2020 – CIRCUITO DAS MALHAS – Nº 9 – “PAREDÃO” (JACUTINGA/MG) – 30 QUILÔMETROS

Quanto mais se pode viajar, mais feliz um indivíduo consegue ser, pois perambulando entre as tristezas ou pobreza, aprende-se a dar valor ao que tem e ao passar por culturas ricas e felizes, entende-se que ainda há muito para evoluir.” 

“RUMO A JACUTINGA/MG” 

Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver”, sabia que não era assim. O fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre! (José Saramago, grande escritor português) 

Foi pensando no instigante adágio acima que, animado em desvendar mais um roteiro inédito, viajei novamente para Jacutinga/MG e quando ali cheguei, tive a alegria de reencontrar o Vinícius, um grande amigo peregrino que, novamente, seria o meu “Companheiro de Jornada”.

Após os efusivos cumprimentos e abraços, como é praxe no universo peregrino, pois eu não o via desde o final de 2019, nos hospedamos no Hotel Ghandi, onde me foi disponibilizado um excelente quarto, ao preço de R$70,00/dia.

À noite, fomos lanchar na Padaria e Confeitaria Jacutinga, onde aproveitamos o agradável ambiente para colocar a conversa em dia.

Nossa confraternização estava animada, contudo, nos recolhemos cedo, vez que o dia seguinte nos reservava intenso esforço físico, pois escalaríamos o famoso pico Alto Alegre, algo que sonhávamos há tempos.

A NOSSA CAMINHADA

Na vida, temos a opção de seguir um de dois caminhos: esperar por um dia especial - ou celebrar cada dia como especial.” (Rasheed Ogunlaru)

Como de praxe e de comum acordo, o Vinícius e eu resolvemos sair bem cedo, como forma de agilizar nosso deslocamento, então, partimos às 5 h, depois de ingerir substancial café da manhã, que muito nos animou.

Assim, deixamos o Hotel Ghandi onde pernoitáramos e depois de nos cumprimentarmos e desejarmos boa sorte, mutuamente, demos início à nossa empreitada.

Na sequência, giramos à esquerda e seguimos sob o conforto da iluminação urbana em bom passo, vez que o dia somente raiaria dali a uma hora.

A igrejinha do bairro São Luiz.

Percorridos 5 quilômetros, com o sol despontando, transitamos pelo bairro São Luiz, onde pude fotografar a linda igrejinha ali existente.

Então, giramos à direita, depois, por uma ponte nós ultrapassamos o rio Moji-Guaçu, então, adentramos em larga e ascendente estrada de terra, por onde seguimos animados e sob o frescor de um nicho de mata nativa.

Naquele local, como num passe de mágica, tudo ficou silencioso e bucólico.

Paisagem desde o Belvedere 7 de Abril. A cidade de Jacutinga aparece à esquerda. À direita, um grande incêndio no alto de um morro.

Mais acima, passamos a transitar entre imensos cafezais e no oitavo quilômetro, ainda em forte ascendência, fizemos uma pausa para fotografar a cidade de Jacutinga e todo o panorama que dali se descortinava, desde o Belvedere 7 de Abril, que se encontra a 1070 m de altitude, junto a uma grande pedra.

Depois, prosseguimos em aclive por mais algum tempo, então, após percorrer 8.500 m, no topo de um morro, situado a 1.100 m, chegamos numa bifurcação, já nossa conhecida.

Trânsito em ascenso, entre cafezais.

Se seguíssemos à esquerda, iríamos em direção à cidade de Espírito Santo do Pinhal/SP, mas nossa meta era outra, assim, giramos à direita e prosseguimos em perene ascensão, cortando extensos cafezais.

Posteriormente, giramos à esquerda e prosseguimos em ascenso junto a um grande muro de vedação feito de cimento pré-moldado, que cerca uma grande propriedade e de onde derivou o nome dessa trilha, nominada de “Paredão”.

O "Paredão" de cimento, à esquerda, que dá nome a esse trilha..

Quase no topo do morro, percorridos 12.500 m, fizemos uma pausa para fotografar, ao longe, no horizonte, a serra da Mantiqueira, que se delineava ante nossos olhos maravilhados.

Um belo lago, situado a 1.250 m de altitude.

