5º dia: JIQUIRIÇÁ a UBAÍRA – 27 quilômetros

5º dia: JIQUIRIÇÁ a UBAÍRA – 27 quilômetros

"O segredo para viver em paz com todos consiste na arte de compreender cada um segundo a sua individualidade”. (Federico Luis Jahn)

Ubaíra – 315 metros de altitude.

Contato: Hotel de Dona Lúcia – fone: (75) 3544-2136

De Jiquiriçá a Ubaíra são 27 quilômetros. No quilômetro 4,5, Cachoeira do Boqueirão; vale conferir.

Muita atenção nas setas. Aproximadamente no quilômetro 9, uma ponte de madeira. Você encontrará um “cotovelo”. Dobrar à sua direita.

Em Ubaíra, visitar a casa onde funciona a Associação Professora Isaura. Artesanato e doces caseiros. A mesma casa onde nasceu o fundador do Caminho da Paz, Antonio Presidio.

Procurar Dona Raimunda. A casa fica ao lado da Igreja Matriz.

(Transcrito do folheto informativo que o peregrino recebe na Pousada do Bosque, em Amargosa, início do Caminho)

A etapa desse dia seria a maior de todas que enfrentaríamos no Caminho.

Havíamos combinado com o sr. Pedro, o responsável pela Pousada, de tomar o café da manhã às 5 h 30 min, e ele cumpriu com a sua parte.

Chovera a madrugada toda e ainda caía leve garoa quando terminamos nosso saudável desjejum.

Com o Sr. Pedro, administrador da Pousada dos Prazeres, debaixo de chuva, em Jiquiriçá/BA. (Créditos: Marlene Araújo Arruda)

Bem alimentados e protegidos pela capa de chuva, demos início a nossa jornada.

Deixamos a área urbana e, por uma ponte, transpusemos o rio Jiquiriçá, seguindo depois por uma estrada de terra ascendente.

No topo da pequena elevação, observando abaixo e à nossa direita, vimos pela derradeira vez, a magnífica Cachoeira dos Prazeres.

Caminho plano e  úmido.

O caminho logo se aplainou e, em meio a muitas pastagens, seguimos em bom ritmo.

O forte da região é o gado leiteiro.

A garoa finalmente cessou e pudemos seguir sem as capas protetoras.

Muito verde e nebulosidade no entorno.

A estrada se apresentava úmida e cheia de poças d'água, face à intempérie recente.

O tempo enfarruscado e neblinoso indicava mais chuva para breve.

Nesse belíssimo trecho, a Marlene segue à minha frente.

Como de praxe, o entorno se mostrava maravilhoso, com muito verde para qualquer lado que se olhasse.

Retornaram as bananeiras e cacaueiros.

E logo retornaram as roças de banana e cacaueiros.

Dia nublado, promessa de mais chuva em breve.

Nesse primeiro trecho, cruzamos com inúmeros carros e motocicletas, a maior parte se dirigindo para a cidade de Ubaíra, pois estávamos numa segunda-feira, dia em que as atividades escolares e profissionais se reiniciam.

Aproximadamente 5 quilômetros percorridos, pudemos observar, abaixo e ao longe, a famosa Cachoeira do Boqueirão, atração do local.

Sede da Associação do Boqueirão, à esquerda.

Concomitantemente, transitamos diante da sede da Associação do Boqueirão, fundada em 1997, uma construção rústica, situada à beira do caminho.

Outra árvore florida, rodeada de muito verde.

O roteiro seguiu alternando pequenos ascensos com outros tantos descensos, sem alterações importantes de altimetria.

A chuva vem chegando...

Um quilômetro mais adiante, a chuva voltou a cair, obrigando-nos a lançar mão de nossas capas protetoras.

Em descenso, sob forte garoa.

Para qualquer lado que olhássemos, sempre encontrávamos paisagens de encantar nossos sentidos, tal a beleza ali estampada.

Visual belíssimo do morro em frente.

Nesse trecho, prosseguiram as imensas plantações de cacau e, também, de mandioca, outra cultura forte nessa região.

Abaixo, o rio Jiquiriçá, à esquerda.

Nove quilômetros percorridos, ultrapassamos, por uma ponte, novamente o rio Jiquiriçá.

Logo acima, num cotovelo, giramos bruscamente à direita e prosseguimos em íngreme ascenso, o mais difícil dessa etapa.

Cachoeira Boqueirão do Perema.

Quando aportamos ao cume do morro, pudemos visualizar ao longe, à direita, a Cachoeira Boqueirão do Perema, de expressiva beleza.

