3º dia: MAJOR GERCINO a SÃO JOÃO BATISTA – 27 quilômetros

3º dia: MAJOR GERCINO a SÃO JOÃO BATISTA – 27 quilômetros

Se pudéssemos ver o milagre duma simples flor, toda a nossa vida mudaria.” (Buda)

Saída às 5 h 30 min, com clima frio e ventoso, depois de ingerir o café da manhã que o proprietário do hotel, Sr. Bernardo, gentilmente, me preparou, apesar do horário extemporâneo.

O primeiro grande desafio do dia foi atravessar o rio Tijucas por uma ponte pênsil, visto que tudo ainda estava escuro e o piso, em madeira, se encontrava úmido e liso.

Ultrapassado esse obstáculo, acessei uma estrada de terra larga e hidratada.

Nela girei à direita e segui caminhando, indefinidamente, por locais habitados, tendo o rio pelo meu lado direito, até o final da jornada.

Na verdade, minha alegria vinha de estar em movimento e o que era estranho, isso me dava uma sensação de completa realização espiritual, porque o Caminho, integralmente solitário, oportuniza certa proximidade com Deus.

Por sorte, havia chovido bastante à noite e o clima se apresentava úmido, neblinoso e frio, ideal para a caminhada.

O trajeto se apresentou extremamente arborizado, tendo inicialmente imensas pastagens em ambos os lados do caminho.

Mais adiante eu atravessei um frondoso bosque de eucaliptos e, na sequência, apareceram grandes áreas cultivadas, sendo que o forte nesse trecho são as plantações de milho e mandioca.

Trechos de mata nativa apareciam nos morros circundantes, enquanto o rio Tijucas corria mansamente à minha direita, durante todo esse percurso.

Sem dúvida, um colírio para meus olhos, uma benção para meus sentidos, pois caminhava integralmente só, e não esquecia de agradecer a Deus pela minha saúde, e poder contemplar as Suas tão belas obras.

Então, passei por uma área inculta, onde avistei rústicos ranchos de madeira, local de habitação de silvícolas, uma vez que transitava por uma aldeia indígena, pois nessa área habita uma tribo de índios guaranis.

Infelizmente, vi muita pobreza no entorno, como crianças nuas, cães magros, taperas quase caindo, de forma que não me animei a fotografar nada ali, ao revés, estuguei meus passos e segui adiante.

Prosseguindo, logo passei diante de um pequeno oratório onde a imagem maior era a de Nossa Senhora Aparecida, onde fiz então, uma pausa para oração, bem como aproveitei a água que vem de uma bica e é ofertada aos caminhantes graciosamente.

Mais alguns quilômetros percorridos agradavelmente entre a pródiga natureza, transitei pelo bairro Colônia, que pertence à cidade de São João Batista e parei para fotografar a igreja de São José, o padroeiro desse enclave.

Então seguiram-se longos estirões, quase sempre retilíneos, localizados em meio a luxuriante vegetação, onde também notei a existência de imensas culturas de tabaco, que depois são vendidas para as indústrias que fabricam cigarros.

Sem maiores percalços, pois essa etapa é integralmente plana, passei a caminhar em zona urbana e depois de percorrer 25 quilômetros, já próximo do centro da cidade de São João Batista, eu fleti à esquerda, caminhei mais 2.000 metros por uma estrada movimentada, até aportar ao local de pernoite nesse dia.

Algumas fotos do percurso desse dia:

O sol ainda não apareceu. Clima hidratado.

Caminho silencioso e deserto.

Uma grutinha erigida à beira da estrada, onde há oferta de água aos peregrinos.

Muita nebulosidade, clima fresco...

Os grandes retões persistem...

A igrejinha do bairro Colônia.

Enormes plantações de fumo, nesse trecho.

Solitário na trilha, hora de comemorar...

O trajeto retilíneo é a tônica nessa etapa fantástica.

Vegetação lateral luxuriante..

