MINHA VIAGEM

MINHA VIAGEM

“Não tenho um caminho novo. O que eu tenho é um jeito novo de caminhar.” (Thiago de Melo) 

 

Após várias pesquisas feitas na “internet”, emergiu um problema em meu planejamento inicial, pois cheguei à conclusão de que eu não deveria percorrer esse roteiro sozinho, levando minha mochila às costas, em vista de iminente risco de assaltos em alguns locais específicos.

Depoimentos colhidos no próprio site do caminho davam conta desse empecilho já vivenciado por peregrinos, anteriormente.

Há notícias de pessoas que foram rapinadas, perdendo todos os seus pertences, bem como de outros que, embora não tivessem passado por esse infortúnio, estiveram à beira do desditoso acontecimento.

Assim, após consultar alguns amigos, soube de um grupo de pessoas, oriundas de Santo André, que iria fazer esse trajeto na mesma data que eu, contando com um carro de apoio para transportar sua bagagem.

Após um telefonema para a agência de viagens que organizava tal excursão, ficou acertado que nossos pernoites ocorreriam sempre no mesmo estabelecimento.

E, mediante o pagamento de um valor previamente acordado, o motorista do veículo ficaria responsável por conduzir minha mochila, ficando eu livre para caminhar no horário que melhor me aprouvesse, levando apenas o imprescindível para a jornada do dia.

Assim resolvido, tomei um ônibus em São Paulo e, às 12 horas, chegava à Peruíbe, marco inicial do caminho.

Rapidamente me hospedei no Hotel Xapuri, depois sai para almoçar.

A história de Peruíbe está intimamente ligada ao estabelecimento dos padres jesuítas pelo nosso litoral.

Em 1.549, chegou o Padre Leonardo Nunes para fazer a catequese dos índios, no local onde já havia sido construída a Igreja de São João Batista.

Os indígenas o apelidaram de "Abarebebê” (Padre Voador), pois ele parecia estar em vários locais ao mesmo tempo.

Restos desta Igreja são conhecidos hoje como Ruínas do Abarebebê.

Em 1.554, foi a vez do Padre José de Anchieta chegar ao aldeamento.

Em 1.640, passou a ser conhecida como Aldeia de São João Batista e, em 1.789, os padres jesuítas foram expulsos do Brasil.

A aldeia abandonada entrou em franco declínio, tornando-se uma pacata vila de pescadores, sempre submetida ao município de Itanhaém.” 

(extraído do site www.caminhasaopaulo.com.br)

 

Finda a lauta refeição, me dirigi ao Departamento de Turismo da cidade, e ali, após a apresentação do cadastro que havia preenchido virtualmente, recebi um cartão personalizado, que serve para identificação do caminhante.

Ele contém um chip que, ao transitar pelos pórticos eletrônicos espalhados pela rota oficial, registra a passagem na página pessoal do usuário, inserta no site do caminho.

6/7/2012 14:55:58 - Portico: 1 - 1º Pórtico Eletrônico: Mercado de Peixes (Peruíbe)

Na sequência, segui até o pórtico inicial, que fica ao lado do Mercado Municipal de Peixes, e ali fiz o primeiro registro, utilizando meu cartão de caminhante “inteligente”.

Naquele local há, também, uma placa que orienta o peregrino a seguir pela orla.

A recomendação do Guia do Caminhante, retirado junto com o Cartão em um dos postos de emissão indicados no portal www.caminhasaopaulo.com.br, é realizar o percurso pela praia, e as setas existentes, ao longo de toda a rota, indicam o caminho.

Pausas, para contemplar e conhecer um pouco mais sobre as cidades, são permitidas, sinalizadas e incentivadas.

Assim, para quem tem tempo e disposição, vale a pena visitar o Aquário Municipal da cidade, localizado a poucos metros do mercado de peixes.

Bem ao lado, está o Lamário, onde o turista pode desfrutar dos benefícios terapêuticos da tradicional lama negra de Peruíbe.

A lama negra (argila crenológica) foi criada pela ação vulcânica e se formou através da fusão com a água do mar, matérias orgânicas e inorgânicas resultantes de processos geológicos e biológicos.