Ascensos e descensos, uma tônica nessa etapa.

Numa sequência de pequenos descensos e ascensos, em meio a muito verde e umidade, continuamos a jornada.

O caminho segue em direção à frondente bosque.

Em determinado patamar, depois de vencer pequena aclividade, a estrada se bifurcou e, atentos à sinalização, giramos à esquerda e prosseguimos em franco descenso.

No final da declividade, ultrapassamos um rio por uma ponte e, do outro lado, encontramos um bar que serviria para repor nossa água já quase no fim.

Mas, para nossa decepção, estava fechado.

Pausa para descanso e hidratação, num bar à beira da estrada.

De qualquer forma, utilizamos a cobertura ali disponível, pois ainda caía leve garoa, e fizemos uma pausa para hidratação e ingestão de alimentos.

No GPS instalado em meu celular, verifiquei que havíamos caminhado até aquele local, exatos 11 quilômetros.

Depois, prosseguimos em nova ascensão.

Novamente animados, prosseguimos e enfrentamos outra breve ladeira.

O caminho úmido fletiu fortemente para a esquerda.

O caminho úmido fletiu bruscamente à esquerda, contrariando totalmente nossos prognósticos, pois pensávamos que seguiríamos sempre em frente, já que a estrada principal seguia naquela direção.

Enfrentamos a derradeira ladeira nesse trecho, depois teve início um longo e agradável descenso.

Início de extenso descenso.

À beira do caminho, muitas casas, muitos pés de cacaus e bananeiras avistamos nesse trecho.

Entorno verdejante, para todos os lados.

O caminho prosseguiu pela borda da montanha em leve declividade, que se prolongou indefinidamente.

Área de Preservação Ambiental, localizada à direita do caminho.

Mais abaixo, desapareceram as habitações e fomos rodeados no percurso por extensa mata nativa.

Mais verde no horizonte.

Ali existe uma grande área de Preservação Ambiental, pois para cada lado que se olhe, só deparamos com uma frondosa floresta.

Nesse trecho, a mata se confunde com as plantações de banana.

Foi um trecho agradabilíssimo, talvez o mais belo de todo o roteiro.

Ainda em descenso, já próximos do asfalto.

Seguimos, por mais de uma hora, cortando imensos bosques até que, no patamar final, voltamos a transitar entre fazendas, cuja tônica era a criação de gado.

Finalmente, desaguamos na rodovia, e fletimos à esquerda, em direção à Ubaíra.

Finalmente, vencidos 25 quilômetros, desembocamos na rodovia que liga Jiquiriçá à Ubaíra.

Então, fletimos à esquerda, e seguimos pelo acostamento, no sentido contrário ao fluxo de veículos.

Mais dois quilômetros percorridos, adentramos em zona urbana.

Hotel de Dona Lúcia, em Ubaíra, onde ficamos hospedados.

Observando a impecável sinalização, fletimos à direita, atravessamos o rio Jiquiriçá por uma ponte, e logo adentrávamos ao Hotel de Dona Lúcia.

Ali pagamos R$30,00 pelo pernoite e café da manhã.

O local, no entanto, revelou-se bastante precário.

Efetivamente, o casarão que alberga o estabelecimento, tem imenso valor histórico, porém precisa passar por urgentes reformas em suas instalações.

Foi, dentre todos os locais onde nos hospedamos, aquele que mais deixou a desejar, pela vetustez que se observa no ambiente.

Já, quanto à Dona Lúcia, trata-se de uma pessoa idônea, hospitaleira e simpática, que nos tratou extremamente bem.

Para almoçar, utilizamos os serviços do restaurante Dona Angélica, de excelente qualidade.

Restaurante Dona Angélica, de excelente qualidade.

Em 1790, João Gonçalves da Costa foi encarregado de conquistar os índios mongóis, localizados na aldeia de Santo Antônio do Cantanhede, nas margens do rio Jiquiriçá.

Pediu, então, que o território por ele conquistado fosse anexado à vila de Valença, o que lhe foi negado, tendo entretanto isto acontecido posteriormente, por força da Carta régia de 01 de janeiro de 1813.

Nas proximidades da região já existiam as sesmarias de São Paulo e Poço do Facão, que haviam sido doadas a Manuel de Sousa Santos e a Domingos de Matos e Aguiar, respectivamente, por Alvará de 13 de maio de 1770, sendo somente ocupadas em 20 de dezembro de 1781 pelos referidos proprietários.

Praça central e igreja matriz de Ubaíra.