Caminho todo plano. Quase chegando!

Chegando à Pousada Sítio Nona Lurdes.

Por sinal, o local onde me hospedei nesse dia, o Sitio e Pousada Nona Lurdes, localizado a aproximadamente 80 km da capital Florianópolis, entre as cidades de Nova Trento e São João Batista/SC, merece especial destaque, pois suas instalações reúnem variadas opções em gastronomia, conforto e descanso, tanto para hóspedes quanto para o público em geral. Com uma área de mais de 50 mil m², oferece aos visitantes contato com a natureza, conforto e bem-estar. 

A Pousada possui 11 cabanas amplas e confortáveis, que possuem uma charmosa decoração rústica e diferenciada, e estão equipadas com cama box, colchão de mola, ar-condicionado split, internet wi-fi, TV 21", frigobar e banheiro com duas duchas, sendo uma elétrica e outra com aquecimento a gás. As cabanas possuem, ainda, sacada com rede, o que permite a você relaxar enquanto desfruta de uma bela vista.

O restaurante da Pousada. Excelente!!

São João Batista destaca-se por ser a cidade brasileira que mais cresceu em termos populacionais, nos últimos 5 anos, ficando somente atrás do município de Araquari, com a chegada de montadoras de veículos no norte do estado.

A economia do município se baseia, preponderantemente, na indústria calçadista.

A cidade foi fundada em 1834, com a chegada do capitão João de Amorim Pereira e em 1836 chegou o primeiro grupo de imigrantes – 132 colonos vindos da Sardenha, Itália, trazidos por uma sociedade particular de colonização.

Foi a primeira colônia italiana do Brasil e esse grupo então se encontrava aonde hoje é o bairro Colônia, no interior do município.

Situada no Vale do Rio Tijucas, São João Batista destaca-se pela produção de calçados – são 195 indústrias voltadas para o setor.

Colonizada por italianos e açorianos, teve a sua economia inicialmente baseada na agricultura, até surgirem as fábricas de calçados, que transformaram a cidade no maior polo calçadista do Estado.

A economia da cidade baseia-se principalmente nas indústrias de calçado feminino, sendo considerado o terceiro polo industrial calçadista do Brasil, depois de Franca (São Paulo) e Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul).

A cidade possui o título de "Capital Catarinense do Calçado" concedido pela lei estadual 12.076, de 27 de dezembro de 2001.

População: 36 mil habitantes – Altitude: 30 m.

A cabana onde pernoitei nesse dia. Simplesmente, espetacular!

RESUMO DO DIA:

Tempo gasto, computado desde o Hotel e Restaurante Senadinho, localizado em Major Gercino / SC, até Pousada Nona Lurdes / SC, localizada em São João Batista / SC: 5 h 15 min.

Clima: frio e nublado de manhã; depois das 10 horas, nublado e com clima ameno até o final da jornada.

Pernoite na Pousada Nona Lurdes: Cabana individual - Espetacular! - Preço: R $ 95,00.

Almoço no Restaurante da própria pousada: Excelente! - Preço: R $ 30,00, pode-se comer à vontade no self-service.

Para ver ou baixar essa etapa, salva no aplicativo Wikiloc, acesse: https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/major-gercino-a-sao-joao-batista-27387727

AVALIAÇÃO PESSOAL - Outra etapa de extensão média e, em minha opinião, a mais bela e erma de todas. Porquanto, sem trajeto, segui sempre ao lado do rio Tijucas, de expressiva beleza. Além disso, o entorno quase sempre se revelou silencioso e exuberante. Também, o trânsito de veículos no trajeto foi ínfimo e, em face do piso pilado, não aspirei poeira nesse dia. No geral, um percurso espetacular, pleno de verde em toda a sua extensão. No global, uma jornada agradável, a mais fácil e prazerosa dentre todas.

4º dia: SÃO JOÃO BATISTA a NOVA TRENTO (VÍGOLO) a NOVA TRENTO - 24 milhas