8º dia – OURO PRETO a LAVRAS NOVAS – 23 quilômetros

8º dia – OURO PRETO a LAVRAS NOVAS – 23 quilômetros

Pés para caminhar, objetivos para se atingir, livre arbítrio, na busca de uma direção, ânimo, se porventura fraquejar e uma fé, no coração, toda sua, para superar e prosseguir.

O percurso, em princípio, seria de apenas 18 quilômetros, assim preferi partir com o dia claro e iniciei minha jornada às 5 h 45 min.

O trecho inicial, todo urbano, me levou a transitar por ruas empedradas, em leve descenso, e depois de 4.400 m, cheguei a portaria do Parque Estadual do Itacolomi.

Infelizmente, há 10 horas eclodira um grande foco de incêndio no interior da mata protegida que faz parte do parque e, por isso, havia grande movimentação de viaturas de bombeiros e da polícia, além de helicópteros patrulhando o céu.

Por conta desse incidente, como forma de preservar a higidez dos visitantes, fora proibido o trânsito de pessoas pelo interior daquele logradouro.

O guarda que controlava a entrada dos visitantes me informou de tal decisão, de forma que, para não perder o dia, prossegui até Lavras Novas utilizando rodovias inseguras, que não contém acostamento, um perigo para os pedestres e ciclistas.

Restando 4 quilômetros para a chegada, na altura da serra do Buieié ou Trovão, enfrentei 2,5 quilômetros de terra, antes de adentrar em zona urbana, por sinal, toda calçada no sistema “pé de moleque”.

Outro verdadeiro tormento para meus pés, já exauridos pela longa jornada percorrida sobre piso asfáltico.

Algumas fotos do percurso desse dia:

Outro percurso, novo dia para desfrutar..

Portaria do Parque Estadual do Itacolomi.

Nesse dia caminhei sempre sobre asfalto. Rodovia perigosa e sem locais de fuga.

Rodovia com intenso tráfego de veículos, um perigo para caminhantes e ciclistas.

Serra do Buieié, quase chegando...

Outro trecho da Serra do Buieié, quase chegando...

Na realidade, a empecilho de não poder caminhar pelo Parque Estadual do Itacolomi, um objetivo muito ansiado, acabou por toldar meu dia, posto que esse importante unidade de conservação abriga o imponente Pico do Itacolomi, de 1772 m de altitude, antigo ponto de referência e orientação para viajantes da Estrada Real.

Seu nome, de origem tupi, significa pedra menina, e os índios o viam como o filhote da montanha ou pedra mãe.

No Parque, a Fazenda São José do Manso é um atrativo, posto que sua antiga sede, construída entre 1706 e 1708, é hoje chamada de Casa Bandeirista, onde funciona o Centro de Visitantes da unidade de conservação.

Uma das três amostras da arquitetura paulista em Minas Gerais, é considerada por especialistas o primeiro prédio público do Estado, já que servia para cobrança de impostos e vigilância das minas.

Assim, seria importante reservar um tempo para visitar a exposição permanente sobre os viajantes naturalistas: Spix e Martius, Auguste de Saint Hilaire, Langsdorff, entre outros.

É permitido o acesso de carros até a Casa Bandeirista, contudo a partir dela, o caminho da Estrada Real só pode ser feito a pé ou de bicicleta, não sendo permitida a entrada de cavalos.

O parque tem uma ótima infraestrutura, com restaurante, área de camping, estacionamento, trilhas interpretativas e outras atrações, sendo que até a Represa do Custódio, a trilha é toda sombreada, com muitas subidas e descidas, depois dela, a maior parte do caminho é em ascenso, até Lavras Novas.

Fonte: Instituto Estrada Real

Adentrando em Lavras Novas.

Lavras Novas é uma cidadezinha típica de Minas com vilarejos, ruas de pedra e cachoeiras convidativas para um contato mais próximo com a natureza.

Localizada a apenas 117 quilômetros de Belo Horizonte e a 17 quilômetros de Ouro Preto, município ao qual pertence, a cidade oferece condições ideais para quem quer descansar, passear e também praticar esportes radicais.

Com pouco mais de 1500 habitantes, a beleza e tranquilidade do município atraem turistas do mundo inteiro, vez que a sensação de quem visita Lavras Novas é de voltar no tempo e encontrar um lugar onde muitas casas ainda preservam detalhes do século XVII, um cenário bem diferente das grandes cidades.

Igreja matriz de Lavras Novas, de beleza incomum.

O vilarejo foi descoberto pela família Cubas de Mendonça e foi nomeada Lavras Novas pelo Coronel Furtado, porém a partir do século XIX, a vila começou a tomar o rumo da modernidade.

Na época, a população, com cerca de 500 pessoas, começou a produzir e vender cestas e balaios de taquara, um tipo de grama com caule oco encontrado na região e, dessa forma, começou a surgir o sustento da cidade.

A partir de 1970, Lavras Novas passou a contar com o fornecimento de energia elétrica e, com isso, os moradores tiveram acesso a informações vindas de outros lugares, passaram a valorizar as riquezas existentes na região e todos se uniram para preservar e promover a cidade. 

Local onde almocei nesse dia.

Isto posto, começaram a fazer investimentos em hospedagem, áreas de camping, bares e restaurantes.

Com a valorização turística, Lavras Novas passou a ser conhecida pelas montanhas que preserva belas cachoeiras e becos naturais, lugar propício para a prática de esportes como o rapel e o trekking.

Os lugares mais procurados são as Cachoeiras do Pocinho, do Falcão, Três Pingos e a dos Namorados, além da represa do Custódio e o Vilarejo Chapada.

Reserve um tempo para curtir Lavras Novas, distrito de Ouro Preto, pois o local tem uma atmosfera aconchegante de interior, com o casario preservado, povo carismático e ótima infraestrutura de pousadas e restaurantes.

População de Lavras Novas: Aproximadamente, 1500 habitantes - Altitude: 1400 m

Fonte: Wikipédia e www.lavrasnovas.com.br

Igreja matriz de Lavras Novas, de outro ângulo.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde a Pousada Tiradentes, em Ouro Preto/MG, até a Pousada Chamego, em Lavras Novas/MG: Aproximadamente, 5 h 15 min.

Pernoite na Pousada Chamego - Apartamento excelente, um dos melhores que encontrei no percurso!

Almoço no restaurante Serra do Luar - Excelente! – Preço fixo: R$18,00, servido no sistema self-service, podendo-se comer à vontade.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma etapa de pequena extensão, porém, bastante decepcionante e insegura após o Parque Estadual do Itacolomi, pois toda percorrida sobre piso asfáltico, por rodovias perigosas e movimentadas, que não contém acostamento. Compensou, no entanto, conhecer o distrito de Lavras Novas, um dos locais mais belos que visitei no roteiro, onde exaltaria a limpeza e a afabilidade de seus habitantes. Espero, no entanto, retornar a Ouro Preto um dia para conhecer o Caminho Novo da Estrada Real e, aí sim, percorrer o roteiro projetado para essa etapa, que também contempla o trânsito pelo Parque Estadual do Itacolomi.