2021 – CAMINHO DA FÉ – OURO FINO a APARECIDA – 222 QUILÔMETROS


Na terra somos caminhantes, sempre prosseguindo... Isso significa que temos de nos manter em movimento, caminhando adiante. Assim, esteja sempre insatisfeito com o que você é se quiser alcançar o que você não é. Se estiver satisfeito com o que é, você parou. Se disser: “é suficiente”, você está perdido. Siga andando, movendo-se para frente, tentando atingir a sua meta.” (Santo Agostinho)

Eu pretendia iniciar o Caminho da fé em Águas da Prata/SP, porém, por motivos pessoais de grande relevância, precisei abreviar minha odisseia, assim, premido novamente no quesito tempo, por compromissos familiares, numa segunda-feira de manhã, eu viajei para Ouro Fino/MG e iniciei minha peregrinação com destino a Aparecida.


Na jornada inaugural, optei por caminhar somente até Inconfidentes/MG e me hospedei na Pousada Martinelli.


Mais tarde, no Bar do Maurão, tive o prazer de reencontrar e abraçar velhos companheiros de caminhada, dentre eles, o Oswaldinho “Xará” e o Eraldo Sarapu, além do proprietário daquele estabelecimento, meu preclaro amigo há mais de 16 anos.


Assim, no dia seguinte prossegui minha odisseia em direção à Casa da Mãe Aparecida.


Na sequência, me hospedei em Tocos do Mogi/MG, Estiva/MG, Paraisópolis/MG, Luminosa/MG, Campos do Jordão/SP, Distrito de Pedrinhas/Guaratinguetá/SP e, finalmente, aportei ao Santuário Mariano de Aparecida, minha meta.


No percurso, eu pude reabraçar amigos de longa data, bem como expandir amizades, interagindo com outros peregrinos que encontrei ao longo do itinerário.


Como de praxe, fui muito bem recebido em todos os locais onde pernoitei, bem como desfrutei de paisagens bucólicas, natureza exuberante, clima ameno e, enfim, sob as bençãos da “MÃE MAIOR”, consegui encerrar minha peregrinação sem maiores percalços ou intercorrências.


Algumas fotos de minha profícua trajetória:

Na passagem por Inconfidentes/MG, pausa no bar do Maurão, onde conheci o peregrino Joilson.

A belíssima igrejinha do Padre Donizetti, no topo do morro após o Pântano dos Teodoros.

assagem por um local inédito, no trecho em direção a Paraisópolis/MG.

A Shirley, peregrina que encontrei em Paraisópolis/MG, caminha à minha frente...

Com Dona Inês, em sua Pousada.

Vista desde o Mirante da Serra do "Quebra-Perna": a cidade de Luminosa aparece abaixo e ao longe...

Divisa dos Estados, finalmente.

Belíssima imagem existente na Capela de Santa Filomena, estrada de Pedrinhas.

Derradeira jornada... dia amanhecendo!

Mais uma vez, em Aparecida!!

Gratidão MÃE APARECIDA por todas as graças alcançadas!

EPÍLOGO


"O tempo exerce um papel essencial na formação do "verdadeiro" peregrino. O Caminho é uma alquimia do tempo sobre a alma. É um processo que não pode ser nem imediato, nem mesmo rápido. O peregrino que encadeia semanas a pé constrói uma experiência com isso. Uma curta caminhada não basta para corrigir seus hábitos, ela não transforma radicalmente a pessoa. A pedra permanece bruta porque, para talhá-la, é preciso um esforço mais prolongado, mais frio e mais lama, mais fome e menos horas de sono." (Jean-Christophe Rufin)

Meu 16º Diploma do Caminho da Fé.

Entre os dias 16 e 23 de agosto, tive a oportunidade de percorrer, novamente, uma parte do Caminho de Fé, isto porque premido pelo fator tempo, desta vez parti da cidade de Ouro Fino/MG.


Ainda assim, entre a apreensão da aventura e a comoção da chegada, o caminho me premiou com momentos, motivos e ingredientes que impregnaram minha alma de indeléveis lembranças.


Nesse sentido, se é correto afirmar que quem caminha deixa pegadas na estrada, mais límpido ainda é declarar ser o caminho que oportuniza momentos inapagáveis naquele que o realiza.


Sobre sentimentos e emoções nada comentarei, posto que é uma experiência personalíssima e cada um faz a sua.


Ressaltaria, contudo, que há dois bons motivos a tornar o Caminho da Fé diferente e especial, vez que a rudeza de seu traçado é amplamente superada por sua beleza: assim, caminhar e contemplar tornam-se verbos sinônimos.


Ainda, a saudação que a todos é devida e dirigida (“Bom Caminho” é o que se deseja e a ninguém se nega), faz desse itinerário um espaço ímpar de fraternidade.


Além disso, há alguns elementos que tonificam a consistência da peregrinação e se tornam indispensáveis para alguém sair a andejar: a fé (sempre é um forte estímulo); a gratidão a Deus pela vida (foi minha grande inspiração); a ousadia e a coragem (afrontar 222 quilômetros de ascensos e declives, sempre é desafiador); a entreajuda (os momentos de congraçamento, reflexão e outros de introspecção); a superação (por vezes, não são as pernas que caminham, mas a cabeça, fazendo com que a motivação suplante o cansaço).


E conquanto eu tenha preferido, quase sempre, seguir solitário, enfatizo que a caminhada em grupo é um dos eventos que mais reforça laços e alicerça o companheirismo, pois como bem reza o provérbio chinês: “Ao lado do teu amigo, nenhuma jornada será longa demais!”


À medida que se palmilha o trajeto, tem-se a sensação de que fazê-lo é renunciar ao cotidiano e adentrar em outro mundo paralelo que, aos poucos, passa a ser também o nosso.


Por isso, ousaria afirmar que ninguém regressa imune ao seu lar depois vivenciar tão singular experiência.


Este é o Caminho da Fé, que sempre nos mimoseia com doces surpresas, gratificantes amizades e inesquecíveis recordações!


Bom Caminho a todos!

Agosto/2021