07ª etapa: MONTE SANTO DE MINAS/MG a ARCEBURGO/MG – 31 QUILÔMETROS

7ª etapa: MONTE SANTO DE MINAS/MG a ARCEBURGO/MG – 31 QUILÔMETROS

Tudo vai dar certo. Não é otimismo, é fé.

Seria outra jornada de grande extensão, por isso deixei o local de pernoite às 5 h, caminhei algum tempo em zona urbana, depois, acessei larga e descendente estrada de terra, ainda bastante úmida pela chuva recente, por onde segui extremamente animado, enquanto o dia clareava.

Nesse primeiro trecho passei por inúmeras chácaras e fazendas, quase sempre, sobre terra sedimentada e sem pedras, excelente para caminhar.

O dia permaneceu nublado e eu fui vencendo as distâncias sem grande esforço, percorrendo imensos e ermos retões vazios.

Novamente, eu era um peregrino solitário, seguindo um caminho deserto e silencioso rumo ao desconhecido.

Em certo trecho, trilhado sob frondoso nicho de mata nativa, tive a feliz oportunidade de observar um bando de tucanos se banqueteando numa fruteira.

Estar longe da cidade, rodeado pela exuberante natureza, desperta em mim um intenso sentimento de liberdade.

E meu pensamento se acomoda tranquilo dentro do meu ser e, enquanto sigo em frente, quase sem descanso, minha memória vai captando imagens desta aventura excepcional.

Embora eu tenha perpassado por eucaliptais e bosques, na maior parte do trajeto caminhei por locais arejados, rodeado por pastagens, cafezais e culturas diversificadas.

Descendo pela estrada, fui ultrapassado por dois ciclistas, Geraldo e Marcelo, que faziam seu pedal matinal e já haviam percorrido o Caminho da Fé até Aparecida.

Como é costume, trocamos as conversas de peregrinos, os três felizes por fazer um rápido intervalo na imensidão das planícies à nossa volta.

Nesse pique, percorridos 18.500 metros, depois de vencer curto ascenso, passei pelo distrito de Milagre, cuja sede é Monte Santo de Minas, um povoado de razoável dimensão e onde há comércio variado.

Ali, após breve visita à igrejinha local cuja patrona é Nossa Senhora dos Milagres, fiz uma pausa numa padaria para descansar e ingerir um gostoso pão de queijo com um copo de café, o que muito me refortaleceu.

Aproveitando a ocasião, comprei água, me hidratei, depois prossegui em minha odisseia.

O trecho sequente, também bastante ermo e silencioso, levou-me novamente a vencer grandes estirões retilíneos, situados em meio a bucólicas paisagens, num trajeto, praticamente todo plano e ermo.

O sol finalmente deu as caras e logo ficou insuportável, face ao mormaço que eu vivenciava na trilha sem sombras.

Quase chegando ao destino final e depois de ultrapassar um riacho por uma ponte, precisei suplantar dois quilômetros em ascenso antes de adentrar em zona urbana, e em vista do cansaço acumulado, aportei ao local de pernoite bastante extenuado e sedento.

Dona Cecília, a proprietária de Hotel David onde me hospedei, é uma senhora simpática e atenciosa, sempre pronta a auxiliar seus hóspedes, e se eles forem peregrinos sua dedicação é dobrada.

Por isso, quero consignar meu eterno agradecimento por sua afabilidade e ajuda na resolução de meus problemas imediatos naquela localidade.

Algumas fotos do trajeto desse dia:

Caminho reto e plano, a tônica desse dia.

Caminho integralmente deserto..

Um arco-íris no céu, do lado direito.

Em descenso sob muito silêncio e ermosidade.

Em descenso, horizonte longínquo.

Flores na estrada...

Depois de ultrapassar o distrito de Milagre, o caminho prossegue plano e reto.

Em descenso, caminho deserto e vazio.

Quase chegando... caminho silencioso nesse dia.

A igreja matriz de Arceburgo/MG.

A igreja matriz de Arceburgo/MG, de outro ângulo.

O interior de belíssima igreja matriz de Arceburgo/MG.

RESUMO DO DIA: Clima: Frio de manhã, depois nublado / ensolarado, variando a temperatura entre 16 e 25 graus.

Pernoite no Hotel David: Apartamento individual excelente! Preço: R $ 65,00.

Almoço no Restaurante Kaisen: Ótimo! - Preço: Por R $ 16,00 pode-se comer à vontade no sistema de autoatendimento.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de grande extensão, quase toda plana ou em descenso, e que apresenta apenas um pequeno obstáculo altimétrico a ser superado, quase em seu final. Caminha-se, quase sempre, por estradas arejadas, em meio a imensas plantações ou pastagens. A natureza também se revelou exuberante no entorno, com variadas culturas agrícolas, tudo concorrendo para um trajeto silencioso e ermo, em quase todo o caminho. Por sorte, no 19º quilômetro se atravessa o distrito de Milagre, onde há variado comércio. No global, uma etapa de superação, mas de infinita beleza.