No 13º quilômetro nós transitamos ao lado de um grande lago, situado a 1.250 m de altitude, depois prosseguimos sob a fronde de um nicho de mata nativa, em seguida, passamos diante da entrada para uma rampa de voo livre e, finalmente, no 15º quilômetro, chegamos à estátua do Cristo Redentor, que já pertence ao município de Albertina.

O Vinícius diante do Cristo Redentor de Albertina.

A famosa escultura de Jesus Cristo está localizada no ponto mais alto daquele município, em sua zona rural, numa altitude de 1.310 m e área construída de 1.250 m².

Trata-se de um símbolo do cristianismo no Brasil, que representa paz e amor, com Jesus de braços abertos. 

A cidade de Albertina aparece abaixo e entre montanhas.

O local recebe inúmeros visitantes, que ali vem observar a linda natureza circundante, bem como apreciar a ampla vista que dali se descortina.

Um célebre ponto turístico, a imagem expressa a hospitalidade do povo albertinense, que recebe todas as pessoas de braços abertos.

Aproveitando a sombra e o frescor do local, fizemos uma pausa restauradora para fotos, apreciação do lindo cenário que dali se revelava, além de ingerir frutas e nos hidratarmos.

Caminhando pelo topo do pico Alto Alegre, num trajeto amplo e arejado.

Prosseguindo adiante, enfrentamos o derradeiro tope do dia que, em seu final, nos levou a transitar a 1.335 m, o cume do pico Alto Alegre, de onde detínhamos uma fantástica visão de todo o entorno, com inúmeras cadeias de montanhas a nos ladear.

Em forte descenso...

Prosseguindo, o caminho se nivelou por 2 quilômetros, depois passamos a descender com violência e no 23º quilômetro, transitamos ao lado da cachoeira Sete de Abril que, face à estiagem reinante, se encontrava com reduzido volume de água.

A cachoeira Sete de Abril.

Porém, frequentadores antigos do local afirmam que sua baixa vazão também é causada pela empresa Danone, fabricante da água mineral Bonafont, recentemente instalada alguns metros acima dessa bela queda d’água.

Mais dois quilômetros percorridos ainda em forte descenso, ultrapassamos o rio Moji-Guaçu pela famosa Ponte de Ferro do bairro dos Vieiras, depois, prosseguimos sobre piso asfáltico por mais algum tempo.

A Ponte de Ferro existente sobre o rio Moji-Guaçu.

Contudo, logo voltamos a caminhar sobre terra até que, no 28º quilômetro, acabamos por sair na rua Marechal Deodoro, por onde caminháramos de manhã, então, utilizando a mesma via, mas no sentido contrário, retornamos ao ponto de partida.

Porém, antes de lá aportar, fizemos breve visita ao prédio que abriga a Seção de Incentivo ao Turismo onde, como de praxe, fomos muito bem recepcionados pelo Odval Aparecido Bertolassi, o Coordenador de Turismo de Jacutinga.

Visitando o grande amigo Odval no SEGOV de Jacutinga/MG.

Então, após fotos e cumprimentos, retornamos ao Hotel Ghandi, onde demos por encerrada nossa jornada do dia.

Mais uma vez, deixo aqui consignado meu carinho e agradecimento ao amigo Vinícius, com quem dividi a trilha novamente.

Sobre o tema, nada como relembrar o que escreveu um eminente pensador francês: Há coisas que nunca esqueceremos, há emoções que sempre viverão dentro de nós. Há lembranças que nos darão um sorriso e outras que nos farão derrubar uma lágrima. Há pessoas tão importantes, que sempre levaremos naquele pequeno lugar chamado coração.

No mirante existente existente do Cristo Redentor. A cidade de Albertina aparece abaixo.

FINAL

O que você tem que fazer, faça agora. O futuro não é prometido a ninguém!” (Wayne Dyer)

*

" Por que preferimos viajar para lugares distantes? 

Talvez em alguma região do cérebro haja uma explicação pelo fascínio do homem de sair de um lugar seguro a procura do 

desconhecido. 

Acredito que no incógnito encontramos o medo, a surpresa, a emoção que se traduzem numa recompensa. 

Talvez neste sentido explicar a paixão que algumas pessoas tem por viagens, em conhecer outras culturas, e não 

caso dos exploradores, a recompensa de vencer os desafios. 

Graças a esses personagens tão especiais aprendemos muito mais sobre o nosso planeta e dos limites humanos . " 

(Hakim Bey)


Bom Caminho a todos!

Setembro / 2020