2021 – ROTA DAS CAPELAS – CRISTINA/MG – 23 QUILÔMETROS


"Depois? Depois o café esfria, depois a prioridade muda, depois o encanto se perde, depois o cedo fica tarde, depois a saudade passa... Depois tanta coisa muda... Não deixe nada para depois, porque, na espera do depois você pode perder os melhores momentos, as melhores experiências, e os melhores e mais sinceros sentimentos." (Anônimo)

De passagem, novamente, pelo município de Cristina/MG, desta vez, rumo ao Santuário Mariano de Aparecida, aproveitei a oportunidade para conhecer uma novel rota recém-inaugurada na cidade, abarcando um trajeto circular, que perpassa em seu trajeto por 4 capelas, todas de expressiva beleza e que guardam uma rica história em seu passado.


Nessa caminhada eu segui ladeado pela amiga/peregrina Shirley, a quem agradeço pela companhia, e um pouco do que vi, observei e vivenciei em mais essa aventura de fé, conto abaixo:


INFORMAÇÕES SOBRE ESSE ROTEIRO


Há muitos anos a cidade de Cristina MG faz parte de rotas de peregrinação e romarias com destino à Aparecida do Norte SP. Pessoas que passam dias e noites rezando, meditando, refletindo com destino ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Nos últimos anos o turismo religioso cresceu muito com o aumento também de praticantes de cicloturismo e peregrinação.


Em 2019, um grupo de peregrinos da cidade de Inconfidentes MG idealizou e criou o “Caminho de Nhá Chica”, uma rota de 260 km que passa por 15 cidades, incluindo Cristina. Com total apoio da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Meio Ambiente que desde o início “abraçou” a ideia, esta sempre ajudou com divulgações, sinalizações e na mobilização dos municípios mais próximos para se dedicarem às melhorias contínuas do caminho. Após inaugurado o Caminho de Nhá Chica, foi notório o aumento do fluxo de peregrinos em Cristina e região, principalmente durante a semana, quando as pousadas e trade tem pouco movimento.


Com esta motivação, a Secretaria de Turismo, Cultura e Meio Ambiente idealizou e com total apoio da Paróquia do Divino Espírito Santo executou o projeto de criação da “Rota das Capelas”, a primeira rota de peregrinação do município de Cristina. Um caminho de 23 quilômetros que tem ponto de saída na Igreja Matriz do Divino Espírito Santo e passa pela Capela de Nossa Senhora do Rosário, Capela de Nossa Senhora da Glória, Capela de Nossa Senhora das Graças e Capela de Santo Expedito nos bairros do Campo do Rosário, da Glória, Fazendinha e Barra Mansa.


A Rota das Capelas foi inaugurada oficialmente nos dias 24 de julho (dia de Santa Cristina) e 25 de julho (dia de São Tiago, padroeiro dos peregrinos) de 2021, após benção inicial do Padre Antônio Carlos da Paróquia do Divino Espírito Santo.


Fonte: https://www.cristina.mg.gov.br

Diante da igreja matriz do Divino Espírito Santo, marco inicial de nosso giro.

A NOSSA CAMINHADA


A vida é uma peregrinação, mas às vezes é preciso uma peregrinação para se descobrir a vida!” (Osho)


Com o sol crestando forte após às 10 h, partimos bem cedo, a Shirley e eu, após ingerir lauto café da manhã na Pousada Casarão.


Na sequência, nos dirigimos à igreja matriz da cidade, cujo padroeiro é o Divino Espírito Santo, onde está localizado o “MARCO ZERO” desse novel circuito.


Ali, após me persignar e pleitear proteção na trilha, demos início ao nosso giro, seguindo à direita, em direção à saída da cidade.


Percorridos 600 m e ainda em trecho urbano, chegamos à Capela Nossa Senhora do Rosário, localizada no Bairro Campo do Rosário, que tem este nome porque há tempos, a ermida era cercada por campos verdejantes, sendo que sua edificação ocorreu no início do século XIX e, no seu interior, vale a pena destacar o bonito piso ladrilhado.

Passagem pela Capela de Nossa Senhora do Rosário.

