 2.400 m, finalmente, fletimos à direita e acessamos larga estrada de terra, ainda em leve aclive.

Prosseguindo, caminhados exatos 4 km, atingimos 1.178 m de altura, o ponto de maior altimetria dessa jornada, situado num local arejado e que nos propiciou amplas vistas no horizonte.

O descenso sequente exigiu extremo cuidado, pois foi feito sobre pedras alocadas aleatoriamente na trilha, bastantes lisas face ao gotejamento constante do massivo orvalho noturno acumulado nas folhas das árvores.

O trajeto seguiu silencioso, ermo e, em muitos locais, sob a fronde da mata nativa.

Após outro declive perigoso, nós voltamos a transpor os trilhos da Ferrovia do Aço, depois, mais abaixo, ascendemos por bom tempo sob um fresco bosque de eucaliptos.

O trecho sequente, extremamente arejado, nos permitiu devassar o horizonte em todas as direções, num percurso agradável e extremamente belo, pelas variação nas nuances de cores das paisagens circundantes.

Em determinado local, nós transitamos diante da entrada do Haras Luxor, depois prosseguimos em meio a outro fresco e espesso bosque de eucaliptos.

O ascenso sequente também foi trilhado em meio a formosa e fresca mata, culminando por outro grande descenso.
E quando restavam 5 km para a chegada, seguimos em contínuo aclive, até aportar diante da igreja matriz de Rezende Costa, cuja padroeira é Nossa Senhora da Penha.

Fiquei agradavelmente impressionado com a cidade, cuja população beira 12 mil habitantes, situada a 1.140 m de altitude, pela sua beleza, limpeza e organização, tanto que à tardezinha nos postamos no famoso “Mirante das Lajes” para apreciar o pôr do sol mais bonito da região.

Outro atrativo dessa espetacular localidade são os estabelecimentos que comercializam artesanato em tear, uma tradição na cidade, pois inúmeras lojas são familiares e muitas delas tem a produção no quintal de casa ou garagem.


IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de razoável dimensão e com alguns ascensos exigentes, mormente o derradeiro, quando do aporte à cidade. No entanto, trilhada em meio a exuberante natureza, com muitos trechos sob a fronte da mata nativa que, em alguns locais, se encontra integralmente preservada. Na minha modesta opinião, esta foi a etapa mais bela de todo o percurso, pela sua formosura, silêncio e ermosidade em vários entremeios.

HOSPEDAGEM: Pousada Mirante das Lajes – Apartamento individual excelente, com café da manhã - Preço: R$80,00

Almoço no Restaurante e Padaria Irassol – Ótimo! Recomendo!

Algumas fotos desse dia:

O Caminho é espetacular nesta etapa...

O roteiro segue infinito no horizonte...

O magnífico pôr do sol em Rezende Costa, desde o Mirante das Lajes.

8º dia: REZENDE COSTA/MG a CORONEL XAVIER CHAVES/MG – 16 QUILÔMETROS

 

A etapa seria de pequena dimensão, assim partimos às 6h30, depois de ingerir o variado café da manhã que a pousada nos proporcionou.

O primeiro trecho, em sua parte urbana, é integralmente em descenso, num trajeto fresco, fácil e agradável.

Já sobre terra, no 5º quilômetro enfrentamos leve ascenso, depois o trajeto prosseguiu integralmente plano, num percurso tranquilo, orlado por grandes fazendas, cenários incríveis e muitas residências de campo.

Sem muita pressa, o Vinícius e eu gastamos o tempo conversando sobre projetos futuros e apreciando a paisagem circundante, assim, quando tomamos pé da situação, já estávamos adentrando em Coronel Xavier (conhecida por Coroas), uma cidade que respira cultura e arte, pois há exposição a céu aberto nas praças e ruas adjacentes.

Seguindo por plácidas avenidas, logo aportamos diante de sua belíssima igreja matriz, cuja patrona é Nossa Senhora da Conceição.

Na verdade, a localidade nos encantou pela sua limpeza, conservação, e nos exibiu a vocação desse enclave: o artesanato em pedras, tanto que inúmeras esculturas estão espalhadas pela praça central, onde há também um jardim impecável e um coreto, adereço típico das cidadezinhas mineiras.

Além disso, “Coronel” que está situada a 930 m de altitude e conta com uma população de 3.300 almas, também se destaca no noticiário por ter sido eleito ali o melhor queijo minas artesanal do Estado e sediar em seu município uma cachaçaria com mais de 200 anos, reconhecida tanto no Brasil como no exterior pela qualidade de seu produto.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de diminuta dimensão e que não apresenta praticamente nenhuma dificuldade altimétrica, pois o trajeto é todo em descenso ou plano. E boa parte do percurso se situa entre fazendas de gado leiteiro e culturas de milho. No geral, uma jornada agradável e tranquila, com certeza, a mais fácil de todo o Caminho.