O lodo escuro, com forte odor de enxofre, é indicado para: artropatia crônica degenerativa, artrite reumatoide, gota, reumatismo não articular, fribromiosite, mialgias, nevrites, afecções vasculares periféricas, dermatites, caspa, seborreia de couro cabeludo, acnes, manchas de pele, rugas, celulites, entre outras.

Mais tarde, fiz uma rápida visita a um dos principais pontos históricos da cidade, as Ruínas do Abarebebê, um patrimônio histórico do século XVI, que retrata a catequização indígena da região.

São ainda visíveis partes da igreja de São João Batista, cuja visitação é monitorada e conta com painéis explicativos, na linda área verde do entorno dos escombros que ali restaram.

À noite, optei por um singelo lanche e logo me recolhi, já prelibando a aventura que iniciaria no dia seguinte.

Porém, antes de deitar, como forma de energizar meu estado de espírito e pedir proteção ao Altíssimo, li atentamente o salmo 22, que diz:

 

“O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.

Pelos prados e campinas verdejantes, ele me leva a descansar.

Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças.

Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome.

Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei;

Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!

Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo;

E com óleo vós ungis minha cabeça; o meu cálice transborda.

Felicidade e todo bem há de seguir-me, por toda a minha vida;

E na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.”

 

                       

A HISTÓRIA DESTE CAMINHO

 

“O caminho que você tem que trilhar, você tem que trilhar sozinho; mas saber que tantas pessoas estão caminhando sozinhas, dá-nos uma coragem imensa.” (Osho – A Sabedoria das Areias)

 

Um novo roteiro turístico, que contempla todo o litoral paulista, pode vir a se tornar uma das grandes atrações da região.

É o caminho Passos dos Jesuítas – Anchieta, com início em Peruíbe, no litoral sul, e término em Ubatuba, no litoral norte.

A caminhada passa por 13 cidades, num percurso de 360 quilômetros repleto de muita beleza, história e fé.

Durante todo o percurso, os caminhantes são orientados por placas informando os principais pontos turísticos e religiosos.

A expectativa da Secretaria de Turismo do estado de São Paulo, que lançou o projeto em setembro de 2.011, é de que o roteiro atraia cerca de 10 mil peregrinos por ano.

O secretário de Turismo Márcio França, na ocasião, disse que o programa foi inspirado no caminho de Santiago de Compostela, na Espanha.

Para maiores informações, acesse o portal: www.caminhasaopaulo.com.br 

(extraído do blog: www.beachco.com.br).

 

Conhecendo um pouco do Padre José de Anchieta:

 

“Nasceu em 19 de março de 1.534, em La Laguna, Tenerife, na região das Ilhas Canárias, na Espanha.

Filho de uma família de guerreiros, um de seus irmãos defendeu o estandarte de Tércios de Flandres, que lutava pela unidade religiosa nos campos da Espanha.

Anchieta era destinado a ser soldado, mas seu pai, vendo o menino acanhado e recitando poesias em latim, reconheceu que ele não manifestava a mínima aptidão para a carreira militar. 

Matriculou-o, então, no Colégio das Artes da Companhia de Jesus, em Portugal.

A disciplina e a noção do dever dos jesuítas deveriam bastar à formação do garoto.

Seria a culminação de um percurso religioso que começou aos 14 anos, quando foi para o colégio em Coimbra.

Tinha tanta facilidade em compor versos, quanto problemas, por sua fraca saúde, que necessitava sempre de cuidados.

Desembarcou em Salvador/BA em 13 de julho de 1.553 e viveu  aqui por 44 anos.

Chegou à Capitania de São Vicente em 24 de dezembro de 1.554, região que habitou e amou profundamente.

Depois, perambulou pelo Litoral Paulista, catequizando índios, batizando e ensinando.

Era catequista, teatrólogo, poeta e enfermeiro.

Foi chamado de “Homem Santo” e “O Apóstolo do Brasil”.

Faleceu em 09 de junho de 1.597, em Reritiba, povoação fundada por ele, hoje cidade de Anchieta, no Estado do Espírito Santo.”

1ª dia – PERUÍBE à ITANHAÉM