SUA HISTÓRIA: A pequena Capela de Nossa Senhora do Rosário tem estilo colonial e está localizada no centro do bairro Campo do Rosário. É também uma das mais antigas do município, tendo sido construída no início do século XIX, entre 1830 e 1847. Destaque para o maravilhoso piso em ladrilho no interior da capela. Segundo Luís Barcellos de Toledo em “O Sertão da Pedra Branca”, descrevendo sobre as construções existentes nesse período, “... Mais abaixo era a casa do Capitão Manoel Dias Ferraz, que pela sua morte ficou para a sua viúva Anna Leonísia. Dona Anna, de combinação com seu marido, fizeram doação à Nossa Senhora do Rosário de três braços de terreno, afim de se abrir uma rua que fosse para a igreja desta mesma santa.”


O bairro tem o nome de Campo do Rosário porque a capela era cercada por campos verdejantes. Também é considerado o primeiro bairro urbano de Cristina. As casas ficavam mais distantes, a primeira capela era bem maior, ocupava quase todo o centro do bairro. Em meados do século XX a capela maior foi sendo diminuída para dar lugar às ruas e casas que foram surgindo, e passaram a ser construídas próximas à capela atual, separadas apenas pela largura das ruas.


Os moradores do bairro Campo do Rosário também comemoravam o dia de Santa Cruz, 3 de maio, com reza de terço e procissão até o oratório de Santa Cruz no meio da “Mata da Câmara”, atual Parque Ecológico Municipal de Cristina.


Data Litúrgica: 07 de outubro. Padroeira: Nossa Senhora do Rosário.


Fonte: https://www.cristina.mg.gov.br


Ali fizemos uma pausa para orações, fotos e carimbos nas credenciais, depois seguimos adiante.


Percorridos, aproximadamente, 1.000 m, após atravessar uma porteira, adentramos em um bosque, cujo itinerário perpassa pelo interior do Parque Ecológico Mata da Prefeitura, um lugar maravilhoso, onde o contato com a natureza privilegia nossos sentidos.

Adentrando ao "Parque Ecológico Mata da Prefeitura."

Trata-se de uma reserva onde, antigamente, os descendentes de escravos se reuniam para festas religiosas, tradição que hoje está sendo resgatada aos poucos, e o principal acesso a esse enclave natural se faz limítrofe ao bairro Campo do Rosário.


Os 181 hectares de mata nativa primária estão localizados em um bioma de Mata Atlântica preservados, de forma que podem ser observados pássaros, mamíferos, anfíbios e répteis que ali convivem em perfeita harmonia.


No percurso, em determinado trecho, seguimos à esquerda, por uma trilha bem delineada e logos ouvimos o canto de diversas aves e até guinchos de um grupo de Sauás, macacos maiores que os micos, típicos da região, contudo, debalde nossa persistência, não conseguimos visualizá-los, pois são extremamente arredios.

Transitando pelo interior da "Mata da Prefeitura".

No entanto, ali o meio ambiente intacto pulsa com intensidade e numa pausa que fiz para aguçar minha audição, lembrei do que escreveu um célebre pensador irlandês: Os sons da natureza são encantadores, há música na criação de DEUS, a mais bela que poderíamos desfrutar. Simplesmente, aquiete-se e ouça...


Esse trecho de, aproximadamente, 1.200 m de extensão, é acessível apenas para peregrinos e ciclistas, assim, os veículos motorizados devem seguir por uma rota alternativa.


Então, percorridos 2.200 m, desaguamos em uma larga estrada de terra e, obedecendo à sinalização, giramos à esquerda e prosseguimos em forte descenso, até nos enlaçarmos, mais abaixo, com outro caminho que provém da cidade, na verdade, um prolongamento da Avenida Silvestre Ferraz, e por onde hoje transcorre o Caminho de Nhá Chica.


Então, giramos à direita e prosseguimos em ascenso, num trajeto fresco, rodeados por eucaliptos, e pleno de imensas belezas naturais.

A Shirley com a simpaticíssima Silvana, quituteira de "Mão-Cheia!"

Sem grandes problemas, percorridos 4.600 m, fizemos uma pausa na casa de Dona Silvana, que nos recebeu com imensa simpatia e nos disponibilizou café, água, pães, bolos e outros acepipes, enfim, uma recepção digna de soberanos, que nós, humildes peregrinos, agradecemos emocionados por tanto carinho a nós ofertado, gratuitamente.