HOSPEDAGEM: Pousada Casa Amarela – Quarto individual bom, porém, com banheiro compartilhado - Preço: R$80,00

Almoço no Restaurante Sabores de Minas – Excelente!

Algumas fotos desse dia:

Antes de partir, visão desde o Mirante das Lajes, em Rezende Costa.

Paisagens surreais no trajeto...

Chegando em Coronel Xavier...

9º dia: CORONEL XAVIER CHAVES/MG a RITÁPOLIS/MG – 17 QUILÔMETROS

 

Seria outra jornada de parca dimensão, assim, partimos às 6h, depois de ingerir um supimpa café da manhã na Padaria Yaras.

O dia se encontrava frio e nebuloso, temperatura ao redor de 9ºC, o que nos forçou a caminhar forte para aquecer os músculos.

Logo na saída de “Coroas” nome que muitos carinhosamente nominam Coronel, passamos diante da cachaçaria e alambique Século XVIII, uma tradicional propriedade com mais de 200 anos e que ainda pertence à família do Inconfidente Tiradentes.

O trajeto seguiu integralmente plano por 4 km, quando enfrentamos um leve ascenso, logo depois de transpor o caudaloso rio Santo Antônio por uma ponte.

De se ressaltar que um pouco antes nós passamos diante da entrada para a Fazenda do Pombal, onde ainda existe as ruínas da casa onde nasceu Tiradentes, em 12 de novembro de 1746.

No 7º km nós transitamos pelo distrito de Glória, cuja sede é Ritápolis, onde observamos variado comércio.

Seguindo adiante, logo passamos pelo bairro da Prainha, também pertencente a Ritápolis, onde também avistamos bares.

O trecho sequente nos levou a fazer uma grande volta à esquerda para transitar por um eucaliptal e, em seguida, restando 3 km para a chegada, acessamos uma rodovia asfaltada em forte ascenso que, em seu final, nos levou à igreja matriz de Ritápolis, cuja patrona é Santa Rita de Cássia.

A cidade, que abriga 4.600 pessoas e está situada a 1.029 m de altitude, se encontrava engalanada para a festa de sua padroeira, que ocorreria alguns dias mais tarde, com pessoas trabalhando açodadamente na montagem de um palco para shows e barraquinhas comerciais variadas.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de pequena dimensão, e que apresenta alguma dificuldade altimétrica em seu trecho final, exatamente, no aporte à cidade de Ritápolis. Durante o percurso passamos por 2 extensos bairros, onde há comércio. O trajeto mesclou estradas de terra e alguns declives calçados por pedras irregulares, onde todo cuidado é pouco. Apenas, no final, caminhamos sobre piso asfáltico, contudo, por uma estrada vicinal de escasso tráfego de veículos. No global, uma jornada tranquila e sem grandes entraves altimétricos.

HOSPEDAGEM: Pousada Trilhas Novas – Apartamento individual excelente, com café da manhã - Preço: R$90,00.

Almoço no Restaurante Havana – Excelente!

Algumas fotos desse dia:

Ritápolis, cidade onde nasceu Tiradentes.

Igreja matriz de Ritápolis/MG.

Descanso merecido na Pousada Novas Trilhas, em Ritápolis/MG.

10º dia: RITÁPOLIS/MG a FAZENDA HOTEL CACHOEIRA (RITÁPOLIS/MG) – 17 QUILÔMETROS

 

A distância entre Ritápolis e São Tiago monta 42 quilômetros, assim, visando salvaguardar nossa saúde e disposição física, optamos por dividir esse percurso em 2 partes.

Dessa forma, como iríamos enfrentar uma jornada de pequena dimensão, partimos às 6 h, sob um frio terrível, temperatura ao redor de 9ºC, depois de ingerir um farto café da manhã que dona Marlene, a proprietária da pousada, nos preparou.

Os primeiros 7 km de caminhada foram por uma estrada levemente descendente, de piso socado, localizada entre grandes fazendas e algumas áreas de reflorestamento por eucaliptos, e no percurso passamos diante da majestosa cachoeira do Jaburu.

Depois, num difícil declive, em que precisamos nos precaver ao extremo, por conta de seu piso empedrado e irregular, convite certo para uma queda ou torções.

Na sequência, passamos a ascender, ininterruptamente, até o final, e nesse intermeio passamos por vários nichos de mata nativa, num trajeto fresco, silencioso e, alguns trechos, ermo ao extremo.

