2º dia: ITAMONTE à ALAGOA – 40 quilômetros

2º dia: ITAMONTE à ALAGOA – 40 quilômetros

Anjo do dia: MELAHIEL - Significado do nome: Deus, desviador do mal”

O percurso seria longo e com muitos entraves em sua primeira parte.

E como o dia prometia muito calor novamente, a Célia optou por seguir de táxi até a entrada do Parque Estadual do Papagaio, aproveitando o veículo que transportaria as nossas mochilas.

Assim, levantei às 4 h, calmamente ingeri meu desjejum, e deixei o local de pernoite às 5 h 30 min.

Seguindo o que verificara no dia anterior, eu atravessei a rodovia, transpus uma ponte e prossegui adiante.

Trezentos metros depois, numa bifurcação, observando à sinalização, adentrei à esquerda e prossegui caminhando sobre bloquetes, que logo se transmutaram em asfalto.

Mais adiante, findou a iluminação urbana, então eu liguei minha potente lanterna e prossegui pelo acostamento da rodovia que segue em direção à cidade de Alagoa.

Nesse primeiro trecho, enquanto o dia lentamente ia clareando, fui ultrapassado por várias motocicletas que carregavam seus condutores em direção ao trabalho no campo.

Também encontrei muitos ciclistas e trabalhadores a pé, que vinham em direção à cidade de Itamonte.

Nesse primeiro “tramo”, encontrei vários totens da Estrada Real e marcos do CRER - Caminho Religioso da Estrada Real, pois, nesse percurso, esses roteiros seguem pelo mesmo trajeto do Caminho dos Anjos, ou vice-versa.

Vencidos 5 quilômetros em bom ritmo, passei pelo vilarejo de Vista Alegre ou Buraco, onde apenas cães vadios que vagavam pelas ruas desertas me saudaram.

Prossegui ascendendo, enquanto pelo meu lado esquerdo, com o nascer do sol, preciosas paisagens iam se descortinando, todas coloridas de muito verde.

O povoado de Buraco, ao fundo e abaixo.

Observando à minha retaguarda, pude entender porque o lugarejo por onde eu transitara tem o nome de Buraco, visto que ele se situa numa grande depressão de terreno e está rodeado de altas montanhas por todos os lados.

Mais adiante, passei defronte à represa que abastecia a Usina dos Braga, uma antiga hidrelétrica em estilo suíço, construída pelos alemães que vieram para o Brasil após a 1ª guerra, identificando-se com o clima da região.

Ela era antigamente utilizada para ceder energia elétrica para os municípios de Itamonte e Itanhandu, e foi desativada em 1961, quando a CEMIG assumiu as necessidades de tais municípios.

O lago da famosa Usina dos Bragas.

Atualmente, é um dos pontos turísticos mais visitados na cidade de Itamonte, e nela se pode praticar canoagem, rapel e caminhadas.

É também um excelente local para pesca, possuindo uma cachoeira maravilhosa, com 100 metros de queda, onde é possível fazer o “canyoning” de 10 metros.

Logo abaixo dela, encontra-se a casa das máquinas da década de 30.

Infelizmente, como ocorre em todo o Brasil atualmente, a estiagem minou a extensão do lago que abastecia a usina e hoje ele se encontra em nível de água bastante baixo, para não dizer, crítico.

Prosseguindo, fui surpreendido por uma boiada que descia pelo asfalto em direção a um sítio situado mais abaixo, obrigando o trânsito de veículos a parar, em face do perigo de atropelamento dos animais.

Depois de 12.600 metros percorridos, sempre sobre asfalto, eu cheguei diante do Sítio Moana, que a planilha indica como local de pernoite nesse dia.

Portal de entrada do Sítio Moana.

Obviamente, eu caminhara por apenas duas horas, ainda era muito cedo e, assim, estava fora de cogitação uma parada naquele local.