Tanto desvelo me fez lembrar Sid Trombini, célebre tenor italiano, que assim disse: As ‘Coisas Simples’ nunca saem de moda, assim como Carinho, Solidariedade e Amor, sempre nos encantam, falando alto ao Coração!


Após fraterna despedida, prosseguimos adiante e, mais acima, transitamos próximo de um bosque de araucárias, árvore nativa do Brasil que foi por muitos anos alvo da exploração indiscriminada e, por isso, hoje está ameaçada de extinção, uma espécie vegetal típica de clima subtropical e que prolifera com vigor em altitudes superiores a 900 metros.


Então, percorridos 6.700 m, chegamos à Capela de Nossa Senhora da Glória e São Benedito, localizada no bairro homônimo, cujo passado é de grande importância para a cidade de Cristina, pois foi onde teve início a criação do município.

A Capela de Nossa Senhora da Glória, localizada no bairro homônimo.

SUA HISTÓRIA: A simbólica e histórica capela é rodeada de lindas montanhas e está localizada no coração do bairro da Glória. Em 1774, o padre português Antônio Dutra da Luz recebeu do Império a Sesmaria da Glória, uma grande fazenda, ali fixando residência. Segundo Luís Barcellos de Toledo em “O Sertão da Pedra Branca”, o padre teria construído ali “um edifício de estilo antigo, bem vasto, mas um pouco baixo, tendo na frente o oratório de Nossa Senhora da Glória, padroeira da fazenda, com a porta principal dando para uma varanda com parapeito e que servia para os fiéis, no tempo do sertão, ouvir a missa que aos domingos e dias santos o padre Dutra rezava... teria sido esta a origem da Capela da Glória...” escreveu. Há muitos relatos de que a primeira missa celebrada em Cristina MG aconteceu aqui, no bairro da Glória, pelo padre Antônio Dutra da Luz, quem trouxe a imagem de Nossa Senhora da Glória para o local.


A Capela atual foi construída pelo Cônego Arthêmio Schiavon, pároco da cidade entre 1941 e 1985, mas nenhum documento oficial há na paróquia para comprovar o fato. Celebra-se nesta Capela, todo dia 13 de maio, a festa de São Benedito, também considerado padroeiro, e a data simbólica de fundação da cidade, que ali teria origem, pois, o padre Antônio Dutra da Luz e sua família, estão entre os primeiros moradores da então Sertão da Pedra Branca, além, claro, dos índios puris, que já habitavam a Serra da Mantiqueira.


O bairro também é referência ao marco de fundação da cidade de Cristina/MG, o “13 de maio” é famoso pelos festejos religiosos da data, é comum a procissão de São Benedito saindo da igreja matriz, leilão de prendas, assados e deliciosos almoços. Data Litúrgica: 15 de agosto. Padroeiros: Nossa Senhora da Glória e São Benedito.


Fonte: https://www.cristina.mg.gov.br

Bifurcação de caminhos: A Rota das Capelas segue à esquerda e Nhá Chica à direita.

Após fotos, carimbo nas credenciais e orações no interior do templo, prosseguimos adiante e 300 m à frente, numa bifurcação, o roteiro segue à esquerda, em direção ao bairro Fazendinha, enquanto o Caminho de Nhá Chica avança à direita, rumo à belíssima serra de Dom Viçoso.

Uma capelinha inusitada... Nossa Senhora do Cupinzeiro!

Na sequência, enfrentamos duro ascenso e após percorrer 8.700 m, atingimos o ápice da serra, situada a 1.400 m de altitude, o ponto de maior altimetria desse roteiro, de onde se descortinam magníficas vistas do horizonte, em todas as direções.


Enquanto me extasiava ante o “mar de montanhas” que se delineava à minha frente, lembrei de célebre frase cunhada pelo insigne pensador grego Heródoto, em priscas eras, que diz: Às vezes penso que nada possuo, mas ao contemplar a natureza entendo o quanto sou privilegiado pelo Criador.

Vista desde o ponto de maior altimetria desse roteiro...

Já em descenso, entre imensas pastagens e plantações de café, no 11º quilômetro, chegamos à Capela de Nossa Senhora das Graças, localizada no bairro Fazendinha, onde fomos recepcionados pela sra. Marilda, que nos disponibilizou café, água e lanches, além de esbanjar fraternidade e desvelo conosco, simples viajantes.