Também, no 13º quilômetro, atingimos a altitude de 1.108 m, o ponto de maior altura desse percurso.

Durante a caminhada visualizamos inúmeras fazendas de gado leiteiro, algumas de grande porte e massivo rebanho bovino.

E sem maiores dificuldades, atingimos a Fazenda Hotel Cachoeira, um estabelecimento grandioso e muito bem-recomendado onde, após fazer contato com o taxista Gerson “Bacana”, logo fomos resgatados.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de pequena dimensão, e que não apresenta grandes dificuldades altimétricas, a não ser em seu trecho final. No percurso, longos nichos de mata nativa, eucaliptais e grandes fazendas de gado leiteiro. Trata-se de um caminho de grande beleza e ermosidade. No global, trajeto agradável e com gosto de expectativas pela derradeira jornada.

HOSPEDAGEM: Pousada Trilhas Novas – Apartamento individual excelente, com café da manhã - Preço: R$90,00

Almoço no Salyia Restaurante – Espetacular!

Algumas fotos desse dia:

Muito frio e nebulosidade no início do dia.

Muito gado leiteiro nesta etapa.

11º dia: FAZENDA HOTEL CACHOEIRA (RITÁPOLIS/MG) a SÃO TIAGO/MG – 25 QUILÔMETROS

 

Finalmente, chegávamos à derradeira jornada, assim, depois de ingerir um profícuo café da manhã, embarcamos no veículo do taxista Gerson “Bacana” que, após 45 minutos de agradável viagem e interessantes informações, nos deixou diante da Fazenda Hotel Cachoeira, exatamente, o local onde encerrámos nosso périplo anterior.

A primeira parte do percurso repetiu-se tal a etapa anterior, com ascensos e descensos moderados, ladeados por plantações de eucaliptos e fazendas de gado bovino, lembrando que a temperatura baixa, na casa dos 10ºC, auxiliou bastante nosso deslocamento.

Percorridos 10 quilômetros, passamos a caminhar pelo topo de uma serra, de onde descortinavam belíssimas paisagens no entorno.

Infelizmente, no 15º quilômetro, um desvio nos direcionou para a rodovia BR-494 que, como de praxe em Minas Gerais, não contém acostamento e, ainda, apresentava mato alto em suas laterais.

Foram 5 km de autêntico sufoco e grandes riscos, pelo tráfego excessivo de veículos, porém, como não há mal que sempre dure, no 21º km fomos direcionadas para a esquerda, onde acessamos uma larga estrada de terra em ascendência, por onde seguimos aliviados, embora em perene aclividade.

E sem grandes novidades, adentramos em zona urbana e logo atingimos o nosso objetivo: a Praça do Forno, onde se encontra fincado o “Marco de Chegada” deste Caminho.

Então, após fotos e cumprimentos efusivos, seguimos até a igreja matriz da cidade, cujo padroeiro é São Tiago, onde, após orações, agradecimentos e novas fotos, demos por encerrado nosso périplo pelas Gerais.

O povoado, que se transformou no atual município, foi fundado por bandeirantes espanhóis no ano de 1.750. A cidade possui o nome de seu padroeiro, Santiago Maior. São Tiago é também conhecido por "Terra do Café com Biscoito". Está localizado na mesorregião do Campo das Vertentes, a cerca de 200 km da capital, Belo Horizonte. Sua população atual é de 11 mil habitantes. A habilidade para fazer quitutes variados é uma tradição que acompanha a trajetória do município. Por esta razão, recentemente, a indústria de produção de biscoitos se consolidou. Existem mais de 70 fábricas de biscoitos que empregam cerca de 2.500 pessoas direta ou indiretamente e a produção é de cerca de 200 toneladas/mês. Altitude:1.100 m.

 

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de média dimensão, e que apresenta alguns entraves altimétricos importantes, por conta do piso calçado com pedras irregulares. Porém, a passagem por locais de expressiva beleza foi a tônica em nosso deslocamento. No entanto, a partir do 15º km, o trânsito pela rodovia sem acostamento empanou, decisivamente, a jornada desse dia, pelo imenso risco que o caminhante corre, vez que há mato alto ladeando toda a extensão da rodovia. Nessa toada, caminha-se o tempo todo apreensivo com a segurança pessoal, porque o fluxo de veículos é intenso, o que produz inquietação. Também, o barulho ininterrupto vivenciado nesse trecho específico, faz com que nossa atenção se volte permanentemente para o exterior, desaparecendo, por conta disso, toda a introspecção e tranquilidade desfrutadas nas jornadas pretéritas. Contudo, a certeza da chegada ao nosso objetivo nos fortalece, mas, também nos angustia. Afinal, são os últimos momentos no Caminho e, por isso mesmo, tormentosos e desgastantes. Mas, ao mesmo tempo, inesquecíveis e de frenética emoção. 

