13º dia – PEDROUZO/ARCA à SANTIAGO DE COMPOSTELA

13º dia – PEDROUZO/ARCA à SANTIAGO DE COMPOSTELA – 21 quilômetros

O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.” (Elleanor Roosvelt)

Era meu último dia de peregrinação e eu pretendia chegar cedo à Santiago, a tempo de receber minha “Compostelana”, bem como assistir a missa dos peregrinos que é realizada, diariamente, às 12 horas.

Assim, repetindo o que fizera no ano anterior, resolvi novamente ir pela rodovia, objetivando acessar o roteiro oficial do caminho, quando ele cruza a “carretera”, passando da direita para o lado esquerdo, isto no bairro de Cimadevilla.

Então, bem disposto e alimentado, deixei o local de pernoite às 5 h 30 min, e desci à esquerda, para acessar o asfalto, defronte ao prédio “del Ayntamiento”.

Ocorre que, por obra divina, um casal de alemães, com mochilas nas costas, vinha em sentido contrário, com vistas a prosseguir seu périplo.

Por coincidência, exatamente pelo local que eu estava tentando evitar, por medo de me perder.

Trata-se de um espesso bosque de eucaliptos, local por onde discorre o roteiro oficial do Caminho.

Animado, depois de nos saudarmos, fiz meia-volta e, ante a aquiescência deles, segui junto com a dupla, pois, embora estivesse extremamente escuro, a utilização de 3 lanternas, conjuntamente, tornaria o risco de um equívoco, praticamente nulo.

Logo adentramos à cerrada mata, porém nosso progresso foi tranquilo e sem nenhum temor quanto ao rumo a seguir.

Curiosamente, encontramos diversos peregrinos já caminhando à nossa frente, alguns titubeantes sobre qual direção tomar, então, após os ultrapassarmos, logo uma extensa fila de luzes se formou à nossa retaguarda.

Depois de 30 minutos em vigorosa marcha, e assim que transpusemos a rodovia N-547 através de um túnel, os simpáticos jovens germânicos optaram por adentrar em um bar ali localizado, com o fito de ingerir seu desjejum.

Como eu estava bem alimentando, após cordiais despedidas, prossegui adiante escoteiro, porém logo voltei a passar por outras pessoas que também caminhavam em direção à Compostela, naquele horário extemporâneo.

Desses todos, aquele que mais me impressionou, foi um grupo de 10 pessoas, todos de origem italiana, que seguiam rezando o terço com grande ênfase, numa melopeia eloquente, contudo monótona.

Como ainda restavam umas 3 largas horas de percurso, inferi que eles necessitariam deter um bom condicionamento pulmonar, para seguir com todo aquele entusiasmo até o final.

A manhã transcorreu rápida, porque a aproximação das cercanias de Santiago, aliada à minha ânsia de chegar, bem como pela saudável integração com os demais peregrinos, permitiram que os quilômetros fossem vencidos com rapidez.

Nesse pique, passei “voando” pelos pueblos de San Antón, Amenal e Amarelle, uma minúscula aldeia localizada junto à rotatória da rodovia N-634.

A principal dificuldade que encontrei no trecho sequente foi a escalada em direção ao Alto de Lavacolla, onde se encontra instalado o aeroporto de Compostela.

Porquanto, trata-se de uma ascenso seco, poeirento e duro, algo bastante explicável, pois caminha-se nesse segmento específico, em meio a um frondoso bosque de eucaliptos.

Superado esse obstáculo, voltei a descender até as primeiras casas de “San Paio”, onde fiz a única parada do dia, apenas para ingerir uma banana e me hidratar.

Na sequência, me pus a galgar a derradeira etapa empinada, uma verdadeira parede de asfalto que, após a passagem do pueblos de Villamayor e Neiro, em seu final, já no plano, me levou a transitar próximo das antenas das redes de televisão RTVE e RTVG.

E assim, cheguei ao Monte do Gozo, que já se encontrava bastante movimentado naquele horário.

Fiz rápida pausa ali, apenas para carimbar minha credencial e bater algumas fotos, depois retomei minha célere marcha.

Logo à entrada da cidade existe uma bela estátua enobrecendo o peregrino Templário, e ali parei mais uma vez para tirar outra histórica fotografia.

Uma senhora de idade, prontamente me solicitou que a fotografasse naquele local, depois resolveu seguir caminhando junto comigo, porém seu ritmo era deveras lento e ela falava sem parar, o que me obrigou a “perdê-la”, num movimentado cruzamento.

Em Santiago de Compostela, pela 5ª vez!

E, alegremente, depois de transpor o “casco viejo” dessa Santa urbe, finalmente, aportei à Praça do Obradoiro, localizada defronte à Catedral Compostelana.

Sob forte comoção, dei graças ao Santo pela minha chegada, mais uma vez, sem maiores transtornos.

Depois, bati fotos e, em seguida, calmamente adentrei à Basílica, para abraçar Santiago e rezar em seu túmulo.

Na sequência, segui até a Oficina do Peregrino onde, com muita festa, recebi minha 5ª “Compostelana”.

Após me hospedar numa excelente pensão, tomar banho, fazer barba, trocar de roupas, retornei para assistir à pungente “Missa do Peregrino”, cerimônia oficiada diariamente, às 12 horas.

Ao final da celebração, feliz e coração em júbilo, me irmanei a alguns amigos que também haviam chegado naquela data e fomos almoçar no restaurante Manolo, local de encontro obrigatório para os peregrinos na cidade.

Ali pudemos brindar e festejar o final de nossa maravilhosa aventura, bem como trocar experiências e traçar planos para futuros caminhos.

o dia seguinte fui à Finisterre e, à noite, retornei ao meu saudoso lar.

Abraçando o Santo Apóstolo 

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