De se elogiar o piso dessa ermida, de extrema beleza e capricho, além do limpíssimo banheiro, que pode ser utilizado pelos peregrinos.

O interior da belíssima Capela de Nossa Senhora das Graças, bairro Fazendinha.

SUA HISTÓRIA: Construída na década 1950, a Capela de Nossa Senhora das Graças, do bairro Fazendinha, substituiu a antiga capela que era localizada próximo ao atual campo de futebol do bairro. Obra realizada pelo então pároco Arthêmio Schiavon, encabeçada pelo Mestre de Obras Sr. Armando de Oliveira.


Segundo Alfredo Honorato Sobrinho, morador e ex-capelão, o bairro era conhecido por “Fazendinha dos Alpes”, devido a altitude de aproximadamente 1.500 metros. “Aqui tem geada todo ano, antigamente era mais intenso, mas ainda tem geada todo ano. Plantávamos muito batata por causa da altitude e do frio. Quem doou o terreno para construir a capela foi o senhor ‘Quito’ e seu filho ‘José Quito’, que tinham uma venda no bairro.” Dona Regina relembra: “Sempre foi um bairro muito festeiro e animado, tinha procissão no dia da Santa Cruz, 03 de maio, festa junina e muita festança no dia 24 de setembro, dia da Padroeira.”


A imagem de Nossa Senhora das Graças foi adquirida em Aparecida do Norte/SP e doada pelo morador do bairro “Francisco D’Água.” Alfredo relembra: “A imagem chegou a Cristina e foi trazida para a Fazendinha em procissão (peregrinação), passou pelo bairro da Glória e chegou para a nova capela, quem ficou incumbido de tocar o sino na chegada da santa foi Pedro Martin, morador do bairro.”


Também segundo os moradores mais antigos, no começo do século XX foi encontrado próximo de onde está a capela atual, uma grande quantidade de ouro que estava enterrada no local. Foi retirado por forasteiros e numa mais encontrado.


Há relatos de que a comitiva real da Princesa Isabel e seu esposo Conde D’Eu passou pelo bairro em 1868, pela “Estrada Velha”, quando saiu de Caxambu/MG, pernoitou na Fazenda Três Barras em Carmo de Minas/MG, com destino a Cristina/MG. Veio ao município para agradecer a homenagem prestada a sua mãe, Imperatriz Teresa Cristina.


Data Litúrgica: 27 de novembro. Padroeira: Nossa Senhora das Graças.


Fonte: https://www.cristina.mg.gov.br

Pausa para fotos... A Shirley sempre esbanjando alegria nas trilhas..

Após cumprirmos o ritual de praxe, nos despedimos de nossa bondosa anfitriã, prosseguimos adiante e logo enfrentamos o derradeiro aclive, situado no 12º quilômetro, cujo ápice está situado a 1.350 m e onde se localiza as ruínas de uma antiga casa pertencente ao bairro Fazendinha, cuja base era toda em pedras encaixadas.


Alguns metros abaixo, há um mirante natural, que oferece uma das melhores vistas a ser apreciada ao longo desse caminho de peregrinação onde, claro, fizemos uma pausa para admiração e fotos.


Pois, como bem pontuou a escritora Arina Domingues: A beleza da natureza é tão linda, que acaba sendo indescritível. Não me canso de contemplá-la!

Vista desde o "Mirante Natural"...

O trajeto sequente, praticamente, todo em descenso, transcorreu ao longo de uma grande várzea, onde o forte é a criação de gado leiteiro, assim, sem grandes dificuldades, seguimos em bom ritmo, porquanto, o sol já crestava forte.


Percorridos 18.600 m, passamos diante de um casarão antigo, hoje deserto e abandonado, indicado como sede de umas das sesmarias que integravam a região de Cristina; ele foi edificado sobre a colina, observando o horizonte, sendo que ao lado pode-se observar ruinas de uma base construída sobre pedras.


Completados 19.200 m, adentramos na Capela de Santo Expedito e Santa Joana d’Arc, localizada no bairro Barra Mansa, o último enclave rural da Rota.

Capela de Santo Expedito, bairro Barra Mansa.

SUA HISTÓRIA: Construída em 1948, de estilo colonial, sobre uma bonita base de pedras e cercada por montanhas verdejantes da Serra da Mantiqueira, a Capela de Santo Expedito é um templo imponente e destaca-se pela sua arquitetura e conservação. Foi erguida por Marcolino Carvalho e família, tendo sob a sua coluna direita, enterrada, a pedra fundamental com os nomes de seus familiares.


