A VIAGEM

A VIAGEM

"Não importa se você avança muito lentamente; o que importa é que não fique parado." (Confúcio)

A aventura se iniciou quando deixei minha residência e segui em direção ao terminal rodoviário de Campinas.

Quando lá cheguei, tive o prazer de abraçar o Rogério Furlan, um experiente peregrino, que já era meu amigo virtual, porém eu ainda não o conhecia pessoalmente.

Procedente da baixada santista, logo também aportou ao local o amigo Perdiz, parceiro que faltava para completar nosso time de caminhantes.

Pousada Primavera em Aguaí, onde ficamos hospedados.

Juntos, na sequência, adentramos ao ônibus da Viação Santa Cruz e, duas horas mais tarde, já em Aguaí, nos hospedamos na Pousada Primavera onde, por R$83,00, pudemos dispor de um quarto individual, limpo e confortável.

Mais tarde saímos passear pela cidade.

Igreja matriz de Aguaí, no momento, em reformas.

Existem registros de possessões das pouco produtivas planícies de Aguaí, desde o começo do século XVIII, mas somente após a vinda da ferrovia (1887) é que a região experimentou relevante desenvolvimento.

Afinal, era a partir da estação Cascavel, nome da antiga vila, que saía o ramal para Poços de Caldas.

Conhecida como “Pouso do Itupeva” na época dos bandeirantes, uma grande cobra encontrada justamente no potreiro, acabou por emprestar seu nome à então vila.

Com a finalidade do meio de transporte, em 1887, o Major João Joaquim Braga estabeleceu-se com comércio no local, desenvolvendo intenso trabalho pela prosperidade do núcleo.

Major Braga, natural de Braga, Portugal, era dinâmico, empreendedor, comerciante, idealista de espírito publico, e desde logo pôs-se em ação para conseguir a formação do Patrimônio do Senhor Bom Jesus de Cascavel, obtendo, já no ano de 1.889, a criação da Agência de Correios, a nomeação do Subdelegado de Polícia e as primeiras doações de terrenos.

Por todos esses fatos e reconhecida liderança por mais de três décadas desenvolvida na cidade para a qual tanto dedicou-se, Major João Joaquim Braga é considerado o fundador de Cascavel que, mais tarde, em 30 de novembro de 1.944, conquistava sua condição de Município, com o nome de Aguaí.

Com o Furlan, na praça central de Aguaí.

Ao passar a categoria de município em 1944, o nome teve que ser alterado devido à existência de outros com a mesma nomenclatura.

Algumas cidades, que não tinham nada a perder, se insurgiram contra o decreto que vedava nomes em duplicata, e a solução foi incluir sua localização geográfica, como ocorreu com Bragança Paulista, Monte Santo de Minas, Vargem Grande do Sul, etc.

Foi, então, realizado um plebiscito, e o nome escolhido significa justamente chocalho ou mesmo cascavel na língua indígena, qual seja, mudaram o nome, mas não o significado.

Por curiosidade, os outros nomes constantes da cédula de votação eram: Teçaindá (lugar alegre, risonho, aprazível) e Toripá (lugar, tempo, modo de alegrar-se).

Ainda, a partir dessa época, todo o Município começou a desenvolver mais eficazmente sua área agrícola e pastoril, ao mesmo tempo que via se instalarem algumas industrias de pequeno porte, numa expansão paulatina, sem os inconvenientes de desordenada explosão industrial que poderia ter trazido mais problemas do que vantagens, contribuindo na construção de uma sociedade mais estável e conservadora, durante vários anos.

Aguaí da atualidade, inspirada em tantos exemplos bons de amor a sua gente ao longo de seus anos de fundação, de existência feliz, tem tudo de essencial para prosseguir na construção do seu futuro, com seus quase 35.000 habitantes, em compasso trepidante da progressista gente paulista e em uníssono com a alma patriótica do nosso Brasil, sempre novo e muito amado.

Fonte:http://www.aguai.sp.leg.br/

Praça central e, ao fundo, a igreja matriz de Aguaí.

Seguimos até o centro da simpática cidade, onde pude fotografar sua praça central, bem como a igreja matriz, cujo padroeiro é o Bom Jesus.

Posteriormente, embora ela se encontre em reformas, adentramos ao seu interior para fazer fotos e proclamar orações.

Altar mór da igreja matriz de Aguaí.

Quando deixávamos o templo, coincidentemente, encontramos com o turismólogo Ronaldo Romualdo residente naquela cidade, trabalha no Projeto Guri e, ainda, é o atual mantenedor da Rota das Capelas.

