MINHA VIAGEM

MINHA VIAGEM

Vencer a preguiça é a primeira coisa que o homem deve procurar, se quiser ser dono do seu destino.” (Thomas Atkinson)

Deixei minha residência num sábado e segui em direção à rodoviária local, onde tomei um ônibus que, após 12 longas horas de viagem, me deixou na cidade de Congonhas/MG.

Minha intenção era apear do coletivo e, incontinenti, cumprir a primeira etapa de minha peregrinação, contudo, me deparei com problemas extemporâneos, já que o horário de verão se iniciava naquele dia.

Portanto, cheguei uma hora à frente do desejado, lembrando que não chovia há mais de 30 dias e um calor infernal grassava a região.

Além disso, por contratempos técnicos, o ônibus em que viajei aportou ao seu destino com 90 minutos de atraso.

Então, face ao cansaço acumulado e o horário avançado, optei por descansar, visto que se seguisse adiante, não curtiria a “viagem interior” como planejado.

Como bem disse o glorioso poeta Carlos Drummond de Andrade: “A vida necessita de pausas”.

Dessa forma, abortei minhas atividades naquele domingo e me hospedei no Hotel dos Profetas.

Seu proprietário, o sr. Moacir, é uma pessoa educada, simpática e trata os peregrinos com muita hospitalidade.

Depois de um banho retemperador e um lauto café da manhã, segui até o afamado Santuário de Matosinhos.

Ali, com calma, revi todo o complexo, com pausas para orações, contemplações da cidade e fotos.

Novamente no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas/MG

O Santuário de Bom Jesus de Matosinhos é um conjunto arquitetônico e paisagístico formado por uma igreja, um adro e seis capelas anexas, localizado no município brasileiro de Congonhas, estado de Minas Gerais.

A igreja é um importante exemplar da arquitetura colonial brasileira, com uma rica decoração interna em talha dourada e pinturas.

O adro é ornado com doze estátuas de profetas em pedra-sabão e as capelas contêm grupos escultóricos em madeira policromada que representam passos da Paixão de Cristo, estátuas criadas pelo Aleijadinho e seus assistentes.

Outros artistas de gabarito participaram nas obras de construção e decoração, entre eles Francisco de Lima Cerqueira, João Nepomuceno Correia e Castro e Mestre Ataíde. O conjunto foi construído em várias etapas entre 1757 e 1875.

Sua implantação cenográfica e monumental, seguindo o modelo dos “sacro montes” europeus, não tem paralelos no Brasil à sua altura, e as capelas e o adro abrigam a parte mais relevante do legado escultórico do Aleijadinho.

O Santuário é também o centro de uma das mais populares devoções do país, recebendo milhares de peregrinos todos os anos e recolhendo enorme coleção de ex-votos.

Tornou-se um ícone do Barroco brasileiro e do estado de Minas Gerais, e uma grande atração turística.

Devido à sua superior importância histórica, social e artística, o conjunto foi tombado em 1939 como patrimônio histórico nacional pelo SPHAN, atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1985.

Em 26 de julho de 1957 o papa Pio XII elevou a igreja à dignidade de basílica menor.

Fonte: Wikipédia

Festejando meu retorno a Congonhas/MG.

A devoção ao Bom Jesus de Matosinhos tem origens antiquissimas.

Segundo uma lenda, ela nasceu quando uma imagem de Jesus crucificado arribou às praias de Matosinhos, em Portugal, no ano de 124.

Veio a se acreditar que esta imagem teria sido esculpida por Nicodemos, que segundo a narrativa bíblica assistira à crucificação de Jesus, e a lançara ao mar para evitar a perseguição religiosa.

A dita imagem foi abrigada no mosteiro local, criando-se em seu redor forte devoção, considerada milagrosa.

Em 1559 decidiu-se construir uma igreja especial para a imagem, a que hoje ainda existe em Matosinhos.

A devoção se tornou a mais importante do norte de Portugal, sendo introduzida no Brasil pelos colonizadores e ganhando rápida difusão, tanto que 23 cidades brasileiras foram fundadas sob a invocação do Bom Jesus.

No período colonial, segundo Márcia Toscan, a mais popular peregrinação do Brasil era dirigida à Igreja de Congonhas, ocorrendo com grandes festejos.

Descendendo a ladeira que leva o turista ao Santuário.

Finda minha profícua visita a este santo local, desci a ladeira e fui almoçar no restaurante Colher de Pau, situado nas proximidades do lugar em que eu estava hospedado.

Ali, por R$13,90, pude comer à vontade no sistema self-service, inclusive, com direito à churrasco assado na hora.

Depois, merecidamente, deitei para descansar.

Mais tarde, assim que o calor vespertino arrefeceu, fui visitar a igreja matriz da cidade, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição, uma construção de 1734, que se confunde com a própria origem do povoado, num tempo em que os homens se espalhavam pelo interior da Minas Gerais à procura dos veios de ouro.

Ao retornar ao local de pernoite, fui surpreendido pela presença do radialista Ilton Ferreira, que fazia uma visita ao Sr. Moacir, o proprietário do hotel.

Com o Ilton, em 2010, quando percorria a Estrada Real.

O simpático repórter apresenta um programa de variedades na rádio Congonhas AM.

E, de pronto, não me reconheceu, mas ao lhe mostrar a foto que fizemos juntos em 2010, quando de minha passagem pela cidade, identificou-me, abraçando-me com alegria.

Conversamos um pouco e depois, como da vez anterior, e graças à minha aquiescência, ele gravou breve entrevista a ser levada ao ar no dia seguinte.

Curioso, dentre outras perquirições, indagou, novamente, minha procedência, planos, objetivos, experiências e, principalmente, os motivos de minha caminhada solitária, desta vez, rumo ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida. 

Com o Ilton, novamente, e o Sr. Moacir, o proprietário do Hotel dos Profetas.

Enfim, foi uma conversa descontraída, salutar e plena de momentos gratificantes.

À noite, após breve lanche no quarto, antes de me deitar, pedi proteções celestes a Nossa Senhora Aparecida para a minha iminente jornada, rezando da seguinte forma:

“Ó bondosa Nossa Senhora Aparecida, que no teu peregrinar terreno conheceste as fadigas, e os perigos das viagens, protege este teu filho que vai iniciar uma viagem, acompanha-o em todo momento, vela por seu bem-estar e por suas necessidades e ajuda a que chegue bem ao seu destino. Que assim seja. Amém!”

 1º dia: CONGONHAS a SÃO BRÁS DE SUAÇUÍ – 26 quilômetros