2 – GUARAREMA a SANTA BRANCA – 19 quilômetros

2 – GUARAREMA a SANTA BRANCA – 19 quilômetros

"Se a caminhada está difícil, é porque você está no caminho certo." (Web)

O percurso seria de pequena extensão, assim, não havia pressa na partida.

O café da manhã seria servido somente após as 6 h 30 min, mas, a nosso pedido, às 6 h ele já estava disponível na sala de refeições da pousada.

Como de hábito, eu já ingerira uma fruta e uma barra de chocolate, alimento suficiente para me dar energia no início da jornada.

Porém, como a Sônia, bebi uma xícara de um espesso e cheiroso café.

Partimos às 6 h 20 min, seguindo à esquerda, pela rua da Ajuda.

E mais, 500 metros adiante, acessamos a Estrada Municipal Dr. Hércules Campagnoli, que segue em direção à cidade de Santa Branca, nossa meta para esse dia.

O percurso inicial, todo em asfalto, nos levou a transitar por bairros periféricos onde estão instalados vários condomínios.

Por conta disso, o trânsito já se encontrava carregado pela maciça vinda do pessoal à cidade, seja para trabalhar ou levar crianças às escolas.

Chovera levemente à noite e o piso se encontrava levemente escorregadio, o que me levou a observar cuidadosamente o local onde eu poria meus pés.

Esse trecho praticamente não contém calçadas ou acostamento, e o fato de precisar transitar pelo asfalto em vários intermeios, se faz necessário tomar muito cuidado, porque corre-se o risco de atropelamentos.

Ultrapassando os primeiros 30 quilômetros do percurso.

Três quilômetros superados, próximo do luxuoso Condomínio Alpes de Guararema, pude fotografar uma placa que me avisava ter eu percorrido 30 quilômetros.

A Sônia havia ficado para trás, de modo que segui escoteiro e logo passei a transitar junto ao rio Paraíba, que nesse local já apresentava um grande caudal líquido.

Portal da cidade de Guararema/SP

E depois de percorrer 5 quilômetros, passei sob o portal da cidade de Guararema, de expressiva beleza.

Caminhei mais uma centena de metros sobre piso asfáltico e logo adentrava numa larga e movimentada estrada de terra, exatamente, no local onde também se dá a divisa desse município com o de Santa Branca.

O trecho sequente foi trilhado sobre piso firme, por um caminho plano e fresco.

Trecho arborizado, belo e silencioso.

Em determinado local eu fiz uma pausa para ajeitar melhor minha bota, em vista de dores na planta dos pés e a Sônia logo me alcançou.

Nesse local, a Sônia caminha à minha frente...

Um quilômetro adiante passamos a transitar pelo Jardim Costão, um extenso loteamento onde a tônica fica por conta de casas em construção, trânsito de caminhões, barulho de máquinas, enfim, um trajeto nada agradável.

Nesse trecho notei a existência de inúmeros bares, padarias, mercearias, salões de festa, etc..

E, inevitavelmente, o lixo, em grande quantidade, estava presente em vários locais, à beira da estrada.

Havia ainda muitos cães soltos e pessoas se deslocando a pé, mas todas educadamente nos cumprimentaram, desejando-nos bom dia.

Aproximadamente, 10 quilômetros superados, passei diante de uma propriedade, cujo nome me trouxe gratas lembranças.

Compostela, nome que me evoca gratas lembranças.

Tratava-se do sítio Compostela, cujo nome me evocou agradáveis jornadas pretéritas.

A partir desse marco, o caminho se tornou deserto e agradável, com bastante vegetação lateral.

Outro trecho de expressiva beleza!

O belíssimo rio Paraíba prosseguia margeando a estrada pelo nosso lado esquerdo, oferecendo belas visões de seu expressivo volume líquido.

O percurso sequente, infelizmente, logo tornou-se urbano, em vista de sua reduzida distância da civilização.

Muita vegetação no entorno da trilha. Trajeto agradável!

No caminho, vi várias chácaras, casas de alto padrão e alguns sítios, onde a norma era a criação de gado leiteiro.

Em todo o trecho percorrido nessa jornada não observei plantações de nenhuma espécie, apenas construções e pastagens.

Quase no final do trajeto enfrentamos um pequeno ascenso, o único desse dia.

Entrada do "bar Fim do Mundo".

Na metade da aclividade, passamos diante da entrada de um estabelecimento singular, cujo nome me chamou a atenção: trata-se do bar Fim do Mundo.

Segui pensando que se no final da subida alguém me indagasse sobre o “Fim do Mundo”, eu lhe responderia que ele estava muito próximo.

Trecho urbano. A cidade de Santa Branca se encontra a menos de 500 metros.

E logo adentramos na minúscula cidade de Pedra Branca, nosso objetivo do dia.

Nela ficamos hospedados no Hotel e Restaurante Santa Branca, onde paguei R$70,00 por um razoável quarto particular.

O almoço foi no restaurante do próprio estabelecimento, onde gastei R$15,00 por um “prato feito”, de excelente qualidade e sabor.

Gracioso coreto existente na praça central da cidade de Santa Branca/SP.

Em 1652, começa a nascer a Vila de Nossa Senhora da Conceição de Jacareí, partindo daí as raízes históricas de Santa Branca.

A instalação de um governo local deu impulso e velocidade ao povoamento e desenvolvimento da margem esquerda do rio Paraíba do Sul, onde bem mais tarde foi construída uma capela para servir de patrono a Santa Branca, por iniciativa do Capitão de Ordenança Bibiano José Nogueira, em terras doadas por Domingos de Brito Godoy.