HOSPEDAGEM: Hotel Lara – Apartamento individual excelente - Preço: R$90,00

Almoço no Restaurante Avalanche – Excelente!

Algumas fotos desse dia:

Caminho em descenso, visual fantástico!

Finalmente, diante do "Marco da Chegada", em São Tiago/MG.

Diante da igreja matriz de São Tiago/MG. 

Final de mais um Caminho!

O QUE NOS MOVE...

(Texto do amigo e peregrino Gilmar Oliveira, a quem eu agradeço de coração!)

 

Lá atrás...., andávamos léguas a pé, nossos antepassados davam seus passos rapidamente ou vagarosamente, na medida das suas necessidades, iam vencendo e deixando suas marcas, suas presenças.

Esse ir e vir, se alegrou com a chegada dos trilhos e trens, mas eles não estavam presentes em todos lugares, então, caminhar ainda era preciso, as obrigações, as entregas e as riquezas prosperavam nas passadas dos humanos.

A peregrinação e as descobertas do novos Caminhos eram motivos de júbilo e comemorações.

Você, meu Amigo, me remete aos desbravadores no sentido mais literal das palavras, a inquietação, a busca incessante por descobertas e por novas Chegadas.

Partir, ir, seguir, descobrir fazem as linhas do horizonte se tornarem próximas, mais aprazíveis, mais palpáveis.

Saúde, vigor, destemor e audácia talvez sejam as receitas e os tônicos para os sucessos de suas magníficas jornadas tão bem relatadas.

Um exemplo de determinação e ousadia, superando marcas, quebrando barreiras.

Oswaldo Buzzo, você nos inspira, com sua intrepidez e aventuras bem elaboradas.

Saúde sempre! Sucesso sempre!

Partir, ir, seguir, descobrir.... eis a minha saga peregrina!

FINAL

 

Mais importante do que a chegada é a caminhada, e não há caminho sem metamorfose: ela é a ponte que torna possível a nossa travessia até os novos continentes a serem descobertos dentro de nós.” (Kamila Behling)

 

“Caminhos de São Tiago é um dos maiores roteiros de Minas Gerais e abrange três circuitos turísticos: Circuito do Ouro, Circuito Villas e Fazendas de Minas e a Trilha dos Inconfidentes.

Partindo de Ouro Preto, mais especificamente do distrito de Santa Rita de Ouro Preto, o percurso se estende, em sua grande maioria, pelas áreas rurais dos municípios e vai impulsionar o turismo nas regiões, além de dar visibilidade à capital da pedra-sabão, Ouro Preto, e à capital do biscoito, São Tiago, também conhecida como terra do Café com Biscoito pelo grande número de fábricas de biscoito, que desempenham importante papel na economia local.

O trajeto que, atualmente, parte de Ouro Branco com destino a São Tiago, inclui mais oito municípios: Conselheiro Lafaiete, Queluzito, Casa Grande, Entre Rios de Minas, Lagoa Dourada, Resende Costa, Coronel Xavier Chaves e Ritápolis.

Os aproximadamente 250 quilômetros são sinalizados e podem ser percorridos a pé, a cavalo, de bicicleta, moto ou automóvel 4×4 ou com qualquer forma de locomoção alternativa.

Inspirado nos Caminhos de Santiago de Compostela, na Espanha, o Caminhos de São Tiago te convida para uma viagem ao passado dos tropeiros e inconfidentes, à cultura e à religiosidade das regiões Central e Campos das Vertentes, onde vivem cerca de 400 mil pessoas.

Nesse sentido, os viajantes poderão apreciar as paisagens naturais repletas de serras, rios e cachoeiras, assim como saborear a culinária tradicional, desfrutar da hospitalidade e artesanatos e ainda aprender mais sobre a história local.

Foi, então, com o objetivo de devassar esse novo trajeto turístico que viajei, novamente, ao Estado de Minas Gerais e não me arrependi, pois durante 11 dias desfrutei de paz, quietude, ar puro e, dentre outras benesses, da cordial afabilidade do povo mineiro.

Por derradeiro, um agradecimento especial ao Vinícius, amigo e parceiro que, com sua força física, bom humor e extremo companheirismo, muito concorreu para o sucesso desse nosso “giro” pelas Alterosas.

 

Bom Caminho a todos!

Maio/2023

Mais um belo Diploma, que guardarei com muito carinho!