2º dia – ALVERCA DO RIBATEJO a AZAMBUJA - 31 quilômetros

2º dia – ALVERCA DO RIBATEJO a AZAMBUJA - 31 quilômetros

Ó Santíssima Virgem Maria, rainha da Igreja, que exortastes aos pastorinhos de Fátima a rogar pelo Papa e infundistes em suas almas sinceras uma grande veneração e amor por ele, como vigário de vosso Filho e Seu representante na Terra, infunde também a nós o espírito de veneração e docilidade à autoridade do Romano Pontífice, de adesão inquebrantável a seus ensinamentos, e nele e com ele um grande amor e respeito a todos os ministros da Santa Igreja, por meio dos quais participamos da vida da graça nos sacramentos.

Ás 5 h 30 min, quando eu deixei o local de pernoite, ainda, estava bastante escuro, mas, sem maiores problemas, segui em frente por uma larga e deserta avenida e logo me enlacei novamente com roteiro do caminho.

Eu prossegui por ruas periféricas, mas, lentamente, fui derivando à esquerda e já em Sobralinho, passei a caminhar ao lado de uma movimentada rodovia, a N-10, num local onde não existe calçada ou acostamento.

Foi um autêntico sufoco, face ao expressivo trânsito de veículos que encontrei nesse trecho.

Por sorte, 1.200 m adiante, já em Alhandra, eu adentrei à direita e logo estava caminhando ao lado do rio Tejo, por uma ciclovia/via pedonal, construída, especialmente, para albergar ciclistas e pedestres.

Um percurso silencioso, plano e belíssimo, de onde assisti ao dia nascer.

Ainda caminhando à beira do Tejo, eu passei por Vila Franca de Xira, depois, mais adiante, acessei uma estrada de terra, que me levou em direção a uma rodovia recentemente asfaltada e, praticamente, sem trânsito de veículos.

Na sequência, por uma passarela metálica, eu ultrapassei as vias férreas e, mais adiante, fleti à esquerda, até alcançar uma ponte, por onde girei à direita e transpus o rio Vala do Carregado.

E, em seguida, passei defronte à imensa Central Termoelétrica do Carregado, localizada num local bastante barulhento e poluído.

Então, acessei uma rodovia vicinal asfaltada, nominada Estrada do Carril, bastante movimentada e, por azar, também desprovida de acostamento.

Em compensação, o percurso se tornou bucólico, porque passei a caminhar em meio a zonas de cultivo e imensos campos de pastagem.

Num determinado local pude fotografar um “monjón” que me avisava restarem 100 quilômetros até Fátima.

Depois de vencer mais 4 quilômetros, finalmente, eu desemboquei na rodovia N-3, já na altura da cidade de Vilanova da Rainha.

Observando a sinalização, eu atravessei a perigosa e movimentada “carretera”, transpus os rios Alenquer e Ota por uma ponte de pedra, depois transitei por ruas da pequena, mas simpática povoação.

Historicamente falando, não custa lembrar que foi na igreja matriz desse minúsculo povoado, que o condestável Dom Nuno Álvares Pereira celebrou seu contrato de núpcias.

Essa personagem ímpar foi o herói da Batalha de Aljubarrota, ocorrida no final da tarde de 14 de Agosto de 1385, entre tropas portuguesas e aliados ingleses contra o exército castelhano de D. Juan I de Castela.

A Batalha deu-se no campo de São Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades de Leiria e Alcobaça, no centro de Portugal.

O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise de 1383-1385, e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis.

A paz com Castela, porém, só veio a estabelecer-se em 1411, e no campo diplomático, este combate permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra.

Em face do horário, fiz ali uma pausa para hidratação e ingestão de uma banana, enquanto consultava meu aparelho celular, para saber a distância que ainda me faltava caminhar.

Mais acima, observando a sinalização, eu atravessei a N-3, depois, por uma passarela eu transpus as vias férreas novamente, então, acessei uma estrada plana e longilínea que seguiu indefinidamente junto à ferrovia.

Num trajeto silencioso e árido que, depois de mais 8 quilômetros, me permitiu aportar à Azambuja, minha meta para aquele dia.

Pelo que soube, esse trecho foi recentemente agregado ao traçado do Caminho, objetivando evitar que o peregrino caminhe à beira da rodovia N-3.

Mais um voto de louvor a Associação de Amigos dos Caminhos de Fátima (www.caminho.com.pt).