De forma que fiz foto de seu pórtico, depois prossegui adiante.

Vista no trecho entre Itamonte e Pousada Moana/MG: natureza exuberante para qualquer lado que se olhe.

Mais um quilômetro vencido, sempre em leve ascenso, eu transitei pelo bairro de Cachoeirinha.

Ali vi bares, algumas residências, um centro comunitário rural, campo de futebol, além de uma cooperativa, onde os produtores entregam o leite, e no local haviam vários cavalos e charretes parados à porta.

Bairro de Cachoeirinha, pertencente à Itamonte/MG.

Enquanto fotografava o lugar, fui surpreendido pela chegada do veículo do taxista Hugo, que trazia a Célia e nossas mochilas.

Eu já sabia, por informação de um morador local, que os próximos quilômetros da rodovia se encontravam em obras, pela pavimentação do piso com bloquetes de cimento, de forma que seria estressante transitar pelo aparato de trabalhadores, máquinas e caminhões que trabalhavam no leito da estrada.

Assim, aceitei a carona oferecida e depois de 6 quilômetros, sempre em forte ascenso, apeamos a Célia e eu, no alto da Serra do Garrafão, que abriga o Pico de Santo Agostinho, com 2.450 m de altura.

Adentrando ao Parque Estadual da Serra do Papagaio/MG, a 1780 metros de altitude.

Naquele local, estávamos adentrando aos limites do Parque Estadual da Serra do Papagaio, que abriga um importante remanescente de Mata Atlântica do Estado.

Localizado na Serra da Mantiqueira, possui formações mistas de campos, matas e áreas de enclave com matas de araucária.

Na unidade de conservação, concentram-se as nascentes dos principais rios formadores da bacia do Rio Grande, responsável pelo abastecimento de grandes centros urbanos do sul de Minas.

Ele engloba importantes conjuntos montanhosos das Serras do Garrafão e do Papagaio, apresentando cerca de 50% da área com declividade acentuada e altitudes acima de 1.800 m.

As encostas mais elevadas localizam-se no sul (Morro da Mitra do Bispo, com 2149 m), e ao sudoeste (Pico do Bandeira, com 2357 m, na Serra do Papagaio).

Situa-se numa área de rochas ígneas ácidas, representadas por granitos de granulação fina e grosseira, e interliga-se, geograficamente, com a porção norte do Parque Nacional do Itatiaia, permitindo uma proteção mais efetiva da flora e da fauna, por compor um conjunto montanhoso contínuo, legalmente preservado.

O Parque é uma importante reserva de diversas espécies de mamíferos, aves e anfíbios, convivendo e se reproduzindo graças a riqueza de ambientes e abrigos existentes, onde se destacam o mono carvoeiro, o lobo-guará, o papagaio do peito roxo e a onça-parda."

(Fonte: IEF – Instituto Estadual de Florestas/MG)

Despedindo-me do simpático taxista Hugo.

Fizemos algumas fotos no local, inclusive com o simpático taxista Hugo, do qual nos despedimos em seguida.

Então, ele seguiu adiante pela estrada principal e nós adentramos à esquerda, em um silencioso e espesso bosque.

Naquele local, estávamos a 1.780 m de altitude, e um ar frio e úmido nos envolveu, pois havia muita neblina a circundar o ermo local.

Caminho dentro do Parque Estadual da Serra do Papagaio, local silencioso e arborizado.

O descenso dentro da mata nativa foi realmente o ponto alto do dia, pois a natureza integralmente preservada, se faz exuberante naquele lugar.

A longa declividade foi amenizada pela presença constante da mata nativa, permitindo-nos caminhar em contínua contemplação do mavioso entorno.

À minha direita, eu podia ver, ao longe, um extenso e verde vale, rodeado por acidentadas serras, por onde, mais tarde, iríamos caminhar.

Caminho dentro do Parque Estadual da Serra do Papagaio, em direção à Alagoa/MG.