Em sequência à conquista da Provisão da Capela de Santa Branca, chega ao povoado, em Junho de 1833, o Padre João Batista da Silva Borges.

Este religioso permaneceu neste sertão até 1842, mas desde Junho de 1841, ocupou o posto de Vigário da Paróquia, criada em Dezembro de 1839.

Completando a estruturação do Curato, a Câmara Municipal de Jacareí realizou a eleição para Juiz de Paz de Santa Branca, tendo sido eleito o Sargento-mor Victoriano José de Moraes, que tomou posse no dia 20 de Junho de 1833.

Um casarão preservado, existente no centro da cidade de Santa Branca/SP, onde funciona a Câmara Municipal.

Foi então nomeado Escrivão do Juizado de Paz, José Joaquim Ferreira.

A vila foi crescendo e, em 20 de fevereiro de 1841, a Assembleia Legislativa Provincial aprovou o projeto de lei elevando o Curato à condição de Freguesia.

Isso perdurou até 1856, quando a Freguesia foi promovida à condição de Vila.

População atual: 14 mil habitantes.

Suas principais atrações são: Cachoeira do Putim, Capela São Sebastião, Edifício Ajudante Braga, Igreja do Rosário, Igreja Matriz de Santa Branca, Mercado Municipal, Ponte Metálica e Toca do Leitão.

Igreja Matriz da cidade de Santa Branca/SP.

Mais tarde, após profícuo repouso, fomos dar um giro pela simpática cidadezinha e aproveitei para visitar e fotografar a igreja matriz, cuja padroeira é santa Albina, nascida em Cesareia da Palestina, que atualmente seria uma região entre Tel Aviv e Haifa, duas das maiores cidades do norte de Israel, localidade em que Jesus Cristo também percorreu em vida.

A construção por escravos da primitiva capela teve início em 1828, levantada sobre alicerces e paredes de taipa de pilão, constituindo, desde então, o núcleo gerador do conjunto arquitetônico hoje existente.

O patrimônio religioso é de uso público, recebendo fiéis e visitantes para conhecer esta obra do tempo imperial.

Está localizada na Praça Principal da cidade, que é a Praça Ajudante Braga.

A obra não perdeu sua originalidade até os dias atuais, sendo sempre restaurada.

O nome original da jovem cristã de apenas doze anos era Albina, que significa Branca em latim, língua oficial do período no qual viveu, no Império Romano.

Na época de Santa Branca, Cesareia da Palestina, era uma importante cidade portuária do império romano.

Interior da igreja matriz de Santa Branca/SP.

A jovem dedicou os seus dias à fé católica, sempre em oração, jejum e caridade, tendo como bispo, o padre grego Orígenes, conhecido também como “Orígenes da Cesareia”, um importantíssimo teólogo, filósofo e escritor das primeiras décadas.

Sua morte foi datada em 250 d.C., época de perseguição aos cristãos.

O imperador Décio, que já havia decretado em Cesareia a obrigatoriedade de sacrifícios em idolatria aos deuses romanos, condenou à pena de tortura e de morte quem recusasse oferecer tais sacrifícios.

Para convencer Albina, o imperador que naquela ocasião visitava a cidade e presidia o tribunal, ofereceu para a jovem casamentos nobres, riquezas, poder e tantas outras coisas para que ela negasse a sua fé e oferecesse o sacrifício aos deuses.

Recusando convicta as propostas, Albina foi torturada e sobreviveu a inúmeras penas.

Foi acusada de feiticeira e por outro lado, levou inúmeras pessoas à conversão da fé católica.

O imperador decidiu decapitá-la por não conseguir matá-la com as torturas.

Depois, mandou recolher o corpo da jovem virgem, colocando-o em uma velha barca e lançando-o ao mar junto ao corpo de alguns homens martirizados.

O barco aportou a costa italiana, na cidade de Scauri, na Itália, onde o corpo da Santa Albina foi recebido pelos cristãos e venerado nas catacumbas. 

Igreja de São Sebastião em Santa Branca/SP.

Depois, seguimos para visitar a igreja de São Sebastião, porém a mesma já se encontrava fechada.

Trata-se de uma pequena capela construída no início do século pelos devotos desse santo, sendo um patrimônio conservado e visitado por turistas; seu uso é público.

Nela também é possível se obter o carimbo na credencial da Rota da Luz.

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde a Pousada Guararema, localizada em Guararema/SP, até o Hotel e Restaurante Santa Branca, localizado em Santa Branca/SP: 4 h 16 min

Clima: frio e chuvoso de manhã, ensolarado, após as 9 horas, com temperatura variando entre 13 e 22 graus.

Pernoite no Hotel e Restaurante Santa Branca – Apartamento individual razoável – Preço: R$70,00 - (Casal: R$130,00)

Almoço no Restaurante Santa Branca - Excelente! – Preço: R$15,00 o “prato feito”.

IMPRESSÃO PESSOAL: Uma jornada de pequena extensão e bastante tranquila, porque, quase sempre, em leve descenso. Em alguns trechos o trajeto ladeia o maravilhoso rio Paraíba do Sul, o que concorreu para deixar o percurso bonito e interessante. Infelizmente, tanto a parte inicial quanto a final dessa etapa é urbana, mas eu sabia que o trajeto sequente seria bem mais deserto e silencioso. No geral, uma jornada curta, fácil e sem maiores dificuldades altimétricas.