PRÓLOGO

PRÓLOGO

A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: “Não há mais o que ver”, sabia que não era assim. O fim de uma 

viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a 

pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre”. (José Saramago)

Em 2009, eu iniciei minha aventura pela Estrada Real, percorrendo o Caminho dos Diamantes, que parte de Diamantina e se encerra em Ouro Preto; um percurso de 400 quilômetros, vencidos em 13 jornadas.

Em 2010, eu prossegui meu périplo, perfazendo o trajeto de Ouro Preto a São João del Rei; um trajeto de 261 quilômetros, que superei em 10 etapas.

Minha intenção, desde o início de minha jornada era caminhar até Parati/RJ, ponto final do Caminho Velho, contudo, outros “Caminhos” foram sendo priorizados, de forma que somente agora, em 2016, reuni condições de prosseguir minha odisseia.

Desta vez deixei São João del Rei e, por motivos particulares, interrompi minha jornada em São Lourenço, percorrendo um total de 207 quilômetros, em 7 etapas.

Em um futuro próximo, retornarei para cumprir o restante do roteiro, posto que, pelas minhas contas, “apenas” 252 quilômetros me separam do final da viagem.

Minha aventura teve início quando tomei um ônibus da Viação Útil em minha cidade que, depois de estressantes 13 horas de viagem, com paradas intermediárias em São Paulo, Pouso Alegre, Três Corações, Carmo da Cachoeira, Lavras e Itutinga,

me deixou em São João del Rei, quando meu relógio marcava 21 horas.

Pousada Estação do Trem, local onde pernoitei em São João del Rei/MG.

Rapidamente, tomei um mototáxi que, após 10 minutos de viagem, me deixou na Pousada Estação de Trem, onde havia feito reserva.

Ali por R$110,00 pude desfrutar de um quarto individual, com todos o conforto que um viajante merece.

Eu poderia ficar mais um dia nessa consagrada urbe, cognominada “Cidade dos Sinos”, tamanha a prodigalidade de suas igrejas e monumentos históricos a serem visitados.

No entanto, numa excursão realizada em 2003, ali permanecera por um dia, podendo conhecer e desfrutar de todas suas atrações.

Ademais, em 2010, quando percorria a Estrada Real, ali fiquei por mais de 10 horas, tempo que aproveitei para visitar seu centro velho e demais deslumbramentos turísticos.

Dessa forma, como meu interesse precípuo era caminhar, resolvi parti bem cedo na manhã seguinte, pois a trilha me esperava como uma atração irresistível, vez que sentia urgência em transitar por locais ermos, silenciosos e arejados.

Estação do Trem, em São João del Rei/MG, local onde se situa o marco zero dessa etapa.

Infelizmente, a Pousada Estação do Trem, bem como as demais em que pernoitei, só servem o café da manhã após as 7 horas.

Muito tarde para um peregrino, convenhamos.

Prevendo tal entrave, no restaurante onde almoçamos durante a viagem, eu adquiri frutas, chocolates, pão e água, de forma que estava preparado para a jornada do dia sequente.

Assim, após reconfortante banho e conferência apurada dos pertences que carregava na mochila, eu me deitei e tive bons sonhos, mas também alguns sobressaltos.

Porém, antes de dormir, enquanto ultimava os preparativos finais, ante a iminente partida, pude externar, em forma de oração, meu pleito de proteção à Nossa Senhora Aparecida:

Nossa Senhora Aparecida, peço a vossa Benção e a vossa Proteção. Amém!

Ó Maria Santíssima, que em vossa querida Imagem de Aparecida espalhais inúmeros benefícios sobre todo o Brasil, eu, embora indigno de pertencer ao número dos vossos filhos e filhas, mas cheio do desejo de participar dos benefícios de vossa

misericórdia, prostrado a vossos pés, consagro-vos o meu entendimento, para que sempre pense no amor que mereceis. Consagro-vos minha língua, para que sempre vos louve e propague a vossa devoção. Consagro-vos o meu coração, para que,

depois de Deus, vos ame sobre todas as coisas. Recebei-me, ó Rainha incomparável, no ditoso número de vossos filhos e filhas. Acolhei-me debaixo de vossa proteção. Socorrei-me em todas as minhas necessidades espirituais e temporais e, sobretudo,

na hora de minha morte. Abençoai-me, ó Mãe Celestial, e com vossa poderosa intercessão fortalecei-me em minha fraqueza, a fim de que, servindo-vos fielmente nesta vida, possa louvar-vos, amar-vos e dar-vos graças ao céu, por toda eternidade.

Assim Seja!

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