No chão de terra batida, pude observar, em vários locais, a presença de inúmeros rastros de animais, alguns de expressivo tamanho, denunciando a presença de mamíferos e aves que habitam aquele santuário.

O local é ermo e o silêncio era quebrado apenas pelo canto e grito de pássaros, mormente das barulhentas maritacas.

Depois de um bom tempo transitando sob frondoso teto, finalmente a paisagem se abriu, e passei a caminhar numa área aberta, já entre extensas pastagens.

Durante todo esse trajeto, com a Célia bem a minha retaguarda, vi apenas uma habitação e, em termos de veículos motorizados, encontrei um jipe da marca Land Rover, que subia pela trilha, trazendo duas pessoas em seu interior, possivelmente turistas.

Cinco quilômetros abaixo, teve inicio um terrível descenso feito sobre calçamento de pedras irregulares, tipo pé de moleque.

A Célia, amiga peregrina, caminhando à retaguarda.

Esse tipo de calçada, além da vantagem ambiental, é fortalecido pelo argumento do aspecto social, pois poderá ser feito empregando material e mão de obra local, o que viria ainda incentivar a adoção exemplar em várias outras cidades, alocadas no entorno das estradas vicinais, com grande ganho ambiental e cultural.

Além disso, o “pé de moleque” permite a perfeita drenagem das águas de chuva e, ao mesmo tempo, evita a impermeabilização do solo, pois as juntas entre as pedras possibilitam a infiltração de uma grande parcela das águas incidentes, amenizando, desta maneira, o impacto ambiental.

Descida do Parque da Serra do Papagaio, calçamento pé-de-moleque, em Alagoa/MG.

Portanto, esse tipo de calçamento é considerado piso ecologicamente correto.

Além do mais, é a forma ideal de resguardar as riquezas naturais e culturais, mudando o foco de desenvolvimento para atividades de ecoturismo, que também podem ser viáveis economicamente, de forma sustentável e a longo prazo, sem a perda desse valioso patrimônio.

O piso Pé de Moleque é chamado assim porque eram as crianças quem assentavam as pedras com os pés, caso as pedras não se acomodassem na areia, é porque haviam sido mal colocadas.

Segundo um guia local, com quem conversei, essa pavimentação em pé de moleque no Parque foi feita durante a gestão do Governador Aécio Neves (2003/2010), porém após a sua saída do poder, não se fez mais manutenção na trilha.

O que explica os inúmeros buracos que encontramos no piso, onde as pedras foram levadas abaixo pela força da correnteza, no período das chuvas.

Nesse ponto, em face do risco de queda, aguardei pela chegada de minha parceira, para vencermos a declividade juntos.

A Mata Atlântica na Região do Parque

A região do Parque Estadual da Serra do Papagaio está inserida em um importante fragmento do bioma Mata Atlântica em transição para o bioma Cerrado, na Região sul do Estado.

Suas características, localização geográfica, formas de relevo, sua origem e evolução têm contribuído para o processo de sua conservação in situ e adaptação química das espécies dos reinos: Vírus, Monera, Fungi, Stramenopila, Protista, Plantae e Animalia. Ressaltamos que a região do PESP ainda é habitat de espécies desconhecidas quanto a sua classificação sistemática e os seus conteúdos químico e genético e respectivas atividades biológicas de natureza alimentícia, medicinal, cosmética, etc.

O reino Plantae possui populações naturais de Bryophytas, Pteridophytas, Gymnospermaes e Angiospermaes em diversos ambientes: mata, mata ciliar, campo natural com mata galeria, campo natural de altitude rupestre, capoeira, entre outros.