A Barra Mansa, como o nome sugere, é um local tranquilo e muito bonito. É o último bairro rural da Rota das Capelas, com destino à igreja matriz do Divino Espírito Santo. O que poucos sabem é que esse templo foi construído para abrigar a primeira igreja Presbiteriana de Cristina/MG, os traços arquitetônicos são característicos. Na década de 70, uma comissão é formada pela igreja Presbiteriana para a construção de um novo templo no centro de Cristina/MG, devido ao crescimento constante de seu número de fiéis. Em 1977 é inaugurado o novo templo da igreja Presbiteriana no centro de Cristina/MG e o templo da Barra Mansa passa a sediar cultos esporádicos.


Na década de 90 a propriedade é adquirida por Vicente Santos e Iwanda B. L. Santos, atuais proprietários. Por volta de 2012 a Capela é doada à paróquia do Divino Espírito Santo e com apoio do padre Geraldo Pereira de Freitas, é revitalizada e passa a sediar a Capela de Santo Expedito, padroeiro das causas justas e urgentes.


Data Litúrgica: 19 de abril. Padroeiros: Santo Expedito e Santa Joana d’Arc.”


Fonte: https://www.cristina.mg.gov.br

A minha Credencial com todos os carimbos.

Ali, após nos abastecermos de água e utilizarmos o limpíssimo banheiro colocado à disposição dos peregrinos, prosseguimos em frente e logo enfrentamos forte e prolongada declivência que, em seu final, no 22º quilômetro, nos levou a transitar em zona urbana, coincidentemente, diante do Bar e Pousada do Giovani, um dos points mais famosos da cidade.


Então, sem maiores novidades, prosseguimos caminhando sobre piso duro até a igreja matriz, local de nossa partida matutina, onde, a Shirley e eu, após nos cumprimentarmos, mutuamente, demos por encerrada nossa profícua peregrinação.

Meu Diploma Peregrino, que guardarei com muito orgulho e saudosas lembranças.

FINAL


Um homem não ficará velho enquanto continuar procurando por alguma coisa.” (Jean Rostand)


Nem só de caminhos consagrados e extensos é feito um peregrino.


Nesse sentido, os itinerários de parca amplitude são mais apreciativos, embora aos mais ambiciosos caiba refutar tal entendimento.


Então, para solidificar minha opinião, costumo afirmar que grandes jornadas robustecem o caráter de um homem, pois exigem dele pertinácia de espírito e resistência física.


As pequenas, por outro lado, moldam, aguçam, aperfeiçoam os sentidos, que não são estacionários, como muitos podem pensar.


Ao revés, suscetíveis ao treino e, em consequência, a melhoramentos.


Frequentemente, em uma longa caminhada, nos privamos de descansar à sombra de uma frondosa árvore e de observar, serenamente hirtos, os traços irregulares de uma cadeia de montanhas no horizonte, uma vez que o objetivo final ainda está distante e o tempo é escasso.


Nas mais efêmeras, é possível parar onde bem entender, já que a ocasião não é um fator tão limitante.


Enfim, conquanto minhas interpretações sobre ambas possam parecer antagônicas e confusas, reitero que são complementares entre si.


Dessa forma, diria que embora seja um percurso de pequena dimensão, a Rota das Capelas de Cristina/MG me surpreendeu, positivamente, por sua beleza paisagística e locais de visitação muito bem preservados, bem como pela simpatia e a amabilidade das pessoas que habitam ao longo desse itinerário.


Posto que são as coisas simples da vida que nos proporcionam alegria, fraternidade, harmonia, aprendizado, fé, acolhimento, paz e demais sentimentos afins.


Nesse contexto, trilhar a Rota das Capelas evidenciou-se, para mim, como uma experiência instigante, surpreendente e extremamente prazerosa, que recomendo com efusão.

Com o Rafael Rezek, amigo e Secretário de Turismo de Cristina.

Finalizando, um agradecimento especial ao Secretário Municipal de Turismo de Cristina, o amigo Rafael Rezek, pela feliz inspiração quando da criação desse magnífico roteiro.

Bom Caminho a todos!


Setembro/2021