Também desde 1777, os terrenos, com meia légua para cada lado do rio Jiquiriçá e denominados Barra da Estopa e Riacho da Torre, já haviam sido dados, por sesmaria, ao primeiro explorador da região, Francisco de Sousa Feio, que tomou posse das mesmas, com as solenidades então costumeiras, a 07 de maio de 1875.

A fazenda de Francisco de Sousa Feio, denominada Pindobas, nome que ainda hoje conserva, se estendeu ao riacho, em cuja margem se formaram diversas fazendas.

Francisco de Sousa Feio fixou residência no lugar chamado Estopa, também conhecido por Barra da Palmeira.

Praça central e igreja matriz de Ubaíra, sob novo ângulo.

Sobrevindo no ano de 1824 o flagelo de demorada seca, a qual, por três anos, crestou campos e sementeiras, Pedro da Costa Avelar e Vicente Ferreira de Sousa, este neto de Francisco de Sousa Feio e ambos genros de Manuel de Sousa Santos, abandonaram o local e vieram residir na sede da fazenda Areia, onde se voltaram à lavoura e construíram propriedades, um na parte conhecida por Areia de Cima e outro na conhecida por Areia de Baixo; que constituíam, sucessivamente, a povoação, vila e hoje cidade de Ubaíra.

Por motivo da profunda decadência da vila de Santo Antônio do Jiquiriçá, foi sua sede transferida para o então povoado de Areia, que da mesma era parte, pela Lei provincial nº 1046, de 17 de junho de 1868.

Desde então, teve Areia a denominação de Vila de Jiquiriçá, até perder este nome por força da Lei nº 1611 de 16 de junho de 1876, passando a chamar-se São Vicente Ferreira de Areia.

O Ato estadual de 30 de junho de 1891 concedeu foros de cidade à sede municipal, sob o nome de Areia, nome que se estendeu ao município. Conforme a divisão administrativa do Brasil de 1911, Areia figurava integrada unicamente pelo distrito sede, apresentando-se nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1920 composto de 6 distritos: Areia, Riachão, Volta do Rio (Sapucaia), Santa Inês, Caldeirão e Jaguaquara.

Praça central de Ubaíra.

Segundo a divisão administrativa do Brasil, concernente ao ano de 1933, o município formava-se dos distritos de Areia, Riachão e Sapucaia, situação mantida nas divisões territoriais de 31 de dezembro de 1937.

Com os mesmos distritos apareceu ainda no quadro territorial em vigor no quinquênio 1939-1943, estabelecido pelo Decreto estadual nº 11089, de 30 de novembro de 1938, observando-se, porém, as alterações toponímicas sofridas pelos dois últimos, que passaram a chamar-se, respectivamente, Baixinha e Engenheiro Franca.

Em virtude do Decreto-Lei estadual n° 141, de 31 de dezembro de 1943, que fixou o quadro territorial a vigorar no quinquênio 1944-1948, o nome do município e do seu distrito sede foi substituído pelo de Ubaíra.

Com a retificação do referido quadro pelo Decreto estadual nº 12978, de junho de 1944, o município de Ubaíra permanece constituído dos três distritos citados acima: Ubaíra, Baixinha e Engenheiro Franca, situação que perdura até os dias de hoje.

Ubaíra é uma palavra oriunda do tupi-guarani e significa “mel de pau”.

Sua população atual é de 22 mil habitantes.

(Fonte: Wikipédia)

Igreja matriz de Ubaíra.

Depois de generosa “siesta”, aproveitei para lavar roupas e separar o material que levaria na etapa sequente.

No dia seguinte, visitaríamos o Projeto Semente e retornaríamos para pernoitar em Ubaíra.

Saí para conhecer a cidade e pude fotografar sua igreja matriz, cujo patrono é São Vicente.

Interior da igreja matriz.

Dei um breve giro pela localidade, aproveitando para encontrar as flechas amarelas, que nos guiariam no trajeto sequente.

À noite, optamos por fazer um singelo lanche e, para tanto, utilizamos os serviços da Lanchonete Favo de Mel, onde fomos muito bem atendidos.

No poste, as primeiras flechas da etapa seguinte.

IMPRESSÃO PESSOALUma jornada de razoável extensão, porém pródiga em belezas naturais e com pouca dificuldade em termos de altimetria. Ressalte-se que essa etapa também está muito bem sinalizada. No geral, o trajeto se faz por locais bucólicos e extremamente arborizados. A decepção ficou pela precariedade do local onde pernoitamos em Ubaíra, mas que, segundo o idealizador desse Caminho, o Dr. Antonio Presidio, está sendo revisto, com o credenciamento de outros estabelecimentos do gênero.

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