Há presença de uma fantástica composição florística em sucessão evolutiva para famílias de Angiospermas com tipos de hábito: árvores, árvores predominando sobre arbustos, árvores e arbustos, arbustos predominando sobre árvores, arbustos, arbustos predominando sobre ervas, arbustos e ervas, ervas predominando sobre arbustos e ervas. Agressões constantes, principalmente queimadas, têm colocado em risco este fragmento. Sua conservação não deve ser encarada apenas como uma questão ecológica, mas como uma atitude essencial à sobrevivência do ser humano. A natureza compartilha milhares de genes com o homem, podendo auxiliar na sua adaptação bioquímica aos ciclos de “complexa instabilidade” que virão em breve a partir da perda da camada de ozônio, das mudanças climáticas, do efeito estufa, da destruição das florestas, da contaminação dos rios, mares e da diminuição da biodiversidade. Hoje a Mata Atlântica encontra-se reduzida a menos de 10 de sua área inicial de domínio.

(Fonte: www.serradopapagaio.org.br)

O trajeto prosseguiu sempre em franco descenso, entremeando trechos calçados, com outros em terra batida.

Mais abaixo, transitei diante de uma singela capelinha, vestida recentemente de verde, localizada no bairro Garrafão.

Na sequência, acessei larga estrada e, obedecendo à sinalização, girei à esquerda e prossegui adiante.

Ainda descendendo, passei mais a frente pelo bairro do Engenho, sempre em meio a muito verde.

Local da união com a estrada municipal que provém de Itamonte.

Finalmente, quando ainda restavam quase 8 quilômetros para a chegada, o caminho pelo qual eu vinha seguindo, se uniu à estrada municipal que provém de Itamonte.

Nesse trecho final, por conta das obras em andamento para asfaltamento do trecho, aspirei muita poeira, pois o trânsito de veículos estava intenso.

Por sorte, depois de 2 quilômetros caminhando sob sol forte e muito pó, adentrei em asfalto e, depois de mais 3 quilômetros, transitei pelo bairro do Prateado.

Bairro Prateado, ao fundo.

Os derradeiros quilômetros foram feitos sob tempo nublado, o que concorreu para amenizar o cansaço acumulado na jornada.

E, extremamente estafados, adentramos em Alagoa, quando meu relógio marcava 13 horas.

Rapidamente nos dirigimos para a Pousada Flores da Mantiqueira, onde eu fizera reserva.

Ali, fomos muito bem recebidos pela Guela, a proprietária do estabelecimento, que nos proveu de amplos quartos, com roupas e banheiros limpos.

Mais tarde, após banho e lavagem das roupas, fomos almoçar no Restaurante Pica-pau, onde encontramos comida farta e deliciosa, por preço bastante acessível.

O nome Alagoa se deu devido à existência de uma enorme lagoa que era berço de muito material precioso.

A lagoa era represada por uma pedra estendida num vale, formando o leito que guardava muito ouro.

O povoado nasceu em 1730, quando da inauguração da Capela de Nossa Senhora do Rosário da Alagoa de Aiuruoca.

A rua principal de Alagoa/MG.

Já pertenceu a Aiuruoca, Itanhandu e Itamonte e, em 30 de dezembro de 1962, tornou-se independente.

A mineração foi a principal atividade econômica do município, explorada principalmente pelos jesuítas, que levaram os escravos para garimparem os rios, como o Aiuruoca, e abrirem túneis nas montanhas.

As belezas naturais estão no Charco, em cachoeiras como a do Zé Pena, em rios como o Aiuruoca, que cruza o município, formando inúmeras quedas d'águas e corredeiras, e do Parque Estadual da Serra da Papagaio, reserva ecológica aprovada por decreto de 1998, que reúne espécies da Mata Atlântica e de Campos de Altitude.

(Extraído do site do Caminho dos Anjos)

Alagoa está localizada entre lindas montanhas da Serra da Mantiqueira, ao Sul de Minas Gerais, entre os municípios de Aiuruoca MG e Itamonte MG.

Possui inúmeros atrativos naturais e está descobrindo sua vocação para o turismo ecológico, sendo que 80% da sua topografia é montanhosa.