Algumas fotos da etapa desse dia:

Escultura numa praça, em Alhandra.

Pista peatonal em Alhandra. O dia ainda não clareou.

Dia amanhecendo, junto ao rio Tejo.

Plaza de Touros de Vila Franca de Xira.

Parque municipal em Vila Franca de Xira. O caminho segue em frente...

Finalmente, o sol nascendo..

Entrando em caminhos de terra...

Esculturas construídas por peregrinos, pedra a pedra...

A usina de Carregado.

Viva! Restam só 100 quilômetros

A igrejinha de Vilanova da Rainha.

O trecho final, ao lado das vias férreas.

Plaza de Touros de Azambuja, situada na entrada da cidade.

A história da vila de Azambuja remonta a tempos antigos.

De acordo com alguns historiadores, a localidade já existia na época romana, com o nome de Oleastrum, que significa “zambujeiro”.

Com a invasão dos muçulmanos em 711 da era cristã, a vila foi ocupada pelos Árabes. Estes lhe deram a designação de Azanbujâ, que significa “oliveira brava”.

Ela foi reconquistada aos mouros por D. Afonso Henriques, que do termo da Azambuja, fez doação em 1147 a D. Childe Rolim, filho do conde de Chester, como recompensa pelo heroísmo demonstrado no cerco de Lisboa, que nessa altura era designada por Vila Franca.

Uma das ruas centrais de Azambuja.

O nome de Vila Franca reapareceu no reinado de D. Sancho I, que lhe deu Foral em 1200, ano em que dela fez doação a D. Rolim de Moura, filho do primeiro donatário. Foi possível depreender da Carta de Doação, que Azambuja já era povoada e que a sua doação tinha como intuito legalizar e definir claramente essa ocupação.

A designação Vila Franca manteve-se até ao início do século XIII, época em que foi substituída pelo topônimo Azambuja, e confirmada por D. Afonso II no foral em 1218.

Em 1296, D. Dinis, “o Rei Lavrador”, mandou semear nas redondezas, mais precisamente nas Virtudes, o célebre Pinhal de Azambuja, muitas vezes referido por Almeida Garrett, na obra Viagens da Minha Terra.

D. Manuel veio a conceder um novo Foral ao concelho em 1513.

Na atualidade, trata-se de uma povoação tranquila e agradável, e embora não conte com albergue, oferece bons serviços para o peregrino pernoitar.

Do lado direito, a Estação Ferroviária de Azambuja.

Em Azambuja, eu fiquei hospedado no Residencial Flor de Primavera onde, por 25 Euros, me disponibilizaram um excelente apartamento, num local arejado e, providencialmente, próximo da Estação Ferroviária, local por onde eu transitaria na jornada sequente.

Para almoçar, utilizei os serviços do Snack Bar Totjla, onde por 8 Euros, pude comer bacalhau e tomar vinho à vontade.

À tarde, após uma necessária soneca, fiz um grande giro pela cidadezinha.

Segui até a Praça do Município, e pude visitar a Igreja Nossa Senhora da Assunção e o Pelourinho, ambos construídos no século XVI.

Também, pude verificar o local por onde eu deixaria a cidade no dia seguinte.

Sem me esquecer de que seria um sábado, dia em que o comércio fecha mais cedo.

À noite, em face do frio reinante, optei por um singelo lanche no quarto e logo fui dormir, porquanto a jornada sequente seria, outra vez, de grande amplitude.

Em Azambuja! Restam, apenas, 90 km até Fátima.

RESUMO DO DIA - Tempo gasto, calculado desde o Hotel Alfa 10, em Alverca do Ribatejo, até à Residencial Flor de Primavera, em Azambuja: 6 h.

Clima: Ensolarado, variando a temperatura entre 13 e 25 graus.

Pernoite: Residencial Flor de Primavera: Excelente! - Apartamento individual - Preço: 25 euros.

Almoço no Snack Bar Totjla: Excelente! - Preço: 8 euros.

IMPRESSÃO PESSOAL - Outra jornada de extensão razoável e toda plana, com alguns trechos vencidos em meio a locais desertos. No entanto, feita quase integralmente sobre asfalto, o que magoa sensivelmente os pés do peregrino. Para compensar, os derradeiros 8 milhas foram percorridos junto à via férrea, num trajeto ermo e silencioso. De se lembrar, ainda, que o percurso todo está muito bem sinalizado.