1º dia: BORBOREMA a ITÁPOLIS – 31 quilômetros

1º dia: BORBOREMA a ITÁPOLIS – 31 quilômetros

“A luz que me guia é bem mais forte do que os olhos que me cercam.”

A etapa inaugural seria extensa, assim, às 5 h, depois de ingerir um copo de café, gentilmente, preparado pelo proprietário do hotel, dei início à jornada do dia.

Para tanto, seguindo as flechas amarela, descendi até o centro da localidade, transitei diante da igreja matriz, perpassei em bairros periféricos e, percorridos, aproximadamente, 3 quilômetros, passei a caminhar sobre terra.

E, assim que a iluminação urbana cessou, eu liguei minha lanterna de mão e segui adiante intimorato.

Quatro jovens corriam próximo a um parque esportivo, dando continuados piques, e quando com eles cruzei, me saudaram com efusão.

A via larga e, praticamente, toda plana, que se abriu à frente, me levou a caminhar entre imensos canaviais, uma tônica nesse trajeto, bem como nos percursos sequenciais.

Lentamente, o dia clareou e eu prossegui animado, embora a estiagem se fizesse presente na região há semanas, deixando tudo seco no entorno, além de uma farta camada de areia fofa no leito da estrada.

Por sorte o trânsito de veículos se mostrou incipiente e sem maiores dificuldades, fui vencendo as distâncias, enquanto fazia minhas orações de agradecimento ao Criador.

No trajeto, passei diante de casas situadas à beira do Caminho, contudo, a maior parte se encontrava fechada ou abandonada.

Assim, é necessário levar água suficiente para todo o percurso, porque não visualizei locais onde pudesse, se necessário, adquirir o precioso líquido, pois também não há comércio nesse intermeio.

Seguiram-se, continuamente, enormes traçados retilíneos, podendo eu avistar muitos quilômetros à frente.

Em alguns locais, porém, com raridade, encontrei laranjais, resquícios da antiga cultura que imperava na região, pois Itápolis, tempos atrás, era considerada a “Capital Mundial da Laranja”.

Apenas para recordar, este título primeiramente pertenceu a Limeira, depois, com o avanço da cana-de-açúcar nesse município, o título passou para Itápolis.

Presentemente, o cetro está com Araraquara, posto que mesmo na época em que Itápolis era a capital, o município de Araraquara já era campeão na exportação de suco concentrado de laranja, abrigando as duas maiores empresas de suco.

Prosseguindo, numa baixada, um automóvel me ultrapassou, depois parou no acostamento e ficou me aguardar.

Seu condutor, um jovem ciclista, o Willian Felipe, gentilmente, me cumprimentou, e passamos uns 15 minutos cotejando agradáveis experiências sobre o roteiro, o suficiente para, à noite, fazermos contato via Whatsap.

Situações singelas, porém inesquecíveis, que só acontecem aos peregrinos entusiastas do Caminho da Fé.

Quase no final da jornada, o trânsito se intensificou e aspirei bastante poeira, entretanto, logo acessei uma estrada asfaltada e por ela, sem maiores intercorrências, cheguei ao centro da cidade de Itápolis, minha meta para esse dia.

O sol já agredia com vigor, fazia um calor opressivo, assim, busquei abrigo no local de pernoite e após um refrescante banho, já me sentia, novamente, reenergizado.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Fundada em 1862, Itápolis é uma típica cidade do interior do Estado de São Paulo, possuindo clima ameno, belas paisagens, povo hospitaleiro e boa culinária.

Itápolis, que faz parte da Rota XXX Caminhos da Fé é referência na Aviação Civil, com um dos melhores Aeroclubes do Brasil e uma Escola de Aviação Civil classificada como uma das melhores da América Latina, detentora hoje do status de Faculdade de Aviação Civil.

Excelência na produção de sorvete, Itápolis foi destacada recentemente pela TV Tem (Globo de Bauru), como a “Capital do Sorvete”. Neste segmento, tem ainda como destaque, mais de 400 famílias de sorveteiros proprietários de estabelecimentos instalados em diversos estados do país.

Pela área central da cidade o peregrino se depara com igrejas das três Paróquias do Município, destacando-se a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, da década de 1905, que tem como destaque o seu interior com suas paredes, teto e vitrais, com referências bíblicas, pintados por artistas de renome internacional, além de um órgão de tubos italiano com mais 100 anos, sendo um dos três remanescentes no Brasil e um Altar-Mor esculpido a mão, em madeira de lei, uma verdadeira obra de arte instalado em 22 de maio de 1922.

Existem duas praças públicas, onde na Praça Alferes Pedro Alves de Oliveira, fundador da cidade, tendo um monumento em sua homenagem e um outro em homenagem ao ilustre itapolitano, Dr. Valentim Gentil, presidente da Assembleia Constituinte do Estado de São Paulo, quando da elaboração da Constituição de 1947; possui ainda um marco sobre o Tratado de Tordesilhas, que passava pelo município, além de um lindo Belvedere.

Na Praça Roberto Del Guercio, o peregrino encontrará um lindo Coreto e um busto de José Fortuna, grande poeta, expoente da música sertaneja raiz, ilustre filho de Itápolis.

Um pouco mais afastado do roteiro, o peregrino poderá ver, ao entardecer, o voo das garças no Parque Ecológico Boa Vista.

Ainda próximo ao roteiro, poderá se deparar com um prédio histórico, da década de 1930, onde hoje funciona a Câmara Municipal da cidade.

Nas tardes de sexta feira, a feira livre se instala na Praça Roberto Del Guercio, onde é possível comprar direto do produtor: legumes, verduras, frutas, além do tradicional pastel e caldo de cana.

População: Pouco mais de 40 mil habitantes.

Fonte: www.caminhodafé.com.br

RESUMO DO DIA - RESUMO DO DIA - Clima: Nublado no início, depois, ensolarado, variando a temperatura entre 14 e 24 graus.

Pernoite: Galeria Park Hotel - Cêntrico - Apartamento individual excelente - Preço: R$ 79,00;

Almoço: Restaurante da Mamma - Ótimo! Preço: R$ 42,00 o kg, sem sistema de autoatendimento.

AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma jornada de grande extensão e, praticamente, toda plana. Infelizmente, a estiagem grassava na região e encontrei tudo ressequido no entorno, embora, em raros trechos, tenha caminhado sob cobertura arbórea. Porém, a tônica são os imensos canaviais a ladear o caminhante em todo o trajeto. Encontrei, também, trechos extremamente arenosos, o que dificultaram, sobremaneira, meu deslocamento. No global, uma etapa erma e silenciosa, com belos visuais verdes no horizonte. De se elogiar a venustidade da igreja matriz de Itápolis, uma das mais belas que já conheci em minha vida peregrina.