05º dia: FAZENDA TRAITUBA (CRUZÍLIA) a CRUZÍLIA – 38 quilômetros

05º dia: FAZENDA TRAITUBA (CRUZÍLIA) a CRUZÍLIA – 38 quilômetros

Todos temos dentro de nós uma reserva de força insuspeita que emerge quando a vida nos coloca à prova.” (Isabel Allende)


Nessa etapa, o traçado do CRER e da Estrada Real também são coincidentes.

A jornada desse dia seria difícil, de grande extensão e, de acordo com a previsão meteorológica, o sol e calor novamente eram meus companheiros inseparáveis ​​durante a viagem.

Dessa forma, me levantei às 3 horas, ingeri barras de cereais e frutas, depois desci para aguardar um taxista, pois havia combinado de sairmos às 4 horas.

Exatamente no horário aprazado o táxi apareceu e seguimos em direção à Fazenda Traituba, 35 quilômetros à frente.

A viagem foi calma e tranquila e às 4 h 50 min chegamos ao destino.

Porém, eu aspirara muita poeira e fora castigado pelo sol na etapa anterior, assim, me encontrava afônico e com os pulmões sublevados.

Já sabendo que repetiria o trajeto da Estrada Real, que percorrera em 2016, e complete minha higidez, resolvi modificar meus planos e pedi ao taxista para prosseguir por mais alguns milhas, até a ponte existente sobre o ribeirão Ingá, muito próximo da Fazenda Narciso .

Daquele local até a cidade de Cruzília restavam 20 milhas para eu caminhar.

Eu desci, paguei a quantia combinada e, exatamente, às 5 h 30 min, mochila afivelada, cajado numa mão, lanterna na outra, dei início à jornada daquele dia.

Tudo se encontrava escuro e o silêncio só era quebrado pelo cantar de galos e dos pássaros madrugadores.

Esse trecho derradeiro contém alguns ascensos e descensos, mas nada muito agressivo.

Dessa forma, progredi sem pressa e fiz algumas pausas após as 8 h, quando o trânsito de veículos se intensificou.

Mas, sem maiores empecilhos, no final de um forte declive eu acessei a rodovia que liga Minduri a Cruzília e segui caminhando mais 5 milhas até meu destino final.

Algumas fotos do percurso desse dia :

Outro dia nascendo...

Muita nebulosidade sobre o curso do rio Ingá.

Estrada plana e ainda sob forte cerração.

Finalmente, ainda que atrasado, o sol apareceu.

Grandes retões, tudo seco, paisagem árida.

Nesse trecho, eucaliptos orlam os dois lados da estrada.

Quase chegando à rodovia asfaltada...

Chegando em Cruzília/MG.

igreja matriz de Cruzília/MG, cujo padroeiro é São Sebastião.

Cruzília – “terra da Cruz”. O primitivo nome da localidade foi encruzilhada. Originou este nome o fato de o povoado localizar-se ao lado da encruzilhada formada por duas importantes estradas no período colonial, que ligavam os municípios de São João Del Rei e Aiuruoca e Rio de Janeiro à região aurífera de Minas Gerais.

Localizada no Sul de Minas, Cruzília pertence ao Caminho Velho da Estrada Real, sendo conhecida por suas fazendas centenárias, por ser o berço dos cavalos da raça Mangalarga Marchador e sua indústria de móveis e queijos.

Os primeiros habitantes da região foram os faiscadores de ouro vindos provavelmente da província de São Paulo, e que exploraram o metal de aluvião encontrado nas encostas de morros nas margens de córregos da zona.

Ainda hoje, constituem testemunhas da presença daqueles desbravadores várias escavações existentes nas margens de córregos do território municipal.

Só após a fase de mineração de ouro, chegaram os primeiros agricultores e senhores de escravos.

No século 19 (1828), o viajante francês Saint-Hilaire cita em seu livro o povoado de “Encruzilhada” como originário do sítio de Manuel de Sá. Por causa da capela em homenagem a São Sebastião construída nas proximidades do sítio, o local passa a ser chamado de São Sebastião da Encruzilhada.

Cruzília é conhecida como o Berço do Cavalo Mangalarga Marchador.

Interior da igreja matriz de Cruzília/MG.

Na Fazenda Campo Alegre, por volta de 1812, Gabriel Francisco Junqueira, o "Barão de Alfenas", ganhou de D. João VI um garanhão da raça Alter Real e iniciou sua criação de cavalos, cruzando este garanhão com as éguas comuns de sua fazenda.

Dezenas de haras estão espalhados pelo município, alguns em fazendas centenárias, carregadas de histórias e cultura.

No final do mês de Agosto acontece anualmente, no Complexo Humano da Ventania, a Copa de Marcha do Sul de Minas.

A fabricação de queijos finos levou Cruzília à liderança do Ranking Nacional dos Melhores Queijos do Brasil em 2009 e novamente em 2010.

No município são produzidos também diversos outros tipos de queijo, que se dividem em sete grupos: queijos de massa filada, queijos de massa cozida, queijos de massa semi-cozida, queijos de massa crua, queijos de mofo branco, queijos de mofo azul e queijos condimentados.

Um dos queijos mais populares do Brasil – o prato – tem origem em Cruzília. Imigrantes dinamarqueses que chegaram à cidade, na segunda década do século 20, e começaram a produzir um queijo baseado na receita de dois tradicionais queijos da Dinamarca, o Tybo e o Danbo. Os fiscais do Ministério da Agricultura, em uma visita à fábrica, descreveram o queijo, até então desconhecido, como “grande, circular e com formato de prato”. Surgia, assim, o nome do saboroso queijo. Hoje, Cruzília produz queijos finos de altíssima qualidade, que sempre conquistam prêmios nacionais.

De acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, sua população era de 14.529 habitantes.

Altitude Cruzilia: 1090 m

Praça central de Cruzília / MG. Ao fundo, sua igreja matriz.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde a Fazenda Narciso, em Cruzília / MG, até a Pousada Cruzília, em Cruzília / MG: 5 h.

Clima: frio e nublado de manhã; depois das 9 horas, calor e sol forte até o final da jornada.

Pernoite na Pousada Cruzília: Apartamento individual - Excelente! - Preço: R $ 70,00.

Almoço no Restaurante da Padaria Central: Excelente - Preço: R $ 16,00, pode-se comer à vontade no self-service.

AVALIAÇÃO PESSOAL - Uma etapa de grande extensão, e com algumas variações altimétricas importantes, onde caminhei apenas 20 quilômetros, pois já conhecia o roteiro todo. Nela, também, transitei por inúmeros locais ermos e silenciosos, porém, depois das 8 horas trânsito de veículos se intensificou e o sol passou a agredir com violência. Tirante tais contratempos, ainda, caminhei por locais maravilhosos, onde a natureza se exuberante. Porém, todo final da jornada é desgastante e este não foi diferente, porque enfrentei 5 milhas em asfalto, numa rodovia sem acostamento. Um suplício para qualquer caminhante.