2º dia – HOSPITAL DE BRUMA a SIGUEIRO – 26 quilômetros

2º dia – HOSPITAL DE BRUMA a SIGUEIRO – 26 quilômetros 

Corra atrás de seus sonhos. Pode ser uma longa jornada, mas o caminho está bem à sua frente.” 

A jornada seria bem menos extensa que a anterior e com poucas variações altimétricas, por isso não estava preocupado.

Ademais, as predições meteorológicas indicavam tempo bom para depois das 10 horas, com muito sol e temperatura à tarde, na casa dos 20 graus.

Sinceramente, até pensei em percorrer as duas etapas finais num dia só, contudo, resolvi pernoitar em Sigueiro, afinal, eu estava dentro do cronograma que planejara e não havia pressa de aportar em Santiago.

Dessa forma, levantei no horário costumeiro e, quando desci para entregar as chaves na portaria, surpreendentemente, já encontrei o bar em funcionamento.

Na verdade, seu proprietário me disse que abre o estabelecimento diariamente às 5 h da manhã, algo bastante raro na Espanha, onde tudo ganha vida plena, somente depois das 9 horas.

Dessa forma, aproveitando a ocasião, ingeri um café forte e quente.

Depois, animado e aquecido, pois a temperatura externa beirava os 13 ºC, deixei o local de pernoite, girei à esquerda, segui à beira da rodovia e, logo adiante, acessei uma estrada vicinal asfaltada que seguiu à esquerda.

O dia ainda não havia nascido e, logo adiante, na bifurcação, virei à direita e prossegui num ritmo confortável.

Aproximadamente, uns dois quilômetros percorridos, encontrei o primeiro “monjón” dessa etapa, então, virei à direita e segui por uma estrada vicinal asfaltada, localizada entre terras de cultivo.

Mais adiante, passei por O Seixo, depois, por uma pequena ponte, ultrapassei o riacho de Adrán, e transitei pelo povoado Cabeza de Lobo.

Prosseguindo minha jornada, encontrei uma série de esculturas postadas à beira do caminho e plasmadas por um artista local.

Dentre elas, uma imensa imagem do Santo Apóstolo, mas como ainda estava escuro, não pude fotografá-las.

Deixando esse “museu campestre”, ultrapassei, em sequência, inúmeras e minúsculas vilas, todas praticamente juntas, separadas apenas por pequenos espaços de terra, cujos nomes registro apenas por curiosidade: A Carreira, As Mámoas (topônimo que faz referência a algum túmulo funerário), A Fraga e O Porto.

Posteriormente veio Carballeira e, depois de transitar por um pinheiral, adentrei em A Rua, e logo passei diante da singela igreja de San Paio ou San Pelayo, com elementos românticos, e o seu santo, martirizado em Córdoba, com apenas 14 anos, pude observá-lo esculpido, em posição agonizante, no exterior da nave da Igreja.

Em seguida, ainda por asfalto, passei por Vilariño e, depois de ultrapassar a Casa Rural Xulian Vieiras, virei à direita e transitei por um lindo túnel de loureiros.

Nesse trecho, caminha-se entre dois barrancos, porque, certamente, o trânsito milenar dos peregrinos provocou erosão, desgastando o piso em terra.

A neblina vespertina se dispersara e o sol, finalmente, deu o ar da graça e isto acabou por iluminar a bucólica trilha por onde eu caminhava.

Uma senhora fazia sua caminhada matinal e indaguei-lhe sobre minha localização e isto foi motivo para uma agradável conversa, que perdurou por quase 15 minutos, até que ela se despediu a adentrou numa casa próxima.

Mais abaixo, transitei por algum tempo em asfalto, porém, logo girei à direita e adentrei em outra belíssima e frondosa trilha, na maior parte de sua extensão.

Mais adiante, voltei a caminhar em piso asfáltico, mas por pouco tempo, porque depois de uma curva fechada à direita, retornei a uma trilha ornada por loureiros.