Igreja Matriz de Alagoa/MG.

Possui pouca estrutura para atender os turistas e, por outro lado, os atrativos são pouco explorados, ideais para pessoas que buscam descobrir e conhecer atrativos novos e de pouco movimento.

Esses encantos naturais vão desde lindas cachoeiras de águas cristalinas, até picos de grande altitude, com magníficas vistas de toda região.

A hospitalidade de seus moradores é outro ponto positivo.

Pequena e tranquila, com 2.800 habitantes, a cidade preserva nos seus costumes, culinária, tradições, festividades e arquitetura colonial, a cultura do homem do campo do sul de Minas Gerais.

Essas tradições, tem como representante maior, a produção artesanal do Queijo Parmesão, considerado por muitos, o melhor do Brasil.

(Fonte: Wikipédia)

A HISTÓRIA DO QUEIJO DE ALAGOA (Por Osvaldo Filho)

O ITALIANO - A produção do queijo em Alagoa é antiga. Tudo começou há mais de 100 anos, quando o Italiano Paschoal Poppa e sua esposa Luiza Altomare Poppa pisaram em solo alagoense.

Os pastos verdejantes de Alagoa chamaram a atenção do italiano e se tornaram berço para as vacas leiteiras fornecerem a matéria-prima para o advento do delicioso queijo parmesão.

Paschoal Poppa instalou-se no Bairro Boa Vista, a 8 quilômetros da Capela (hoje o Centro da Cidade), e com o Sr. Gumercindo Ferreira Pinto, movimentou os arredores com o feitio do queijo: soma da experiência italiana com os atributos naturais de Alagoa.

MOVIMENTO DO LEITE - Firmando uma sociedade, os dois tocaram outros laticínios e movimentaram a produção leiteira de Alagoa, resultando em toneladas do queijo artesanal, feito até hoje com leite cru (não-pasteurizado).

Conta-se que a Fábrica de Leite da Boa Vista era ponto de encontro dos fazendeiros, sitiantes, retireiros e ordenhadores, que circulavam em meio aos cavalos, burros, mulas, e muitas latas de leite.

Desde então, disseminou-se pelas montanhas alagoenses o costume de fazer queijo. O “know-how” é transmitido de pai para filho e assim sucessivamente. A tradição é uma das fórmulas que substanciam o delicioso paladar do queijo alagoense.

DESVENDANDO A RECEITA - O segredo? Está incrustado na altitude das montanhas e na sensação térmica do clima de Alagoa. Não tem outra explicação: a topografia, o clima, a água, o tipo de pastagem, entre outras características peculiares formam o “terroir”, que resulta na singularidade do sabor do nosso queijo.

Alagoa é a mais alta das Terras Altas da Mantiqueira. E são nestas montanhas elevadas (mais de 1.100 m de altitude) que as vacas vivem e o leite é convertido no delicioso queijo de Alagoa. Em Parma, na Itália, a altitude média é de apenas 200 m. As altitudes de Alagoa se igualam aos pré alpes suíços.

GOSTINHO DE QUERO MAIS - Para o Mestre Queijeiro Bruno Cabral: “o aroma e as características visuais são fantásticas! É um grande queijo artesanal, bem brasileiro, aromático, com aromas de ervas frescas e de lácteos. Sabor levemente picante e forte de gosto, intenso e persistente na boca. Realmente o queijo é surpreendente” relata. Para 1 kg de queijo gasta-se mais de 10 litros de leite. Normalmente os produtores de queijo usam formas de 1 kg ou de 5 kg.

COMO SE FAZ? - Pensa que fazer queijo é do dia para noite? Não. O processo, da ordenha até a maturação, pode levar até um ano. Quanto mais o queijo fica descansando, mais maturado ele fica, conhecido como "curado". "Fresco" é quando ainda está bem macio e não pegou muito sal.

