A VIAGEM 

A VIAGEM

Quando você está começando uma nova jornada é natural sentir-se vulnerável. Afinal, pode parecer que você tem muito a perder. Mas posso lembrá-lo que nunca mais, em nenhum outro ponto da mesma jornada, você tem tanto a ganhar.” (Mike Dooley) 

Com o objetivo de realizar um sonho antigo, qual seja, percorrer o Caminho de Assis, na Itália, desembarquei em Roma, depois de um voo extenso mas tranquilo.

Após ultrapassar os trâmites burocráticos inerentes a todos aqueles que adentram à Europa, tomei um trem e desci na estação Tiburtina, a segunda maior estação ferroviária de Roma.

Em seguida, ainda, de trem, ao custo de 20 Euros a passagem individual, segui para Arezzo, onde aportei após 3 h de viagem.

O manual que eu levava sugeria tomar outro trem para a cidade de Bibbiena e, na sequência, seguir de ônibus até o local de pernoite, em La Verna.

Contudo, na expectativa de agilizar meu translado pelas terras da Toscana, optei por tomar um táxi em Arezzo que, ao custo de 80 Euros e 45 minutos de percurso, me deixou diante do Monastério de La Verna, ponto inicial do Caminho de Assis. 

Chegando ao Monastério de La Verna.

Fiz, então, uma profícua visita ao seu interior, carimbei minha credencial peregrina e, depois de fotos e outras providências, retornei 3.000 metros por uma estrada descendente e me hospedei no Hotel da Giovanna, situado em Chiusi della Verna, onde eu havia feito reserva.

Superados os entraves de praxe, foi me disponibilizado um excelente quarto individual ao custo de 50 Euros, incluído o café da manhã. 

Local de meu pernoite nesse dia, em Chiusi della Verna.

Eu estava com uma fome terrível, assim, após guardar a minha mochila, almocei no restaurante existente no próprio local, onde o delicioso “menu del pasta” me custou 20 Euros.

Infelizmente, à tarde principiou a garoar e pouco pude passear pela simpática vila onde pernoitei nesse dia.

Já no quarto, antes de dormir, volvi meus pensamentos a São Francisco e rezei sua Oração, pedindo proteção, nos seguintes termos:

ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO 

Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.

Onde houver discórdia, que eu leve a união.

Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.

Onde houver erro, que eu leve a verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:

consolar, que ser consolado;

compreender, que ser compreendido;

amar, que ser amado.

Pois é dando que se recebe.

É perdoando que se é perdoado.

E é morrendo que se vive para a vida eterna. 

Rezemos: Ó Glorioso São Francisco, santo da simplicidade, do amor e da alegria, que no céu contemplais as perfeições infinitas de Deus, lançai sobre nós o vosso olhar cheio de bondade. Socorrei-nos em nossas necessidades espirituais e corporais. Rogai ao nosso Pai e Criador, que nos conceda as graças que pedimos por vossa intercessão, vós que sempre fostes tão amigo dele. E inflamai o nosso coração de amor sempre maior a Deus e aos nossos irmãos, principalmente os mais necessitados. São Francisco de Assis, rogai por nós. Amém!

A igreja de Santa Maria degli Angeli, que faz parte do Monastério (século XIII).

COMO CHEGAR A LA VERNA, PARTINDO DE ROMA: 

Para a chegada, a melhor cidade para as conexões é Roma.

Descendo no aeroporto internacional Fiumicino, em seu interior há um terminal de trem que leva o passageiro à estação Termini\Roma.

Em Termini compre um bilhete de trem para a cidade de Arezzo.

Em Arezzo compre um bilhete de trem para a cidade de Bibbiena.

Em Bibbiena haverá um ônibus local que te levará até a entrada de Chiusi de La Verna. 

O Monastério de La Verna, de outro ângulo.

OBS: As conexões para Bibbiena e La Verna são transportes regionais, sendo assim, são poucas opções de horário, que se enceram por volta das 16 h.

Para utilizar este tipo de transporte é necessário que pelo menos o peregrino esteja em Arezzo no máximo até às 12 h para se informar e utilizar o transporte público.

Ressaltando que em determinados dias, como feriados e férias, os horários se alternam.

Outra opção é o TÁXI: Em Arezzo, defronte à estação de trem, há um ponto de táxi, onde você pode se informar sobre a corrida, que dura entre 30 a 40 minutos e, normalmente, todos trabalham com o mesmo valor.

Em 2009 custava, desde a estação Arezzo até dentro da Chiusi de La Verna, onde onde se situa o eremitério, hospedagem e convento: 70 euros.

Nota do autor: Agora, em 2019, tal itinerário me custou 80 Euros.

(Fonte: www.caminhofranciscanodapaz.org)

O SANTUÁRIO DE LA VERNA 

O santuário de La Verna está localizado nos Apeninos da Toscana.

A montanha, coberta por uma floresta monumental de faias e abetos, pode ser vista de todo o Casentino e do alto Val Tiberina e tem uma forma inconfundível com o seu pico (1283 m) cortado de três partes.

Acima da rocha e rodeado pela floresta, está o grande complexo do Santuário, que contém numerosos tesouros da espiritualidade, arte, cultura e história dentro de sua arquitetura maciça e articulada. 

Vista da região ao redor, desde o Monastério de La Verna.

La Verna é o mais famoso dos conventos Casentino e um dos lugares mais importantes da ordem franciscana.

A fundação de um primeiro núcleo eremítico remonta à presença no local de São Francisco, que na primavera de 1213 se reuniu em San Leo, em Montefeltro, ao conde Orlando di Chiusi em Casentino, que, impressionado com sua pregação, quis dar-lhe o dom da montanha della Verna, que mais tarde se tornou um lugar de numerosos e prolongados períodos de retiro.

Nos anos seguintes foram construídas pequenas celas e a pequena igreja de Santa Maria degli Angeli (1216-18).

O impulso decisivo para o desenvolvimento de um grande convento foi dado pelo episódio dos estigmas (1224), que teve lugar nesta montanha, favorecida pelo santo como lugar ideal para se dedicar à meditação.

A última visita de Francisco a esse local aconteceu no verão de 1224. 

A Capela onde São Francisco recebeu os estigmas.

Ele se retirou para lá em agosto, para um jejum de 40 dias em preparação para a festa de São Miguel e, enquanto estava absorto em oração, recebeu os estigmas.

No verão de 1224, São Francisco retirou-se para o Monte Verna para seus habituais períodos de silêncio e oração.

Durante sua estada, ele pediu a Deus para poder participar com todo o seu ser na Paixão de Cristo, um mistério de amor e dor.

O Senhor o ouviu e apareceu-lhe na forma de um serafim crucificado, deixando-lhe como presente os estigmas de sua paixão e morte. 

Relíquias de São Francisco: a veste que ele usava.

Assim, Francisco também se tornou exteriormente uma imagem de Cristo à qual ele já se assemelhava tanto ao coração e à vida.

O evento dos estigmas e o exemplo da vida são o bem mais precioso que Francisco entrega aos frades de La Verna.

O exigente legado de São Francisco, além de envolver pessoalmente cada frade, torna-se também a principal mensagem que a comunidade deseja transmitir a todos os que visitam La Verna.

Mais abaixo, você entra na famosa sala da capela dos Estigmas, o coração do santuário, que foi erguido no local do evento milagroso, por volta de 1263, com uma única nave coberta por uma abóbada cruzada.

No chão, o lugar onde o milagre dos estigmas teria ocorrido, é indicado por uma placa.