Vencido outro verde bosque, percorridos 18 quilômetros, eu ultrapassei a Rodovia Nacional por um túnel e, cerca de 50 metros adiante, numa curva de noventa graus, adentrei a uma larga estrada nominada “Ruta do Camiño Real”, que seguiu próximo da rodovia.

Trata-se de uma longa reta, situada entre abundante arvoredo, por onde segui escoteiro.

Nesse trecho de aproximadamente 5 quilômetros, não avistei vivalma, e nenhum veículo me ultrapassou, porém esse trajeto foi modificado em relação àquele que percorri em 2015.

Infelizmente, o silêncio do roteiro anterior deu lugar ao barulho dos veículos que trafegam a poucos metros do Caminho, mas acredito que a mudança tenha ocorrido por algum motivo imperioso.

Nesse trecho a vegetação também é luxuriante, com árvores de grande porte, tudo atestando a excelência da terra.

Caminhei, aproximadamente, uma hora por esse paraíso ecológico, antes de avistar o Polígono Industrial do Sigueiro.

Prossegui já em zona urbana, e logo adentrava na urbe através de um bem cuidado parque em que pude ver de tudo: rio, árvores, flores, crianças brincando, pessoas passeando, outras sentadas apenas observando o ambiente.

Tudo isto quase no centro da simpática povoação.

Numa rua lateral tomei informações com uma prestativa senhora, e logo aportava ao Sigueiro Hostel, onde havia feito reserva.

Ali, incluso o café da manhã, fiquei alojado num apartamento individual novo, confortável e extremamente bem decorado.

Para almoçar, utilizei os serviços do restaurante Mirás, onde degustei um apetitoso “menú del dia”, por apenas 9 euros. 

Algumas fotos do percurso desse dia:

Igreja de San Pàio.

Retornaram os bosques.

Sendas maravilhosas...

Trilha matosa, fresca e sombreada.

Um curioso cruzeiro jacobeu.

Os túneis de vegetação prosseguem.

Caminho lindo nesse trecho.

Uma fonte no "Caminho Real".

Caminho plano e sombreado.

Quase chegando ao Polígono Industrial.

O Caminho Inglês em Sigueiro.

Local onde pernoitei nesse dia.

Depois da necessária soneca da tarde, dei uma volta pela cidadezinha, cuja população atual gira em torno de 3.800 pessoas.

Então, aproveitei para conhecer o entorno e, na sequência, ultrapassei o belíssimo rio Tambre por uma ponte medieval e, já do outro lado, segui as flechas amarelas até a igreja de Santo André da Barciela, por onde prosseguiria na etapa do dia seguinte.

No retorno, ainda percorri duas diminutas praças, antes de ir ao supermercado me prover de víveres para o lanche noturno.

Eu estava um tanto ansioso por aportar novamente em Santiago, porquanto, em seguida, regressaria ao meu lar, do qual já estava saudoso.

Assim, como de praxe, me recolhi cedo, já prelibando o final da etapa sequente. 

Sinalização numa rua de Sigueiro.

RESUMO DO DIA - Tempo gasto, computado desde o Hostal O Mesón Novo, em O Mesón do Vento, até o Albergue Sigueiro, em Sigueiro: 6 h.

Clima: Ensolarado mas agradável, variando a temperatura entre 13 e 20 graus.

Pernoite: Sigueiro Hostel - Apartamento individual: Excelente!

Almoço no Restaurante Mirás: Excelente! - Preço: 10 euros.

IMPRESSÃO PESSOAL: Trata-se de uma etapa de média extensão, mas que não apresenta nenhum tipo de dificuldade altimétrica. Possui alguns trechos em asfalto, porém a maior parte de seu percurso se dá em terra batida, entre frondosos bosques de pinheiros e loureiros. O trecho final, pelo Caminho Real, foi o ponto alto dessa jornada, porque trilhado em meio a frondosas árvores. No global, um trajeto pleno de verde e com belíssimos sendeiros.