Geralmente os consumidores impacientes consomem “fresco” com 10 dias. Mas há quem prefira esperar o queijo ficar bem curado, a ponto de ralar, ou no ponto de cortar para comer com o pão, frito no arroz, na pizza, enfim, de diversas maneiras.

FESTIVAL DO QUEIJO - Em Alagoa, todos que moram na zona rural tiram leite e fazem o queijo. Não é à toa que Alagoa é consagrada a Terra do Queijo Parmesão.

A Lei Municipal 828/2010 instituiu o 4º sábado do mês de maio, como o Dia do Queijo e do Queijeiro de Alagoa. O mês de maio é o início da época boa de tirar leite, e a realização de um Festival visa valorizar o queijo e o queijeiro, com palestras, divulgação e show gratuito a toda população.

CULTURA REAL - O queijo de Alagoa é patrimônio cultural registrado no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais - IEPHA. Além de ser nobre, por Alagoa estar no Caminho Velho da Estrada Real.

SUSTENTABILIDADE - 100% do município de Alagoa está inserido em Unidades de Conservação, a saber: Área de Preservação Ambiental Federal Serra da Mantiqueira - APA Serra da Mantiqueira, no Parque Estadual Serra do Papagaio, e está no entorno do Parque Nacional do Itatiaia. Também integra o Corredor Ecológico Mozaico da Mantiqueira. E é neste ambiente supernatural que o queijo é elaborado artesanalmente.

CERTIFICAÇÃO - Para técnicos da EMBRAPA e EMATER, o nosso queijo não é parmesão, e sim Queijo Alagoa, pois somente aqui é produzido este tipo de queijo.

Apesar de ser conhecido como Queijo Parmesão de Alagoa ou Parmesão da Mantiqueira, a Corte Europeia não autoriza esta nomenclatura. Então, a Prefeitura Municipal de Alagoa, juntamente da EMBRAPA Gado Leite, EMATER e SEBRAE, está buscando a Certificação do Queijo de Alagoa por Indicação Geográfica - Denominação de Origem no Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI.

Se estivéssemos na Itália poderíamos chamá-lo de “Formaggio Alagoa”. Como todo bom mineiro gosta de economizar nas palavras, fica mais conveniente chamá-lo de QUEIJO ALAGOA.

Igreja Matriz de Alagoa/MG.

Mais tarde, dei uma volta pela pacata cidadezinha e aproveitei para conhecer sua igreja matriz.

Local por onde eu deixaria Alagoa, na manhã seguinte.

Como iríamos sair muito cedo na manhã seguinte, fui verificar o local por onde deixaria a povoação, depois passei num supermercado me para prover de frutas e água.

À tardezinha, a euforia tomou conto do vilarejo, por conta da vitória do Brasil sobre Camarões, pela Copa do Mundo que se realizava no Brasil.

Comemorando a vitória do Brasil sobre Camarões, em Alagoa/MG.

Assim, integrando-nos aos festejos do pós-jogo, fomos a Célia e eu à Padaria Central, e ali ingerimos um lanche regado a algumas cervejas.

Na sequência nos recolhemos, porque a jornada sequente também se afigurava de razoável dificuldade, em face do calor reinante na região.

Local por onde eu deixaria a cidade de Alagoa/MG, no dia seguinte. A flecha verde está no poste, à direita.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de grande extensão, sendo que os primeiros 15 quilômetros são pavimentados. A grande atração do dia é realmente o trânsito pelo Serra do Garrafão, um percurso imperdível e silencioso, onde a natureza pulsa exuberante. Os derradeiros 6 quilômetros também são em asfalto, o que acaba por magoar sensivelmente os pés do caminhante. No geral, um trajeto relativamente difícil, mormente pelo descenso sobre o rude calçamento do Parque, porém, sempre rodeado por montanhas e muito verde.

3º dia: ALAGOA à AIURUOCA – 30 quilômetros