Ele clarificou alguns detalhes da etapa que envidaríamos na manhã seguinte, depois combinamos, mediante pagamento das despesas, dele ir nos apanhar no bairro Três Fazendas, final da primeira jornada, para nos levar até a cidade de São João da Boa Vista, onde pernoitaríamos.

Na sequência, fotografei uma pedra branca, colocada pelo próprio Major Braga debaixo de uma frondosa figueira, que existia defronte à sua residência.

Por décadas ela enfeitou o jardim e lá permanece até hoje, sendo considerada um verdadeiro marco histórico.

Em 1989, quando se comemorou o centenário da cidade, ela foi incorporada a um monumento alusivo à data.

A pedra histórica de Aguaí.

Inserta nela, há uma placa onde foi transcrita uma poesia de Dionysio Castello, que assim se reporta:

“Pedra símbolo dos namorados,

Dos encontros e juras de amor,

Ocultas o segredo do passado

Deste povo e destas campinas em flor

És histórica e romântica

Do nosso progresso vigilante

De nossas lutas testemunha

De tantas recordações palpitantes

O teu silêncio é de ouro

Nossos segredos não revelarás

És branca, pura, um cristal de rocha

Aqui para sempre permanecerás.”

Pude, ainda, fotografar um arbusto nominado Aguaí, homônimo da urbe, que medra num dos canteiros existentes na praça central.

Um pé de Aguaí, árvore ainda em formação.

Os índios, que habitavam a região, utilizavam a semente dessa árvore para fazer enfeites e colares.

Seco, esse gérmen, curiosamente, produz o mesmo som característico do guizo da cobra cascavel.

À noite, o Furlan optou por se recolher cedo.

Com o Perdiz, comemorando..!

Porém, o Perdiz e eu fomos até um pequeno bar e mercearia situado próximo do local de pernoite onde, além de adquirirmos água para levar na trilha, pudemos também festejar nosso reencontro ingerindo algumas cervejas, já que fazia um calor de rachar.

HISTÓRIA DESSE NOVEL CAMINHO

Caminhos difíceis muitas vezes levam a belos destinos."

A “ROTA DAS CAPELAS” nasceu com o propósito de, num roteiro de fé e devoção, unir 6 municípios de São Paulo e Minas Gerais.

Idealizada pela advogada, jornalista e peregrina veterana Arlene Padrão, guaçuana radicada em Aguaí, a mais nova rota de peregrinação do Brasil ligará, por estradas vicinais, as cidades de Aguaí (ponto inicial do caminho), o bairro rural de Santa Luzia, em Espírito Santo do Pinhal e Santo Antônio do Jardim e Andradas, Ibitiúra de Minas e Santa Rita de Caldas.

Com um trajeto de 94 quilômetros, demarcado no dia 12 de março de 2005, sinalizado com flechas de cor laranja e placas indicativas, os peregrinos encontram cerca de 30 capelas, algumas bem antigas e cada qual com seu estilo e sua história..

O percurso tem 90% em chão batido (em sua maioria), com pontos de pedras em alguns locais, e 10% de asfalto.

Este roteiro ainda não possui credencial e certificação de conclusão do percurso.

Ponto de Partida: Paróquia Senhor Bom Jesus - Rua Sete de Setembro nº 163 – Centro - Aguaí – SP

Ponto de Chegada: Paróquia Santa Rita de Cássia - Praça Padre Alderigi, 191 - Santa Rita de Caldas - MG

A melhor época para percorrer a rota é entre março e agosto por ser um período de poucas chuvas e temperaturas amenas.

Entre outubro e dezembro também é considerada uma época oportuna.

O trecho considerado mais difícil situa-se entre Andradas e Santa Rita de Caldas, pois neste trecho encontram-se os pontos com mais aclives e descensos do roteiro.

O Departamento de Cultura e Turismo de Aguaí, através da Diretora Flávia Verdade Mamede, o Turismólogo Ronaldo Romualdo e Arlene Padrão se reuniram com os representantes das cidades que fazem parte do percurso a fim de realizar ações para que a rota seja legalizada nos moldes das determinações do Ministério do Turismo; isso inclui a criação de uma associação para o gerenciamento do roteiro.

O objetivo da rota é desenvolver o turismo local e divulgar as cidades participantes para todo o País como alternativa turístico-cultural-religioso e esportivo, atraindo peregrinos de todos os cantos do Brasil.

Fonte: http://culturaeturismoaguai.blogspot.com.br/2011/10/reestruturacao-rota-das-capelas.html e http://www.beyourtrip.com.br/rota-das-capelas)

1º dia: AGUAÍ/SP ao BAIRRO TRÊS FAZENDAS (ESPÍRITO SANTO DO PINHAL/SP) – 22,1 quilômetros