6º dia: TOLEDO/SP a CAMANDUCAIA/MG - 37 quilômetros

6º dia: TOLEDO/SP a CAMANDUCAIA/MG - 38 quilômetros


Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.


Seria outra longa jornada, estávamos num domingo, assim, deixei o local de pernoite às 4 h 30 min e, solitário, segui por ruas desertas, enquanto toda a cidade ainda dormitava.

No final de uma rua descendente, acessei uma rodovia asfaltada e por ela segui com a lanterna de mão ligada e externando orações.

Foi um percurso monótono e um tanto tenso, mas, finalmente, percorridos exatos 10 quilômetros, adentrei à esquerda e passei a caminhar por uma larga estrada de terra.

Então, realmente, a etapa desse dia passou a valer a pena, pois transitei entre belas fazendas, visualizei inúmeros pássaros no céu, belas e imorredouras paisagens, enfim, eu segui feliz e animadíssimo nesse trecho.

Os ascensos e descensos são uma constante nesse intermeio e a partir do 15º quilômetro, enfrentei fortes elevações.

Do cume de um morro, eu podia avistar ao longe a cidade de Itapeva/MG à minha direita, e a estrada, por onde eu seguiria, à esquerda e bem abaixo.

Venci, então, uma fortíssima declividade, onde meus joelhos e tendões reclamaram muito pelo esforço despendido nas freadas, posto que um leve escorregão poderia resultar num tombo espetacular.

Já no plano, passei a transitar por bairros periféricos, no entanto, mais adiante, para a minha alegria, retornei ao silêncio dos campos.

Depois de percorrer 27 quilômetros, já no bairro Areias, encontrei um grupo de romeiros procedentes de Socorro/SP, que estavam almoçando, próximo de um campo de futebol.

Conversamos amigavelmente e eles me chamaram para sentar e fazer a refeição com eles.

Mas, eu estava bem fornido, porque 10 minutos antes havia ingerido uma banana, assim, declinei do convite, mas aceitei duas mexericas que segui chupando pelo caminho.

Restavam, aproximadamente, 10 quilômetros para percorrer, e logo voltei a caminhar por locais ermos, sempre em aclive.

Aliás, esse trecho final é bastante exigente e depois de chegar ao topo de outra forte elevação, passei a descender com violência e muito cuidado.

Na maior parte dessa trilha derradeira e “maluca”, caminhei dentro de uma grande vala, bastante erodida, mas com cobertura vegetal.

Depois seguiu-se uma forte aclividade que, face ao adiantado da hora, venci passo a passo, fazendo pausas para respirar, profundamente, a cada 20 m percorridos.

A parte final, em franco descenso, me levou a caminhar o derradeiro quilômetro sobre piso duro e logo aportava ao destino final desse dia.

No final da tarde, após profícua visita à igreja matriz da cidade, passei gratos momentos conversando com o grupo de romeiros de Socorro/SP, que eu havia encontrado no caminho, e que também estava hospedado no mesmo hotel.

Foi uma ótima maneira de encerrar aquele domingo, porque pude trocar experiências e confraternizar com esse simpático e aguerrido pessoal de fé, que reencontrei, já em Aparecida, após a solene missa das 9 horas.

Algumas fotos dessa etapa:

Defronte à igreja matriz de Camanducaia/MG.

Em 1766, na carta cartográfica da Capitania de São Paulo, temos a primeira divisão de estados, com o registro de Sertão de Manducaia, região que situava-se entre a estrada de Atibaia e Santana do Sapucaí e os rios Mandu e Sapucaí-Mirim.


Não se sabe ao certo a data de fundação mas, em 1766, já havia a Capela de Nossa Senhora da Conceição.


Em 1799, a capela já havia sido promovida a paróquia e contava com os seguintes bairros: Rio do Peixe, Cubatão, São Domingos, Salto, Jaguari, Roseta, Extrema, Pinguela, Cambuí e Sertão da Estiva, entre outros.


Nos livros da paróquia em 1812, temos o registro na Freguesia de Pouso Alegre. Em 1826, os registros apontam um censo demográfico com 4 317 habitantes, sendo 3 763 pessoas livres e 554 escravos.


Em 1833, os moradores do arraial de Camanducaia, reunidos na Praça da Matriz para festejar a independência nacional, resolveram fazer sua própria independência.


Com a freguesia proclamada vila, ergueu-se o pelourinho, porém, legalmente, a vila só foi criada em 1840, quando recebeu a denominação de Jaguari.


Em 1868, Jaguari foi elevada à categoria de cidade, contudo, em 1930 ela voltou a possuir a denominação original de Camanducaia.


O município possui inúmeras atrações turísticas, como as grutas José Pereira, o Pico do Selado, além da bela cachoeira do Quinzinho, onde se pode pescar trutas.


Mas são as áreas naturais de Monte Verde - distrito de Camanducaia - as mais belas e atrativas da região.


O distrito de Monte Verde, considerada a “A Suíça Mineira”, por sua semelhança com os Alpes Suíços, é hoje um dos melhores locais para quem deseja um maior contato com a natureza.


Serras, cascatas, pinheiros, ciprestes e um ar mais puro compõem a sua paisagem.


População: 21 mil pessoas. Altitude: 1.015 m - (Fonte: Wikipédia).


RESUMO DO DIA - Tempo gasto, computado desde o Hotel e Pousada J e D, em Toledo/MG, até o Grande Hotel de Camanducaia, em Camanducaia/MG: 7 h 40 min.


Clima: Nublado, com sol fraco, variando a temperatura entre 13 e 23 graus.


Pernoite: Hotel Central de Camanducaia – Excelente! Apartamento, com café da manhã - Preço: R$90,00.


Almoço: Restaurante Sabor e Arte: Excelente! – Preço: R$16,90, pode-se comer à vontade no sistema self-service.


Para visualizar essa trilha, gravada no aplicativo Wikiloc, acesse: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/toledo-a-camanducaia-26046931


AVALIAÇÃO PESSOAL: Uma etapa de belas e ermas paisagens, mas, certamente, aquela que reputo como a mais difícil dentre todas que vivenciei nesse roteiro, pela extrema dificuldade altimétrica que encontrei em seu curso. Há ascensos pronunciados, mesclados com descensos “criminosos”, onde um simples escorregão pode encerrar o caminho para o peregrino menos atento. No geral, transitei por locais desabitados e silenciosos, em vários trechos do percurso. No global, uma etapa que me ofereceu fortes emoções, mas, também, propiciou um intenso desgaste físico.